Capítulo 4 - parte 2 (não revisado)

A Paris acelerou com energia e avançou sobre as quatro naves tantorianas. Quando estavam a apenas um milhão de quilômetros ela parou, tornou-se visível e quatro raios térmicos saíram de dentro.

Os tantorianos, ao verem aquela enormidade, assustaram-se, mas nem tiveram tempo de fazer fosse o que fosse pois explodiram em uma tocha atômica.

O cruzador voltou a se tornar invisível e retornou para a sua posição.

– Missão cumprida, Coronel.

– Excelente, Major, vamos aguardar.

― ☼ ―

– Acho melhor irmos no meu planador – disse Daniel –, porque cabem cerca de quinze pessoas.

O comandante separou os "homens" que o acompanhavam e os demais pegaram outros aparelhos.

– Não faça nenhuma gracinha, humano – ameaçou o comandante. – Ou detono as bombas.

– Fique tranquilo, senhor, vamos subir.

– Os seus homens falam tantoriano?

– Sim, falam essa língua horrorosa.

– Ótimo. Chame a sua nave que quero falar com eles. – Comandou o interlocutor sem cair na provocação.

Dani A I, respondam.

Dani A I na escuta, Johnathan falando... Almirante?

– Johnathan, fomos aprisionados pelos tantorianos que exigem que entreguemos a nave. Não reajam senão eles podem detonar as bombas atômicas. – Daniel falou na língua dos lagartos e o comandante da nave auxiliar, que conhecia muito bem o seu superior, concluiu que ele deixou-se apanhar propositalmente.

Daniel afastou-se e apareceu o rosto do comandante tantoriano.

– Não façam nada, pois tenho o vosso imperador em meu poder. Abram as escotilhas e deixem-nos entrar. Se não obedecerem, matamos estes dois humanos e detonamos as bombas.

– Está bem, comandante, mas não lhes faça mal.

A naveta levantou voo em silêncio e seguiram para o espaçoporto, entrando no pequeno hangar da nave bem antes dos outros tantorianos. Ele pousou no hangar e o comandante mandou-os para a sala de comando. O verde ficou abismado com a tecnologia daquela nave, espaçosa e com elevadores antigravitacionais, aparentemente muito mais simples de controlar do que as suas. Quando os lagartos entraram na ponte, colocaram-se em posições estratégicas de modo a abater qualquer um. Daniel sentou-se na poltrona do comandante e o alienígena chefe ficou de pé, ao seu lado.

– Vocês não têm cintos de segurança nem poltronas especiais?

– Não, por quê?

– Por causa da aceleração da nave – respondeu, achando a pergunta completamente estapafúrdia –, sem falar que os hiper-saltos provocam um mal-estar danado.

– Bem, meu caro comandante – disse Daniel, professoral. – As nossas naves têm taxas de aceleração tão absurdamente elevadas que os cintos de segurança são acessórios inúteis, já que morreríamos instantaneamente com a pressão se não fossem os neutralizadores de inércia. Por isso, o senhor nada sentirá ao levantarmos voo, mas devo-lhe dizer que não saltamos pelo hiperespaço.

– Se não saltam, humano, como poderia ir a Tantor em poucos minutos, como me disse?

– Nós voamos linearmente em um campo de força que fica em um espaço de seis dimensões. Podemos atingir velocidades elevadíssimas, milhões de vezes mais rápidas do que a luz. Já notou que a nossa tecnologia é muito superior à sua? – Daniel deu um sorriso malicioso. – E isso implica em que nada podem contra nós. Por que não desistem?

O comandante estava maravilhado com os recursos daquela nave gigantesca e agora tinha a certeza de que seria realmente condecorado pelo imperador em pessoa quando chegasse à sua pátria. Ele, o audacioso comandante geral das tropas de Ubrur, levaria a nave que revolucionaria a tecnologia de Tantor. Provavelmente fá-lo-iam almirante supremo. Ao ouvir a última frase do humano, respondeu, debochado:

– Em breve teremos a mesma tecnologia, humano, já que capturamos uma das suas naves.

– O senhor dá-me pena, comandante. Se pensa que vai conseguir sair daqui, está redondamente enganado. Sabe quantas naves do Império estão escondidas em Tantor para acabar convosco de vez? Pois eu vou lhe fazer o favor de dizer: temos quinhentos cruzadores de guerra cercando o vosso mundo.

– Isso é patético. Tantor tem um milhão de naves de combate e nem quinhentas destas esferas, mesmo com o armamento superior, podem enfrentar tamanho contingente.

– Tinha, meu caro, pois está reduzida a metade. Mais a mais, eu já lhe disse que esta navezinha é uma simples nave auxiliar. Os nossos cruzadores são um pouco maiores.

Enquanto perdurava a conversa, os demais planadores pousaram e os lagartos ficaram em baixo, olhando para a escotilha. Um deles chamou o comandante no rádio:

– Comandante, não há escadas, como vamos entrar?

– Por que não liberam as escadas? – perguntou, irritado. – Os meus homens estão esperando.

– Não temos escadas, comandante. Diga aos seus homens para se colocarem no centro da escotilha e darem um pequeno impulso para cima. Assim, flutuarão até ao convés inferior.

O oficial informou aos seus homens como proceder e eles entraram na nave. No deck, um dragão esperava por eles.

– Estou desarmado – disse, erguendo os braços. – Vim apenas mostrar o caminho.

– Vá na frente – ordenou o lagarto com a arma na mão. – E nada de gracinhas, entendeu, humano?

– Nada de gracinhas – repetiu o Vermelho, divertidíssimo com o comentário tolo. Sozinho podia dar cabo daqueles sete batráquios, mas, de acordo com as ordens que o Daniel emitiu telepaticamente, não deveria fazer nada. Haveria cinco Vermelhos na sala de comando e posicionados de modo a neutralizá-los quando fosse a hora.

– Podemos decolar – ordenou o comandante ao ver o resto dos seus "homens" na ponte.

– Comandante, precisarei de usar a minha língua para dar ordens aos computadores.

– Então use um teclado.

– Impossível, os nossos computadores não têm teclados há cerca de quinhentos anos. As ordens são faladas.

– Está bem, mas nem tente nada estúpido ou eu d...

– Detona as bombas. Já sei – respondeu com ar de tédio. – O senhor repete-se demais. Computador, assumo o controle de pilotagem. A nave deve ficar em prontidão para combate. Ativar protocolo A.

– Confirmado, respondeu a máquina. Preparativos para o Protocolo A em andamento.

Na cadeira de comando, duas bandejas moveram-se e ficaram de frente para o Daniel, ao seu alcance. Vários comandos surgiram em projeções holográficas.

– Fique ao meu lado, comandante, para aprender. Eu mesmo vou pilotar.

– Como poderei dar as ordens ao computador.

– Com uma tripulação completa, o computador é desnecessário, mas temos uma máquina que ensina o nosso idioma.

– Certo, mande preparar essa máquina para que eu e os meus homens possamos aprender.

– Mandarei se chegarem lá. Engenharia, reatores a cem por cento no manual. Check list. Falem em tantoriano.

– Engenharia ok, Almirante. Reatores um a quatro em cem por cento.

– Artilharia ok.

– Navegação ok.

– Ligar neutralizadores de inércia. Aceleração de menos um quinto de g.

Daniel mexeu em um controle e a nave começou a erguer-se lentamente.

– Por que está indo tão devagar?

– Para não criar um vendaval, comandante. O deslocamento de ar provocaria o desmoronamento de muitos prédios. Quando atingirmos duzentos metros, aumentarei a potência da aceleração.

– Não se sente nada!

– Os neutralizadores de inércia protegem-nos. Artilharia, erguer campos de força.

– Duzentos metros, Almirante. – Informou o navegador.

– Menos mil g.

A única coisa que o lagarto sentiu é que o planeta encolhia a olhos vistos, tamanha era a aceleração da nave. Ele ficou muito impressionado e satisfeito com aquela nave, a sua nova presa. Quando fabricassem esse tipo de naves, o universo cairia aos pés do poderio tantoriano. Não entendia como os humanos não pensavam nisso; em dominar o universo.

– Espaço, Almirante.

– Acionando jatopropulsores, vamos acelerar até c.

– O que é c? – perguntou o comandante.

– É a nossa sigla matemática para a velocidade da luz. Atenção, c em seis segundos.

O comandante arregalou os olhos ao ver o tempo que levavam para atingir c. Estupefacto, disse:

– Não há dúvida que vocês possuem excelentes naves, humano. Em breve, nós também faremos naves iguais a esta e a Galáxia será nossa.

– O senhor dá uma vontade de rir enorme, comandante. Se me atacassem com uma nave igual a esta, eu reduziria vocês a pó em menos de um segundo. Já lhe disse que não tem a menor condição de sair para o espaço exterior.

– Posso saber o motivo?

– Vou mostrar o motivo em poucos segundos. – Daniel deu uma risada bem divertida. – Afinal, como se diz no meu mundo, uma imagem vale mais do que mil palavras, comandante.

Daniel manipulou o controle de direção e a nave começou a contornar o planeta em uma velocidade alucinante. Ao fim de dez segundos, os lagartos tomaram o maior susto da sua vida porque, à frente deles, estava um monstro de dimensões inconcebiveis.

– Pelos Deuses da Galáxia, de onde surgiu isso? – perguntou, já bem roxo.

– Essa é uma nave de combate do império e não aquelas coisas ridículas que vocês possuem – respondeu Daniel, cada vez mais divertido. – Eu avisei que estamos em uma nave auxiliar, meu caro comandante.

– Mas isso é enorme!

– Não, não é. Essa tem apenas setecentos e setenta metros de diâmetro. – Daniel apontou a Vega e continuou. – Aquela ali é que é enorme.

Isso só fez o alienígena mais nervoso ainda.

– Então, comandante, que tal se render?

– O senhor é meu prisioneiro, imperador humano. Vai mas é entrar em contato com a esfera maior e mandar que desçam e nos entreguem a nave.

– Às vezes parece que o senhor bebe, comandante. Vamos lá, seja sensato e renda-se. Afinal, o senhor está em uma nave do Império e, para sua informação, as vossas armas já foram neutralizadas e são inúteis. O senhor tem dez segundos.

– Pensa que sou estúpido, humano? – O comandante pegou a sua pistola a atirou, mas nada aconteceu.

– Peguem-nos. – Daniel ordenou para os Vermelhos, enquanto colava o comandante no teto.

Os lagartos não duraram dez segundos até serem presos. Muito roxo, o comandante observava tudo de onde estava, sem entender como podia ter flutuado até ali. Daniel retornou para o espaçoporto.

– O senhor vai mofar aí, comandante. – O almirante sorriu para o pobre diabo. – Achava mesmo que nos poderia derrotar, seu tolo?

– As bombas vão explodir em menos de vinte horas. Daí, eu quero ver como será.

– Computador, cancelar o Protocolo A – continuando em tantoriano, disse. – O senhor é mesmo muito ingênuo. As bombas foram desativadas na hora em que me mostrou o controlador. Vamos, aperte o botão e veja o que acontece.

Ele tentou, mas nada aconteceu. Derrotado, entrou num mutismo total.

– Eu vou descê-lo daí e o senhor será levado a uma prisão. Nós não lhe faremos mal se o senhor se comportar, entendeu?

Sem aguardar resposta, Daniel desceu o comandante mas manteve o sujeito imobilizado até que um Vermelho o algemou. Junto com os demais subordinados, foi levado para a prisão da nave.

Pousaram outra vez e o imperador mandou os Dragões tomarem o quartel de assalto, prendendo o máximo possível de inimigos. Depois, sentou-se a conversar com o governador de Opta.

– O senhor salvou muita gente hoje, Majestade, não temos palavras para agradecer.

– Não agradeça, governador Finch, afinal a culpa disso tudo era minha. Eu gostaria de fazer uma proposta para o senhor. Deveríamos estar junto com o governador Jacb, mas conversaremos novamente a mesma coisa depois.

– Do que se trata?

– Quero convidar-vos a pertencerem ao império, Governador.

– Mas vocês estão-nos ajudando contra os tantorianos só para nos tornarem em uma colônia? – perguntou, consternado.

– O senhor está redondamente enganado, meu nobre amigo. Os planetas do império não são colônias e sim autarquias que governam em conjunto. Cada mundo tem o seu governo local próprio e independente. A lei maior, a nossa Constituição Imperial, deve ser obedecida acima de tudo, mas ela visa única e exclusivamente o bem-estar do povo. Onde esta não tiver abrangência, a lei local prevalece. Além disso, cada planeta do império tem um governador planetário que o representa no congresso. A Terra não governa sozinha, governador. É apenas a sede do Império, porque todos governam unidos, pelos desejos da maioria. Somos uma união insolúvel.

– Mas o nosso mundo está muito atrasado em relação a vocês. E somos um povo que foi oprimido por milhares de anos, somos pobres e nada temos para equilibrar a balança comercial e do poder.

– Engana-se novamente, governador. Em primeiro lugar, nós vamos ajudar o vosso povo a redescobrir a tecnologia, mas será a nossa tecnologia, limpa e que não agride os ecossistemas. Depois, essas crianças que estavam morrendo, serão como eu. O vosso povo dará um grande salto em poucas gerações, acredite em mim. Além disso, vocês são muito evoluídos espiritualmente, o que só traz benefícios para o grupo como um todo.

– O senhor mostra-nos algo maravilhoso e o seu sistema de governo é similar ao nosso, Majestade, mas esta decisão deverá ser tomada em conjunto com o governador Jacb.

– Concordo consigo, irmão, mas falei isso agora porque desejo que pense no assunto. Juntos, seremos melhores e mais felizes. Vocês estarão em um grupo que desconhece doenças, miséria ou infelicidade e, acima de tudo, estarão protegidos de outra invasão.

– Então, voltaremos a conversar quando estivermos em Mixt, Alteza.

– Combinado, meu amigo. Espero de todo o coração que se unam a nós, mas tenha em mente que jamais os forçaremos e, tão pouco, deixaremos desprotegidos...

– Almirante.

– Sim, tenente Soraia?

– A Dani chama.

– Ponha na tela principal.

A imagem do Nobuntu apareceu e o governador arrealou os olhos ao ver um negro pela primeira vez.

– Almirante, já localizaram a bomba e removeram. Ela é simples, mas estava desarmada.

– Nós desarmamos todas as bombas daqui, Coronel, mas desejo que sejam retiradas dos quartéis e destruídas. Em breve estaremos aí. Os dragões foram fazer uma limpeza na capital.

– Confirmado, senhor.

– Ele é preto mesmo? – perguntou o governador.

– Sim. Deixe-me explicar sobre a colonização centuriana para o senhor compreender melhor...

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