Capítulo 3 - parte 1 (não revisado)

– Pai – disse o Daniel pai –, acho que vamos ter confusão se o Dan abdicar.

– Achas, filho? – Ele deu uma das suas risadas. – Eu tenho a certeza absoluta. Na nave, antes da ida a Leônid, tentei demovê-lo, mas ele foi irredutível. Bem sabes que ele não foi talhado para isso e não lhe tiro a razão.

– É verdade, pai, mas a questão é que o povo vai ficar revoltado, em especial porque nenhum dos governadores, exceto por ti e talvez a tia Carolina, tem o carisma e a capacidade para governar o império. E vocês os dois teriam uma grande oposição por causa do Saturnino. Não sei, pai, mas a verdade é que o Daniel foi simplesmente espetacular, como imperador.

– É verdade – disse o governador de Vega –, mas o acordado foi isso. Confia no teu filho que ele saberá como se virar.

– Ele sabe muito bem que o primeiro-ministro, não é adequado para o cargo de imperador – disse o pai pensativo. – Por que terá ele escolhido o sujeito?

– Manda a constituição, indicar um candidato – explicou Daniel avô. – Assim, ele deu força para a oposição escolher alguém melhor e gerar uma escolha mais sadia.

– Eu não me ia dar bem com política – confessou o Daniel pai.

– A política é um jogo fenomenal, desde que seja jogado limpo, filho – ripostou o governador. – O meu neto entende instintivamente esse jogo como poucos eu vi.

– Então, vamos para o palácio?

– Espera que a tua mãe também vem – pediu. – Está se arrumando. A Alexandra não vem?

– Vem sim. – Mal terminam de falar, o elevador convencional abriu as portas e elas entraram.

Chegaram ao palácio, descendo no terraço e um manobrista levou o planador para a garagem. Vários outros planadores chegavam e descarregavam governantes, familiares e convidados, que desciam para a sala do trono por um elevador especial para isso. Outros chegavam e entravam pela rua.

O Daniel e a esposa, materializam-se nos aposentos deles dentro do palácio. Um acordo com o mestre de cerimônias de aparecerem no quarto para essas ocasiões, deixava-o mais calmo. Eles vestiram-se para o evento e, na hora marcada, usaram um elevador particular e antiquado que ia até à sala do trono. Já se ouvia o som do hino do Império do Sol quando ele parou e as portas gradeadas foram abertas por dois guardas palacianos vestidos a rigor. O Imperador e a imperatriz saíram e foram para a frente do trono, mas permaneceram de pé em posição de sentido até que o hino silenciasse, quando então sentaram-se.

Ela usava um vestido justo, todo branco e comprido até aos pés, mais parecendo uma noiva. Na cabeça a coroa da imperatriz. Uma pulseira de diamantes que o marido lhe deu e um belo colar, também de diamantes, eram as poucas joias que usava, realçando mais ainda a beleza e juventude. Já o Daniel sentia-se um palhaço naquelas roupas. Uma calça comprida, branca, com botas pretas e um casaco branco. Parecia o uniforme da antiga marinha. Na cabeça, a coroa, na mão esquerda o cetro, e do lado direito, na cintura, uma espada. – "Que coisa mais inútil esta espada. Que coisa atávica" – pensou ele.

– "Ora, amor, estás lindo e é só um adorno" – respondeu a Daniela, sorrindo.

Todos os presentes ajoelharam-se enquanto o imperador e a imperatriz sentavam-se no trono. A cerimônia era televisionada em todas as mídias, para todo o império, inclusive Ubrur e Centúria. O mestre de cerimônias começou:

– Alteza – fez uma profunda vênia, além de alguns gestos teatrais. – Para a abertura, temos o juramento do quinquagésimo primeiro governador do Império, representante do planeta Ubrur.

Terminou de falar e fez uma mesura para o governador.

– Que se aproxime o governador. – disse o jovem imperador. Achava a maior parte daquilo supérfluo e idiota, mas agradava às pessoas.

O governador aproximou-se e disse, colocando um joelho no chão conforme fora orientado.

– Eu, Jcob governador do planeta Ubrur e representando a vontade do povo ubrurano, juro solenemente fidelidade à União do Império do Sol, do qual agora faço parte, assim como ao meu Imperador, Daniel I da Dinastia Moreira, ou o seu sucessor. Prometo solenemente defender os interesses da humanidade e lutar contra a opressão e a tirania.

– Levante-se governador Jcob de Ubrur – disse o Daniel –, seja muito bem-vindo ao Império.

Quando o estrangeiro levantou, o Daniel ergueu-se do trono, e apertou as mãos do homem, sorrindo e deixando o mestre de cerimônias quase louco. Uma risada grave e profunda, mas abafada, foi ouvida do fundo da sala e todos sabiam quer era. – Deve juntar-se aos governadores, agora.

O Daniel sentou-se, para tranquilidade do mestre de cerimônias e a Daniela sorri, divertida porque sabia que, no fundo, o marido gostava de provocar.

– Alteza, temos a presença de estrangeiros do império que desejam fazer um pacto de amizade e ajuda.

– Que se aproxime o estrangeiro – exclamou Daniel, teatral.

– Almirante Ifung, presidente do planeta Leonid – bradou uma voz no corredor ao lado da comitiva alienígena.

O leônida aproximou-se do trono e cumprimentou à moda chinesa, que também era a forma daquele povo. Mais uma vez o Daniel ergueu-se e fez uma reverência em resposta.

– Seja bem vindo ao nosso Império, Excelência – disse, jovial e sorridente. – Os amigos são livres para irem e virem sempre que desejarem. O primeiro-ministro, juntamente com o ministro das relações exteriores irão ajudá-lo com os tratados entre os nossos povos. O que acha do planeta mãe e da nossa capital, Almirante?

– É o mais belo mundo que já vi, Alteza. Espero que um dia, o meu mundo seja tão belo e a minha cidade tão limpa quanto a sua.

– Nem sempre foi assim, Presidente Ifung – disse Daniel. – O nosso mundo esteve bem perto de ser igual ao seu. Com persistência e determinação, sei farão um planeta igual. Ubrur é tão belo quanto a Terra e tantos outros mundos do Império. Por que o seu não seria igual?

– Assim espero, Alteza. – Com um gesto o Daniel indica-lhe para onde se dirigir.

O mestre de cerimônias ia recomeçar a falar, mas Daniel viu alguém no fundo do salão e interrompeu, sorrindo. Levantou-se e fez sinal para Edna.

– Irmãos, quero apresentar para quem não conhece uma representante de um dos povos mais antigos da Galáxia – disse, enquanto ela, meio tímida, aproximava-se. – Esta é Edna, a centuriana e originária do mundo que deu origem à raça humana. Espero que a recebam com o carinho que lhe é devido.

Quando ela chegou ao seu alcance, Daniel peou a sua mão e levou-a para o lado do trono, na parte dos convidados de honra. Após os aplausos, ele perguntou:

– Então, Edna, o que achou do nosso mundo?

– Maravilhoso, Alteza – disse, com uma pequena mesura. – Eu nunca imaginei que fossem atingir tamanha perfeição e fiquei fascinada com a vossa forma de governar desde ontem, quando vi a reunião com os governadores. Ouso dizer que nem no auge, o meu povo teve um sistema de governo tão eficiente.

– Obrigado, Edna, pelo elogio.

Aproveitando a pequena pausa enquanto sentava-se, o mestre de cerimônias interrompeu e quase gritou:

– Majestade, como foi determinado no programa da recepção, temos o caso dos novos visitantes...

- Sim, sim – disse Daniel, interrompendo e sem paciência. Olhou para os lafitas e sorriu. – Irmãos. Como já sabem, encontramos um povo humanoide – apontou os amigos –, os lafitas de Lafi. Vieram como náufragos, mas partem como amigos. São apenas cientistas e não políticos ou governantes. Por isso, não haverá qualquer tipo de tratado. Quando a nave deles estiver consertada, irei acompanhá-los a Lafi, onde falarei com os líderes deles. Peço a todos que os tratem com deferência e amizade, pois eles não merecem menos do que isso.

Houve alguns aplausos que foram interrompidos de repente por um guarda palaciano que abriu a porta da sala. No mesmo segundo, os dois guardas na parte de dentro cruzam as lanças que seguravam, impedindo a entrada do palaciano.

– Mensagem para Sua Alteza Imperial – disse o homem.

– Deixai-o entrar – ordenou o imperador.

O homem aproximou-se e ajoelhou-se para o soberano. Na sala do trono, todos aguardavam em silêncio.

– Majestade – disse o agente palaciano. – Há uma multidão enorme na frente do palácio. Solicitam uma audiência,

– Quantas pessoas? – perguntou Daniel, embora tivesse uma ideia aproximada pela quantidade dos que faram até à casa dele.

– Dezenas de milhares de pessoas, Majestade – respondeu o homem e Daniel esbugalhou os olhos.

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