Capítulo 6 - parte 4 (não revisado)
O governador Jacb ofereceu uma festa para os novos amigos. No jardim do enorme palácio, todos foram muito bem recebidos. Compareceram os governantes e os oficiais da nave, além de alguns Dragões e ninjas. Agora, notava-se com clareza a diferença enorme entre a quantidade de homens e mulheres. Apesar de quase todos os tripulantes serem masculinos, havia muito mais mulheres que homens e Zulu fazia um enorme sucesso com todos porque nunca um ubrurano vira um negro, o que os deixou fascinados.
Daniel, sempre acompanhado da esposa, também chamava a atenção. As mulheres daquele mundo tinham uma beleza incrível, muito provavelmente por causa da seleção natural já que elas tinham uma competição acirrada e a maior parte delas estava de olho no imperador.
– Alteza – aproximou-se uma moça bela. – Vejo que só tem uma esposa. Não gostaria de ter mais? Eu adoraria partilhar convosco.
Daniel ficou sem jeito e a Daniela deu uma risada dele, mas o socorro veio de outro lado.
– Esquece, Sfia – disse Srina, que apareceu do nada acompanhada do seu namorado. – Eu mesma já tentei. Eles são um do outro e nenhuma de nós tem energia para aguentá-los.
Ao ver Zulu a moça ficou fascinada, tocando a sua pele:
– Olha, que cor linda!
– Ele é lindo mesmo – respondeu Srina para a amiga de infância, muito orgulhosa. – Bem que gostavas né?
– Se gostava!
– Os solarianos não são como nós. – Explicou. – Eles não formam grupos.
– Bem – disse Zulu, literalmente lambendo os beiços. – Na verdade, alguns povos da Terra aceitam mais de uma esposa e o meu povo é um desses, embora não seja muito comum.
– Então o que estamos esperando – disse Srina, feliz e puxando a amiga pela mão. – Vem, vamos arrumar mais uma. A energia dele é muito grande.
O trio desapareceu muito alegre enquanto Daniela e o marido entreolhavam-se, caindo na risada. Ele beijou-a e passearam calmamente pelo jardim.
– Acho que mutia coisa vai mudar no Império com a vinda deste povo, especialmente alguns hábitos de ambos os lados, mas acredito que seja positivo.
– Será sim, amor. Este povo é maravilhoso. – Ela aproximou-se de um arbusto florido e cheirou a flor, fechando os olhos de forma sonhadora. – Até parece que estamos na Terra, amor, que mundo simpático e harmonioso. E os ubruranos são tão agradáveis. Ainda bem que os salvamos. Sabes, estou muito feliz que se tenham unido ao Império e acho que temos muito a aprender com eles. Afinal têm uma civilização bem mais antiga do que a nossa.
– Tens razão, Dani, penso nisso desde que conversamos com a Srina e ela nos contou sobre a história de Ubrur. Fiquei muito impressionado com este povo.
– As vossas palavras alegram o meu coração, Altezas. – O governador Jacb estava atrás deles, emocionado. – É bom ouvir palavras tão gentis e agradáveis depois de tantos séculos de humilhação e terror.
– Isso acabou, governador – disse ela. – Não precisa de nos chamar pelo título.
– Sabem, quando os tantorianos estavam aqui, só sabiam nos chamar de selvagens ou inúteis. Eram incapazes de ver a nossa paixão pelo equilíbrio.
– Eu sei como é, meu amigo. Quando conheci a minha esposa, ela era da resistência em Terra-Nova. O pai dela estava prisioneiro dos batráquios e foi uma época bem difícil. Casamo-nos em meio a uma guerra.
– Senhor...
– Quando não for oficial, pode me chamar de Daniel.
– Daniel, quantos anos vocês têm. Parecem ter uns vinte anos, mas falam com muita maturidade e os vossos olhos dizem que têm muito menos.
– Temos dezesseis anos e meio.
– Tão jovens!?
– Amigo, todas essas crianças ubruranas que salvamos são como nós, que amadurecemos muito rápido. O seu filho será um homem completo aos treze anos. Aos dezesseis, será capaz de pensar e reagir tal como um adulto de muito mais idade. Eu gostaria de aconselhar o senhor a enviar o seu filho para uma escola especial na Terra, a mesma onde fui educado.
– Mas eu ficaria muito longe dele.
– De jeito nenhum. O senhor terá de ir para a Terra uma vez por mês, para o congresso. Todos os governadores têm uma residência disponível na capital e a viagem daqui até lá pode ser feita em meia hora. As suas esposas podem acompanhá-lo, assim como os seus conselheiros. Como eu disse, cada planeta tem a sua autonomia, mas somos uma unidade, uma união.
– Seis mil anos-luz em apenas meia hora?
– A minha nave pode fazer mais de cem mil anos-luz em meia hora, amigo, mas dependendo da densidade estelar não podemos acelerar tanto.
– Senhores – a voz forte do avô fez-se ouvir atrás deles, abraçando o casal, um de cada lado. – Que recepção maravilhosa e que vinho delicioso, mas essas moças me assediando! Ai o que a tua avó diria se visse isso!
Deu uma estrondosa gargalhada, continuando:
– E elas não se impressionam quando digo que estou muito velho. Nem mesmo quando digo que tenho mais de setecentos longos anos.
– Bem, governador Daniel – respondeu Jacb. – Isso é apenas o dobro do que vivemos aqui.
– Nossa – disse Daniela. – Somente os portadores vivem mais de duzentos anos. Eu e o meu pai estávamos em Terra-Nova estudando o porquê dos sapiens viverem trezentos e cinquenta anos. Talvez comparando as amostras deste mundo com a nossa pesquisa possamos descobrir como melhorar a vida do povo não portador. Acho que este é o elo que nos faltava!
– Fala isso com o teu pai mais tarde, princesa, quero que vire prioridade porque devemos isso aos sapiens.
– Onde está a minha filha, vocês sabem?
– Ela e o Zulu saíram com uma amiga, muito animados.
– Entendo, foram-se divertir. Ótimo, já é hora dela fazer a escolha definitiva e o rapaz com quem ela está é uma boa escolha. E vocês? Não querem mais uma parceira?
– Não, meu amigo, já tive surpresas demais para esta vida. Eu e a Daniela somos apenas um do outro. Além do mais, ninguém aguentaria conosco.
– Que exagero, Alteza.
– Mas é verdade – acrescentou Daniela, rindo. – Ele jamais mente e eu tão-pouco.
– Dan, meu querido – disse o avô, apertando os ombros do neto, apreensivo. – Vejo muita preocupação no teu olhar e isso não pode ser só cansaço.
– Vô, eu vou dar uma ordem que sela a vida de todo um planeta. Gostaria de estar no meu lugar?
– Não, mas eu daria assim mesmo e sem remorsos. Bem vejo que és como o meu pai. Ele prezava a vida acima de tudo, mas os tempos eram outros.
– Porém eu sinto esse peso com muita força. Acho que me vou retirar porque preciso de dormir. Há mais de quarenta dias que não durmo direito e essa preocupação afeta até mesmo a minha meditação. Pelo menos salvarei a raça da extinção.
– Filho – chegou o pai, apresentando as mesmas preocupações do avô. – Tudo bem? Estás muito abatido.
– Não vejo a hora de entregar o trono, pai. Vou dormir. Amanhã estarei melhor.
– Entendo, descansa. – Ele apoquentou-se tanto com o filho, que se esqueceu de dar a notícia que desejava. – Vão em paz.
Discretamente, Daniel e a Daniela, desmaterializaram-se e voltaram para a cabine deles.
― ☼ ―
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top