Capítulo 5 - parte 2 (não revisado)
– Grupo um, dispersar mais e atacar o flanco superior. O setor de vocês está demasiado concentrado de naves nossas e dificulta a manobridade. Somos poucos, então precisamos de espaço para atacar com mais eficiência – disse Daniel. – Bravo, coronel Anjuska, mas faça o favor de não abusar dos reatores. Seus neutralizadores de inércia devem estar apitando mais que uma chaleira velha.
– Sim, Almirante – disse ela. – Eles reclamam um pouquinho mas cumprem o seu papel. As sobrecargas ainda não passaram de cento e trinta por cento.
Mal terminou de dizer isso, um ronco enorme apareceu nos alto-falantes até que o jovem almirante se deu conta que era o avô rindo. Daniel sacudiu a cabeça.
– Grupo dois, mirem pelo centro. Evitem o fogo de superfície e destruam as naves inimigas.
– Sim, Almirante – respondeu João.
– Coronel, Nobuntu, avance sobre o grupo à nossa frente. Tempo?
– Dez minutos de batalha, senhor, respondeu um oficial que era responsável pelos registros históricos. Aproximadamente vinte mil unidades abatidas.
Daniel sentiu uma presença ao seu lado e viu o governador Jcob e a filha. Ele tinha os olhos arregalados, impressionado com a batalha e assustado com o tamanho da frota tantoriana.
― ☼ ―
O Amirante Ifung ficou empertigado e gritou:
– Atenção, várias unidades acabaram de escapar do cerco. A eles, leônidas. Morte aos desgraçados.
– Morte aos desgraçados. – Gritam todos os comandantes, acelerando os seus discos.
A frota leônida atirou-se aos tantorianos e mostrou que também era temerária, lutando com bravura. Acuados, os verdes tentaram fugir, mas foram perseguidos e destruídos sem contemplação. Ifung aproveitou para atacar em um dos flancos porque a inatividade deixava-o nervoso.
Nesse momento, a nave capitânia chamou e ele viu o rosto do almirante na tela.
– Almirante Ifung. Sempre que possível, tente apenas danificar e impedir a fuga deles. Quero fazer o máximo possível de prisioneiros porque tenho planos para eles.
– Confirmado, Almirante Daniel – respondeu ele. – Darei essa ordem aos meus homens, mas será difícil convencê-los a se refrearem. São dois mil anos de ódio trancados aqui dentro.
– Veja o que pode conseguir, por favor – disse Daniel. – Obrigado.
Daniel desligou e ele chamou os comandantes.
– Vocês ouviram o pedido do almirante solariano. Tentem não destruir todos esses demônios, homens. – Encolheu os ombros, pensativo, e continuou. – Não faço ideia de que planos ele tem para as lagartixas, mas isso é problema dos solarianos. Apenas tentem fazer esse favor.
― ☼ ―
Daniel olhava o combate de forma fria, tentando a todo o custo excluir o fator emocional, mas tinha muita dificuldade e só conseguia estar ali e dar as ordens por causa do seu autocontrole moldado por anos e anos de treino no templo Shaolin.
Via com precisão matemática cada falha na sua tática ou nos seus companheiros e ordenava prontamente as ações necessárias, ora falando com o líder do grupo ora com o próprio comandante da nave que se desviasse do plano traçado.
À medida que o tempo corria, mais e mais cilindros eram destruídos ou inutilizados.
– Tempo – pediu ele.
– Decorridos trinta e oito minutos de batalha, Almirante. No momento, não é possível calcular o número de inimigos abatidos. Não há baixas entre os leônidas e solarianos. Apenas dez naves deles atingidas sem maiores problemas e algumas das nossas naves auxiliares receberam umas sobrecargas acima do recomendado, mas safaram-se com mergulhos rápidos... correção; uma nave leônida acabou de ser seriamente atingida. Os companheiros fizeram uma parede de proteção, mas tem mais de dez mil unidades dos verdes atacando.
– Qual o cruzador mais próximo?
– A Moskow, senhor, respondeu o oficial sabendo a pergunta de antemão por conhecer bem o seu líder.
– Atenção, Moskow – disse Daniel. – Coronel Anjuska, os leônidas precisam de socorro imediato e a senhora é a mais próxima...
– Confirmado, Almirante – afirmou ela, sorrindo no vídeo. Voltando a ficar séria disse, enquanto Daniel já se concentrava em outra coisa. – Moskows A I, II e III. Ajudem a interceptar o inimigo pelos flancos.
– Céus – disse Nobuntu. – Essa mulher pilota como poucos. Bem que ela podia estar aqui.
– Ela foi feita para comandar, Coronel. Nasceu para isso, da mesma forma que o senhor. – Daniel deu um sorriso. – Eu seria muito burro se a colocasse no timão de uma nave.
– Eu ouvi isso, Almirante – disse Anjuska no rádio. – Obrigada.
– Seria mais educado fingir que não ouviu – disse Daniel, lembrando-se que todas as comunicações estavam abertas. A seguir, soltou uma gargalhada de dar inveja ao avô. – E os nossos amigos?
– Já mandamos os tantorianos que os cercavam para o paraíso dos répteis e as naves auxiliares estão oferecendo suporte porque eles não têm campos de contenção de ar.
– Certo, obrigado – disse ele. – Contatem a nave capitânia dos leonidas.
O rosto do almirante apareceu na tela e Daniel não perdeu tempo.
– Precisam de mais ajuda, Almirante Ifung? – perguntou, notando a preocupação nele. – Querem médicos ou evacuar a nave?
– Não será necessário, por enquanto, Almirante – respondeu com um sorriso cansado. – O seu cruzador chegou na hora certa. Caso precisemos, solicitarei ajuda.
– Perfeito, meu amigo – respondeu Daniel. – Sinta-se à vontade.
O vídeo apagou e Daniel voltou a se concentrar na tela tridimensional que estava no meio da sala de comando. Ela tinha três metros de altura por cinco de largura e outros três de fundo, mostrando todas as naves em combate como um filme.
Ao fim de dez minutos, disse:
– Almirante para tripulação da Dani. Atenção que em poucos muitos a nave capitânia vai começar a interferir no combate para efetuamos o desfecho da batalha que será a destruição sumária de toda a vida na superfície, que Deus nos perdoe. Grupos um ao cinco, devido ao grande número de perdas do inimigo, sugiro que as naves auxiliares recuem para fazerem um cerco adicional com os leônidas. Deverão ficar apenas os couraçados, destroyers e cruzadores na frente de luta. Abram um corredor sobre a localização do palácio na superfície que a destruição será feita lá.
– Confirmado, Almirante – disse um coro de vozes nos alto-falantes da Dani.
Ao mesmo tempo, notaram as naves auxiliares afastando-se. O almirante olhou para o espaço em volta e mudou de ideia:
– Novas instruções para todas as naves auxiliares – disse, pensativo. – Aquelas que tiverem marines deverão investigar os destroços mais afastados. Onde os sensores encontrarem sinais biológicos, deverão invadir e aprisionar todos. As demais, tentem usar raios gravitacionais para separar as naves com vida das demais e deixá-las prontas para uma rápida abordagem.
― ☼ ―
A frota tantoriana não desistia da luta por nada. Qualquer outro povo já se teria rendido e sujeitado aos termos do imperador, mas aqueles seres, fanáticos e fundamentalistas, preferiam a própria destruição a serem derrotados pelos humanos.
Mais de quatro quintos do seu efetivo deixara de existir e, ainda assim, lutavam com ferocidade, mantendo a mesma garra desde o início, ou até mesmo com mais violência. Um exemplo disso foi quando tentaram usar um grupo de três mil naves cheias de bombas que avançaram descaradamente na intenção de abalroar e destruir a Dani.
– Almirante – disse Nobuntu. – tem um bando deles vindo em rumo de colisão conosco. O que sugere?
– Nada – respondeu o Daniel. – Fique paradinho como fizemos até agora para que eles entendam o que é se meter com um couraçado do Império. Está na hora de descobrirem que deviam ter se rendido como eu sugeri mais de uma vez.
Aquuela colisão foi a mais violenta que a Dani já sofreu porque devia haver muitos milhares de bombas nelas. Por alguns segundos a nave gigantesca esteve envolvida pela fogueira atômica e os aliados engoliram em seco achando que os solarianos haviam perdido o seu líder.
Os tantorianos já iam festejar quando o campo de força terminou de lançar tudo no hiperespaço e a super-nave apareceu de volta, colossal e imponente.
Já não havia muitos mais aparelhos quando Daniel, com a voz tremendo, ordenou:
– Senhor Kama, pegue alguns dos seus homens, ou robôs, e esvaziem uma naveta de tudo o que pode ser retirado, menos os sistemas de pilotagem por controle remoto. A seguir, ponha lá dentro um tanque de antimatéria de nave auxiliar... cheio. Têm meia hora, então apressem-se.
– Sim, Almirante – respondeu o engenheiro chefe adivinhando logo as intenções do líder e recriminando-se por não ter pensado nisso.
― ☼ ―
Korek sentia-se frustrado e desesperado. Por mais que tivesse avisado o imperador que não poderiam derrotar aqueles humanos, o soberano insistiu na batalha perdida desde o início.
A prova da superioridade dos solarianos era tão grande que eles chegaram a descer para a superfície do planeta sem serem vistos e ainda falando em pessoa com o imperador.
Na sua nave, que pairava no espaço sobre o polo sul, observava o que foi a poderosa armada tantoriana ser destruída sem dificuldades. Até àquele momento, em quase uma hora de batalhas desesperadas não logrou destruir uma única nave dos humanos, nem mesmo as pequenas, apenas avariou alguns discos que deviam ser aliados, bem inferiores.
De olhos fixos nas telas, notou que a nave capitânia mantinha-se parada e isolada, sendo alcançável com muita facilidade por um esquadrão que fosse ousado.
Mandou reunir três mil unidades e soube que elas carregavam ao todo cento e cinquenta mil ogivas nucleares nédias e pesadas. Sem pestanejar, ordenou o sacrifício dos seus homens e exultou assim que notou que os humanos não se desviavam da rota, calculando que não viram nada acontecer. Quando as naves estavam a cem mil metros do gigante, ele chegou a suspender a respiração, com medo que os humanos descobrissem o plano, mas a frota atingiu o gigante dos humanos e explodiu com uma violência nunca antes vista.
Assim que a nave dos humanos desapareceu em baixo de um inferno atômico ele começou a berrar para o microfone, exultante.
– Acabou, destruímos a nave capitânia dos humanos. Agora a guerra está vencida, tantorianos. Ao ataque, pelo Império.
Alegre, chegava a dar pequenos saltos e berrava sem parar quando um dos navegadores disse, tímido:
– Senhor, eles ainda estão ali... ilesos! – O oficial precisou de repetir três vezes, até que berrou e o almirante viu, fazendo a sua alegria dar lugar ao desespero completo porque a nave humana ainda estava ali, intacta e intocada.
– Eles continuam mesmo lá, Almirante – disse outro dos soldados dos postos de observação, com o corpo roxo. – Nem mesmo chegamos perto de atingir a nave.
– Já notei, obrigado – respondeu com a voz abatida. – Provavelmente, viram desde o início a frota de interceptação e só ficaram quietos para jogarem na nossa cara a sua superioridade. Infelizmente, mexemos com a espécie errada.
A frota tantoriana estava reduzida a menos de dez por cento das naves, mas lutava com tanta tenacidade quanto foi desde o início.
Nesse momento, Korek ouviu um estalo nos alto-falantes e a voz de um humano começou a falar:
– Tantorianos. Aqui fala o Imperador do Sol Daniel Moreira Primeiro. Vocês estão derrotados e o seu mundo vai ser destruído em alguns minutos. Pela última vez, eu ofereço a vida de vocês em troca da capitulação incondicional. Têm dez minutos. Depois disso terá início a ação de execução final.
– Seria melhor que nos rendêssemos – disse um piloto baixinho.
– O que disse? – perguntou o Almirante.
O piloto sabia que seria morto se repetisse a frase, mas estava certo que acabaria desse jeito muito em breve, motivo pelo qual não se acanhou e repetiu:
– Seria melhor que nos rendêssemos. Do que vai adiantar tudo isso se estaremos todos mortos em breve. Não há defesa contra esses humanos, não por agora!
– Tem razão, piloto – disse o Almirante. – Mas apenas sua majestade pode aceitar a rendição...
O líder da frota tantoriana não acabou de falar porque a voz do seu soberano se sobrepôs, interrompendo:
– Um tantoriano jamais aceitará se render para humanos.
Nada mais disse, mas novamente o imperador solariano tomou a palavra:
– Não tenho mais possibilidade de salvar vocês. Eu tentei de tudo desde que invadiram Terra-Nova. Agora, que Deus tenha piedade de vocês. Coronel Nobuntu, avançar. Que se cumpra a ordem do Povo.
A esfera negra deixou a sua imobilidade e os lagartos viram logo qual era o objetivo dela. Roxos de nervosos, eles atiraram-se contra a nave capitânia em grupos maciços, retardando um pouco o avanço da Dani, até que o avô e o primo apareceram com as suas esquadras e criaram um corredor para o avanço.
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