Capítulo 3 - parte 1 (não revisado)
Na manhã seguinte, os dois prepararam-se para a cerimônia da coroação. Após o banho, foram para o palácio onde o mordomo real levou-os para uma sala para trocarem de roupas, colocando o uniforme de gala do imperador.
– "Estás com ar cansado, amor" – disse a esposa. – "Devíamos ter dormido em vez de ficar a noite toda namorando."
– "Pode até ser, mas foi tão bom." – O seu sorriso disse tudo para a bela esposa.
– "Lá isso foi" – afirmou ela, com uma gargalhada. – "Melhor impossível."
Logo após, o mordomo apareceu com uma senhora que levou a futura imperatriz para outra sala, enquanto conduziam Daniel para o quarto onde estavam as roupas cerimoniais, feitas às pressas e sob medida para ele.
Tal vestuário consistia em uma calça branca, com uma espada na cintura e um casaco, também branco, com detalhes bordados a ouro e a insígnia do Império do Sol no peito do lado esquerdo, que consistia no desenho da Via-Láctea, com as letras IS envolvendo-a. Daniel sentia-se muito ridículo, vestido daquele jeito, mas sabia que não deveria ser de outra forma. Aquele tipo de roupa era secular e tradicional nas recepções formais do Imperador.
– Está na hora, Majestade – disse o mordomo, entrando no quarto após uma pequena batida na porta. – Sua guarda de honra chegou para o conduzir.
– Onde está a minha esposa?
– A imperatriz será conduzida até à antessala, onde o senhor a deverá aguardar. Ambos deverão entrar juntos na sala do trono.
– Ok, obrigado.
O mordomo abriu a porta e fez uma mesura para Daniel. À suafrente, dois homens vestidos com calças brancas, justas, e casacos vermelhos, também justos, aguardavam-no. Na cintura portavam espadas e, nas mãos, uma lança. Inclinaram-se para o jovem.
– Bom dia, Alteza, queira seguir-nos.
– Bom dia – respondeu Daniel. – Posicionou-se atrás dos dois agentes, como fora orientado a proceder e seguiu com eles.
Foram pelos corredores do palácio até que Daniel entrou em uma sala espaçosa, ricamente mobiliada. Nela, deparou-se com a sua mulher, resplandecendo em beleza e aguardando, também escoltada por dois guardas. Os seus olhos brilharam e o coração acelerou.
Daniela usava um vestido longo, branco e bem justo, que lhe realçava a cintura muito fina e bem-feita. Os cabelos negros, lisos e brilhantes, caíam sobre a brancura do vestido em um contraste intenso. Os olhos cor de mel e de aparência sonhadora, brilhavam para o marido, fazendo-a ainda mais bela do que já era. Nas mãos, um par de luvas brancas, que subiam pelo antebraço quase até aos cotovelos, davam um tom delicado ao seu corpo esguio.
Quando eles se encontraram a caminho da sala da coroa ele beijou-a rapidamente.
– "Estás linda demais, Dani."
– "Tu também, amor."
Eles não sabiam, mas a partir do momento em que saíram dos quartos, vinham a ser seguidos pelas emissoras robotizadas do palácio, sendo vistos por bilhões de seres humanos nos cinquenta mundos porque o Império parou para assistir a coroação.
Ele tomou o braço da esposa e começaram a caminhar para a sala do trono, acompanhados pelos guardas, um par à frente e outro atrás.
― ☼ ―
A cerimônia da coroação foi simples, porém bela. Daniel escolhera como símbolo da sua dinastia o Tigre e o Dragão.
Na sala da coroação, um salão enorme no palácio do imperador, havia bastante gente, todos de pé. Os governadores e familiares mais próximos eram os principais convidados.
Além deles, estava a imprensa, uma vez que, como já era sabido, passava ao vivo pela univisão. No salão do trono, que era gigantesco, um tapete vermelho estendia-se desde as portas até ao trono a mais de trinta metros de distância. Os guardas da entrada avistaram o casal chegar e prepararam-se para lhes franquear o acesso. Assim que estavam a cinco metros da entrada, abriram de par em par as enormes portas de três metros cada uma, ricamente entalhadas em madeira e com pinturas de ouro, imagens representando a conquista do espaço. De fronte a elas e já no lado de dentro, havia dois guardas de lanças cruzadas que barravam o caminho. O hino do Império começou a tocar e os porteiros separaram as lanças para o casal entrar. Ao lado do tapete, uma fila de guardas preenchia toda a passagem de ambos os lados, um par a cada metro. Assim que os dois colocaram um pé no salão, eles tiraram as espadas da bainha e ergueram-nas sobre o peito, com as pontas para cima. A seguir, cada um estendeu a sua espada para cima em um ângulo de quarenta e cinco graus, cruzando-a com a do colega da frente e formando um corredor por onde os novos governantes caminharam até ao trono.
Quem estava dentro, presenciava o novo imperador e a esposa surgirem na sala, ele segurando o braço dela e caminhando pelo tapete vermelho. Vários murmúrios correram pelo local, especialmente perante a beleza transcendental da jovem imperatriz.
Em frente ao trono, o magistrado imperial, desenbargador Jack Centerfold, vestido com roupas cerimoniais, uma grande toga vermelho-escura e peruca branca, aguardava-os para o juramento. Ao seu lado, um pagem carregava uma almofada com as coroas e outra com o ceptro e o anel. O casal atravessou todo o tapete até ficar de frente para o juiz.
– Cidadãos do Império do Sol – disse o mestre de cerimônias, muito compenetrado. – Hoje é um dia feliz para todos nós, pois é o dia da coroação do nosso novo suserano, o Imperador Daniel Moreira da terceira dinastia, a dinastia Moreira.
Os presentes fizeram um curto aplauso e o desembargador com a posição devida, virou-se para o casal.
– Repita comigo: Eu, Daniel Moreira, juro solenemente defender e proteger os interesses do Império do Sol acima de quaisquer outros, assim como reinarei com honra e justiça. Prometo, também, respeitar e seguir a Constituição do Império do Sol, com a ajuda de Deus.
Ele repetiu a frase e o juiz virou-se para a Daniela.
– Repita comigo. Eu, Daniela Chang Moreira, juro solenemente defender e proteger os interesses do Império do Sol, assim como ajudar o Imperador no seu reinado, respeitando e obedecendo à Constituição do Império do Sol.
Ela repetiu a frase e ele finalizou:
– Eu, Desembargador Imperial Jack Centerfold, declaro agora Daniel Moreira e Daniela Chang Moreira, Imperador e Imperatriz do Império do Sol. Inicia-se hoje a terceira dinastia, a dinastia Moreira.
Enquanto dizia isso, pôs a coroa na cabeça do imperador e, depois, na da imperatriz, levando ambos até ao trono. Quando os dois estavam sentados, o homem disse em voz muito alta, entregando o ceptro e o anel.
– Vida longa ao Imperador e à Imperatriz.
– Vida longa ao Imperador e à Imperatriz – repetiram todos, com um joelho no chão.
– Alteza – disse o desembargador, baixinho. – Tenho a honra e o orgulho de ser o primeiro a me ajoelhar em frente ao trono e jurar fidelidade ao meu imperador. Os meus pais vivem em Terra-Nova e estão bem graças a si. Muito obrigado por salvá-los.
Após esta frase, que deixou Daniel um tanto sem jeito, ele ajoelhou-se e disse para o casal governante.
– Juro solenemente, lealdade ao meu Imperador e Imperatriz.
Um por um, todos os presentes fizeram o mesmo, começando pelos governadores, como mandava o protocolo. Quando os pais iam ajoelhar-se à sua frente, ele levantou-se, quebrando todos os protocolos, e não os deixou fazerem isso.
– Para mim não existe lealdade maior que ser meu pai e minha mãe – disse o Daniel, que pediu que ficassem ao seu lado. Depois, fez o mesmo com os pais da Daniela, colocando-os ao lado dela. Com os avós, achou prudente não abusar das quebras de protocolo, coisa que ele ir-se-ia acostumar a fazer com tanta frequência que deixava os mestres de cerimônia doidos. O último a se ajoelhar, disse-lhe, após o juramento:
– Majestade, eu era conselheiro do Imperador Saturnino. Espero que os meus serviços o agradem.
– Parece que os seus conselhos não foram úteis para o seu imperador, já que ele está morto, o senhor não concordaria comigo, meu caro? – perguntou, logo depois arrependendo-se por ter sido áspero.
– Alteza, recomendei-lhe encarecidamente que não fizesse isso. Pode ver na minha mente, senhor, nada tenho para esconder.
O rapaz, gentil penetrou na mente do conselheiro e viu que ele tentara por todos os meios possíveis demover o imperador de fazer a loucura que culminou na sua morte e de mais oito cadetes.
– Devo-lhe desculpas, conselheiro Getúlio, e acredito que nos vamos dar muito bem – virou-se para todos. – Irmãos. Antes que a cerimônia acabe e considerando a situação incomum que o império vive, vou determinar que, a partir de hoje, teremos um cargo temporário que me representará na minha ausência. Na falta de melhor termo, chamá-lo-ei de vice-imperador. Por ser um cargo de confiança, escolho o senhor Daniel Gregório Moreira, meu pai, para assumir esta função durante as minhas ausências. Que fique para já registrado. E agora, teremos um banquete nos jardins do palácio para os meus convidados e amigos. Quanto à mídia, solicito que mantenham este momento privado, mas estão convidados a participar. Só não desejo mais filmagens, embora possam comentar o que quiserem para os seus meios de comunicação.
Nos jardins maravilhosos, várias mesas sob gazebos diversos, estavam espalhadas de forma aleatória, formando um padrão abstrato. Aos poucos as pessoas foram chegando e ocupando os seus lugares, que estavam marcados. Os amigos do Daniel dos churrascos aos sábados também estavam lá porque o imperador jamais se esqueceria deles, a maioria agora na frota.
Embora houvesse sido convidada, a Bia não apareceu e isso entristeceu um pouco o Daniel. Na mesa do Imperador, ficava apenas a família. As mesas já eram servidas pelos garçons quando o Daniel notou, ao fundo do jardim e junto ao portão de entrada dos convivas, uma pequena confusão. Guardas palacianos tentavam deter uma moça. Quando ele viu de quem se tratava, emitiu uma ordem mental muito intensa porque, do contrário, teria de gritar. – "DEIXEM-NA EM PAZ." – Todos ouviram a ordem, inclusive os convidados porque ela mais pareceu uma violenta explosão imperativa. Fizeram silêncio e ficaram olhando para os lados, tentando descobrir o motivo da ordem. Muitos ficam aparvalhados com isso já que, mesmo com cérebros bloqueados, o Imperador podia mandar informações para qualquer mente. Os guardas largam-na logo, assustados com o que o seu soberano fizera. Estavam habituados com os hábitos desleixados do Saturnino e não imaginavam algo tão enérgico.
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