Capítulo 2 - parte 2 (não revisado)
A Jessy A I "estacionou" dentro de uma cratera lunar. O comandante africano era um perito fenomenal e o Daniel já decidiu que ia convidá-lo para ser o futuro comandante da Jessy. Apesar de não o ter treinado, ele aprendeu em tempo recorde como controlar a nave auxiliar, manobrando-a com tanta facilidade quanto o próprio Daniel, que se considerava um excelente piloto. Quando a nave foi escondida na cratera, todos os equipamentos dela foram desligados, menos um reator para o suporte de vida. Assim, a descoberta tornava-se bem mais difícil, especialmente porque os reatores de antimatéria não emitiam radiações. O rapaz olhou para o comandante e disse:
– Nobuntu, vamos ao meu camarote. Preciso de concentração. Jonnas, assuma o comando e fique em prontidão de decolagem no caso deles aparecerem.
– Sim senhor. – Respondeu o homem, um dos melhores pilotos que Daniel treinou. – Pode ficar tranquilo.
O rapaz respondeu com um simples sorriso cortês e o africano seguiu-o. Sentia-se fascinado com ele porque este jovem fez coisas que ele jamais pensou serem possíveis. Ao entrar no camarote, viu na parede um quadro enorme de uma mulher ruiva, lindíssima. Fora isso, era um camarote vulgar de espaçonave.
– Essa – informou Daniel, vendo que ele observava a fotografia. – Era a Jessy.
– Entendo – respondeu o homem, que notou o tempo do verbo e a dor nas palavras do Daniel, assim como o olhar. – Sinto muito.
Não revelou que já conhecia essa história.
– Comandante, ajude-me a me comunicar com a doutora Chang. Estou muito cansado porque já não durmo há mais de sessenta dias...
– Sessenta!? – interrompeu, arregalando os olhos – o máximo que eu consigo são quinze!
– Se eu meditasse regularmente, como faço, poderia ficar mais de seis meses sem dormir, mas estava trabalhando na Jessy para pô-la em condições de voar. Sou grau cem e, por isso, tenho mais resistência. Vejamos, o senhor já a contatou antes e tem o padrão. Dirija a orquestra e eu acompanho.
– Sim, Daniel, vamos, mas ela é tão forte que basta pensar no seu nome. Jamais vi uma telepata como ela porque até os não portadores conseguiam ouvi-la.
– Deve ser como eu, meu amigo. – "Preciso de a encontrar logo" – pensou.
Sentaram-se e concentraram-se. O comandante fez contato sem demora e Daniel acompanhou-o. Quando pegou o padrão também conseguiu comunicar-se, apesar do extremo cansaço provocado pelo esforço dos últimos dias.
– "Daniela, eu sou Daniel Moreira, comandante da nave auxiliar Jessy A I. Somos a vanguarda para vos libertar e estamos escondidos na lua interna. Preciso das coordenadas de onde estão para chegarmos aí com uma força tarefa."
– "Oi, Daniel" – a mente dele não só não era estranha, como ela sentiu algo muito íntimo nesse contato, sem falar no nome, que já conhecia muito bem. Sem querer, o seu coração acelerou bastante. – "Não tenho como dar coordenadas."
– "Não te preocupes, Daniela, apenas concentra-te onde estás. Olha em volta e procura visualizar cada detalhe do local. Eu verei o lugar por teu intermédio e saberei chegar aí."
Ela obedeceu e por dez minutos pensou em todos os detalhes do lugar onde estava. Eram cavernas muito grandes em uma montanha próxima da cidade, que ficava num vale bonito. O jovem Moreira visualizou tudo como se fosse os olhos dela, mas o seu coração também estava acelerado. Aquelas ondas mentais que ela emanava eram suas conhecidas e muito especiais porque tratava-se da pessoa com quem perdeu o contato há tanto tempo. Apesar de ambos manterem as suas barreiras erguidas, sentiam essa força enorme.
– "Certo, Daniela. Aguarda uma equipe para chegar aí em meia hora. Mantém o centro da caverna livre e avisa os homens da resistência para não se assustarem nem nos atacarem. Estaremos aí em menos de uma hora, eu prometo. Adeus e animem-se que o socorro está a caminho. Até breve."
– "Obrigada, Daniel, aguardarei por ti."
Ela fechou os olhos e sorriu com ternura pela primeira vez em muito tempo.
– "Esperarei por ti até ao final dos tempos se for preciso, meu Daniel" – pensou somente para si. Lembrou-se então da visita que recebeu de um fantasma há alguns dias, achando que sofria de uma insolação. O que lhe chama a atenção nisso, foi o fato deles estarem em uma nave chamada Jessy e a garota ter o mesmo nome, Jéssica. Ela disse que tinha sido morta e que ele sofria muito por isso. A sua curiosidade aumentou cada vez mais.
Levantou-se e foi dar instruções para os amigos não se assustarem com a chegada eminente de uma força tarefa, vinda da Terra.
Os rebeldes rejubilaram, ao saberem que não foram esquecidos e seriam ajudados em breve.
― ☼ ―
No refeitório da nave terrestre, uma reunião estava em andamento, com todos os tripulantes participando, menos o oficial de armas e o piloto que estavam de vigília, mas que ouviam tudo pelo intercomunicador.
– Eu, o mestre Lee e os seis Dragões saltaremos para o planeta, junto com algum equipamento que já foi separado. Se vocês prestaram atenção, de oito naves alienígenas reportadas anteriormente, agora há trinta.
– Como saltará!? – perguntou Nobuntu, espantado.
– Eu sou teleportador natural, mas isso é segredo, ok? – Ele sorriu. – Nobuntu, o senhor assume o comando da nave. Em caso de ataque, retire-se para umas poucas horas-luz de distância e não lute em hipótese alguma. Temos equipamento portátil para comunicar em super onda, mas só o utilizaremos se houver uma extrema urgência, pois não sabemos se eles podem nos rastrear. O alcance dele é de mil anos-luz. Assim, poderemos manter contato sem dificuldade.
– Entendido.
– Se em um mês padrão nada ocorrer e não tiverem notícias nossas, voem para a Terra e contatem a minha família. Repito: não os ataquem em hipótese alguma porque temos de usar o fator surpresa. A esta altura do campeonato, eles pensam que somos fracos, desprotegidos e essa será a nossa melhor e mais eficiente arma para os enfrentar. Alguma pergunta?
Daniel olhou em volta e ninguém se pronunciou. Observou os tripulantes um por um, sabendo que podia confiar em todos.
– Vocês ficam sempre de prontidão para uma decolagem de emergência. Como já disse, o comandante será Nobuntu e o imediato o Jonnas. Façam turnos de descanso, mas sempre deverá ficar na ativa uma tripulação mínima para decolar e fugir. Compreendido?
– Sim, senhor – responderam.
Após a reunião, Lee e os seis Dragões Vermelhos agruparam-se na sala de comando. Junto, havia uma caixa de tamanho apreciável com todo o equipamento necessário para o combate que se avizinhava.
– Mestre Lee – disse Daniel em hakka, para manter a privacidade. – Vou dar um salto enorme, cerca de um milhão de quilômetros, carregando uma carga gigantesca. Quando chegarmos aos rebeldes, estarei demasiado fraco porque não durmo há muitos dias. Preciso que me protejam, já que, provavelmente, poderei não estar em condições de fazer seja o que for. Deverei ficar tão exausto que talvez perca a consciência.
– Certo, filho, fique descansado. Se for necessário protegê-lo-emos com as nossas vidas.
– Obrigado, mestre, confio no senhor, sabe disso.
Enquanto Daniel verificava algumas coisas na sala de comando, Lee deu as suas instruções aos subordinados. Logo a seguir, todos deram-se as mãos e o último segurou a carga. Diante dos olhos esbugalhados da tripulação que estava na sala de comando, desapareceram da nave para surgirem na caverna onde estavam os rebeldes que ficaram para lá de assustados ao verem oito homens surgirem do nada no meio dela. Todos, observaram o grupo de queixo caído.
Passou um segundo e ouviu-se um baque surdo; Daniel caíra desfalecido. De imediato e como que um só corpo, os seis Dragões fizeram um círculo em volta dele com espadas energéticas em punho e os olhares ameaçadores. Os rebeldes, ainda boquiabertos, olharam aqueles que eram os maiores guerreiros da antiga China. Não entendiam o porquê do brilho nas espadas, mas nenhum deles atreveu-se a uma aproximação porque sabiam muito bem que tipo de seres tinham à sua frente, já que eram de origem chinesa. Enfrentar apenas um seria a morte certa, quanto mais seis Vermelhos e um Dourado. Outra coisa que eles adorariam saber, era como raio surgiu aquela turma do nada o que contribuía para deixar os rebeldes muito nervosos.
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