Capítulo 1 - parte 2 (não revisado)

A Dani pousou de forma bem suave e a equipe de engenharia fez a nave avariada flutuar devagar e com todo cuidado para o solo. Um piloto levou o comandante lafita até à nave dele para que pudessem descer os pés da nave, enquanto Preparavam-se para sair da nave. No solo, uma grande multidão aguardava pelo seu imperador.

Na escotilha, Daniel resmungou, respirou fundo e murmurou:

– Vamos a isso. – A seguir começou a descer pela esteira anti-gravitacional.

Mal o viram, a gritaria foi enorme e, contrariado, Daniel deparou-se com uma tribuna e todos os governadores reunidos, aguardando por si. Deu mais um suspiro, fez uma mesura curta para os correligionários e subiu à tibuna sendo imediatamente seguido por um microfone e câmera robotizados. Ele tinha tanto carisma que o silêncio que se formou foi instantâneo.

– Irmãos – começou por dizer –, a guerra contra os tantorianos, a nossa primeira crise em oitocentos anos, acabou. É lamentável ter que dizer isto, mas eles recusaram-se a uma rendição e a ordem do povo foi cumprida à risca, exterminando a vida naquele planeta. Como já devem saber pelos noticiários, muitos mundos que eram escravizados pelos verdes, mundos humanos, de seres iguais a nós, já estão em processo de libertação.

Daniel nota que o povo não tira os olhos dele, parecendo até hipnotizado. Não muito longe, a Daniela aguardava com a delegação leônida, enquanto os lafitas esperavam o comandante voltar para descerem todos juntos. O imperador fez sinal ao almirante leônida e pediu que se aproximasse. Daniela sorriu e acompanhou Ifung até ao imperador.

– Apresento-vos agora os leônidas, o povo que lutou ao nosso lado contra os tantorianos – disse, continuando o seu pequeno discurso improvisado. – Este é sua excelência o Almirante Ifung, presidente de Leônid, nosso amigo e aliado. Este povo lutou por dois mil anos contra a tirania dos tantorianos e só posso falar a vocês que foi disso que nós escapamos...

Daniel foi interrompido por uma grande gritaria e aplausos, não lhe restando nada a fazer a não ser sorrir para tão grande demonstração de carinho e gratidão. Nesse momento tudo cessou e eles ficaram a olhar para o lado, impressionados.

Daniel acompanhou o olhar do povo e sorriu quando viu os lafitas que tinha descido da nave e surgido no campo de visão do povo.

– Irmãos, aproveito para vos apresento os lafitas, nossos novos amigos – afirmou, apontando para eles. – Encontramos este povo perto do Império que foi atacado por estranhos e nós os salvamos. Infelizmente, isso trouxe-nos o conhecimento de uma nova e perigosa ameaça, mas oportunamente será apresentado na Univisão porque ainda estamos fazendo levantamentos a respeito. Por enquanto é só e muito obrigado por nos receberem com tanto carinho.

Debaixo de uma onda de aplausos enorme, ele pega a mão da esposa e desce do palanque, seguido de Ifung e Infrime. Aproxima-se dos pais e pede-lhes vão para a sala da presidência com os avós porque deseja uma reunião privativa. A seguir, Daniel aproxima-se do Nobuntu e pede:

– Coronel, por favor providencie uma comitiva especial para receber os convidados e levá-los para o palácio onde serão hospedados na ala de visitantes ilustres. Preciso de fazer uma reunião rápida.

– Sim, Almitante. Não se preocupe.

Daniel vira-se para os leônidas e os lafitas e diz:

– Serão hospedados no palácio enquanto eu providencio tudo para os senhores. Teremos uma recepção formal em vossa homenagem. Por favor, acompanhem o coronel. Comandante Infrime, o senhor acompanha-me para conversarmos a respeito dos axturrs?

– Será um prazer, Daniel.

O almirante foi até um poço redondo e parou em cima dele, começando a descer devagar. Infrime compreendeu logo que se tratava de um elevador gravitacional e imitou-o, seguido pela Daniela, chegando a um subsolo a uns vinte metros de profundidade. O local era limpo e com iluminação suave e indireta. Tratava-se de um corredor largo e bem longo onde, nos cantos, tinha esteiras rolantes, cada lado em um sentido. Daniel apontou para uma delas e começaram a andar. Alguns metros depois, fez sinal para irem mais para o lado e o alienígena notou que eram duas esteiras, aquele muito mais veloz que a primeira.

– Quando o meu bisavô construiu isto há oitocentos anos – disse Daniel, explicando –, ele desejou que em cima fosse tudo um grande jardim. Assim, as vias expressas ficam no subsolo.

– Só posso dizer que o seu ancestral era um grande visionário, Daniel, porque aquilo que eu vi antes de pousarmos é de uma beleza estonteante.

Ao fim de algum tempo Daniel mudou para a esteira mais lenta e logo viram que o corredor terminava em uma sala circular por onde desembocavam outros corredores. Eles seguram por um que tinha escrito "administração". Dessa vez a viagem foi bem curta e saíram em outra sala circular, mais uma vez com corredores em todas as direções. Daniel e a esposa, contudo, aproximaram-se de um grande circulo vermelho no chão junto a uma das paredes entre dois tuneis e o almirante pediu para Infrime aproximar-se. Deram um pequeno impulso para cima e começaram a flutuar, subindo para a superfície, em um saguão do prédio administrativo. Daniel fez sinal para o amigo e pegaram outro elevador, finalmente chegando à presidência, a sala mais alta do prédio. Os pais e os avós já os aguardavam. Daniel fez sinal, apontando uma poltrona para o alienígena e outra para a esposa, mas ficou de pé. Olhou em volta e sentiu algo muito familiar naquele local que tanto gostava e o atraia muito. Sorriu para todos e disse:

– Oi, gente – principiou. – convidei-vos a virem aqui porque quero discutir com vocês algo antes que o congresso saiba.

– Algum problema? – perguntou a avó Carolina. – Pelo que te conheço, não procurarias falar conosco antes a não ser que fosse outra crise.

– No mínimo é um assunto delicado, vó, muito delicado – disse o neto, encolhendo os ombros. Apontou para Infrime e continuou a falar. – Os lafitas trouxeram-nos o conhecimento de uma ameaça ainda mais terrível do que os verdes, mas ainda preciso de preencher uma lacuna bem grande. Por isso, mandei uma nave auxiliar até à Centúria buscar a Edna. Como eu pedi que se apressassem e viemos devagar, devem estar para chegar. Bem, continuando o assunto, os nossos amigos estavam sendo atacados por uma raça alienígena, que pilota espaçonaves piramidais.

– Centurianos? – perguntou o pai, incrédulo.

– Não, pai, os centurianos são amigos deles.

– Mas... – principiou o avô Daniel, sendo interrompido pelo neto.

– Quem mais copiou a tecnologia dos lemurianos? – perguntou ele. – Lembram-se?

– Os axturrs! – exclamou o avô, soltando um assobio.

– Exato, vô, e as armas deles são muito boas mesmo – respondeu o Daniel, sério. – Um frota do tamanho da tantoriana e virávamos pó antes de começarmos a lutar de verdade.

Por alguns segundos fez-se silêncio. Enquanto alguns deles pensavam contrariados que a paz acabada de conquistar poderia estar com os dias contados, outros pensavam em como poderiam superar a crise que parecia prestes a acontecer.

– "Há algo de muito errado nisso tudo, Dan" – transmitiu o avô, pensativo.

– "Também penso assim, vô, mas eles parecem sinceros!"

– " Tentei ler a mente dele, mas tem o senhor bloqueio. Consegues atravessar?"

– "Sim, vô, mas não quero forçar." – respondeu com um suspiro. Daniel olhou para Infrime e notou que ele olhava com atenção para ambos e concluiu que o lafita notou que se comunicavam. Por isso, achou prudente não dizer mais nada.

– Para começar – voltou a falar –, há centurianos no sistema de Lafi que são aliados dos lafitas. Os axturrs mantém uma certa reserva pois, apesar de serem em maior número, têm tecnologia inferior. Acontece que, segundo o relato do nosso amigo Infrime, eles andam afoitos e atacam naves lafitas ou centurianas isoladas.

O alienígena fez um gesto de concordância com a cabeça que era quase idêntico ao humano.

– O último centuriano desapareceu há mais de mil anos. Há algo muito errado – diz o pai do Daniel, pensativo. Olhou para o visitante e continuou. – Desculpe, não é que esteja a duvidar do senhor, mas as coisas não se encaixam.

– Senhor – disse Infrime, gentil –, os centurianos que estão conosco, vieram até nós há mais de quinze mil anos. Eram quatro naves grandes, que foram atacadas por uma frota axturr. Nós expulsamos os atacantes e ajudamo-los. Eles, durante a batalha com o inimigo e com medo que serem aprisionados, destruíram os computadores de navegação, ficando sem saber voltar porque a maioria era de colonos. Isso aconteceu três vezes no espaço de uns dez anos e, depois, pararam de aparecer.

Daniel viu uma sombra passar na janela e olhou para fora, vendo uma nave em rota de aproximação para o espaçoporto da Cybercomp onde estava escrito Dani A 1. Sorriu e disse, alegre:

– Por favor, aguardem um segundo que a nave auxiliar acabou de chegar. – Desapareceu e, menos de um minuto depois, ressurgiu na sala com uma pessoa: Edna, a última centuriana.

– Oi, Edna – disse, assim que a soltou e apontou uma poltronapara sentar-se. – Desculpa a pressa, mas depois explico tudo. O meu avô, governador de Vega tu já conheces e estes são meus outros avós, também governadores e os meus pais. Este é Infrime, um alienígena que ajudamos e fica no outro extremo da Galáxia.

– Olá a todas – disse a centuriana, gentil e sorridente.

– Edna, vocês tiveram expedições das quais perderam contato?

– Sim, mas foram poucas – respondeu ela. – Há cerca de dezesseis mil anos da nossa contagem, uma expedição saiu como tantas outras em direção aos confins da Galáxia. Uns anos depois, como era de praxe, uma nave foi enviada para ver se eles estavam bem, mas jamais retornou. Enviamos mais três expedições de colonização e algumas de busca e salvamento, mas nenhuma retornou. Concluímos que era perigoso demais e desistimos daquele setor da Galáxia pois, nessa época, o nosso povo já era muito reduzido.

– Certo – disse Daniel. – Obrigado, Edna. Então está comprovada a história dos lafitas. Edna, os nossos amigos aqui dizem que há centurianos no mundo deles que foram salvos de combates, mas o pior de tudo é que, quem os atacou, foram axturrs. E eles são infinitamente mais fortes do que os tantorianos, que, por sinal, foram destruídos.

– O que pretendem fazer? – perguntou ela, empalidecendo a olhos vistos. – Alteza, eles são de uma periculosidade enorme e têm armas em pé de igualdade com as nossas.

– Por enquanto nada faremos – decidiu o Daniel, pensativo. Olhou em volta e sorriu. – Eles ainda nada sabem a nosso respeito e acho que podem ser perigosos se nos precipitarmos.

– Acredito que devemos informar o parlamento, filho, porque é uma ameaça real – disse Alexandra.

– Sim, mãe – respondeu o Daniel, tranquilo. – Vou convocar uma reunião do congresso para amanhã e manhã e esclarecerei isso. Depois, pretendo ajudar os nossos amigos lafitas e escoltá-los de volta. Além de desejar conhecer os nossos ancestrais, quero avaliar bem de perto o perigo axturr. Como desconhecem a localização da Terra e qualquer outro mundo do império, não vejo perigo imediato, mas mandei toda a frota ficar em alerta tático.

– Sim, Dan – disse o governador de Vega. – Acho que agiste acertadamente.

– Assim espero, vô – respondeu o neto. – Pai, na qualidade de vice imperador podes tratar as acomodações dos nossos hospedes e convocar o congresso? O que eu quero fazer agora é ir para o meu restaurante favorito com a minha Danizinha, jantar e depois dormir, mas dormir mesmo, pelo menos oito horas porque não lembro quando foi que fiz isso pela última vez.

O avô mais velho deu uma gargalhada que assustou os alienígenas e rendeu logo uma cutucada por parte da esposa.

– Ei, Dan – disse o homem heptacentenário, ainda rindo. – O pessoal organizou um festival para daqui a dois dias, então descansa bem ou damos cabo de ti.

O Daniel sorriu, abraçou os avós e pais, cumprimentou os novos amigos e desapareceu. A Daniela riu, acenou e desapareceu atrás. Um segundo depois, Daniel surge e pergunta:

– Vens, Dani... cadê ela?

– Aqui, disse a esposa, ressurgindo e pegando a sua mão, desaparecendo a seguir com o marido.

– Todos vocês fazem isso? – perguntou o comandante lafita, bastante espantado. – Os centurianos de Lafi não têm esse dom, embora alguns tenham grandes recursos!

– Não temos histórico de nenhum centuriano com esse dom que é muito interessante – disse, Edna, pensativa –, mas parece ser simples de se fazer.

– Somente eles fazem, meus amigos – disse o governador, sorridente. – São únicos no império.

– Afinal o que faz? – perguntou Infrime. – Vejo que tem uma grande influência sobre o governo e é estimado como poucos, mas também vejo que é demasiado jovem.

– Quando ele não projeta super naves, dirige o império – disse o avô, brincalhão.

– Ele é o imperador? – espantou-se o lafita. – Tão jovem assim?

– O maior erro que alguém pode cometer é avaliar o meu neto pela idade, amigo. Aquelas duas espaçonaves ali fora, foram desenhadas por ele até ao último parafuso. A mais terrível das armas da nave também. E ele aprimorou os canhões originais.

– Já notamos isso quando ele combateu com os axturrs. São armas fenomenais. Eles fizeram as naves inimigas explodir sem disparar um tiro ou míssil e confesso que ainda não identifiquei o princípio que ela utiliza.

– São canhões de impulso – explicou o pai. – Transferem uma bomba de alta potência para o hiperespaço e ela rematerializa-se no alvo escolhido. Venham, eu levo vocês para o hotel. Precisam de algo da vossa nave?

– Impressionante. Nós precisamos de roupas.

– E a senhora, Edna? – perguntou Daniel.

– Confesso que não trouxe nada – respondeu a centuriana.

– Alexa, não te importas de levar a Edna ao shopping center enquanto foço o que o Daniel pediu?

– Claro, amor. – Alexandra levantou-se. – Vem, Edna, vem passear e conhecer a nossa cidade. Depois deixo-te no palácio.

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