Capítulo 5 - parte 2 (não revisado)

A médica ubrurana estava fascinada com o hospital em que se encontrava, que era espaçoso, porém quase vazio. A primeira coisa que notou, é que não havia cheiro de desinfetantes. Questionada, Daniela explicou-lhe.

– Usamos um campo energético para eliminar as bactérias do ambiente.

– Interessante – respondeu ela, que olhava a toda a volta. As camas estavam encostadas às paredes que tinham vários tipos de aparelhos auxiliares, desconhecidos. Enquanto elas pegavam um dos pacientes, outros médicos tratavam dos demais. Ela acompanhava os procedimentos, quando os doentes foram colocados nas camas e Daniela apertou um controle luminoso. Da parede saiu uma espécie de braço iluminado que passou pelo corpo inteiro do enfermo. Enquanto isso acontecia, a médica viu a estrangeira pegar o dedo do paciente e espetar em uma pequena agulha que ficava na base de um instrumento. Notando a curiosidade, Daniela explicou:

– Este aparelho fará uma análise completa do sangue do paciente. Apesar de conhecer a doença, desejo ter a certeza para não medicarmos errado por acidente. – O braço mecânico retornou à posição inicial e uma tela holográfica apareceu no ar, bem à sua frente. Fascinada, ela observava a imagem completa do corpo do doente, praticamente desfolhada em camadas. Elas foram desaparecendo cada vez mais rápido até que ficou só o mapa dos sistemas circulatório e linfático. Junto, havia caracteres escritos, mas a máquina começou a falar em uma língua estranha.

– Doutora Nimna – disse Daniela. – O diagnóstico está confirmado: Leucemia. Basicamente consiste no crescimento descontrolado dos leucócitos e o paciente acaba morto por falta de oxigênio nas células. – Ela virou-se para máquina e começou a falar na sua língua nativa. – Eu ordenei ao computador que trouxesse um robô para transfusão. Depois, iniciaremos o tratamento.

Mal a médica terminou de falar, uma máquina em forma de paralelipípedo com cerca de um metro e meio de altura, um de largura e sessenta centímetros de profundidade, aproximou-se da maca do paciente. Ela ergueu seis braços, sendo dois deles em forma de um cano cortado ao meio na forma longitudinal, ficando um recolhido. Com quatro outros braços, dois de cada lado, o aparelho pegou um dos braços do paciente e colocou-o no cano apropriado, ajeitando a posição dele para não causar mal-estar. Enquanto uma das mãos mecânicas começou a imobilizar o braço do enfermo, a máquina pegava em uma agulha flexível e fazia uma sonda, conectada a um cano de borracha, onde se via um líquido vermelho, provavelmente plasma. Com muito cuidado o instrumento maravilhoso mantinha o braço imobilizado e iniciou a transfusão.

– Pela Centúria, como a vossa ciência é avançada, doutora.

– Tivemos oitocentos anos de paz, onde só nos dedicávamos ao bem-estar do ser humano. Por causa disso, quase fomos escravizados pelos tantorianos, como vocês, mas conseguimos nos safar, graças ao meu marido. Felizmente, valeu a pena todo este período, porque o nosso mundo praticamente erradicou as doenças. Vocês, em breve terão equipamentos destes, porque solicitei ao imperador alguns para vos fornecer. Como serão poucos, ficarão no hospital geral de Mixt, mas não se preocupe porque forneceremos navetas de transporte para levarem os pacientes.

– Nenhum ubrurano em sã consciência desejará andar em um desses vossos aparelhos voadores. Eles poluem o ar e destroem o nosso mundo!

– Mas é claro que não – Daniela sorriu. – Não somos tantorianos, doutora. Ouso dizer que o vosso mundo é belo e limpo, mas o nosso é mais ainda. Os nossos aparelhos não produzem poluição, porque dominamos a gravidade. Verá.

– Estou muito impressionada com vocês e agradecida, também. Já tinha perdido as esperanças com as crianças e não imagina quantas dezenas já vi morrerem.

– Eu sei. Estão abastecendo uma nave auxiliar com um lote de medicamentos para as vossas principais cidades. Além disso, receberão instruções de como confeccionar o soro que é muito simples. Cada um de vocês receberá um analisador e treino no nosso idioma, de modo a poderem interpretar os dados das máquinas. Acredite, amiga, que em poucos dias mais nenhum invasor estará aqui e serão livres e felizes novamente. Essa foi a promessa do imperador para os dois governadores e ele jamais deixou de a cumprir.

– Gostaria muito de agradecer ao seu imperador e de o conhecer. Seria possível?

– No momento não porque ele está em combate com os tantorianos, mas a senhora já o conhece.

– Conheço!?

– Claro, ele é o meu marido, o que salvou aquele bebê.

– Mas... então a senhora é a imperatriz!

– Sou, mas só no palácio – Daniela sorriu. – Quando estamos na nave capitânia, ele é o Almirante supremo e eu a doutora Chang, a médica chefe.

– Sabe doutora, vocês devem ser um povo maravilhoso, para o imperador em pessoa ir lutar contra os invasores, arriscando a própria vida.

– O meu Dan é assim. Ele não tem limites para a bondade e jamais arriscaria a vida de outros se puder ser ele a fazer. – Os olhos imperatriz brilharam muito.

As máquinas de transfusão terminaram o serviço e dois dos pacientes recuperaram a consciência. Daniela explicou onde estavam e que seriam curados em breve, mas que deviam repousar muito devido ao alto estado de fraqueza em que se encontravam. Após, mandou alguns enfermeiros aplicarem o soro neles.

– Tem fome, doutora?

– Engraçado, agora que pergunta, estou esfomeada.

– Então vamos à cantina almoçar.

No caminho encontram-se com a primeira médica do hospital de Mixt, que as acompanhou e Daniela aproveitou para explicar sobre a leucemia e o seu desenvolvimento.

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