Capítulo 4 - parte 1 (não revisado)

Daniel não conseguiu falar mais nada porque a gritaria do povo só foi superada pelos fogos que tomaram lugar. Eram milhares de pessoas aguardando e todas elas desejavam a mesa coisa. Após alguns poucos minutos e vendo que não valeria a pena dizer mais nada. Ele fez uma aceno para o povo e recuou devagar, sorrindo.

A imagem da câmera ainda se focou nele por alguns segundos, até que foi esmaecendo. Pegaram o elevador e estavam a meio caminho da cobertura quando o relógio do Daniel deu sinal.

– "Herbert chama Daniel" – disse o aparelho.

– Daniel – respondeu, lacônico. A imagem do cientista apareceu no ar.

– "Oi, chamei apenas para avisar que o protótipo está pronto."

– Estou indo para aí. Daniel desliga. – Olhou para a esposa e sorriu, pegando a sua mão. No segundo seguinte, estavam em frente ao laboratório, na Cybercomp. No palácio, a porta do elevador abriu-se e os funcionários ficaram a olhar para o compartimento vazio.

– Vamos – disse o chefe. – Com este imperador é melhor não tentar fundir a cabeça entendendo-o. Pelo menos, ele faz por merecer o título de Imperador do Sol.

– Verdade – concordou o colega. – É o melhor de todos.

― ☼ ―

Daniel empurrou a porta do laboratório e fez sinal para a mulher entrar. Daniela olhou em volta e viu uma sala espoaçosa e limpa. Mas paredes havia várias estantes com todos os tipos de equipamentos e ferramentas e, em um dos lados, uma parede de vidro para outra sala menor que era onde ficavam as mesas de trabalhos dos cientistas.

Naquele momento, havia apenas três deles a trabalharem em um aparelho muito estranho e relativamente que ficava bem no centro da sala. Parecia uma caixa retangular com trinta centímetros de altura, quatro metros de largura e um metro de profundidade. No centro, de cada lado, uma coluna de dois metros erguia-se na vertical. No topo de cada coluna havia um pequeno arco de metal, como se um aro de dois metros de raio fosse soldado nelas, e tivesse sido serrado após uma secção de oitenta centímetros, sendo metade para baixo da coluna e o restante para cima.

– Olá, Daniel – disse o doutor Herbert, o cientista chefe do laboratório que os ouviu entrar e virou-se. Ele conhecia o Daniel desde pequenino e não estava nem ai para o título dele. – Aposto que estás curioso para ver se isto funciona. O protótipo está pronto, feito exatamente de acordo com as tuas especificações e já efetuamos todas as medidas uma dúzia de vezes. Mas, se isso funcionar, eu engulo o meu jaleco.

– Espero que esteja com muita fome, doutor – respondeu Daniel com uma risada. – Pode ter a certeza de que isso vai funcionar. Quer que eu pegue um pouco de sal? Onde está o par?

– Na sala ao lado – respondeu apontando um monitor na parede bem de frente para eles. – Atenção, equipe dois, vamos ativar o campo energético.

Os cientistas da outra sala fizeram um aceno e doutor Herbert acionou um console pequeno que ficava ao lado de uma das colunas. Um leve zumbido fez-se ouvir, quando o reator portátil foi solicitado ao máximo da capacidade de carga. Nesse momento, um arco de energia formou-se entre as colunas, criando um circulo perfeito.

– O receptor está-se ativando sozinho como previsto – disse a equipe na sala dois. Tanto Daniel e a esposa quanto os demais cientistas olharam para o monitor e viram o brilho do arco a se formar na outra sala.

O campo energético foi ficando transparente, até que apareceu a imagem dos cientistas na outra sala.

– Mas afinal o que é isso – perguntou a Daniela curiosa –, uma TV gigante?

– Verás, meu amor – respondeu o marido, rindo. – Onde está a cobaia?

O doutor Herbert apontou para o lado e viram uma pequena plataforma antigravitacional, com uma pequena gaiola em cima, onde, dentro, estava um rato. O Daniel pegou na plataforma e empurrou-a para o centro do arco. Na imagem, a Daniela viu os cientistas aproximarem-se. Nesse momento, a plataforma entrou no arco energético, mas não saiu do outro lado dele e sim na outra sala, onde os cientistas a puxaram. O rato estava bem, aparentemente. O primeiro transmissor de matéria acabara de ser construído.

– Fantástico! – disse a moça, maravilhada. – Isto vai revolucionar muitas coisas.

– Se vai, amor – respondeu o imperador. – Senhores, façam testes minuciosos na cobaia. A próxima etapa será um ser humano. O festival começa em breve e eu tenho de estar presente. O próximo protótipo deverá ser modificado.

– Meu Deus, Daniel, nem terminamos direito este...

– Bem seio, mas noto detalhes que precisam de ser muito bem trabalhados – interrompeu, dando explicações para a equipe por quase uma hora. Terminou dizendo. – Doutor Herbert, acho que já pode começar a comer o seu jaleco. Mandarei um vidro de sal para o senhor.

O cientista deu uma risada alegre. Eles estavam satisfeitos com tudo pois há muito tempo que grandes invenções não saíam daqueles prédios. A humanidade renascia para a atividade com força redobrada e isso, na opinião do cientista, era graças ao rapaz que se criou naqueles laboratórios.

― ☼ ―

– Amor, qual o alcance daquilo – perguntou a Daniela. – As possibilidades são muito vastas. Imagina a velocidade com que se pode levar uma vítima para um hospital ou transportar mercadorias.

– Verdade, princesa. O alcance depende apenas da energia. Este aqui poderia alcançar a lua sem qualquer dificuldade. Com ele, eliminamos as viagens espaciais de curta distância. Os bens de troca entre os planetas podem ser transportados assim, a custos muito menores. Em uma semana, se todos os detalhes estiverem resolvidos, apresentaremos ao Império esta invenção. Vamos para o festival.

Ambos apressaram-se para os vestiários e colocaram as roupas formais do Dragão Branco, sendo que ela usava a calça branca, em vez de preta. Quando entraram de mãos dadas e despreocupados, receberam uma grande ovação dos presentes. Daniel sorriu para eles e fez um aceno gentil, sentando-se e mais a esposa junto aos Brancos, ao lado dos parentes e amigos, bem como dos extraterrestres e da Edna que estava ao lado da mãe do Daniel, fascinada com a Terra. Os cientistas leônidas e ubruranos tinham recebido uma pausa nos treinos para assistirem pois eram convidados de honra. Junto ao Zulu, a Srina, e junto ao João, a Daniela com os pais dela.

Na abertura do festival, estavam todos os Dragões. O mestre Lee, como sempre, abriu o evento. Em silêncio ouviram o discurso dele, que se levantou e dirigiu-se para o centro do tatame, seguido por um microfone robotizado. Os microfones robotizados eram pequenas plataformas antigravitacionais, de cerca de três centímetros de lado, controladas por um robô, que seguiam o interlocutor para o qual foram programados para onde quer que ele fosse exceto se recebessem ordem em contrario dele ou dos controladores. Além do microfone, havia uma micro câmera.

– Amigos. Há milhares de anos, quando a Terra ainda era primitiva e desunida, na China surgiram os monges Shaolin. Por serem budistas, pregavam a paz e a humanidade. Consideravam a vida sagrada, acima de tudo. Infelizmente, havia conquistadores e soldados cruéis e sanguinários, alem de salteadores e malfeitores. Para se protegerem, eles criaram o Kung-fu, a mãe das artes marciais. O motivo era simples e óbvio. Apesar de serem pacifistas e amarem a vida acima de tudo, tinham a necessidade de proteger a própria vida. Desde essa época, alguns deles destacavam-se muito em relação aos outros e surgiram os primeiros Dragões que se dividem em dois grupos e cinco categorias. – Fez uma pausa e apontou alguns dos guerreiros. – Os Dragões Azuis e Verdes são chamados de Pequenos Dragões. Cada um deles, sozinho, pode enfrentar e derrotar dezenas de oponentes. Os Grandes Dragões, são os Vermelhos, Dourados e Brancos. Para vocês terem uma ideia, cinco Dragões Dourados e duzentos Dragões Vermelhos, lutaram contra mais de noventa mil tantorianos e venceram-nos. Peço aos presentes, em homenagem aos nossos Dragões, uma grande salva de palmas para eles porque, sem essa grande ajuda, teria sido bem mais difícil libertar o planeta Terra-Nova. Está aberto o festival.

Uma grande ovação foi feita para estes homens. Os governadores e os visitantes olhavam fascinados. Em especial os alienígenas, que jamais viram algo assim. No segundo dia foi a vez dos Vermelhos e, no sábado, o dia dos Dourados e Brancos.

Após o combate dos Dourados, os que viam o evento não imaginavam que pudesse haver algo superior. Tanto o imperador quanto a Daniela não se inscreveram, porém não informaram ninguém.

O primeiro sorteado foi o avô Daniel que, sorridente, levantou-se, desceu até ao tatame e cumprimentou os oponentes.

– Eu desafio a minha neta Daniela, já que no último festival não era possível – disse, alegre.

– Continua sendo impossível, avô. – Daniel levantou-se e fez a reverência formal dos Dragões. – Por isso, nós não nos inscrevemos para competir.

– Mesmo não estando inscrito, um Grande Dragão não pode recusar um desafio durante o festival exceto por motivos de força maior – argumentou o governador de Vega XII. – Ela ainda não pode controlar a força?

– Senhor – a Daniela levantou-se e vez uma vênia –, eu não posso competir porque carrego o seu bisneto, o filho do Imperador, há quatro meses.

Por um segundo, fez-se silêncio total. Em mio à surpresa, uma pequena salva de palmas surgiu, logo seguida de outra. Em pouco tempo, todo o ginásio aplaudia o casal governante. Os Dragões, como que movidos a um só comando, foram para o tatame e ajoelharam-se perante o casal. Apenas o avô estava de boca aberta, ainda em choque. Logo depois, ele começou a rir. Ria sem parar e os espectadores pararam para olhar o que diabo tinha acontecido com o governador.

– Está tudo bem, vô?

– Está sim – ele estava ofegante ainda rindo – Eu vou ser bisavô e isso é maravilhoso, mas, o mais engraçado mesmo, vai ser explicar ao meu bisneto porque é que o avô dele é mais novo que ele dois meses.

Mal terminou de dizer isso caiu de novo na gargalhada.

Algumas pessoas demoraram a entender, exceto o Daniel que reagiu na hora e disse:

– Agora são seis.

– Seis? – pergunta o avô reccompondo-se.

– Seis bebês – disse o Daniel. – Eu, o pai, o senhor...

– Nós também vamos ter um filho, vô – disse o João. – O senhor será bisavô duas vezes.

– Faltam dois.

– Eu também – disse a Srina. – Além do meu irmão.

Pelo jeito os pais de todos já sabiam, pois não fizeram cara de surpresa. Após cumprimentos e abraços, o mestre Lee disse:

– Senhores, podemos recomeçar?

– Neste caso, eu desafio o meu neto João – continuou com uma nova risada. – Desculpa Daniel, mas estou cansado de apanhar.

Os dois fazem um combate espetacular, que durou mais de cinco minutos e acabou com a derrota do João, que estava cada vez mais forte.

Os combates iam ocorrendo para deleite dos espectadores que nunca imaginaram algo semelhante aquele pequeno grupo, a maior parte da mesma família.

O último sorteado foi o Zulu, que desceu para o tatame e inclina-se para os Brancos.

– Amigos – disse, sorridente. – Eu gostaria de convidar todos os Brancos a se unirem a mim para desafiarmos o Mestre Daniel, o maior de todos os Brancos.

Um por um os Brancos descem para o tatame.

– Aceite o nosso desafio, Mestre Daniel.

O imperador levantou-se e o silêncio foi total porque a maioria dos presentes desconhecia o poderia do jovem.

– Um desafio deve sr atendido, no festival – disse, descendo para o tatame.

Os murmúrios começaram nas arquibancadas. A Edna perguntou para Alexandra:

– Ele pode com todos? – olhou para os dois grupos, preocupada. – A desvantagem é absurda!

– Bota absurda nessa desvantagem – respondeu a mãe do Daniel, rindo alto. – Tinha que ter pelo menos o dobro deles para enfrentarem o meu super-Dan em pé de igualdade.

– O dobro?! – perguntou Edna, espantada.

– Pelo menos – Alexandra voltou a rir. – Assim, do jeito que está, quando começa a ficar interessante já acaba logo, rápido demais.

– Que corpo bonito que o seu filho tem – disse, ao ver o Daniel só com a calça do quimono – Até se parece com os deuses da nossa antiguidade remota. A senhora deve ter muito orgulho dele. É o mais belo de todos os homens aqui presentes.

– Se tenho, mas não viste nada, ainda – disse a mãe. – Espera só ele se preparar para lutar.

– Eu pensei que o senhor estava cansado de apanhar, vô – comentou o Daniel, brincando.

– Pensei melhor – respondeu, dando uma das suas terríveis gargalhadas que o faziam tão popular com os povos de todos os mundos.

Frente a frente com os oponentes, o Daniel contraiu a musculatura. Todas as mulheres presentes suspiraram e algumas mais afoitas até assobiaram.

Quando todos os Brancos atacaram o Daniel, ele tornou-se na mais formidável máquina de combate que já foi criada. A luta durou menos de três minutos. Quando todos atacam-no com a força interior, ele sequer se mexeu do lugar. Absorveu toda a energia como aprendeu com a esposa e desferiu o seu ataque, mas para o solo aos pés deles. Os tatames rebentaram e os oponentes foram atirados para longe.

A luta acabou em meio a aplausos enormes e assobios ensurdecedores. Daniel cumprimentou os oponentes e os presentes. Então, já descontraído, dirigiu-se para o seu lugar.

– Senhores. Como é tradicional, temos um churrasco gaúcho para os concorrentes e familiares. Os governadores e os nossos amigos alienígenas também estão convidados. Infelizmente, não há lugar para todos. Peço que os presentes entendam e esperamos que tenham gostado do festival.

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