Capítulo 4 - parte 1 (não revisado)

O hospital geral estava cheio de feridos, que eram colocados em todos os lugares possíveis, até na recepção, uma situação bem caótica. Daniela, mal chegou, já separava os feridos por grau de urgência e orientava umas poucas enfermeiras que haviam aparecido. O marido chegou e descarregou metade dos Dragões e um dos médicos, levando o resto do grupo para o outro hospital. Quando chegou, procurou observar a situação. Também ali, um enfermeiro já separara os pacientes por nível de gravidade. Ele viu um homem numa maca, em péssimo estado. Além de alguns buracos de bala, notava-se as marcas de espancamento. Ao vê-lo, ficou compadecido e aproximou-se dele para o observar de perto. Aparentava ser um sujeito de setenta anos, mas, naquele planeta, as idades enganavam tanto quanto um portador de médio grau. Inconsciente, parecia não sentir mais nada.

– Creio que nada possa ser feito por ele, amigo – disse um médico com ar triste, ao ver Daniel aproximando-se. – Infelizmente, a ajuda chegou tarde demais para esta pobre criatura.

Ele não resistiu ao ver tamanho sofrimento e estendeu as mãos, tocando o rosto e o peito da vítima daquela guerra brutal. Concentrou-se um pouco e o médico, de queixo caído, observou os ferimentos fechando-se e a respiração do homem ficar regular. Ele tirou as mãos do paciente e recuou cambaleante, exausto. O médico apoiou o rapaz e ajudou-o a sentar em uma maca.

– Como fez aquilo!?

– Eu absorvi os dons da minha esposa. Posso curar um ser ferido, mas perco muita energia – disse com ar cansado. – Não gosto de ver ninguém sofrendo. É uma pena que não possa ajudar mais de um sem dormir por algumas horas.

– Era o caso mais grave, senhor – afirmou o médico. – Obrigado porque acabou de salvar a vida do meu pai. Já tínhamos perdido qualquer esperança. Sou-lhe devedor de uma vida.

– Nada me deve e fico feliz por assim ser. Como estão os demais casos?

– Os mais graves estão no Hospital Geral, que tem melhores equipamentos e estrutura.

– Então eu vou para lá, doutor. Quando os meus homens não forem mais necessários, mande-os de volta.

– Farei isso. Mais uma vez obrigado.

– Não precisa de agradecer, meu amigo. Faria isso de novo e de boa vontade, se tivesse energia suficiente.

Daniel levantou-se e saiu dali, ainda muito fraco. Chegou a cambalear duas ou três vezes. Entrou na naveta e atirou-se em uma poltrona, exaurido, pedindo ao piloto que o levasse para o outro hospital. Ao vê-lo Daniela aproximou-se dele e notou logo o que fez porque viu o esgotamento completo nos seus olhos.

– "Usaste os dons de cura" – comentou ela. – "E abusaste, já que estás demasiado fraco."

– "Ele ia morrer, Dani, não aguentei ficar quieto. Chega de miséria e dor."

Ela beijou-o e transferiu um pouco da sua própria energia, fazendo que se sentisse um pouco melhor.

– "Agora não ficarás tão cansado, mas não abuses. Se houver uma emergência no espaço, serás necessário. Ainda bem que aqui não há ninguém morrendo, mas haveria se não tivéssemos vindo dar apoio aos colegas."

– "Estou com muita fome e ainda me sinto demasiado fraco."

– "É por causa da energia que gastaste." – Dani chamou uma enfermeira que passava por ali e instruiu-a a levar Daniel para a cantina e dar-lhe uma refeição rica em carboidratos e proteína.

Enquanto os dois saíam, olhava para o marido, sorrindo. Sentia-se tão feliz que nada lhe tirava o bom humor. Sem parar de sorrir, tornou a tratar dos pacientes, alguns deles seus conhecidos.

A enfermeira levou-o a uma das cantinas dos médicos e fez com que ele sentasse em uma cadeira porque notou o grau de esgotamento dele, tendo, inclusive, apoiado o rapaz algumas vezes quando cambaleou. Enquanto lhe preparava algo, Daniel recebeu um chamado.

– Almirante, o espaçoporto está limpo – disse Nobuntu. – Eu mandei alguns homens de desintegrador na mão eliminar os corpos dos invasores. Os canhões da nave poderiam ser fortes demais.

– Obrigado, Nobuntu, bem pensado. Fique no comando e mantenha as naves em rigorosa prontidão de combate. Faça um revesamento com a equipe de artilharia para que sempre tenhamos homens descansados atrás dos computadores de mira. Não custa ser precavido, embora não acredite que voltem tão cedo.

– Sim, Almirante, já mandei duas naves auxiliares patrulharem o espaço e uma terceira para verificar as outras cidades. Ao que parece, eles concentravam-se apenas na capital. Provavelmente porque ainda eram poucos, senhor.

– Certo, nós vamos permanecer mais algum tempo aqui até acabarmos de ajudar esta gente. Mande uma mensagem para a Terra e informe que a invasão foi contida. Faça um relatório completo para o meu pai. Ele encarregar-se-á de falar com o imperador.

– Tratarei disso agora mesmo, Almirante.

– Não. Pensando bem, deixe que eu falo com ele, quando retornar para a nave.

– Ok. O que farei com os prisioneiros?

– Mantenham-nos bem presos, mas não os tratem mal. Tenho planos para eles.

– Confirmado. Desligo. – Nobuntu desapareceu da sua frente e ele apoiou o rosto com as mãos, fechando os olhos e quase adormecendo.

– Sente-se mal? – perguntou a enfermeira, curiosa.

– Não, apenas cansado, gastei energia demais – respondeu delicadamente.

– Tome, coma isto que lhe fará bem.

– Obrigado. – Daniel olhou para o prato à sua frente, com muita fome. Começou a comer tranquilamente. – "Como é que alguém pode gostar desta gororoba insípida?" – pensou para si mesmo.

A enfermeira sentou-se de frente e não tirava os olhos dele, observando-o com bastante atenção. Ela estava fascinada com a sua beleza masculina.

– Então foi o senhor que comandou o ataque? – perguntou após servir-se de um café.

– Sim, mas fomos todos nós, juntos, que os vencemos. Vejo que aqui o povo se rebelou a valer.

Ela olhava-o de um jeito que o deixava meio acanhado porque nem tentava disfarçar que estava interessada por si.

– Pretende ficar muito tempo aqui, ou volta para a Terra?

– Vamos ajudar a arrumar as coisas e voltamos para a Terra porque temos de nos preparar para o caso deles quererem retornar. E isso, infelizmente, tem um alto grau de probabilidade.

– Que pena. – Mudando para cantonês e suspirando, ela disse, julgando que ele, por ser da Terra, não sabia a língua. – Bem que podíamos jantar juntos e aproveitar uns bons momentos a sós, apenas os dois. – Suspirou novamente. – O que eu não dava por uma noite contigo, meu gato.

– Você é muito bonita e simpática, enfermeira – respondeu na mesma língua, bastante divertido –, mas eu sou casado e amo demais a minha mulher.

O rosto da moça passou por todos os tons do rosa ao vermelho intenso e pediu desculpas. Mas, depois, acrescentou:

– Caramba, também você é lindo de morrer – sorriu e desculpou-se novamente. – Onde um terráqueo não oriental aprendeu a falar cantonês tão bem?

– A senhora pode não acreditar, mas foi em outra vida. Já nasci sabendo.

– Faz muito tempo que é casado, Almirante?

– Cerca de dez horas. – Ele sorriu.

– Caramba! Então ela é de Terra-Nova. Conhecem-se há muito tempo?

– Conhecemo-nos há milhares de anos, mas só temos algumas pequenas lembranças dos últimos setecentos e poucos anos. Ela é de Hong Kong, mas viveu aqui muitos anos. – Ele sorriu porque sabia que a enfermeira não ia compreender nada do que disse.

– Que diabo, não entendo...

– Temos fortes lembranças da nossa vida anterior. Karma, eu acho. Para sua informação, ela é a doutora Chang.

A enfermeira que sorvia um gole de café, engasgou-se, arregalando os olhos e tossindo.

– Algum problema?

– Bem, eu sinto-me mal depois de ouvir isso. Daniela é minha amiga e acabei de passar uma cantada no marido dela. Tá certo que não sabia mas...

– Tudo bem, afinal não foi exatamente uma cantada, apenas um comentário que, casualmente, entendi por saber uma das vossas línguas. Não creio que ela vá ficar ofendida. Bem, vou ver se posso ajudar em algo – disse levantando-se ainda com alguma dificuldade. – Obrigado pela refeição porque estava muito fraco após salvar aquele homem no outro hospital.

– Homem? – perguntou, espantada. – Só havia um caso verdadeiramente crítico lá, os demais estão aqui. E esse, infelizmente, estava fora de qualquer salvação. O que fez?

– Eu aprendi os dons da Daniela – encolheu os ombros. – Assim, consegui curá-lo. Agora, ele apenas dorme. O doutor, filho dele, disse que não viveria mais do que umas poucas horas e eu não suporto ver gente sofrendo, mas fiquei muito fraco...

Com lágrimas nos olhos, ela levantou-se da cadeira aos tropeções, abraçou o Daniel e beijou-o. Ele não entendeu o porquê, até que ela disse:

– Obrigada, ele é meu pai. Eu sou irmã desse médico. O meu pai estava lá porque ele o levou para poder dar mais atenção e aliviar o sofrimento, embora só achasse que apenas um mila...

– Caramba, posso saber o que vem a ser isso? – perguntou uma voz atrás do Daniel.

Assustada, a enfermeira afastou-se dele, enxugando os olhos, muito vermelha.

– Desculpa, Daniela, era o meu pai que ele salvou e eu nem pensei, mas foi só um abraço e um beijo no rosto.

– Tudo bem, embora a cantada anterior não tenha sido – disse a médica, sorrindo. – Eu e o Dan estamos quase sempre em contato mental. Por isso, sei que não fizeste por mal.

– "Deste-lhe um senhor susto, lindinha."

– "Eu sei, fiz de propósito porque queria me divertir um pouco com a cara dela, já que estava tão afoita para o teu lado." – Daniela pegou um café e sentou-se. – "Considerando a batalha que ocorreu aqui, não houve tantas perdas assim."

– "Mesmo assim, é muito triste. Há muitos mortos para serem enterrados. Eu sou inútil aqui, então vou ajudar o governo e providenciar a instalação de um novo equipamento de super-onda."

– "Não abuses, Dan, vejo que ainda estás demasiado cansado. Quem sabe dormes umas horas?"

– "Dormirei depois, amor."

Ele beijou-a e saiu, seguido pelos olhares das duas mulheres.

– Mas tu, falando essas coisas...

– Como eu ia imaginar que ele sabia cantonês, ainda por cima tão bem?

Daniela sorriu.

– É, ele sabe duas dúzias de idiomas, mas concentra os teus olhos para outro lado, pois o meu Dan eu não largo por nada deste mundo.

– Nem eu largaria, Daniela. Nossa, que pedaço de mau caminho. Como é belo!

– E que corpo, Laura, lindo demais.

– É mesmo? – perguntou a enfermeira, esticando o pescoço com indisfarçada curiosidade. Ao ver a cara da Dani, riu e acrescentou. – Calma, olhar não arranca pedaço.

Com uma risada, as duas voltaram ao serviço.

― ☼ ―

Daniel aproveitou para ajudar na supervisão da construção de um novo equipamento de comunicações, instalado de forma temporária em um dos prédios do espaçoporto. Aos poucos, as coisas iam-se acalmando.

– Se não fosse por si, Daniel – disse o prefeito. – Ainda estaríamos nas mãos desses monstros.

– Receio que isto ainda não tenha acabado, prefeito. – No fim do dia, com a ajuda dos Dragões, enterram os corpos das vítimas. No rápido serviço fúnebre, com todos vestidos de branco à moda chinesa, o prefeito enalteceu a coragem dos homens que se sacrificaram para libertar Terra-Nova, prometendo que mandaria erigir um monumento em homenagem a eles, ali mesmo, para as vítimas da primeira guerra interestelar que a humanidade presenciou e Carlos Costa foi aclamado o primeiro herói de Terra-Nova, o homem que sacrificou a vida tentando pedir socorro.

Após o funeral, Daniel recolheu-se à sua cabine para dormir um pouco, porque ainda se sentia muito fraco. Mal encostou a cabeça, adormeceu de imediato. No meio da noite, a esposa deitou-se ao seu lado sem que ele sequer desse por isso. Ela também adormeceu logo porque acabou precisando de usar os seus dons duas ou três vezes, em doses menores que Daniel fez, mas o suficiente para a deixar bastante cansada.

Na manhã seguinte, ambos estavam recompostos, sem nenhum traço de cansaço das ações. Caminhavam pela nave e decidiram ver as tantorianas, como iam fazer antes. No auditório, notaram que elas estavam muito assustadas e, quando o casal se aproximou, encolheram-se todas no fundo do palco.

– Não tenham medo – disse Daniel na língua delas e usando um tom muito gentil. – Não vos faremos mal.

Acalmaram-se um pouco e ele aproveitou para ler as mentes delas, descobrindo que eram inteligentes e não tinham qualquer espécie de ódio ou raiva contra os humanos, ao contrário do que pensavam. Elas estavam mortas de medo.

– Vejo no vosso espírito que vocês são bastante inteligentes. Por que deixam que eles molestem vocês desse jeito? Ninguém merece esse tratamento.

– Nós dependemos deles, humano, senão morremos.

– Ora, pelo amor de Deus, eu e a minha esposa dependemo-nos mutuamente, mas nem por isso nos tratamos mal. Antes pelo contrário, temos muito amor e carinho um pelo outro e não entendo por que convosco não poderia ser assim.

– Ela morre sem você? – perguntou uma das fêmeas que começou a perder o medo, vendo que o humano era bondoso e não lhes pretendia fazer mal. – Pode viver sem você?

– Poder ela pode, mas o sofrimento seria muito grande para ambos.

– No nosso caso, morremos mesmo. Quando entramos em ovulação, se não formos fertilizadas perecemos em forte agonia. O senhor, mantendo-nos presas aqui, condena-nos à morte. Seria melhor matar-nos logo, como fez com os nossos. Sabemos que somos maltratadas, mas não temos como evitar.

– Em primeiro lugar, não fomos nós que os matamos, eles cometeram o erro de nos atacar de forma traiçoeira. Nós jamais quisemos uma guerra, mas precisamos de nos defender, já que eles invadiram o nosso mundo. Em segundo lugar, eu não permitirei que sejam maltratadas ou que morram. Tenho dez prisioneiros e se alguma de vocês ovular, basta chamar. Vejo que vocês não têm essa raiva absurda contra os humanos e até são bem desprovidas de preconceitos. – Ele passou a sentir uma grande simpatia por aquelas criaturas. – Terão a liberdade que quiserem. Nós vamos providenciar um deck para viverem, mas, por enquanto, evitem sair porque algumas pessoas ficam nervosas depois do que os tantorianos fizeram conosco. No meu planeta serão bem-tratadas e examinadas. Depois, se quiserem, arrumaremos um mundo para vocês. Terão toda a ajuda possível e os machos que aqui estão, passarão a trabalhar para vocês, protegendo-as e alimentando-as. Para garantir isso, faremos um posto militar de modo a vos defender. Depois, basta ensinar os vossos filhos a serem gentis. Em uma geração, tudo será diferente. Tantor está fora de questão. Se eles não mudarem as suas atitudes contra os humanos, seremos obrigados a destruir esse mundo. Alguma de vocês vai entrar em ovulação por agora?

– Ela – disse a "mulher", apontando outra cujo ventre mudava de cor. – Entrará em breve, mas ainda demorará uns dias.

– Muito bem, tome isto. É um comunicador especial e está programado para me chamar ou à minha mulher. Se precisarem de algo, basta dizer. É simples, olhe para ele e chame o meu nome, que é Daniel. Outra coisa. Esse odor que eu sinto é maravilhoso. De onde vem?

– Há um planeta humano, primitivo, que fabrica os melhores perfumes do império tantoriano. Os nossos "homens" gostam que usemos esses perfumes. Tome, tenho um aqui. Ofereço-lhe em troca da ajuda que nos dá.

– Obrigado – sorriu para ela. – Darei para a minha esposa usar porque é mesmo maravilhoso.

– "Dani, já pensaste no valor comercial disto?"

– "Com certeza. Que perfume maravilhoso. Temos de ver esse planeta. Na verdade, temos de libertar esses mundos escravizados, Dan."

– "Essa será uma das minhas prioridades, amor, mas antes o Império e a derrubada dos lagartos. Para isso, é possível que precisemos de aliados. Logo, não me resta outra alternativa a não ser procurar os centurianos."

– Senhor, até parece que vocês falam, mas sem palavras!

– "E falamos" – Dan projetou o pensamento para que elas "ouvissem" e compreendessem. – "Nós falamos com a mente. Nem todos os humanos têm esse dom. A nossa espécie está passando por uma mudança, melhorando."

– Vocês devem ser muito poderosos. – Disse a tantoriana, impressionada.

– Mas não somos. Amamos a paz acima de tudo e o nosso povo não combatia uma guerra há mais de oitocentos anos. As nossas naves não possuem armas, a não ser esta que foi construída às pressas por conta da invasão. Agora, por causa do vosso império, teremos de voltar a construir armas e a guerrear, coisa que nos dói muito porque sempre acreditamos que um povo que alcançasse as estrelas seria tão evoluído que não precisaria mais disso. O nosso mundo central é pacífico e belo, parecendo um jardim grande.

– Deve ser um mundo maravilhoso!

– Vocês logo o conhecerão, porque, em breve, sairemos daqui para lá. A viagem dura apenas alguns minutos.

– Então o seu mundo é perto?

– Não. A luz deste sol, leva trezentos dos nossos anos para chegar lá, mas as nossas naves são muito rápidas.

– Então vocês são mesmo poderosos, senhor.

– Pode me chamar de Daniel e ela é Daniela. Os nomes são parecidos, mas é apenas uma coincidência.

– Obrigada, Daniel. No nosso povo, somente os amigos usam os nomes. Então, entendo que nos quer como amigas. Eu chamo-me Mirtid. – Cada uma delas deu o seu nome.

– Mirtid – afirmou Daniela, com suavidade. – Entre nós não escondemos os nomes. Todos sabem-nos, mas sempre procuramos novos amigos e jamais desejamos esta guerra. Agora, talvez vocês sejam os nossos futuros amigos.

– Nós seremos, Daniela, obrigada pela chance que nos deram. O vosso povo é muito bondoso.

– Mirtid – acrescentou Daniel. – Vou deixar a Dani aqui com vocês para vos contar o que desejarem saber. Gostaria, também, que aprendessem a nossa língua. Eu preciso de me preparar para a viagem.

– Mas precisaremos de ir para as camas!

– Camas?

– Sim, durante a viagem. A aceleração e o choque do salto, é muito ruim e provoca dores agud...

– Não se preocupem – interrompeu, sorrindo. – As nossas naves não têm choques e, quando sairmos daqui, nem sentirão a aceleração porque podemos neutralizar a inércia. De qualquer forma, ainda deveremos demorar um pouco a partir.

– Obrigada, Daniel.

– "Dani, faz um teste. Vê se adquiriste o meu poder de sugestão hipno-telepática e tenta ensiná-las a falar português, usando esse dom. Eu estou achando que o QI delas é muito superior ao dos machos e são bastante pacíficas por natureza."

– "Eu também, amor, bem maior. Quando voamos?"

– "Em poucas horas, assim que eu acertar a vigilância planetária. Vou deixar as naves auxiliares aqui. E, já que sou o tal do almirante supremo, vou fazer uma reunião na ponte e determinar uma série de coisas. Se o imperador não gostar, que se dane. Ele que faça melhor."

Daniel saiu e deixou a esposa com elas que ficaram muito mais à vontade longe de um macho. Uma delas aproximou-se da Daniela e, sem qualquer inibição, pôs as mãos sobre os seios dela, apertando-os ligeiramente.

– Para que serve isso? – perguntou. – É macio, mas tão estranho! Não sei como vocês não perdem o equilíbrio andando!

– A nossa reprodução é muito diferente da vossa, Mirtid. Nós só ovulamos um ovo por vez, que se chama de óvulo, exceto em casos muito raros. Ele fica dentro do organismo, em um lugar chamado útero, que é como uma bolsa elástica. Quando somos fertilizadas, o bebê, cresce dentro do nosso corpo. Isso que tu apertaste, são os meus seios. Eles são glândulas que produzem leite, o alimento básico para os nossos bebês. E, também, são pontos de prazer para as mulheres durante a relação da fertilização.

– Daniela, você nos mostraria o seu corpo e como funciona? Estamos curiosas para conhecer como vocês são. – A médica sentiu-se acuada porque sabia que havia câmeras observando. Por outro lado, estava ganhando a confiança delas. Após pensar um pouco, tirou a roupa, mas antes usou a telecinésia para fazer neutralizar temporariamente as câmeras e trancou as portas de forma a que não pudessem ser abertas por fora. Ela explicou as funções do corpo humano, mostrando em si mesma. Descobriu que as "moças" aprendiam rápido e tinham sede de conhecimento, coisa que lhes negaram por milhares de anos. Notou, também, que não precisava de lhes explicar nada mais de uma vez, sinal de que eram muito inteligentes e dispunham de uma excelente memória. Ela não sabia, mas nesse momento estava firmando uma amizade firme e duradoura, que permaneceria por várias décadas.

― ☼ ―

Ver primeiro episódio: "A Invasão de Terra-Nova".


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