Capítulo 3 - parte 3 (não revisado)

Os dez Dragões olharam para os seus inimigos e sorriram, formando um círculo para proteger as costas. O ubrurano, que os acompanhava, ficou apavorado, encolhendo-se contra a parede.

– Se vocês se renderem – disse o chinês, debochado –, serão poupados. Do contrário, vamos matá-los.

Os verdes sequer cogitaram a hipótese de se renderem e atacaram os Vermelhos crentes que a superioridade numérica faria um massacre nos humanos.

Contudo, não tardaram a descobrir que a quantidade não era suficiente para eliminá-los que, velozes com o um raio, começaram a combatê-los, matando-os tão rápido que o local começou a ficar infestado de corpos, dificultando o combate para ambos os lados. Já havia muito poucos tantorianos, que não tiveram a menor chance de defesa, quando das janelas dos prédios uma chuva de balas atingiu os seus campos de força.

Os chineses ignoraram os tiros e continuaram a eliminá-los, uma vez que tudo ricocheteava nos campos de força, para alegria do guia que recebeu uma dúzia de tiros.

Os Dragões entraram no prédio e fizeram uma busca sistemática, eliminando quase todos os tantorianos. Conseguiram, porém, prender cerca de vinte deles e duzentas fêmeas.

Após duas horas, o quartel estava vazio, exceto pelos prisioneiros em uma cela no subsolo e pelos corpos espalhados por todos os lugares. Falando a língua tantoriana, o nativo disse:

– Pela Centúria, vocês são terríveis. Ainda bem que são amigos.

– Nós só fazemos isto porque precisamos. Não aprovamos a violência, meu amigo. É pena que não sabíamos que conhecia a língua dos demônios verdes. Teria sido mais fácil para nos comunicarmos.

– É verdade. Mas se não aprovam a violência, como podem lutar tanto?

– Para nós, o Kung-fu é um esporte, embora tenha sido criado há milhares de anos para nos defendermos dos exércitos de mercenários que assolavam o nosso país, mas isso foi há muito tempo, quando o nosso mundo ainda era primitivo e desunido.

O líder destacou dois homens para ficarem de guarda e o resto voltou para o porto.

Louco de felicidade e conversando sem parar, o nativo acompanhava os guerreiros, que não o levavam a mal pela curiosidade insaciável daquele povo.

― ☼ ―

– Pousar imediatamente – ordenou o comandante. – Os marines devem desembarcar e dar caça aos verdes.

Cinquenta homens armados e de mochilas energéticas ativadas desceram da nave e preparam-se para caminhar cerca de um quilômetro, a distância que os separava do inimigo que já vinha saindo para os enfrentar.

Enquanto isso, os tripulantes desceram e começaram a ajudar no embarque dos doentes, apoiados pelos irmãos daquele mundo. Havia uma fila com mais de duzentas pessoas. Oito dos pacientes estavam em macas, nitidamente à beira da morte. Dois médicos acompanhavam a tripulação e foram orientando os companheiros ano trato dos pacientes, especialmente os casos mais graves.

O governador apresentou-se para o comandante e ele convidou-o a acompanhá-los a pedido do Almirante, já que fora uma das suas solicitações. O homem, de bom grado, aceitou o convite, entrando na gigantesca esfera dos salvadores.

Enquanto eram embarcados, o povo e os tripulantes observavam o combate contra os tantorianos, que se recusavam a aceitar a derrota, embora já houvesse poucos sobreviventes. A pequena batalha acabou e eles invadiram as naves, aprisionando alguns machos e bastantes fêmeas.

Na sala de comando, o rádio deu sinal. Quando o oficial atendeu ao chamado, deparou-se com o rosto de um tantoriano na tela.

– Quem são vocês? – perguntou ele, sem sequer se identificar ou cumprimentar.

– Somos do Império do Sol, tantoriano. – Disse o comandante assumindo o diálogo. – O que deseja?

– Vocês invadiram uma colônia nossa e atacaram as nossas naves. Já soube que tomaram o quartel da outra capital.

– Como se chama, tantoriano?

– Sou o Almirante Gaxt, comandante em chefe deste planeta.

– Pois preste atenção, Almirante Gaxt: nós não vamos tolerar a escravização de mundos humanos. Se vocês se renderem, nós não vos faremos mal, mas, do contrário, seremos obrigados a destruí-los, entendeu?

– E como se chama, humano?

– Sou o comandante Johnathan, da nave auxiliar Dani A I.

– Pois preste atenção o senhor, Comandante Johnathan da nave auxiliar Dani A I: nós lidamos com humanos há muito tempo e sabemos tudo sobre essas míseras rebeliões. Cada quartel tantoriano possui escondida uma bomba atômica de grande potência capaz de destruir a cidade inteira e uma boa área ao seu redor, que ficará inabitável por milhares de anos. Se vocês não se retirarem imediatamente deste mundo, faremos explodir todas elas. E tem mais, como vocês destruíram as nossas naves, exigimos uma dessas esferas com a devida tripulação para nosso uso.

– Não possuo autoridade para decidir isso, senhor, mas apresentarei o seu caso ao Almirante. Posso contatá-lo nesta frequência mais tarde?

– Pode, humano, mas seja rápido. Os detonadores já foram acionados e o senhor tem apenas um dia de Ubrur até que as bombas entrem em ação. Apenas um código especial é que os pode desligar e somente eu sei fazer isso.

– Muito bem, retornarei e exporei o caso ao Almirante.

O comandante desligou e, com a mesma calma de sempre, mandou a tripulação apressar o embarque e preparar-se para decolar.

Assustada, Srina perguntou:

– O senhor acha que ele vai realmente fazer isso, comandante?

– O Almirante dará um jeito. Sempre dá. Não se preocupe que ele não deixará que destruam as suas cidades. Decolar.

A esfera ergueu voo e, assim que não havia mais perigo para a cidade, acelerou fortemente.

– Comunicações, chamem o almirante. Peçam urgência extrema.

Em trinta segundos, Daniel apareceu na tela.

– O que houve, Major? – perguntou. Ele contou tudo sobre o que ocorreu, explicando que estava bastante preocupado.

– Por isso, Almirante – disse, finalizando o relato. – Achei melhor trazer os marines de volta porque não quis precipitar as coisas. Entretanto, conseguimos embarcar o governador e os doentes. Temos oito em péssimo estado. Eu diria que estão mesmo à beira da morte, por isso, solicito que uma equipe médica capaz de os transportar seja disponibilizada no hangar.

– O senhor agiu corretamente, Major, agora acelere o máximo possível e traga-nos os doentes. Quer dizer que eles desejam uma nave auxiliar? – Daniel riu. – Então vamos dar-lhes uma e vão ter uma rica surpresa. Aguardo o senhor aqui.

– Chegamos em cinco minutos, Almirante.

– Ok, apresente-se a mim assim que chegar e traga uma cópia da conversa com o tantoriano. Desligo.

― ☼ ―

– Preciso com muita urgência de uma equipe de dez Dragões e dez técnicos em energia nuclear – disse Daniel ao intercomunicador. – Apresentem-se à ponte. Doutora Chang, envie uma equipe capaz de resgatar oito doentes em mau estado na nave Dani A I quando pousar.

Dez minutos depois, a escotilha abriu-se e as vinte pessoas solicitadas entram. Sem esperar, o almirante ordenou:

– Vocês vão correndo ao quartel dos tantorianos com detetores e procurarão uma bomba atômica que está escondida em algum lugar desconhecido. Se não a encontrarmos em menos de vinte e quatro horas, estamos perdidos. Além disso, há mais bombas em outras cidades, logo apressem-se.

– Mas, Almirante, tentar desarmar uma coisa dessas sem a conhecer, pode ser o nosso fim, já que não sabemos os dispositivos de segurança que ela pode possuir e, tão pouco, as armadilhas.

– Apenas façam a localização. Eu desarmo.

– Sim, senhor.

– Vocês – apontou para os Dragões –, serão os responsáveis pela segurança deles porque não sabemos se alguns desses diabos verdes escapou da força tarefa.

– Sim, mestre. – Eles inclinaram-se e retiraram-se para acompanhar os técnicos que saíram quase correndo.

Nesse meio tempo, a nave auxiliar que foi ao continente norte, pousou no hangar. Os oito pacientes muito graves foram transportados para o centro médico a toda a pressa onde a doutora mais uma vez constatou que todos tinham leucemia.

Na sala de reuniões, Daniel recebeu os dois governadores que estavam assustados com as notícias recebidas a respeito das bombas escondidas. Mesmo assim, permaneceram corteses e procuravam ajudar em tudo.

– Este é o governador Finch, de Opta o continente norte. Amigo, apresento-lhe o Imperador Daniel I do Império do Sol, imperador de cinquenta mundos.

– É um prazer conhecê-lo, governador Finch – disse o rapaz, estendendo ambas as mãos. – Espero que, juntos, possamos eliminar o mal tantoriano do seu mundo.

– O prazer é todo meu, Alteza. Obrigado por nos salvar e às crianças.

– Não precisa de agradecer, excelência. Nós gostamos de ajudar, especialmente irmãos de raça.

– Irmãos!? – questionou o governador espantado.

Daniel explicou sobre os centurianos e ele fica bastante interessado.

– Engraçado – comentou –, porque alguns dos meus cientistas aventavam essa hipótese.

– O senhor acha que consegue resolver o problema das armas nucleares, Majestade? – perguntou Jcob.

– Sim, meus amigos, não se preocupem com isso que não será difícil, mas necessito muito da vossa ajuda.

– Estamos à disposição para qualquer coisa, desde que possamos evitar a destruição do nosso povo.

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