Capítulo 3 - parte 2 (não revisado)

– O que foi, princesa? – perguntou Daniel, surgindo ao lado da esposa, para grande susto da médica que a acompanhava. Olhou em volta e viu uma sala de emergência com três macas onde havia um homem e duas mulheres quase mortos.

– Estão em estado gravíssimo, Dan. Deve ser algum tipo de câncer. Temos de os remover agora mesmo para a nave.

– Eu transporto-os. – Ele segurou duas macas com as mãos e desapareceu, levando-os direto para o hospital da nave onde os médicos apressaram-se a pegar os dois e colocaram nos leitos, conectando-os aos instrumentos. Voltou com as macas vazias e carregou o terceiro pelo mesmo método, enquanto a Daniela pegava a mão da médica e saltava atrás.

– Como fazem isso? – perguntou ela, muito curiosa e espantada.

– Eu e o meu marido somos teleportadores naturais.

– Todo o seu povo é assim, doutora?

– Não. Todos os portadores têm dons especiais, mas variam de pessoa para pessoa, embora a maioria absoluta seja telepata. Em breve, o seu povo também terá gente com dons especias como os nossos. Aquelas crianças não estão doentes, doutora. Sofreram uma grande mutação evolutiva que as torna melhores, mas é fatal na primeira geração. Esses serão os portadores de Ubrur, que trarão um grande avanço para o seu mundo. Oportunamente, explicarei em detalhes como se manifesta a mutação.

A médica olhou à volta. A sala era grande e tinha muitos leitos, todos vazios exceto os três doentes que eles trouxeram. Um grupo de médicos trabalhava em cada um deles. Vários equipamentos que ela nem imaginava para que serviam, eram ligados a eles.

– Eles vão pô-los no scanner – explicou Daniela, vendo que a médica estava apreensiva. – É um aparelho que consegue fazer uma imagem interior do organismo e obtém diagnósticos simples. Olhe esta tela.

No monitor virtual tridimensional, elas viram o corpo do pobre enfermo. Em poucos segundos, as imagens foram modificando-se devagar, como se o corpo do paciente tivesse sido cortado em camadas. Quando a última camada desapareceu e a tela tridimensional ficou escura, retornou uma imagem do sistema circulatório do doente. Após isso, a máquina disse algo que ela não entendeu, porém a Daniela traduziu:

– Diagnóstico confirmado, doutora: excesso de glóbulos brancos. O paciente tem leucemia. Probabilidade de acerto de noventa e oito por cento. Deseja visualizar alguma imagem em particular ou envio apenas para o prontuário?

– Mande para o prontuário e execute uma transfusão – disse a médica chefe. Virou-se para um dos médicos que passava, proveniente da Vega, uma vez que não o conhecia, e solicitou-lhe que acompanhasse o tratamento. Depois, afirmou para a médica ubrurana. – Aqui, não temos medicamentos para esse tipo de doença, mas isso vai mantê-los vivos.

― ☼ ―

A Dani A I aproximou-se do continente norte, voando a mais de dez mil metros de altura e a uma velocidade enorme, embora pequena para o âmbito espacial.

Na ponte, Srina e o irmão orientavam o piloto que se dirigia tranquilamente para a cidade principal. Em baixo, viram um deserto enorme, tão grande ou maior que o Saara.

– Caramba, que deserto monstruoso! – afirmou o piloto.

– É – disse Davri. – Ele ficou como uma lembrança e um aviso do que o meu povo fazia de errado há dez mil anos. Aquilo era uma gigantesca floresta que foi destruída pela ganância de explorar os recursos naturais sem os repôr. O resultado disso foi um tremendo desiquilíbrio em todo o clima de Ubrur.

– Bem, amigos, na Terra temos um deserto enorme, quase tanto quanto este, mas não foi consequência disso. Entretanto, muitos outros lugares quase se transformaram nisso antes que nos déssemos conta da besteira que fazíamos.

– Após o deserto, rume para o oeste por dois mil quilômetros, mas tome as devidas precauções porque não sabemos se há naves no espaçoporto.

– Não se preocupem, os campos de força estão ativos. Seria necessário uma frota inteira deles para os colapsar. O Almirante, com apenas uma nave igual a esta enfrentou umas trezentas naves dos lagartos.

– É impressionante o poder que ela encerra, comparando aos demônios verdes.

A pequena esfera voava bastante alto e rápido, mas ao fim de poucos minutos, começou a reduzir e a descer. Já se viam os limites da cidade, muito parecida com a da Srina. Ao chegarem ao espaçoporto, avistaram mais quatro cilindros dos lagartos.

– Comandante, estão nos atacando com mísseis. Impacto em dez segundos.

– Suba para a estratosfera e deixe-os atingir a nave. Depois ative os campos de supercarga para absorver a radioatividade residual e desligue-os assim que possível.

A nave auxiliar acelerou violentamente, sendo seguida pelos foguetes atômicos, muito mais lentos. Param bem alto e aguardam o impacto. Enquanto isso, o comandante deu uma ordem.

– Artilharia, neutralizar as naves.

– Confirmado, comandante – disse o artilheiro, disparando sobre o inimigo.

Vários cidadãos estavam a caminho do espaçoporto após ouvirem a notícia maravilhosa e viram os foguetes do inimigo ganharem altura para, logo depois, ouvirem o estampido sônico da nave auxiliar subindo vertiginosa. Pararam para observar, embora já não se visse nada. Em compensação, segundos depois, surgiu um clarão intenso e eles pensaram que os salvadores foram destruídos, aqueles que falaram em todos os canais de rádio e TV. Cabisbaixos e arrasados por verem as suas esperanças frustradas, começaram a dar meia volta, mas, nesse preciso momento, um clarão laranja muito intenso apareceu, seguido de um crepitar. Mal isso ocorreu, ouviram as naves rebentando sob o impacto do raio e, sem se conterem, soltaram gritos de alegria.

Finalmente a profecia estava-se cumprindo.

― ☼ ―

Daniela olhou o diagnóstico dos outros dois e descobriu que também tinham leucemia, fazendo com que começasse a pensar. Mandou realizar um exame completo de sangue e DNA nos três pacientes. Nesse momento, as crianças começaram a chegar. Com a ajuda de todo o corpo médico, analisaram o gene e o grau de cada um que, em geral, era relativamente baixo, embora uma das crianças chegasse a ser noventa.

Daniela chamou o marido.

– "Amor, precisas de mandar uma nave à Terra com muita urgência para pegar medicamentos especiais e, também, alguns equipamentos para o hospital deles."

– "Agora mesmo, Daniela" – mandou um beijo mental e transmitiu uma ordem telepática para Nobuntu. – "Coronel, mande a Dani A II imediatamente para a Terra. A doutora Chang vai orientá-lo no material que ela deve trazer. Eu quero prioridade absoluta nessa missão. Ela vai aparecer na sala de comando para o informar o que deve ser transportado." – Daniela, que ouviu a ordem dada ao comandante, teleportou-se para a ponte e passou a relação do que precisava.

– Ok, tenente, a nave já está em órbita aguardando a sua lista que é transmitida neste momento.

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