Capítulo 5 - parte 2 (não revisado)

Na segunda-feira, ambos foram para a Cybercomp e Daniel mostrou o hospital para a mulher, que encontrou o pai trabalhando em um dos laboratórios de pesquisas biológicas.

– Oi, filhinha, Daniel, ainda bem que apareceu – afirmou ele, beijando a filha. – Ia mandar chamá-lo.

– Então acredito que chegou a alguma conclusão.

– Sim, várias. Embora os tantorianos sejam fisiologicamente diferentes de nós, têm estruturas similares. O cérebro deles é tão complexo quanto o nosso e, também, muito parecido. O sangue deles é verde porque, em vez de hemoglobina, têm um composto bastante complexo à base de cloro que faz o mesmo trabalho. As fêmeas possuem o cérebro muito mais aperfeiçoado do que os dos machos e acredito que o QI delas seja consideravelmente superior, aproximadamente de vinte a trinta por cento, mas está embotado por séculos de submissão. O mais interessante, entretanto, é que a sua força física seja bastante inferior, mas ainda assim superior à média humana por causa da elevada gravitação do mundo de origem, talvez pouco mais de dois gravos.

– Mas as nossas mulheres são mais fracas do que nós.

– Sim, só que, proporcionalmente falando, elas são muito mais frágeis do que os machos. O sistema reprodutor deles é muito peculiar e curioso. Conversei bastante com uma das fêmeas, a que se chama Mirtid. Não entendo ainda o motivo, mas parece que elas morrem se ovularem e não forem fertilizadas, o que as faz muito dependentes dos machos.

– O senhor acha possível criar algum tipo de redutor de natalidade? Algo como fazer com que ponham apenas um ovo em vez dos dez ou mais, por exemplo?

– Acredito que sim, mas precisaria de examinar uma fêmea que esteja ovulando. Necessito de amostras de sangue e hormônios.

– Há uma assim. Espere – dizendo isso, Daniel saltou para a nave, diretamente para a ala das fêmeas. Olhando para a sua conhecida disse. – Olá, Mirtid. O médico gostaria de examinar a sua amiga que está prestes a ovular. Ela permitiria?

– Mas claro, Daniel – respondeu a tantoriana, após falar com a companheira. – Ela apenas pede que eu a acompanhe porque tem um certo receio.

– Não se preocupem – acalmou-as o rapaz. – O doutor Chang jamais vos fará mal. Ele é o pai da minha esposa. Eu vou nos transportar diretamente para lá. Não se assustem.

Dizendo isto, tocou nas moças e saltou para o laboratório do hospital.

– Amor, dás apoio para o teu pai e elas? – perguntou Daniel, sério. – Quero fazer uma experiência com os machos. Se for bem-sucedido, poderemos alcançar resultados excelentes.

– Claro – beijaram-se e Daniel desapareceu para reaparecer na presidência. Chateado, viu que o pai não estava só. Junto com ele, encontrava-se o Saturnino.

– Bom dia, Alteza, pai – disse Daniel contrariado sem, no entanto, deixar transparecer. – Parece que o doutor Chang avançou nas pesquisas com os tantorianos. – "Pai" – transmitiu, enquanto falava – "preciso daquela droga que usaram em mim. Quero fazer uma experiência."

– Que interessante, meu filho. – "Pede para a tua mãe. Está no laboratório particular dela." – Mais tarde passarei lá.

– Ok. Não vos vou perturbar mais. Até depois, Alteza. – Desapareceu sem esperar respostas.

Daniel achou conveniente entrar no laboratório da mãe caminhando, não fosse haver alguém junto. Contudo, ela estava só.

– Mãe, preciso da droga que usaram em mim. Quero fazer uma experiência.

– Com os alienígenas? Não estou muito certa de que funcione.

– O doutor Chang diz que a estrutura cerebral é muito semelhante à nossa. Vale a pena tentar.

– Vou passar lá mais tarde. – A mãe entregou-lhe a droga. Ele deu-lhe um beijo e desapareceu dali para reaparecer na prisão da nave.

Abriu a porta e mandou um deles aproximar-se.

– Siga-me. – O tantoriano já desistira de tentar dominar o rapaz depois da tremenda sova que levou nas duas primeiras vezes. Na enfermaria da nave ele mergulhou uma agulha na droga e espetou-a no couro do prisioneiro que, assustado, recuou, embora tardiamente. Daniel esperou cinco minutos e falou com o tantoriano, reforçando as palavras com telepatia.

– Os humanos não são seus inimigos.

– Os humanos não são nossos inimigos – ele repetiu.

Daniel lembrou-se do jeito que eles tratavam as fêmeas e acrescentou.

– A partir de hoje, tratarás as fêmeas da vossa espécie com deferência e educação, deverás amar e respeitar as tuas esposas, jamais maltratando qualquer delas e obedecendo aos seus desejos.

– Sim, senhor.

– Muito bem, segue-me.

O par tão desigual caminhou pelos corredores da nave até chegar à superfície do planeta. Depois, por um alçapão que havia de cem em cem metros e que continha por um elevador antigravitacional, desceram para a rede de esteiras rolantes subterrâneas. Daniel conhecia aquilo tudo como a palma da mão. Encontraram-se com algumas pessoas que olharam curiosas o estranho par. Muitos assustaram-se porque sabiam que se trata de um dos invasores, mas confiavam no jovem. Quando chegaram ao hospital, subiram para o laboratório do doutor Chang. Ao ver as "moças" da sua espécie, ele deu o equivalente a um grande sorriso, que fez com que elas estranhassem bastante a atitude do "homem".

– Doutor Chang. Eu tenho uma droga, descoberta há mais de setecentos anos, que é um poderoso hipnótico com efeitos permanentes se a sugestão for feita com reforço telepático. Sugeri ao nosso amiguinho que não somos inimigos. Depois, lembrei-me de como tratam mal as fêmeas da espécie dele e dei nova sugestão.

– Daniel – interrompeu Mirtid, preocupada. – Ela precisa de ser fertilizada imediatamente.

– Serve ele, ou quer escolher outro? Temos mais nove na nave.

– Pode ser ele? – perguntam para a tantoriana que já estava com o ventre bem azul.

– Pode sim. Eu, na verdade, pertenço a ele.

– Pertencia, agora vocês poderão escolher. Eles não farão mais males.

O tantoriano aproximou-se da "mulher" e fez uma coisa incrível, acariciou-a. Gentil, preparou-a para a fertilização, enquanto o doutor Chang observava, fascinado. Daniel, que já viu, não pretendia ficar. – "Vens amor, ou queres ver como eles fazem. Pretendo tratar os outros e interrogar o comandante."

– "Vou contigo." – Ambos saltaram diretamente para a nave. O Daniel não queria perder tempo, então pegou na droga e, usando telecinésia, imobilizou os tantorianos contra a parede, inoculando a droga em cada um deles. Fez o mesmo tratamento dispensado ao primeiro. Depois, ordenou ao comandante que o seguisse. Na sala de reuniões da Jessy, eles sentaram-se. O coronel Nobuntu juntou-se ao grupo.

– Faz uma semana que uma das suas naves saiu de Terra-Nova para Tantor. Quanto tempo falta para chegar lá?

– Mais uma semana.

– Você acha que o vosso imperador vai continuar a querer nos atacar, mesmo depois desta derrota fulminante?

– Sim, porque ele ainda não sabe que vocês são nossos amigos.

– As suas naves contém dispositivos de armazenamento de imagens? Eles registraram a batalha?

– Pode ter a certeza disso.

– E ainda assim vão querer batalhar contra nós? É suicídio!

– Se eu bem conheço o imperador, vai lançar uma frota de cem a duzentas mil naves de combate.

Nobuntu fez cara de medo, enquanto o Daniel permaneceu impassível, embora ficasse um pouco preocupado.

– E quanto tempo temos?

– Levarão, pelo menos, quatro meses do seu tempo padrão a retornar.

– Sinto informar que, se nos atacarem com esse contingente, seremos obrigados a aniquilá-los. E, se eles insistirem, destruiremos o vosso mundo. Vocês e as cinquenta fêmeas serão levados a um novo planeta onde poderão começar de novo, mas serão parte do Império do Sol e não poderão retornar a Tantor.

– Se retornamos, seremos mortos. Nunca aceitarão a paz entre nós – disse, lacônico.

– Entendo e lamento, mas as coisas resolver-se-ão. Tudo a seu tempo.

Daniel chamou o setor dos marines.

– Levem os prisioneiros para a ala das fêmeas tantorianas. Poderão ficar em vigilância relaxada, mas não deverão sair de lá. Mandem um homem escoltar o comandante que está comigo.

– Coronel, vocês ficarão de prontidão. Pode dar folga para metade da tripulação, mas restrinja o uso de álcool. Quando o festival dos Dragões acabar, terá novas instruções. Espero um dispositivo novo de Vega para ser instalado nesta nave e vou mandar colocar um canhão PEM porque só temos um na Jessy A I. Como vai a análise dos dados do computador da nave alienígena?

– Já carregamos todos os dados de navegação deles, Almirante. O seu primo é um verdadeiro gênio em computadores e conseguiu converter sem dificuldades os dados para as nossas coordenadas polares. Descobrimos que o sistema de navegação deles é ligeiramente superior ao nosso e eles poderiam ir de Terra-Nova até aqui em apenas um salto. É óbvio que essa tecnologia já está obsoleta para nós, mas o capitão João tem a certeza de que pode aprender coisas novas ou, ao menos, extrair algumas ideias.

– Então o meu primo andou ativo!

– Bastante, Almirante.

– Bem, agora esperamos. Temos cerca de quatro meses para nos prepararmos. Depois do festival, falaremos de novo.

– Senhor, peço que me permita assistir o festival.

– Mas claro, meu amigo, com todo o prazer. Seja meu convidado de honra.

– Obrigado, senhor.

– Até breve. – Daniel e a esposa desaparecem no ar.

– "Vamos almoçar, princesa?"

– "Estou com muita fome, Dan, onde?"

– "Temos restaurantes maravilhosos aqui, mas podemos saltar para Lisboa, Londres, Paris, Hong Kong ou qualquer outro lugar do mundo que tu desejares, meu amor." – Ele deu uma risada.

– "Fiquemos por aqui que há muito para fazer." – Nesse momento, o comunicador chamou:

– Divisão psicológica chama Daniel Moreira e o Almirante Daniel Moreira. Atendam.

Com um suspiro, Daniel pensou:

– "Lá se foi o almoço." – Deu uma risada. – Aqui fala o Almirante Daniel. O que houve?

– Senhor, venha para cá, o seu pai já está a caminho.

Chegando à divisão de psicologia, encontram o pai e uma mulher jovem, dos seus trinta anos, conversando.

– Olá, filho, esta é a doutora Elizabeth O'Neill, e ela fez um trabalho muitíssimo interessante. A senhora explica, doutora?

– Claro. – O forte sotaque britânico que ela tinha, traía a sua origem. Embora o idioma oficial do Império fosse o português, vários povos mantinham o seu idioma nativo como principal, motivo pela qual eles acabavam por falar um português fraco.

– Eu – continuou –, estudo o comportamento de certas ondas cerebrais...

– Doutora – interrompeu Daniel, em inglês. – Vejo que tem menos fluência com a nossa língua. Se prefere falar a sua língua materna, sinta-se à vontade.

– Isso ajuda – disse ela com um sorriso alegre, falando um inglês britânico. – Bem, basicamente eu aliei técnicas de realidade virtual com as ondas cerebrais que estudo. Você sabe tocar algum instrumento musical, Daniel?

– Infelizmente, não – disse o jovem, olhando com uma certa inveja um piano de cauda ali perto.

– Sente-se nesta cadeira e façamos uma pequena experiência, que será mais elucidativa do que mil palavras.

Era uma cadeira que lembrava as poltronas dos dentistas dos séculos XX e XXI. Ele sentou-se, curioso, e a cientista colocou na sua testa um aparelho, um pequeno capacete com eletrodos ligados por um cabo a outro equipamento ao lado.

– Agora relaxe muito, faça de conta que está dormindo. Retire a sua barreira mental para facilitar o processo. – Um zumbido fraco fez-se sentir no crânio do Daniel, que obedeceu e relaxou. Em poucos segundos, perdeu a consciência. Ao voltar a si, viu todos olhando para ele.

– O que houve, parece que desmaiei! Fora isso, não sinto nada de especial.

– Daniel, vá até ao piano e toque a música que está na partitura.

– Mas eu já disse que não sei tocar, doutora, embora desejasse ardentemente porque adoro música, especialmente pianos.

– Pois tente.

Ele levantou-se da cadeira, bastante relaxado e descansado. Sentou-se ao piano e descobriu que conseguia entender a música que estava na partitura. Sem pensar, começou a tocá-la.

– Santo Deus, eu sempre quis saber tocar piano. Como fez isso?

– Este aparelho, que eu batizei de Máquina Indutora de Conhecimento, usa a realidade virtual combinada com hipnose para transmitir informações para o cérebro.

– Mas é fantástico, simplesmente fenomenal. Quanto tempo para se produzir em série?

– Todos os materiais necessários para a construção do equipamento já existem. Era só uma questão de combinar os mesmos e utilizar o software adequado que eu criei para esta máquina.

– Pai, está resolvido o problema do treinamento da frota!

– Eu imaginei que vocês tivessem uma dificuldade do gênero. Por isso, retomei as minhas pesquisas. Na verdade, vinha trabalhando nesta ideia desde os tempos da faculdade.

– Doutora – disse Daniel pai. – Agradecemos muito o seu esforço. Se tiver mais alguma ideia genial, não hesite em pô-la em prática. A senhora pode nos ajudar com o início da produção deste equipamento?

– Mas claro – ela sorriu. – Terei o maior prazer.

Daniel pensou em algo e mudou logo de ideia, como sempre com uma velocidade enorme.

– Pai, preciso de falar com o Saturnino. Ele disse onde ia?

– Foi inspecionar as obras do espaçoporto militar e da academia da frota.

– Onde são?

– Cinco quilômetros depois da Cybercomp, basta seguir pela autoestrada.

– Obrigado. Ia almoçar, mas acho melhor resolver logo a situação dos alienígenas. A droga hipnótica funcionou neles. Pena que não pode ser usada em grande escala. Adeus, doutora, e obrigado por me ensinar a tocar piano. – Olhou feliz para o aparelho e sorriu bastante. – Amanhã mesmo vou comprar um para mim. Paz para vocês. Vamos, amor?

– Paz, responderam os dois que ficam.

De mãos dadas, o casal saiu para o carro.

– Droga hipnótica? – perguntou a cientista, olhando o par sair do laboratório. – O que será isso?

– É uma droga que, se usada por um telepata, provoca uma sugestão pós hipnótica irreversível. Ele testou nos alienígenas e sugeriu que nós não somos inimigos.

― ☼ ―

– "Não sei, Dan, mas não vou muito com a cara do imperador. Talvez por termos compartilhado as nossas memórias. Na verdade, ele parece muito fraco. Ainda bem que faz tudo o que tu lhe sugeres" – afirmou a esposa, enquanto se deslocavam para o local informado pelo pai dele.

– "Eu sei, amor, mas, neste momento, ele é o menor dos males. Uma mudança no quadro político do Império a esta altura dos acontecimentos poderia provocar uma catástrofe de graves consequências. Sem falar que, em tempo de guerra, a constituição determina que ele tem poderes absolutos."

– "Entendo o que queres dizer, mas continuo não indo com a cara dele" – respondeu a garota. Ele deu uma risada e fez um carinho no seu rosto.

O espaçoporto militar era uma obra gigantesca. O campo de pouso tinha vinte por dez quilômetros. Os prédios da administração ficavam minúsculos se comparados. Mais à esquerda estava a academia militar da frota, já terminada, com capacidade para cem mil cadetes. O imperador, naquele momento, inspecionava o ginásio de esportes. Ao lado, ficavam as instalações para acomodar todos, com camaratas, refeitórios e vestiários. Possuía até um auditório para reuniões ou divertimento, como filmes e teatro. Era praticamente uma mini cidade onde dezenas de milhares de pessoas podiam viver e receber treinamento. Ao lado do Saturnino, vários assessores cercavam-no.

– Olá, Almirante Daniel – disse o imperador ao vê-los. – Como vai, senhora Moreira?

– Bem, obrigada, Alteza.

– Majestade, preciso de uma pequena audiência particular, coisa rápida. Podemos falar por um momento?

– Mas claro, Daniel, para si, sempre tenho tempo. Do que se trata?

– Dos alienígenas. Obtive informações relevantes que podem ser decisivas. Não devemos esperar uma nova invasão antes de uns quatro meses, mas, quando vier, será de proporções titânicas. Eles têm um fanatismo contra humanoides que beira a loucura e, quando encontram uma raça desse tipo, tentam subjugá-la ou destruí-la. Isso significa que teremos de tomar decisões que podem ser muito ruins. Eu não gostaria de praticar um genocídio, mesmo tendo razão porque noto que só o extermínio pode vir a ser uma solução para nos livramos da ameaça, já que é impossível qualquer negociação de paz.

– Entendo, eu também não gostaria disso, mas a raça humana vem em primeiro lugar, filho, tu mesmo disseste isso. Tens alguma outra sugestão?

– Não diria que tenho uma sugestão, mas uma sequência de fatos levou-me a algumas conclusões. A nossa prioridade é proteger o Império, nem que tenhamos de lutar até à destruição completa da frota invasora. Segundo o comandante capturado, o império deles virá com um contingente que poderá comportar de cem a duzentas mil unidades de combate como as que enfrentamos em Terra-Nova, ou mais.

– Meu Deus – disse o imperador, horrorizado. – Seremos esmagados!

– Não, Majestade, sairemos vitoriosos – corrigiu Daniel, embora guardasse certas dúvidas para si. – As armas deles são demasiado fracas para os campos de força que inventei e acredito que os podemos vencer. Depois, temos que contatar os centurianos.

– Acha que eles vão nos ajudar?

– Não sei, mas sei que são humanos ou humanoides.

– Quem lhe garante que o comandante inimigo lhe disse a verdade.

– Primeiro, Alteza, ele não escaparia de uma mentira. Modéstia à parte, sou o telepata mais potente que conheço, da mesma forma que a minha esposa. Entretanto, eu fiz algumas experiências com os tantorianos que prendemos. O maior problema deles para invadirem outros planetas é a elevada taxa de crescimento da raça. Se houvesse um controle de natalidade, as coisas seriam mais fáceis, mas eles desconhecem tal coisa. Nós temos uma droga, descoberta há mais de setecentos anos, que permite dar sugestões hipnóticas permanentes. Os tantorianos aprisionados não são mais nossos inimigos e as fêmeas nunca o foram, antes pelo contrário, são dóceis e simpáticas. O doutor Chang já estuda uma forma de controle de natalidade para a raça, assim como o genoma deles. A minha sugestão é colonizar mais um planeta com essa "gente", mantendo um posto militar lá, é claro. Qualquer prisioneiro que nós façamos recebe tratamento e vai para lá. Assim, não precisaremos de exterminar uma raça inteira.

– Não é possível contaminar todo o planeta deles com essa droga, Daniel?

– Mesmo que fosse, as ordens devem ser dadas por um telepata, ou seja, é inviável.

– Uma pena. Acabaríamos com a guerra sem derramamento de sangue.

– Eu sei, Majestade. Bem, por último, temos a questão dos humanos escravizados e os humanos em guerra com eles. Eu vejo-me na obrigação de os ajudar de alguma forma. Só que, em primeiro lugar, devemos cuidar destes tantorianos que aqui estão.

– Façamos isso, então. Graças aos teus conselhos anteriores, já temos um mundo pronto para colonização. Nele foram descobertos jazigos minerais muito ricos e petróleo abundante, que precisamos para fabricar polímeros. Por isso iniciamos a fase de pré-colonização. Agora a minha preocupação é quanto à invasão. Só temos uma nave, a sua. Contra cem mil...

– Vamos ser pessimistas. Calculemos que o ataque seja em dois meses. Quanto tempo para a sua frota ficar pronta?

– Quatro a cinco meses.

– Mas a de Vega XII, que o meu avô fez em segredo, fica pronta em duas semanas, talvez menos. São cinquenta naves mais seiscentas naves auxiliares. Eu destruí mais de quarenta naves inimigas só com uma nave auxiliar. A Jessy e as demais naves destruíram com folga, uma frota de cinco mil. O meu avô está construindo, em Vega XII, umas coisinhas que inventei e lhe pedi, inclusive um sistema de defesa planetária que passará a proteger todos os nossos mundos.

– O que seria da humanidade sem ti, rapaz!

– O homem é o ser mais adaptável que existe, Alteza. Garanto que apareceria uma solução. Bem, posso contar com o seu apoio para a colonização destes seres?

– Considera feito, jovem.

– Então está certo, Alteza. Nós vamo-nos retirar porque ainda não almoçamos.

– Fiquem à vontade.

O casal começou a sair do ginásio, quando o imperador disse:

– Almirante. – Eles olharam para trás. – Muito obrigado por tudo.

Ambos sorriram e foram para o carro. O Imperador do Sol olhou maravilhado para o veículo do Daniel, não se lembrando de jamais ter visto um modelo similar. Bem sabia que hoje em dia os carros cada vez mais estavam em desuso, mas era certo de que se lembraria de ter visto algum modelo tão belo. Pensou em perguntar onde ele comprou aquela maravilha quando fosse oportuno, porque desejava um igual.

O casal saiu em alta velocidade e, quando ele estacionou na Cybercomp, Daniela beijou-o, enquanto o transportava para o quarto deles.

– "Almoçamos em casa, meu amor, depois que eu acabar contigo" – transmitiu-lhe, com os olhos felizes.

Ele deu uma grande risada e atendeu aos seus desejos. Depois do almoço, a garota disse, com o rosto sério e preocupado.

– "Dan, há algo que tenho de fazer. Venho protelando isso há alguns dias, mas não posso deixar de cumprir o último desejo de uma pessoa que me foi muito querida."

– "Queres ir ver os pais dele?"

– "Sim, tenho um objeto que lhes pertence."

– "Queres que te acompanhe, meu amor?"

– "Não, é algo que terei de fazer eu mesma. Já adiei isto por tempo demais, amor, e é injusto para com eles, que estão na incerteza."

– "Ok, anjo. Estarei na Cybercomp, mas acredito que eles já devam saber de tudo porque, com a notícia da invasão, devem ter ligado para lá assim que se restabeleceram as comunicações."

– "De qualquer forma, tenho uma coisa para lhes entregar, como te disse, e devo isso ao Carlos."

Ela beijou-o e desapareceu no nada, com se nunca tivesse estado ali. Ele sorriu para o local onde a esposa esteve e concentrou-se, para também desaparecer da sua casa e reaparecer na Cybercomp.

Os robôs da residência, ao constatarem que a casa ficou vazia sem que nada tenha sido arrumado, ativaram-se e começaram a limpar tudo, desde a cama aos pratos deixados na pia.

― ☼ ―


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