Capítulo 5 - parte 2 (não revisado)
– Você quer acabar como eles? – questionou, ameaçando o quarto agente. – Na minha mulher ninguém toca, entenderam? Já se deram conta de que ela é a sobrinha do imperador?
– Muito bem, mas agora você tem o agravante de agredir três agentes e resistir à prisão.
– Engano seu, faça essa acusação mentirosa e o vídeo da segurança da minha casa vai parar nas televisões dos cinquenta mundos na mesma hora. A univisão em massa vai adorar isso, o que acha? E não adianta procurar por ele aqui. A Central de Segurança está na Cybercomp, ou vocês também não sabem que eu sou um dos donos, meus caros? – Calmo, Daniel levantou a voz. – Computador, quando eu sair, a casa deve ser lacrada contra qualquer um que entre. Os cães devem ser soltos e deverá ser usada força letal em caso de invasão, inclusive pelos robôs porque atentam contra a nossa liberdade.
– Confirmado – foi a resposta da máquina. – Lacrar a casa e usar força letal em caso de invasão.
– Obrigado. Então, vamos? – perguntou Daniel, com um sorriso inocente no rosto e passando um braço na cintura da mulher como se estivesse em um passeio turístico.
Entraram no planador dos agentes. Jéssica abraçou o noivo e disse bem baixinho, no seu ouvido, o que lhe rendeu arrepios.
– Meu herói, eu te amo.
Foram levados para o palácio do Imperador onde tentam novamente revistar a garota e a cena repetiu-se, mas desta vez Daniel foi muito mais agressivo, provocando ferimentos nos agentes, que eram dez.
– Não notaram que estão violando os nossos direitos, tchê? Na próxima tentativa, rebentarei um de vocês de tal forma que precisará de ficar internado em um hospital por dois meses. Ainda não se deram conta de que não preciso de nenhum tipo de arma, seus paspalhos?
Desistiram e levaram-nos para um quarto, porque o palácio não possuía prisões. A porta foi aberta e eles empurrados para dentro.
– Amanhã, o Imperador irá interrogá-los. Vocês não podem sair daqui. Há guardas armados na porta e os comandos de abertura estão bloqueados.
Quando a porta foi fechada, Daniel começou a olhar em volta. Com seus dons telecinéticos descobriu logo o dispositivo de observação oculto. Concentrou-se um pouco e destruiu-o, através de pequenos curto-circuitos internos. Foi até à janela e viu que estavam no sexto andar, começando a rir bastante. A garota não entendeu o motivo do riso e olhou-o espantada.
– São esses os homens que o palerma do teu tio usaria para nos proteger de uma invasão? Jessy, eles nem se deram ao trabalho de saber o que posso ou não fazer. Eu poderia pular pela janela contigo ao colo e sair caminhando pelos jardins do palácio até à nossa casa! Sem falar que posso voar usando a minha telecinesia ou, simplesmente, teleportar contigo para casa.
– É melhor ficarmos aqui, e ver logo o que o meu tio inventou desta vez.
– Concordo contigo, minha linda, senão já estávamos bem longe daqui.
– Deve haver dispositivos de escuta aqui.
– Havia um, mas já está destruído. Olha na minha mente, mas mantém o bloqueio. Eles têm Escutas.
– "O que são Escutas?" – perguntou ela.
– "São portadores treinados para ouvir as conversas telepáticas sem aparecerem. Muito parecido com o que fazemos."
– "E o que nós faremos agora?"
– "Ora, minha princesa, o que íamos fazer em casa. Jantar, descansar, fazer amor e dormir um pouco. Melhor que ficarmos aqui sentados sem fazer nada."
Ela sorri, marota:
– "Isso é uma ótima ideia" – depois de duas horas maravilhosas, ela disse. – "Fiquei com muita fome, amor."
– "Veste-te então, que vamos nos divertir."
Depois de vestidos, ele caminhou até à porta. Encostou o ouvido nela e escutou. Voltou para a cama e sentou-se ao seu lado.
– "Não há ninguém atrás da porta, ainda bem porque não os quero ferir. Afinal, só seguem ordens."
Ele respirou rápido e Jéssica viu o noivo contraindo a musculatura. Com as mãos em forma de garra, ele fez um movimento rápido na direção da porta que explodiu com um estrondo, projetada contra a parede oposta, destruindo-a parcialmente. Da porta mesmo não sobrou nada, já que ficou toda destroçada. No início, nada aconteceu, até que o jovem casal observou duas cabeças assustadas, aparecendo devagar pelas laterais da porta. Eram dois guardas amedrontados, com as pistolas na mão, olhando um de cada lado da parede. Eles viram apenas um pacato casal sentado na cama, a três metros de distância e de mãos dadas.
– Acho que a porta 'tá' com defeito – disse Daniel, sorrindo com a maior cara de ingênuo. – Escute, amigo, somos portadores mas temos fome como qualquer ser normal. Podem nos trazer uma refeição?
– Fiquem bem quietos aí. – Ele levou um comunicador aos lábios e falou baixinho. Em dois minutos, chegou o chefe da segurança, um homem sisudo e mal-encarado.
– Quem fez isto?
– Fazer o quê? Ah, a porta? – perguntou o Daniel, sem esperar resposta. – Devem ter dado um curto no mecanismo da trava e ela ficou zangada. – Helena deu uma risadinha. – Explodiu de raiva, eu acho!
– Chega de gracinhas. Venham, vamos para outro quarto.
– Olhe, estamos com fome.
– Pior para vocês.
Daniel revelou para a Jéssica mais um dos seus dons. Transmitiu uma ordem telepática para o homem, que ela conseguiu ouvir com toda a clareza e nada lhe aconteceu, mas o interlocutor ficou subserviente:
– "O senhor vai levar-nos para um quarto bem bacana e depois mandará que nos sirvam uma bela refeição. Entendeu?"
– Sim, senhor.
Daniel virou-se para a noiva e acrescentou só para ela, com um ar bem maroto.
– "Este dom funciona bem, amor. Testei em um grau noventa com facilidade. Num Sapiens, nem tem graça."
– "És cheio de surpresas, amor. Eu gostaria de ter o teu grau."
– "Não é só o grau. Os dons desenvolvem-se conforme a tua personalidade e necessidade. Tu nunca exploraste a fundo os teus, pois não tiveste um treinamento igual ao meu; mas teoricamente poderias correr cem metros em seis ou sete segundos, por exemplo, e levantar mais de duas toneladas."
No novo quarto, tão bom quanto o primeiro, serviram-lhes uma lauta refeição, que comeram com prazer. Depois, Daniel bateu na porta para retirarem o carrinho. Mais uma vez sozinhos, eles recomeçaram a sua festa particular. No meio de beijos, abraços e carícias, o ambiente esquentou bastante.
No subsolo, na sala de segurança, dois agentes olhavam sedentos para a tela do vídeo vendo o casal às carícias.
– Cara, como ela é gostosa. O que eu não dava para ter essa gata.
– Ele está tirando a camiseta dela. – Disse o segundo. – Meu Deus, ela é boa como um raio!
– Se é!
– Cara, ela tem um corpo de arrepiar. Olha... vai-se virar.
– Sem pelos!
– Não sabias que as portadoras quase não têm pelos, apenas uma leve penugem, quase transparente?
Eles olhavam cada vez mais excitados, mas, no exato momento em que ele ia esquentar o ambiente, o vídeo deixou de receber o sinal. Eles quase ensejaram ver o que tanto desejavam, mas ficaram só na vontade... e na imaginação.
– Que droga, justo agora essa porcaria pifou!
– É muito azar.
– Azar não, é sacanagem mesmo, pura sacanagem!
― ☼ ―
Daniel deu uma risada.
– O que foi, amor?
– Eu deixei a câmera oculta funcionando. Os caras lá embaixo estavam em ponto de bala a nos observarem. No melhor momento, queimei todos os circuitos. Eles ficaram frustrados porque não conseguiram ver o que tanto queriam, mas pensam que é um defeito e assim ninguém nos incomodará.
– Safado, deixaste eles verem todo o meu corpo? – Ela deu uma risada alegre.
– Só uma parte, minha linda, que eu não vou entregar o ouro para o bandido. – Ele riu, e ambos entregam-se um ao outro, felizes. De madrugada, dormiram um pouco, para restaurarem as energias, muito bem gastas.
― ☼ ―
De manhã cedo, acordaram e ajeitaram-se. Quando a porta se abriu, os dois, de banho tomado, estavam sentados na cama de mãos dadas, como sempre.
– Venham, o imperador aguarda. – Disse o segurança.
Foram levados para uma sala de jantar ricamente mobiliada. Na enorme mesa, onde cabiam com folga quarenta pessoas, estava o dirigente, sozinho. Na porta, permanecia um agente armado que Daniel não deixava de observar com discrição.
– Sentem-se – disse o soberano. – Suponho que devem estar com fome, sirvam-se à vontade.
O casal sentou-se lado a lado e serviu-se de café. Quando terminaram ficaram quietos a um pedido silencioso do Daniel, que encarava o soberano com firmeza, mantendo-se impassível e notando que ele estava desconfortável. Ao fim de algum tempo, o imperador perguntou;
– Vão ficar aí parados e calados?
– Que eu saiba – respondeu Daniel, falando baixo –, a iniciativa deveria ser sua, que é o algoz e anfitrião.
– Nesse caso, Daniel, o que tem a dizer em sua defesa?
– Como vou defender-me de algo da qual desconheço. Posso saber o teor da acusação, Alteza?
– A acusação é traição ao Império.
– E o motivo de tal arbítrio tão leviano, Majestade?
– Tomar o poder, construir uma nave de guerra com intenção de ganho pessoal.
– Isso é a coisa mais ridícula que já ouvi, senhor. A minha fortuna pessoal é de dois quadrilhões de Solares, a maior do Império. Eu não preciso de mais.
– E poder, meu jovem?
– Poder? – perguntou Daniel, rindo. – Já o tenho de sobra, Alteza, muito mais do que o senhor ousaria imaginar. Está cometendo um grave erro em me avaliar assim, pergunte para Jéssica.
– Tio, ele diz a verdade, acredite em mim. Tenho vivido com ele por mais de oito meses. Nada do que faz é contra o Império e uma coisa eu sei muito bem, ele jamais mente.
– Helena, estás influenciada por ele. Cala-te e não te metas na conversa.
– Agora chega, tchê. Imperador ou não, o senhor tem de respeitar a lei. Não vou admitir mais abusos, ainda mais contra a minha mulher, sua própria sobrinha. Por duas vezes tentaram-na revistar, apenas com a intenção de mexer no corpo dela. Eu jamais busquei ganhos pessoais ou de poder e não há lei alguma que me impeça de fabricar uma espaçonave. Se o senhor fosse mais esperto, bastaria me perguntar a respeito dela porque jamais fiz mistério a respeito. Tudo o que ocorre aqui é ilegal, sem falar que tenho meios de o incomodar e muito, Alteza, então pense bem porque não estamos no século XVII onde as pessoas eram queimadas na fogueira, só porque suspeitavam delas.
– E aquela espaçonave que está construindo, rapaz, nega que é bélica?
– Ela não tem uma única arma, mas, se tivesse, o senhor continuaria sem direito algum. Não há lei que me proíba de criar armas.
– Já mandei um grupo de agentes para apreendê-la.
– O senhor é mesmo muito obtuso. Há duzentos Dragões dentro da Cybercomp desde ontem e metade deles cerca a nave. Nem a população de Porto Alegre inteira poderia chegar lá. Além disso, aquilo é propriedade particular, que nem mesmo o imperador pode invadir. Então, deixe de ser idiota. Eu coloquei-o no poder há trezentos anos e posso tirá-lo com apenas um estalar dos dedos.
– Está alucinando, rapaz?
– Não, Alteza, eu sou o meu bisavô renascido. E Helena, como o senhor a chama, era a minha esposa. Nós reencontramo-nos, o que de mal há nisso? Olhe para o seu governo. É vazio, patético. Há trezentos anos o senhor era muito diferente, um homem ativo, cheio de visão e vontade. Foi por isso que eu, ou o meu bisavô, se prefere, apoiei-o a assumir o Império. Agora, o que vejo é um homem indolente que não se preocupa com mais nada a não ser com besteiras e o próprio umbigo. É tão desprovido de iniciativa que nem imagina o que eu poderia ter feito ontem. Por exemplo, poderia ter saído andando do quarto que ninguém poderia me impedir. Ou pior, pulado pela janela com a minha esposa no colo. O senhor e os seus homens esqueceram-se que seis andares para um portador atleta é ridículo? É com esse tipo de homens que tem aqui que deseja solidificar o seu poder? Acredite que eu só quero o bem da humanidade.
– Chega – o imperador levantou-se, zangado – você é demasiado impertinente, rapaz, e eu...
– Chega digo eu. – Daniel também levantou-se, berrando com o rosto rubro de tão irado que estava, coisa nunca vista nele. O guarda que permanecia na sala, ergueu a arma contra o jovem que o mantinha debaixo da vista. Daniel olhou para ele e disse com toda a força do seu pensamento. – Baixe a arma, seu pateta, ela pesa trezentos quilos.
O guarda deixa cair a arma, gemendo com dores no braço. Sem lhe dar tempo, acrescentou:
– Você não passa de um papagaio, então comporte-se como tal.
Para espanto do imperador, o guarda inclinou-se para a frente, pôs as mãos nos sovacos e ergueu os braços, movendo-os para cima e para baixo. Ao mesmo tempo, este começou a caminhar para um lado e para outro dando gritinhos como um papagaio.
Saturnino, de olhos esbugalhados, ora fitava o guarda ora Daniel, que estendeu a mão para a arma, que voou até ele. Dessa vez, o Imperador também deixou cair o queixo enquanto o jovem, com um simples torcer, entortou todo o cano, fazendo com que ela voasse de novo, pousando à frente do suserano.
– Viu? Se eu quisesse tomar o poder, Majestade, seria fácil demais. O que me deixa triste é que poderíamos ter sido bons amigos, mas o senhor pede que eu lhe dê uma demonstração de poder, o mesmo que disse que eu desejo tomar para mim. Acha isso realmente necessário, ou quer que eu o obrigue a andar de ceroulas pela praia imitando um macaquinho para ter a certeza do meu poder? – Jéssica, tentava segurar o riso, saindo um pequeno resmungo. – Agora, Vossa Alteza, vou sair por aquela porta e vou levar a minha mulher, a sua sobrinha, para a nossa casa. Se alguém me impedir, meu caro, teremos sérios problemas, muito sérios mesmo. Eu, pessoalmente, irei ao congresso e farei com que vá parar na cadeia, isso depois de um belo impeachment. Não me julgue pela idade, pois vai quebrar os seus belos dentes.
O imperador estava transtornado, mas algo dentro dele despertou embora ficasse sem reação. Tomando a mão da Jéssica, Daniel levantou-se e, antes de sair pela porta ordenou ao guarda papagaio:
– Vá dormir e esqueça-se disto.
Virou-se e saiu porta fora. Ao chegar ao pátio, concentrou-se para mandar uma mensagem ao pai.
– "Entendo" – respondeu ele. – "Lee, está a caminho daí e deve chegar em menos de cinco minutos."
Enquanto falava com o pai, ele ficou mais distraído, mas confiava na mulher para olhar por eles. Enquanto o casal andava com toda a determinação, uma formação de vinte agentes, um deles armado, parou em frente ao portão do palácio, que estava a cerca de trinta metros. Na porta do edifício, o imperador corria para eles preocupado, mas ainda distante.
Quando o agente deu conta que Daniel não pararia, sacou da pistola e deu dois disparos. O rapaz sentiu uma dor atroz no coração e desmoronou no chão. Enquanto caía, ouviu um grito terrível da boca da sua amada. Ele estava tão atordoado que demorou a entender que não estava ferido, embora sentisse dores horríveis. Quando olhou para a frente, no chão, viu a sua pequena caída com o peito manchado de sangue. Ele sentia a dor dela que, de tão intensa, deixou-o impotente, tremendo muito e sem energia para seja o que fosse.
– Não! – A sua voz era um mero sussurro. Desesperado, agarrou seu rosto com ambas as mãos, ainda sentindo muitas dores – Jessy, o que fizeste?
– Ele ia-te matar, amor, e eu fiquei na frente. – Ela estava fraca e tossia um pouco. – Eu te amo, Daniel, e isto dói muito. Estou sentindo a minha força indo embora.
Foi nesse momento que o Imperador chegou até eles.
– Helena – ele gritou, desesperado. – Chamem um médico. Oh minha querida, me perdoa que eu estava cego. Não morras pelo amor de Deus.
– Tarde demais, tio, mas já não tenho medo. Dan, sempre tiveste razão a nosso respeito. Engraçado eu não aceitar a reencarnação, mas só ela poderia explicar o amor tão profundo e instantâneo que eu senti. Agora vou partir, mas ouve com atenção, meu lindo: tens de encontrar a Daniela. A invasão vai acontecer mais rápido do que pensas. Eu lembro de tudo... do plano... o segredo da salvação está na tua casa. E sim, faltam fotografias na sala dos ancestrais, falta a Daniela. Ela é a chave da tua vida. Amor, não voltarei mais porque vou ascender. O meu sacrifício para te salvar desencadeou o processo. Lembra-te que te amo do fundo do meu ser e obrigada por teres feito parte da minha vida.
– Não, Jessy, bloqueia a tua mente para eu poder te levar ao hospital – sussurrou, parado de joelhos de frente a ela. – As tuas dores impedem-me de reagir porque também as sinto. Pelo amor de Deus, minha princesa, bloqueia a tua mente. Eu posso te salvar...
– Adeus, meu amor. Tio, acredite nele, por favor. Só o meu Daniel pode salvar a raça humana da escravidão e destruição...
Com um suspiro final, terminou de falar e uma luz branca, muito intensa, saiu do peito dela, quase cegando todos os presentes. Quando se apagou, apenas havia uma camiseta furada pelas balas e manchada de sangue, bem como o resto das roupas. A Jéssica desaparecera, transformada em energia bem à frente de muitos guardas atônitos.
― ☼ ―
Nesse momento, no templo Shaolin, um monge meditava e rezava em frente ao túmulo vivo do Grande Dragão Branco e da esposa Jéssica. Num repente inexplicável, uma luz branca, muito intensa começou a emanar do corpo da mulher. Ao fim de cinco segundos ela sumiu. Quando o monge olhou de novo, só havia um corpo na campânula de vidro e roupas do outro lado. Ele levantou-se e correu a chamar os superiores.
― ☼ ―
A dor no peito do Daniel desapareceu de imediato. Ao seu lado, havia apenas o imperador, chorando muito, e as roupas da sua Jéssica. Desesperado olhou para cima e soltou um berro de dor e angústia, caindo de quatro sobre o solo. Com o rosto marcado pelo sofrimento, olhou para o portão e viu os guardas. O da frente estava de joelhos, vomitando. Quando terminou, com lágrimas nos olhos olhou para Daniel, sussurrou alguma coisa, pegou na arma e matou-se com um tiro na cabeça. Lee, que acabara de chegar, passou correndo por todos, até alcançar Daniel, que nesse momento, com os olhos encharcados de lágrimas, juntava o que sobrou da sua mulher: as roupas. Cambaleando, tentou andar para sair dali, mas as pernas não lhe obedeciam. O seu mestre, que presenciou o final de tudo e também tinha os olhos úmidos, amparou-o e levou-o para o carro. Ao chegar à casa do Daniel, abriu a porta.
O computador identificou-o como sendo uma das poucas pessoas autorizadas a entrar lá dentro até mesmo em modo privado, mas reagiu à programação recebida.
– Atenção, Lee – avisou a máquina – as últimas ordens determinam que ninguém entre aqui, nem mesmo o senhor.
– Computador: situação modificada, Daniel está comigo. A sua esposa foi assassinada e ele está em choque. Cancela imediatamente as ordens.
– Ordens canceladas.
– Comunica o pai dele na Cybercomp. Manda-o vir aqui com uma dúzia de Vermelhos. Obrigado.
Falando para si, disse:
– Se aquele verme quer guerra, guerra terá. Eles deviam ter lido Sun Tzu.
― ☼ ―
Sun Tzu, um general chinês da antiguidade escreveu um livro famoso chamado A Arte da Guerra.
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