Capítulo 2 - parte 1 (não revisado)

O estranho veículo parou de frente a um prédio grande e bonito, de formas assimétricas. Daniel achou curioso porque ele apresentava dois modelos arquitetônicos distintos, um deles bem centuriano, com paredes feitas de estruturas cristalinas e com bastantes curvas e irregularidades. Já o outro lado era mais sóbrio, feito em um tipo de mármore e de aspecto imponente.

Saíram do aparelho e Murtoc fez sinal aos amigos e à comitiva para descerem, apontando a porta do edifício.

– "Acho" – transmitiu o avô –, "que isto é o palácio do governo."

– "Concordo com o senhor, vô."

Seguiram os anfitriões até um elevador antigravitacional e subiram para o topo do lado centuriano.

– Sentem-se – convidou Hermes com um gesto para as poltronas que havia na sala. – Estamos no palácio do governo.

Um robô chegou, trazendo bebidas variadas enquanto todos se acomodavam. Daniel deu um gole e sorriu, olhando para o copo com alegria.

– Noto – disse, com convicção –, que os nossos povos terão muito a se beneficiar criando um acordo comercial. Que bebida deliciosa!

– Estou de pleno acordo – disse o governador de Vega.

– Não há a menor dúvida disso, Majestade – arrematou o lafita, gentil.

– Excelência, pode me chamar de Daniel – disse o imperador com um sorriso cortês. – Confesso que não sou muito dado a títulos.

– Apenas se concordar em me chamar de Murtoc – respondeu o lafiita com um aceno.

– De acordo, Murtoc – Daniel sorriu mais. – Deixemos esses títulos enfadonhos para quando for um evento oficial. Espero de fato poder fechar um acordo comercial entre o Império e Lafi.

– Quando desejar, Daniel – concordou o lafita. – Agora, considerando que não veio em caráter estritamente oficial, como disse, e considerando que bastaria uma simples frota e não o imperador em pessoa para escoltar os nossos cientistas, gostaria muito de saber que outro motivo o trouxe para cá.

– Eu cheguei à mesma conclusão que o meu nobre amigo Murtoc – arrematou Hermes que não saía de perto da Edna –, mas acredito que seja um motivo chamado Axturr.

Daniel esboçou um sorriso ao ver a perspicácia do centuriano. Recostou-se na cadeira e respirou fundo.

– Eu vim com a intenção de escoltar os seus cientistas e espero que nossos amigos novos, sem falar que amo explorar o Universo, mas é um fato que tenho um motivo adicional e muito preocupante para o Império do Sol.

– Se têm algum tipo de problema, fazemos questão de tentar ajudar o seu povo, Daniel – emendou Murtoc. – Diga-nos o que se passa.

– Nós – começou por dizer após olhar para a esposa e o avô, que concordaram com um aceno imperceptível –, eramos um povo que desconhecia guerras há muito tempo, nem mesmo armas possuíamos, quando fomos invadidos por um povo que vocês centurianos chamam de Ibrrs. Por causa disso, voltamos a possuir armas e travamos uma gerra que acabou há pouco tempo com o quase extermínio deles que, infelizmente, não nos deram escolha. Agora que acabou a guerra, salvamos os seus compatriotas e descobrimos uma ameaça ainda pior nas portas do Império: os axturrs. Não temos o que temer deles em termos de poder de fogo, mas somos poucos em relação ao que eles possuem. Em outras palavras, a nossa tecnologia é muito superior, mas somos numericamente inferiores, muito inferiores.

– O mesmo ocorre conosco – disse Murtoc, pensativo. – Mas sempre conseguimos manter o equilíbrio, embora eu tenha que admitir que é precário.

– Diga, Daniel – perguntou Hermes –, por que eram desarmados?

Daniel deu um suspiro profundo, mas foi o avô que respondeu. Com a sua voz grave e forte, disse:

– Veja, meu amigo, que nós fomos um povo muito guerreiro na antiguidade até que evoluímos a ponto de conquistarmos as estrelas. Foi um salto muito rápido porque passaram-se apenas uns trezentos anos entre a barbárie e a primeira viagem espacial. Da primeira vigam a lua até colonizarmos o primeiro planeta fora da nossa estrela, passaram apenas duzentos anos, nem isso. Abandonamos a guerra e a violência e, na nossa ingenuidade, acreditávamos que todos os povos que atingissem as estrelas seriam assim, mas tivemos uma amarga decepção e aprendemos a lição.

– Por causa disso – continuou o João –, fomos invadidos pelos tantorianos, descendentes dos ibrrs e antigos aliados dos axturrs. Conseguimos reverter o processo porque um ancestral nosso previu o fato, construindo armas em segredo. Isso aconteceu quando o nosso povo ainda não era unido e acabou caindo no esquecimento.

– Exato – continuou a Daniela. – Tivemos bastante dificuldade mas afastamos a ameaça e encontramos a Centúria. Depois começamos a operação para libertar os mundos humanos escravizados e achávamos que tudo voltaria a ser calmo e tranquilo como antes, mas agora temos essa grande ameaça pela frente e que tem o poder real de nos destruir face ao volume de naves. E pior, eles apareceram atirando primeiro e falando depois.

– E esse é o outro motivo da minha visita – arrematou Daniel, encolhendo os ombros e pegando mais uma bebida do robô. – Viemos procurar aliados para a ameaça potencial, além de colher informações sobre eles.

– Aliados vocês já têm – disse Hermes, decidido. – Vocês são nossos filhos, nossos descendentes e ainda por cima o único povo a encontrar o caminho de volta para casa. Jamais deixaríamos de ajudar um ser humano face aos axturrs.

– E claro que nós lafitas também ajudaremos – concordou Murtoc, pensativo. – Esses fatos, por si só já rompem o equilíbrio para o nosso lado e, se fosse com eles, nós estaríamos perdidos porque aqueles demônios não hesitariam e nos destruir.

– Não temos outras palavras a não ser agradecer do fundo do coração – disse Daniel, sorrindo.

– Como pretende obter as informações? – perguntou Hermes, bastante curioso. – Já tentamos mais de uma vez infiltrar agentes lá, mas nunca conseguimos apesar da semelhança física.

– Pretendo descer no mundo deles com um pequeno comando.

– Serão descobertos com muita facilidade – disse Infrime, interrompendo. – Acontece que a vossa altura média é muito maior que eles. É impossível passar desapercebido.

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