Capítulo 6 - parte 1 (não revisado)
A semana toda foi um corre corre danado. Daniel começou a ajudar na academia militar e Daniela foi trabalhar com o pai no hospital, pesquisando os inimigos e estudando o genoma deles. Muitos dos seus amigos inscreveram-se na academia e viraram cadetes. Outra pessoa que se inscreveu foi o irmão do Carlos, o Pedro Costa.
O processo seletivo era parcialmente automático: em primeiro lugar, eram submetidos a exames físicos, para se determinar o grau de força e resistência do candidato; o segundo teste era psicológico, de modo a avaliar a sua estabilidade emocional; finalmente, o terceiro teste era intelectual. Conforme o grau de inteligência e sagacidade do cadete, ele passava para outra etapa, que era a entrevista especial. Estes, eram os candidatos com o maior grau de potencial, futuros comandantes ou oficiais mais graduados. Os demais ficam com atividades subalternas. Em geral, as entrevistas eram conduzidas pelo Lee, alguns instrutores shaolins, ou João. Como Daniel estava, nesse período, auxiliando com a academia militar, aconteceu do Pedro Costa cair na sua entrevista. Frente a frente, ambos se observaram, em silêncio.
O cadete olhou para o homem idolatrado por bilhões de pessoas e descobriu que ele era muito diferente do que imaginava. Parecia ser uma pessoa simples e tranquila, não o destemido guerreiro salvador, nem tão-pouco, arrogante, petulante ou convencido. Sabia que era muito jovem, mas apenas via maturidade naquele rosto jovial e alegre.
– "Então é assim o marido daquela formosura? Um sujeito totalmente normal e pacato!" – pensou. – "Céus, que sorte que ele tem."
– Bem, cadete – começou o almirante, que lhe respeitou os pensamentos, apesar de ver que refletia bastante. – Já que me olha com tamanha intensidade, que tal dizer o resultado das suas observações? Estou deveras curioso.
– Hum... ham... b... bem, não tive a intenção de ser grosseiro. É que o senhor não combina com o que fizeram de si.
– É mesmo? Que interessante! – Daniel sorriu. – De fato não me sinto assim. Mas, já agora, em que acha que eu me enquadraria?
Acuado, o rapaz ficou calado por alguns segundos. Daniel sorriu e acrescentou:
– Fale com franqueza, cadete Costa. Eu não mordo nem me zango facilmente. É curioso mas o seu rosto e o seu nome não me são estranhos, só que eu não o conheço! Então, com o que me encaixo?
– O senhor é sonhador, Almirante, gosta de aventura, mas não de violência. A ideia que me dá é que não deseja chamar a atenção em hipótese alguma, mas aceitou isto para o bem de todos.
– Parabéns, cadete – Daniel deu uma risada cristalina. – Além de falar com toda franqueza, acertou em cheio. Eu sou assim mesmo. É psicólogo?
– Estudei dois anos e meio na universidade de Harvard, mas desisti para fazer o que mais gosto.
– E posso saber o que é?
– Claro – respondeu. – É o motivo de eu estar aqui, explorar o Universo...
Para grande susto do jovem cadete, uma figura feminina surgiu do nada, entre ele e o almirante.
– Oi, amor – disse Daniela, sem se dar conta que havia mais alguém na sala. – Estavas com a mente tão bloqueada que precisei de vir aqui. Quando tiveres um tempo, passa no laboratório. O meu pai quer-te mostrar algo das nossas pesquisas.
Pedro notou logo o sorriso nos lábios do Daniel e o brilho dos seus olhos. Com a voz muito suave, respondeu:
– Irei para lá assim que terminar esta entrevista, minha princesa.
– Desculpa, interrompi-te – disse a moça, virando-se. Espantada viu o irmão do Carlos e abriu um sorriso amável. – Oi, Pedro, inscreveste-te na frota?
– Olá, doutora. Sim, inscrevi-me. Desejo fazer algo mais produtivo.
– Boa sorte, Pedro – beijou o marido e desapareceu no ar.
– Como diabos ela faz isso?
– A minha esposa é teleportadora natural. Pelo jeito já se conheciam. Posso saber como?
– Talvez seja mais conveniente perguntar-lhe, senhor.
Daniel deu-se logo conta.
– Não precisa de me dizer, já sei. O seu sobrenome é Costa e o rosto é-me muito familiar. Após ligar os fatos, concluí que o senhor é irmão do Carlos e conheceu a Dani quando ela foi visitar os seus pais há algumas semanas. Não precisa de se preocupar. Eu e ela compartilhamos tudo e não escondemos nada um do outro. Bem, sinto muito pelo seu irmão.
– Obrigado, senhor, ele faz muita falta. É ruim perder uma pessoa que amamos muito, especialmente de forma tão estúpida.
– Eu sei muito bem como é isso. Já aconteceu comigo. – O cadete viu uma grande tristeza nos olhos do almirante e empertigou-se na cadeira.
– Então os boatos em Macau são verídicos. Meu Deus, senhor!
– Que boatos?
– Que o senhor foi casado e assassinaram brutalmente a sua esposa. Isso é possível?
– Infelizmente, é a pura verdade, mas voltemos ao foco. Quer dizer que deseja explorar o Universo. Isso é maravilhoso e trata-se do meu sonho, mas o senhor precisa de uma formação completa. Psicologia pode ser uma excelente opção porque, segundo as suas avaliações, o senhor tem o dom para ser um líder e decidi que vai ser treinado para comandante de um cruzador. Só que, deverá continuar a sua faculdade. Sugiro trocar para a modalidade EAD.
– Farei isso, senhor. – O jovem sorriu. – Fico feliz em ser escolhido para esse posto.
– Lembre-se, meu caro, que isto não é um mar de rosas. Centenas de pessoas foram mortas em Terra-Nova. Se não fosse a minha esposa a criar um movimento de resistência e desenvolver armas primitivas, porém mortais, teríamos milhares ou milhões de mortos, antes de eu chegar com a nave. Lembre-se do seu irmão.
– Lembrar-me-ei, senhor.
– Apresente-se ao General Lee amanhã às quatro da manhã. O seu nome já está no computador. O senhor terá treinamento para comandante, mas deverá aprender tudo o que um soldado precisa de saber, ou seja, o seu treinamento será duplamente mais difícil. Agora, meu caro, preciso de ver o que o meu sogro descobriu.
– Obrigado, Almirante. – O cadete levantou-se e caminhou até à porta. Virou-se para dizer algo bem a tempo de ver Daniel desaparecer no ar.
– "Santo Deus, não há dúvida que foram feitos um para o outro, infelizmente" – pensou.
― ☼ ―
A univisão preparou um documentário completo sobre a invasão, os seres alienígenas e as ações da resistência e do Daniel, indo inclusive a Terra-Nova entrevistar várias pessoas. O governo liberou o filme das batalhas e da libertação final. Com isso, Daniel que não era nem um pouco dado a propaganda foi aclamado por todos, como o Salvador da Humanidade. Deitado na cama ao lado da mulher reclamou, chateado:
– Já vi que nunca mais terei paz ou uma vida de anonimato.
– Nasceste para a glória, amor – disse a esposa, desligando o aparelho holográfico e aconchegando-se ao seu ombro. – O que de mal tem isso? O que tu fizeste, meu lindo, jamais algum outro teria coragem de fazer, essa é a verdade e o povo sabe disso. Achei o programa muito bem-feito e todos te amam.
– Eu acho que ficaram é de olho em ti – disse ele com uma risada, alegre – estavas linda de morrer naquelas fotos e filmagens...
A garota não o deixou falar mais, tapando a sua boca com um beijo ardente.
― ☼ ―
Ensino À Distância.
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