Capítulo 6 - parte 2 (não revisado)
– Senhor, esse demônios sabem que podemos ser destruídos com disparos concentrados – disse o imediato. – As coisas estão complicadas e sugiro abrirmos um leque para os dispersar e facilitar as nossas manobras deviacionistas.
– Tem razão – respondeu o superior. – Recuem e afastem-se. Tentem descobrir o alcance das armas deles. A mim parece que é bem menor que as nossas. Quem me dera ter os novos canhões calibre cinco mil.
– São poucos os cruzadores que os têm – disse o piloto. – Senhor, eles não passam de um segundo-luz e nós temos uma capacidade cinco vezes maior. Sugiro recuar para um milhão de quilômetros e usar tudo o que temos.
– Façam isso – disse o comandante, olhando a tela. – Ainda bem que os lagartos não tinham essas naves ou seríamos destruídos pela superioridade numérica.
– Senhor, as coisas estão difíceis – disse o artilheiro – quase não conseguimos mais acertar esses caras como antes porque se adaptam muito...
– Olhem a Dani – berrou o piloto, empolgado. – Agora esses sujeitos vão ficar com indigestão.
– A Jessy e a Vega também chegaram – disse a operadora de rádio. – O comandante Nubuntu mandou darmos apoio que os destroyers vão pelos flancos e fundos.
– Vamos a isso, gente – disse o comandante, alegre.
O combate não demorou mais de dez minutos e logo viram-se em meio a um mar de destroços de naves piramidais. A frota parou e Daniel mandou procurar sobreviventes que pudessem ser salvos. Enquanto isso, chamou a Terra e mandou vir quinhentos barcos para darem apoio e achou prudente, ficarem parados, aguardando. A nave lafita, a pedido do Almirante colocou-se no meio das esferas gigantes, permanecendo protegida.
A imagem do comandante setorial apareceu na tela e o almirante perguntou:
– "Algum ferido?" – sorriu. – "Precisam de alguma assistência."
– Não, Almirante – respondeu ele. – Tivemos algumas solicitações com picos de cento e cinquenta por cento, mas escapávamos com micro mergulhos. Eles são bons e espertos, senhor. Adaptaram-se às nossas táticas e aprenderam a desviar. São durões, mas estou certo que acabaríamos vitoriosos. Ainda bem que os lagartos não eram assim.
– "Pode ter a certeza, meu amigo" – disse Daniel, rindo –, "se tivéssemos pegado os axturrs em vez dos tantorianos, teríamos virado mingau. Quanto a safarem-se, tenho a certeza que se safariam. Afinal vocês são solarianos e solarianos jamais desistem."
Ao ouvir aquilo, o comandante estufou o peito sem nem se dar conta, isso acompanhado de muitos outros na sala de comando. Sim, eles eram solarianos e sim, jamais desistiam. De algum jeito sairiam vitoriosos. Daniel notou isso e sorriu, satisfeito com os subordinados que possuía.
– "Bem, comandante, o senhor receberá um reforço de quinhentos barcos" – continuou o almirante. – "Assim que a busca por sobreviventes terminar, seguiremos viagem pois temos mais de cinquenta mil anos luz pela frente."
― ☼ ―
Infrime vira a organização e disciplina daquele povo, ficando impressionado, mas também um pouco assustado com o seu poderio. Em meio aos seus devaneios, ouviu o chamado do Daniel e respondeu.
– Alteza, ainda bem que somos amigos porque as suas naves são de uma eficiência assustadora. Nos temos excelentes naves de guerra, tanto que mantemos os axturrs afastados, mas nada que se compare.
– "O senhor pode ter a certeza, meu amigo, que o Império do Sol jamais fará inimigos por vontade própria. Nós não aprovamos a violência."
– No entanto, são o que existe de mais poderoso.
– "É verdade, comandante, mas, como já sabe da nossa história, não temos a menor intenção de abusar desse poder."
– Sim, eu vejo isso.
– "Bem, comandante, eu solicitei uma frota de apoio para o meu pessoal e vamos aguardar a chegada deles. Enquanto esperamos, pretendo ser se consigo salvar sobreviventes. Após isso, seguiremos viagem."
– Confirmado, Majestade – disse Infrime. – Permaneceremos no aguardo.
Conseguiram resgatar vinte sobreviventes que foram levados para a enfermaria e tratados para, a seguir, serem presos até o Daniel decidir o que fazer com eles. No fundo, tinha intenção de os libertar e convencer a acabar com a guerra. Assim que a frota chegou e se colocou às ordens do comandante, Daniel despediu-se dos seus homens e chamou os lafitas.
– Comandante Infrime – disse. – Vamos para Lafi. Sugiro que o senhor assuma a liderança. Apesar de termos as coordenadas do seu mundo, prefiro que vão à frente e avisem-nos. Não queremos provocar pânico ou desconfiança.
– "Tem razão."
– Bem – disse o Daniel, esfregando as mãos. – Confesso que estou ardendo em curiosidade para conhecer o seu sistema. Os solarianos nunca voaram tão longe e isso, para nós é como fazer história.
– "Alguma sugestão de percurso e velocidade, Alteza?"
– Os senhores conhecem o caminho e nós não, mas pelos mapas que compartilharam, noto que iremos por um região de baixa densidade estelar. Assim, sugiro um voo um pouco mais rápido, talvez de meia hora, o que o senhor acha?
– "Considerando que, com os nossos motores anteriores levaríamos bem mais de cinco dias para este mesmo percurso com segurança, eu diria que meia hora é impressionante e até memorável. Por vossa causa, também estaremos a fazer história para o nosso povo."
– Nesse caso, vejo que ambos temos sorte. Faça as honras e siga na frente. Assim que chegarem os dados se sincronismo dos computadores, mergulharemos atrás.
– "Combinado" – respondeu Infrime, satisfeito. – "O seu capitão tem sido um instrutor de primeira categoria e achamos que já temos condições de controlar a nave sozinhos, diga-se de passagem com a concordância dele. Passaremos os dados em um minuto."
― ☼ ―
Pouco tempo depois a pequena frota solariana seguiu atrás da nave lafita de pesquisas e desapareceram do universo normal.
Daniel notou que os novos amigos não tiveram qualquer dificuldade em se adaptarem aos novos modelos de navegação e seguiam com toda a segurança, fazendo jus ao julgamento do instrutor e devorando milhares de parsecs por segundo.
Ele ia acompanhando a sutil mudança na aparência do universo e olhava para o mapa central que traçava tanto a rota percorrida quanto a que faltava. Já voavam em uma região de densidade estelar bem baixa, onde as estrelas distavam umas das outras pouco mais de dez anos-luz em média. Sentia-se um pioneiro e isso alegrava-o porque sempre foi o que desejou fazer. Nunca o homem voara para tão longe, como ele havia dito.
Quando se aproximaram do sistema reduziram a velocidade para poucas dezenas de c até que, a dez minutos-luz do destino, emergiram e passaram para a queda livre a noventa e nove por cento de c. Estavam de frente para um sol da classe G2, espantosamente parecido com o da Terra, mas a iluminação das outras estrelas era muito menor por se encontrarem quase em um dos extremos da Galáxia.
Daniel havia consultado o catálogo e sabia que o sistema tinha onze planetas maiores e uma infinidade de planetoides e asteroides depois do último, tal como no Sol. Lafi era o quarto planeta que também era orbitado por duas luas. Quando estavam mais perto, uma frota de dez mil naves saiu da lua maior e na clara intenção de cercar e até talvez atacar.
– Comandante – disse Daniel no rádio. – Não seria má ideia falar com eles.
– "Estamos tentando, Majestade... estão respondendo... aqui é o comandante Infrime, suspendam o ataque. Os desconhecidos que nos acompanham são amigos e há um centuriano a bordo, da Centúria."
Logo a seguir ouviram a resposta, inclusive nas naves solarianas.
– "Comandante Infrime. O que aconteceu com a sua escolta? Por que não detetamos o hiper-salto?"
– "A escolta foi atacada por uma frota axturr, Ela destruiu todas as naves menos uma. Infelizmente, isso custou-lhes a vida. A nave inimiga já tinha desmoronado os nossos campos e avariado seriamente a nossa nave. Quando estávamos prestes a ser destruídos, surgiram os solarianos e salvaram-nos. O motor da nossa nave não tinha conserto, então eles colocaram um dos deles. Estes motores não saltam. Voam linearmente pelo subespaço. Não os ataque, são bons amigos."
– "Compreendido."
– Espaçonave capitânia Dani, chamando frota lafita – disse o Daniel, sempre tranquilo. – Viemos em paz.
Quando a imagem da sala de comando da Dani apareceu na tela dos lafitas, eles disseram.
– "Mas vocês são centurianos!"
– Não, somos solarianos, descendentes de colonos centurianos, a antiga Atlântida. O meu nome é Daniel Moreira e sou o imperador do Império do Sol – respondeu. – Viemos como amigos.
– "Bem-vindos a Lafi, meus amigos. Obrigado por salvar a nossa equipe. Sigam para o espaçoporto da capital. A minha nave vai escoltá-los."
– Obrigado. – Daniel desfez a ligação e virou-se para Nobuntu, sorridente. – Coronel, acompanhe os nossos novos amigos.
– Claro, Almirante – respondeu o gigante africano.
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