Capítulo 2 - parte 3 (não revisado)
Daniel também levantou e foi abdando para a porta. Lado a lado, os dois voltaram para a sala de comando onde o engenheiro lia e acompanhava alguns diagramas, auxiliado pelo especialista dos lafitas.
– Para isso, eu não tenho explicação – continuou falando o imperador. – Bem, meu amigo, preciso de ir. Já acertaram convosco a recepção oficial?
– Sim, virão nos buscar.
– Bem, acho isso uma coisa bem maçante, mas obrigações são obrigações. – virou-se para o engenheiro chefe que parou e olhou para ele.
– Almirante – disse o indiano.
– Instale um motor de mergulho na nave – ordenou. – Faça os reatores trabalharem com tanques separados e reforce os campos de força da nave.
– Mas...
– Faça-o – ordenou Daniel, enfático. – Como imperador, eu assumo a responsabilidade. Qual o prazo?
– Sim, Alteza. Dez dias, no máximo. O princípios das duas tecnologias são demasiado parecidos.
– Obrigado, senhor Kami, agora preciso de ir.
O Daniel seguiu para o complexo hospitalar onde esperava encontrar a esposa, mas enganou-se. Aproveitou para beijar a mãe e, ao sair, lançou um chamado telepático.
– "Amor, onde estás?"
– Aqui – ela abraçou-o pelas costas. – Fazia um visita para a Mirtid porque amanhã ela parte com a coronel Anjuska para outra missão.
– Tudo bem, amor?
– Sim. – Daniela riu. – Mas arranjaste confusão, bastante confusão. Quero só ver o que tu vais fazer.
– Eu? – perguntou, espantado. – Mas o que foi que eu fiz, tchê?
– Há uma multidão na frente da nossa casa – explicou a Daniela, encolhendo os ombros. – Acho que eles não querem que abdiques.
– Era só o que me faltava! – exclamou o marido. – Começou com o primeiro ministro e agora a população!? Assim não vai dar.
– Pensa bem, meu amor – insistiu a esposa. – Tu acordaste o Império e salvaste-o. Por causa disso, povo ama-te muito. Não faças isso agora, senão o teu sucessor terá problemas terríveis.
– O que devo fazer, então?
– Espera, e escolhe alguém melhor. O primeiro-ministro é ótimo no cargo, mas será um imperador muito fraco.
– Eu sei muito bem disse e ele também, meu amor – explicou o Daniel, enquanto ambos caminhavam devagar, de mãos dadas, vestidos à moda oriental, hábito que os dois gostavam. - Eu fiz a indicação de propósito. É tudo um jogo para que a verdade nasça por si só e acabem escolhendo a pessoa certa.
– Eu imaginei que fosse alguma coisa assim – disse ela, abraçando o marido. –"Amor, teremos de adiar a nossa viagem de exploração. Temos milhares de anos pela frente. Pensa bem; em breve o nosso filho vai nascer e não podemos levá-lo para um empreendimento tão perigoso. Além disso também não o podemos deixar sozinho. Teremos de esperar alguns poucos anos. Durante esse tempo, vais reinando calmamente. Em tempo de paz, o comando passa para o primeiro ministro mesmo!"
– "És sábia, minha princesa" – disse ele, beijando-a muito feliz.
– Mas que pouca vergonh... Ó desculpe, Alteza.
– O que há de tão vergonhoso em um beijo, especialmente em uma pessoa que amamos tanto? – perguntou o imperador, irritado com a freira. – Espero que medite a respeito. Afinal a sua religião prega o amor acima de tudo. Pense.
– O senhor tem razão, Majestade, perdoe-me novamente. - Ela saiu de fininho.
Ambos sorriem um para o outro e voltam a se beijar..
– "Onde já se viu uma freirinha de porcaria meter-se na minha vida e ainda por cima dentro da minha empresa" – exclamou Daniel.
– "Amor continua assim, que vais perder a simpatia da população em uma semana e daí ninguém mais vai te querer como imperador." – Daniela ruiu. A seguir falou. – E não te tentarão roubar de mim.
Ele riu e beijou-a ainda mais.
– "Desculpa, mas não gosto a Igreja com a sua falsa moral. Tudo é pecado, tudo é errado. Tantas atrocidades feitas ao longo dos séculos, e tudo em nome do Deus do amor, isso deixa-me doente!"
– "Esquece, anjo."
– "Esse é o problema, jamais esqueço de algo." – Ele deu uma risada. – "Será que é pecado falar telepaticamente?"
– Foi só uma retórica, Daniel – disse a esposa rindo. A seguir, continuaram o seu caminho. Sem paciência, Daniel teleportou com a mulher para casa e ouviu uma barulheira enorme na rua. Tão grande que se ouvia dentro de casa, que era bastante afastada. Espantado teleportou-se para o outro lado da rua, no telhado de uma casa vizinha, e observou com atenção. Uma multidão de tamanho apreciável estava estava parada à frente da casa dele procurando chamar a atenção de todas as formas. Em frente ao portão, cordão de orientadores cívicos impedia que eles se aproximem muito.
Sem medo ou preocupação, Daniel saltou para uma região atrás dos manifestantes onde a quantidade de pessoas era menor e começou a andar devagar em direção à entrada da sua casa. Aos poucos, a população começou a vê-lo e o silêncio formou-se por si, até que se tornou completo quando ele parou junto aos agentes que estavam boquiabertos em verem o seu imperador parado no meio daquela manifestação sem qualquer tipo de segurança.
Daniel virou-se, dando as costas para os orientadores e ficou de frente aos manifestantes. Ergueu a mão e sorriu, falando baixo:
– Irmãos e irmãs – principiou, tranquilo. – O que aconteceu? Por que quebram a harmonia de um lugar residencial?
Vários começam a falar ao mesmo tempo e Daniel voltou a erguer o braço.
– Parem, senão nada entenderei – pediu. O magnetismo dele era tão forte, que todos se calaram o ato. – Nota-se perfeitamente que o motivo de estarem aqui é o mesmo para todos. Então, o senhor – ele apontou para um homem idoso –, seja o porta-voz dos seus irmãos.
– Majestade. Assistimos na univisão a sua reunião com o congresso e nós imploramos que não abdique.
– À, então é isso! – disse, fingindo que não sabia. – Muito bem, façamos um trato. Nada do que for dito aqui será oficial porque não é o momento. Hoje, haverá a recepção formal ao novo governador onde ele prestará julgamento. Vocês juntam uma comissão de cinquenta e uma pessoas, cada uma representando um mundo do Império do Sol. Vão ao palácio, solicitem uma audiência e aguardem na frente que ela será atendida. Podem ir quantos quiserem, mas apenas aceitarei na sala do trono cinquenta e uma pessoas. Lá, farão a petição oficial. Assim, estaremos agindo corretamente e não incomodaremos nenhum dos cidadãos desta pacata rua, não acham?
– Sim, Alteza, realmente é a forma mais civilizada.
Apesar de não falar alto, o Daniel usava uma pequena transmissão mental. As pessoas pensavam estar a ouvir a voz dele, mas o resultado era o mesmo, ele falava baixo, mas era ouvido com perfeição por todos.
– Então, irmãos, vão-se agora que eu prometo que serão recebidos esta tarde. Deixem-me descansar um pouco com a minha esposa. Nós passamos muitos dias sem dormir, zelando pelo vosso bem-estar. Agora, precisamos de descanso.
– Desculpe, Majestade – disseram alguns, retirando-se. Em cinco minutos, só havia os trinta guardas. – Obrigado por conterem essa gente, amigos, vocês agiram bem.
– É a nossa tarefa, Alteza – disse o agente. – Estamos satisfeitos em fazer o nosso trabalho.
– Amigo, faça com que, quando a comitiva aparecer, eu saiba no palácio. Prometi que os receberia e jamais menti para alguém em toda a minha vida. Eles deverão ser recebidos por mim.
– Sim, Alteza. – O homem inclinou-se para o imperador, assim como os demais guardas. O Daniel correspondeu com uma inclinação menor, como mandava o protocolo. Apenas, esse cumprimento não deveria ser usado com ninguém menor que um governante, mas ele achava que todos mereciam o mesmo respeito.
Com esses pequenos gestos, Daniel conquistava mais ainda a lealdade dos seus homens ao fazê-los sentirem-se importantes para o todo. Ele saltou para dentro de casa e foi recebido com um abraço carinhoso.
– "És mesmo um condutor de homens, meu amor." – A Daniela beijou-o e, com o ar mais inocente do mundo, continuou. – "Temos três horas antes da cerimônia. Alguma sugestão para antes do almoço?"
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