Capítulo 2 - parte 2 (não revisado)

– Olhem para a minha nave – disse Daniel, apontando para a janela onde a Dani aparecia em destaque com as duas irmãs. Todos os presentes obedeceram e Daniel falou, elevando a voz. – Daniel para Zulu.

– "Sim, Almirante." – A resposta foi imediata.

– Ativar o campo de refração por dez segundos. Obrigado.

Quando a nave pareceu evaporar no ar, os lafitas chegaram a se erguer das poltronas, soltando exclamações. Mal a nave reapareceu, Hermes disse:

– Teorizamos essas possibilidade, mas esbarramos em um preceito matemático falso – olhou para o Daniel com muito respeito. Sem se conter, perguntou. – Como conseguiram?

– Vocês conhecem hipermatemática, que é de cinco dimensões. Eu criei uma matemática chamada hexamatemática que abrange um universo maior, de seis dimensões. Ele resolve esses preceitos. Todos os postulados estão na mente do Infrime.

– Isso foi de fato um presente inestimável – disse Murtoc, sensibilizado com a generosidade. – Gostaria de vos oferecer algo em troca.

– Bem, existe algo que gostaríamos de conhecer – disse Daniel, tranquilo. – Quando os meus engenheiros consertavam a nave do Infrime, eles disseram que os vossos reatores de antimatéria são muito superiores aos nossos. Ficaríamos felizes em aprender o funcionamento deles.

– Será providenciado com o maior prazer, Daniel – disse Murtoc. – Depois da nossa reunião providenciarei os planos para levarem.

– Agradecemos muito – responndeu o jovem, mal contendo a satisfação que sentia. Já podia imaginar as possibilidades usando reatores que ocupariam um quinto o espaço dos atuais. Os destroyers teriam um poder maior e mais espaço interno, sem falar em muitas outras possibilidades. Nos seus devaneios, ouviu a voz do avô:

– Vocês sabem qual é o contingente de naves de combate deles?

– Cerca de trezentas mil unidades – respondeu Murtoc.

– Perigoso para nós – atalhou o governador. – Sabem se é possível negociar algum tipo de paz?

– Tentamos várias vezes. – Murtoc ergueu ambas as mãos como se fosse um encolher de ombros. – Eles aceitam, desde que entreguemos os centurianos. Esses termos são inaceitáveis. Sem falar que são traiçoeiros.

– Entendo – disse Daniel, decidido. – Nesse caso, terei mesmo de lá ir. Basta eu descobrir alguma ameaça à nossa integridade, que Deus me perdoe, mas exterminarei a vida naquele mundo.

– Tem o poder para fazer isso?

– Infelizmente tenho. Os cientistas do governador Daniel de Vega XII – o imperador apontou o avô presente –, criaram uma arma que denominaram Bomba do Juízo Final. Eu não gostaria de ter de fazer isso, mas, se não me derem alternativa, é exatamente o que farei.

– A vida é sagrada, Alteza – disse Hermes, muito sério.

– Eu sei, meu amigo – concordou Daniel. – Mas é minha obrigação como imperador proteger o nosso povo. Há bilhões de seres vivos no Império. É neles e nos meus aliados que eu penso em primeiro lugar. Mas não se preocupem que jamais utilizarei uma arma dessas sem um motivo muito forte. O problema é que eles desejam eliminar a humanidade da Galáxia, assim como os tantorianos tentaram.

Murtoc estava pensativo. Ele sabia que a lógica do imperador estava correta porque os axturrs viviam aprontando alguma pelas costas e poderia acontecer de um dia terem sucesso, mas não lhe agradava destruir a vida de um mundo todo.

– Acredito que – disse por fim –, juntos, poderemos nos defender muito bem.

– O senhor tem toda a razão, mas só depois que vocês tiverem construído os vossos motores de mergulho, do contrário jamais chegarão a tempo de nos ajudarem no caso de uma invasão.

– A indústria do império não nos pode fornecer motores desses a curto prazo?

– As nossas linhas de produção trabalham no limite porque esses motores são novos. As fábricas não estão em condições de aumentar a demanda. Se tivéssemos um ano, as coisas seriam muito diferentes.

– Gostaríamos de mandar uma equipe nossa junto com vocês ara avaliar o perigo. Seria possível?

– Com prazer, Murdoc – respondeu Daniel –, mas recomendo que sejam centurianos devido à semelhança física. Agora, falando de outro assunto, Hermes, vocês perderam a capacidade de retornar ao vosso mundo para protegerem os seus. Graças a Deus, foram salvos por bons amigos, mas o planeta continua lá. Eu iniciei um programa de recolonização, só que é o vosso mundo, se quiserem voltar.

– Daniel... Alteza...

– Daniel está ótimo, como já disse.

– Daniel, este tornou-se o nosso mundo. Somos poucos. Mais alguns milhares de anos e deixaremos de existir fisicamente. Eu gostaria que a Edna ficasse conosco porque ela foi uma pessoa muito importante no meu passado.

– Nós não mandamos nela, Hermes. A decisão deverá partir dela.

– Claro, claro. – Olhou para ela e disse. – Conversaremos oportunamente?

– Sim, conversaremos, Hermes – respondeu com um sorriso.

– Quando querem investigar os axturrs?

– Acredito que devo ir agora mesmo – respondeu o imperador, pensativo. – Quanto tempo levam a preparar uma equipe para nos acompanhar?

– Vocês são de fato muito ativos! – riu Hermes.

– Não temos tempo a perder – insistiu Daniel. – Vocês mesmo dizem que eles andam mais atrevidos. Isso é sinal que têm uma surpresa perigosa reservada para nós.

– Não tínhamos pensado nisso! – exclamou o lafita, ficando um pouco preocupado. – Vou reunir a equipe. Quando voltarem, entregarei os planos do reator para que possam levar para o Império.

– Obrigado.

– Engraçado, o senhor e o governador de Vega, além de terem o mesmo nome, são muito parecidos!

– Ele é meu neto – disse o avô, sorridente. – Na nossa família temos a tradição de usar esse nome nos primeiros filhos.

– Neto!? – exclamou Hermes, surpreso. – Mas o senhor aparenta ter uns trinta anos! Bem vejo que o Daniel é muito jovem e deve ter um potencial fenomenal para ser o dirigente de um império estelar, mas estou impressionado.

– Eu tenho mais de setecentos anos – disse o avô, soltando umas das suas risadas e fazendo Murtoc dar um salto na cadeira, assustado. – O meu neto tem dezesseis, quase dezessete.

– Quer dizer que o seu mundo já iniciou a mutação! – constatou o centuriano.

– Já, há uns setecentos anos. O Daniel é grau cem.

– Agora entendo porque ele foi eleito a Imperador.

– Não foi só por isso, meu amigo – disse o governador, debochado e divertido porque Daniel detestava propaganda. – Foi ele que previu a invasão dois anos antes, projetou e construiu aquelas naves ali. O motor de mergulho e a hexamatemática, são criação dele, assim como as principais armas da nave.

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