Capítulo 2 - parte 1 (não revisado)

No dia seguinte, o Daniel acordou muito alegre. Estava na sua casa, para infelicidade do mordomo do palácio, abraçado na esposa e sem ter de acordar pouco depois de se deitar devido a qualquer emergência.

Sentia que recuperou as energias por inteiro e sorriu. Com cuidado, virou-se para o lado e observou o belo rosto da sua esposa ainda adormecida também de lado e com parte dos cabelos cobrindo a face. Apaixonado focou alguns segundos a observá-la, mas ela logo abriu os olhos e sorriu-lhe alegre. Abraçam-se.

Após o banho, o Daniel preparou-se para ir ao congresso e, à tarde, receberia oficialmente os visitantes na sala do trono. Conforme a sua determinação e como sempre desde que se tornou imperador, as cerimônias seriam públicas. A Daniela não desejou participar da reunião e ficou na Cybercomp. Assim que beijou o marido e desceu do planador, Daniel rumou para o edifício administrativo. No terraço do prédio perdeu os seus dez segundos com a vista maravilhosa e desceu para a sala do plenário. Por ser uma reunião extraordinária, ele seria o primeiro a falar e, aós o cumprimento dos governadores, foi para a tribuna. Olhou em volta e começou:

– Olá, meus irmãos. Venho perante este parlamento afirmar que a guerra contra os tantorianos acabou oficialmente. Agora, todas as ações resumem-se a neutralizar os remanescentes e libertar os mundos humanos. A ordem do Povo foi cumprida.

Precisou de aguardar alguns minutos para que os aplausos terminassem e aproveitou para avaliar os presentes. Eram praticamente todos genuínos nas suas manifestações. Viu que ainda tinha um opositor, mas ele mantinha-se retraído por falta de oportunidade de o atacar. Contudo, Daniel notava respeito no seu olhar. Ergueu a mão e pediu silêncio.

– Eu contei para vocês sobre os nossos antepassados e todo o Povo viu porque era passado na univisão, Entãso agora já sabem sobre os centurianos, ibrrs ou tantorianos como se chamam aqui e os axturrs, um povo incomparavelmente mais poderoso e perigoso que os verdes. Na volta, já perto do império, encontramos uma espaçonave alienígena muito danificada que era alvo de ataque maciço do naves piramidais...

Daniel contou toda a história em detalhes e prometeu entregar para a mídia algumas gravações dos acontecimentos, concluindo:

– Para finalizar, quero dizer que a ameaça dos axturrs é muito grande. Por isso, acho imperativo conhecer melhor os lafitas e encontrar os centurianos que ainda vivem. Os três povos, juntos, serão uma força de equilíbrio muito grande, tão grande que acredito que ninguém se atreverá a nos atacar a nós ou a eles.

O primeiro ministro levantou-se e pediu a palavra. O imperador fez um gesto amável.

– Que garantias temos, Vossa Alteza, que não estaremos entrando em uma armadilha? – perguntou ele. – Uma grande e mortal armadilha?

– Não temos muitas, Excelência – respondeu Daniel –, mas a nave deles é desarmada e formam muito amistosos. Nem as nossas naves auxiliares o são e nós somos um povo de paz. Além disso, o meu instinto me diz que posso confiar neles e Vossas Excelências já tiveram provas de que ainda não errei com isso. Hoje à tarde, no palácio, terão oportunidade de os conhecerem melhor.

– Então o que planeja fazer, Alteza? – perguntou o primeiro ministro.

– Voar para Lafi escoltando os nossos novos amigos. Desejo conhecer os dois povos. Levarei a centuriana Edna que poderá ser de muita valia. Avaliarei o perigo axturr in loco e voltarei com todas as informações pertinentes. Apesar de ser um assunto da minha alçada por ser de segurança imperial, gostaria de uma votação do congresso. A ideia é partir quando terminarem o conserto da nave lafita.

A votação era pública e aberta, como sempre. O sim vencia por maioria esmagadora quando chegou a vez do governador que ainda era contra ele, um dos últimos. Ele levantou-se e vecilou, esperando um pouco. A seguir, disse:

– Majestade, excelências. Eu sei que todos estão cintes de que sempre fui da oposição e continuo com a minha própria opinião, mas devo afirmar que a minha opinião pessoal não influi no meu julgamento como governador. Vossa Alteza, desde o primeiro dia do seu reinado até hoje jamais fez algo que prejudicasse o nosso amado Império do Sol. Por isso, o meu voto é sim.

Ele sentou-se e recebeu alguns aplausos e uma vênia cortês do imperador. A votação finalizou com cem por cento e Daniel levantou-se mais uma vez.

– Para finalizar, quero dizer duas coisas: primeiro, parabenizar a entrada do nosso mais novo membro, o governador de Ubrur no seio do Império do Sol. Seja muito bem-vindo à Terra e ao Império, governador J'cob – Disse, fazendo uma pausa por causa dos aplausos. Quando se calaram, continuou. – Por último, devo afirmar que esta será a minha última ação como Imperador. Conforme combinado na minha promessa ao imperador Saturnino, quando terminasse a guerra eu abdicaria. Assim, peço para o congresso avaliar candidatos. Eu pretendo indicar o primeiro ministro. Com isto encerro a sessão do congresso de hoje. Não se esqueçam da recepção oficial para os novos amigos, onde o primeiro ministro irá presidir o tratado de paz e ajuda aos leônidas.

Murmúrios varreram a sala, enquanto o Daniel desceu da tribuna. A declaração do imperador, mais do que esperada e correta, caiu como uma bomba porque ninguém esperava que ele desejasse abdicar tão cedo. O primeiro ministro ficou muito calado enquanto Daniel saía do salão, quando estourou o fala, fala.

O imperador caminhava pelos corredores do prédio, em direção ao terraço e os ânimos aqueciam ainda mais, dando-lhe vontade de rir.

– Alteza. – A voz do primeiro ministro soou ofegante atrás dele e Daniel virou-se, vendo-o quase correr. – Espere. Pode me conceder um pouco do seu tempo? O meu gabinete é aqui perto.

– Claro, Excelência, com todo o prazer. – Entraram no gabinete dele, uma sala enorme com uma mesa de madeira maciça, muito grande. Nela, vários aparelhos de comunicação e computadores apareciam bem ordenados. Atrás da sua cadeira, a bandeira do IS, a da Terra e a do Brasil. A bandeira do Brasil ainda era a mesma desde o século XX. A da Terra era branca com o desenho do globo azul e os continentes, cercada com um halo de nuvens no equador. A bandeira do IS era preta como o espaço com a imagem da Via Láctea.

– Sente-se, Majestade, peço permissão para falar francamente.

– Permissão concedida, excelência, isso agrada-me muito – respondeu o imperador, divertido.

– Alteza. Tenho servido o império por mais de cem anos. Este é o meu quinto mandato consecutivo como primeiro ministro. É um cargo do qual eu gosto e desempenho bem. Eu não estou pronto para o trono. Para isso, é necessário algo mais que eu não tenho. Vede bem. Eu fui radicalmente contra a vossa indicação; mas, com um simples discurso, Vossa Majestade mostrou que é muito mais apto. As vossas ações provaram ser corretas e a vossa aptidão lidou com a maior crise que o Império do Sol viveu em toda a sua existência. Eu suplico-vos, Majestade, não abdicai do trono.

– No entanto, nesse meso discurso simples,eu afirmei e fui bem categórico que não desejava ficar no poder, Excelência.

– Sim, vossa Alteza disse isso mais de uma vez e ouvi a sua promessa no leito de morte do Saturnino – disse o primeiro ministro, aflito –, mas a verdade é que eu sempre estive errado e me envergonho de muitas coisas que pensei, até mesmo em relação à morte da sua primeira esposa. Nós estávamos em franca decadência e, para eu não ter visto isso com clareza desde o inicio, Majestade, só pode ser porque eu estava enquadrado nessa mesa decadência que hoje vejo com tanta clareza. O Império precisa desesperadamente do senhor por mais algum tempo, Alteza, eu suplico-vos.

O Daniel olhou para o homem, pensativo. Ele sabia que o ministro estava mais do que correto e sabia perfeitamente que uma outra pessoa seria um imperador maravilhoso, mas haveria discórdia na sua escolha e optou por indicar o primeiro ministro para deixar que a semente da sua verdadeira vontade germinasse sozinha. Após um período de silêncio quase constrangedor, disse:

– Excelência, obrigado pela sinceridade e por confiar em mim. Prometo que pensarei no assunto com bastante atenção.

– Obrigado, Majestade.

– Olhe, sei que mais de um século de existência separa um do outro, mas acho que poderíamos ser bons amigos. E amigos não precisam de falar desse jeito cheio de formalismos.

– Sim senhor, entendo – disse o primeiro ministro com uma vênia.

– Mais uma vez, prometo que vou pensar no assunto, obrigado. Agora se me permite...

– Que é isso, quem sou eu para permit... – sem entender nada passou a olhar para todos os lados. – Para onde diabos ele foi?

Daniel materializou-se no terraço e pegou o planador. Seguiu para a Cybercomp, pousando ao lado da nave lafita. Ficou na dúvida se entrava nela ou não até que optou por usar a sua telepatia para saber se o comandante Infrime estava por lá, já que havia vários planadores pousados em volta da nave e as escotilhas estavam abertas. Descobriu que ele estava na sala de comando e transportou-se para lá, encontrando o engenheiro chefe da Dani conversando com ele e um cientista.

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