Capítulo 2 - parte 2 (não revisado)
Daniel juntou toda a equipe da Jessy e explicou-lhes a missão do dia seguinte. Eles ouviram até ao fim, em silêncio e sem interrupções.
Quanto acabou, o almirante respondeu às perguntas da tripulação por quase duas horas. Após, os elementos que não eram necessários tiraram o dia de folga. Os demais trabalharam nos preparativos da viagem, fazendo o inventário de tudo e requisitando o material que faltava.
– Bem, bebê – disse João para o primo –, a aventura começa bem, mas acho que devias mesmo levar uma pequena frota. É que eu não acredito que os centurianos levem a mal, se forem mesmo pacíficos. Se não forem, estaríamos muito mais seguros. Afinal, Daniel, estamos falando de seres que teoricamente são bem superiores aos lagartos e nós podemos acabar por queimar os dedos.
– Não acho, irmãozinho, embora reconheça que há riscos. A meu ver, uma frota chama demais a atenção. Sem falar que vamos com duas naves que podem impor muito respeito.
– Tu é que sabes, tchê – afirmou João, que sabia muito bem quando parar de insistir com o primo. – Mas lembra-te que elas impõem respeito aos lagartos. Para uma civilização igual ou superior à nossa, pode ser que elas sejam apenas piada.
– Nisso tens razão, mas uma frota também não ajudaria muito, nesse caso – disse Daniel, rindo. – Bem, João, agora eu vou falar com o meu pai. Preciso de deixar instruções porque, apesar de não acreditar em problemas, não posso deixar o Império despreparado para uma eventualidade.
– Está bem, Dan, mas acho que cometes uma leviandade. – O primo encolheu os ombros. – Bem, quem manda és tu.
Daniel voltou a sorrir para o primo e retirou-se da ponte. Em vez de se teleportar para a sala do pai, preferiu ir caminhando.
Descontraído e feliz, desceu para o subsolo onde subiu numa esteira rolante. Pulou direto para a esteira da alta velocidade e em quinze minutos desceu em uma sala enorme, circular e com corredores que iam para direções diversas. Foi para o corredor central e subiu em mais uma esteira para descer cinco minutos depois em outra sala circular similar. Contudo, não foi para outro corredor e sim subiu pelo elevador que se encontrava no saguão que dizia "Administração". Subiu para o último andar, a presidência. Apesar de ser domingo, o pai aguardava pelo filho, já que fora avisado.
– Oi, pai – disse, sentando-se em um sofá. – Pareces preocupado.
– E estou, filho – afirmou o pai, muito sério. – A ação que tu pretendes fazer é deveras arriscada, tanto que até o teu avô andou por aqui, meio sério.
– Eu sei, pai, mas isto deve ficar unicamente entre nós. Eu já pesei todas as alternativas possíveis e concluí que corremos um sério risco se não arrumarmos aliados.
– Entendo, Daniel, mas ainda és o meu filho e eu não te quero perder. Sem falar que o Império ficará seriamente abalado sem ti.
– Não ficará, pai. – Daniel estendeu-lhe um envelope de papel, lacrado com o selo imperial. – Aqui estão as minhas ordens caso eu pereça, embora não acredite nisso. Entretanto, a lei exige-o. Nesse envelope que te entreguei está a minha ordem para promulgar o próximo imperador, caso eu morra.
– Filho... – principiou o pai, muito aflito.
– Pai – interrompeu o rapaz – acredita em mim: nada me vai acontecer. Tenho a certeza de que este povo é pacífico e são apenas precauções legais.
– Posso saber quem é a tua indicação, Daniel?
– Achas mesmo necessário que diga quem é, pai? – perguntou Daniel com um sorriso galhofeiro.
– Tenho uma forte ideia, filho.
Daniel levantou-se e abraçou o pai.
– Amanhã, às cinco horas da manhã, vamos sair para a maior aventura da humanidade, a viagem mais longa que os seres humanos empreenderam. Pai deverás manter os cordéis do poder muito bem atados. A oposição é fraca, mas não deve ser subestimada. Cuida do nosso Império para nós.
– Farei isso, filho – disse o presidente da maior indústria do Império do Sol –, mas tem cuidado, pelo amor de Deus.
– Terei, pai, eu prometo. Ver-nos-emos quando a nave sair. Deixei propositalmente a informação de que vamos à Centúria vazar porque concluí que o povo deve saber, pelo menos, o básico. Amanhã, isto deverá estar um inferno de gente. Deixa os repórteres entrarem para eu lhes falar.
– Ok, filho. O que vais fazer agora?
– Pretendia ir para casa descansar com a Daniela, mas há muitas coisas pequenas as se fazer. Acho que esta noite passarei na nave, com os preparativos. A Dani está fazendo exames na Srina e ainda vai demorar um pouco. – Olhou para as horas e notou que ficou com o pai muito mais tempo do que desejava. A noite já ia alta.
― ☼ ―
O Coronel Nobuntu sentia-se muito satisfeito porque a nave estava bem abastecida e pronta para a ação. Ele sabia que Daniel teve o máximo de cuidado com o abastecimento das duas esferas, uma vez que a viagem era a mais longa que a humanidade já fez. Todos os dados dos computadores tantorianos já tinham sido transferidos para a frota, convertidos para as coordenadas polares da Terra.
Ao seu lado, o Almirante apareceu do nada.
– Boa noite, Coronel. Tudo em ordem?
– Sim, Almirante. A nave está cem por cento abastecida e pronta. Poderíamos ficar um século no espaço, se necessário. A engenharia já disse que os tanques de antimatéria da nave, assim como das auxiliares e destroyers estão cheios. Estamos prontos para a ação.
– É meia-noite Coronel, aproveite para descansar um pouco.
– Não se preocupe, Almirante, estou descansado. A tripulação vem para dentro às quatro horas. Os oficiais mais importantes já estão a bordo dormindo, após o controle do abastecimento.
– Obrigado, Coronel. Eu vou para a minha casa pegar algumas coisas que desejo levar. Encontramo-nos na hora do voo.
Dizendo isto, Daniel desapareceu da sala de comando e reapareceu na sua casa. Instruiu os robôs, afagou os seus lindos cães e foi para o escritório. Vinha matutando em uma grande ideia e desejava pô-la em prática. A primeira coisa que pegou foi o pequeno computador que pertencia à sua primeira mulher, objeto que tinha um significado tão intenso para ele que não o abandona nas suas missões, apesar de obsoleto.
Ele já sabia pela esposa que ela permanecera na nave fazendo exames na Srina e ia ficar por lá.
Continuava sentindo que a mulher tinha algo a lhe contar, mas mantinha escondido até que houvesse uma ocasião propícia. Ela despediu-se, interrompendo a comunicação telepática e deixando uma risada mental. Daniel foi para o palácio deixar as suas instruções finais. Na cidade, quase não havia mais movimento nas ruas devido às altas horas da madrugada.
Por último, satisfeito por deixar tudo pronto, saltou para a sua cabine na nave. Encontrou a esposa dormindo e teve o cuidado de não a acordar. Descarregou as suas coisas e foi para a sala de comando.
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