37 -VOCÊ JÁ SABE



Você já sabe, eu sou sua

Yours- Mor

Era Halloween, e depois que passasse da meia noite, eu não teria mais como fugir da resposta que o vampiro buscava, teria que decidir se ficaria e aceitar tudo que isso significava. Esse foi o acordo tácito fizemos.

Eric, do jeito dele, me deu espaço durante as semanas que antecederam a data, deixando eu relaxada o suficiente para me recompor do luto após o término do meu namoro com Taylor, e foi importante, pois eu realmente gostei dele e sofri com a sua falta; e acreditar que tudo ainda estava normal.

O que não era muito difícil: continuava desmemoriada, ainda temia ser morta por algum ser sobrenatural, estava ferrada da cabeça e sozinha, era uma garçonete trabalhando para e com vampiros. Estava vivendo a minha vida normal.

A diferença era a noção de que era a reencarnação de um ser misterioso. E saber o porquê Eric me querer.

E não podia negar que isso me dava um certo poder. Ter um vampiro como ele disposto a se arriscar por mim era conveniente. Não era errado tirar proveito disso. Nem um pouco.

Mas toda vez que a gente se cruzava no bar ou o pegava olhando para mim, enquanto, depois do expediente, estudávamos livros antigos para descobrir a natureza de Acácia, e indiretamente a minha, percebia que esse não era um caminho seguro. Se ao olhar para mim ele enxergava uma antiga paixão, ao olhar para ele os sentimentos dela por ele afervoravam em mim, ou os meus cresciam... Talvez eu me queimasse mais que ele nesse jogo.

— Preparada pra essa noite?

Ergui os ombros em resposta a Belinda; ela, que assim como eu, usava um vestido preto formal, só que muito mais sexy, e segurava a bandeja na espera dos convidados da noite especial, me devolveu um sorriso frouxo. Sua aura brilhava amarela, fraca. Se ela não estava preparada, estava ao menos conformada.

Para uma festa de Halloween, estava tudo tão normal. Nada de decoração temática, nada de fantasias. E mesmo assim, ainda havia aquela aura fantasmagórica, meio misteriosa. Os vampiros, que foram solícitos ao trazerem sua própria bebida, digo convidados, compunham uma boa parte dos presentes, mas não a maioria.

Isso fez com que Ginger e Belinda ficassem mais confortáveis, pois servir mais pessoas de sangue quente correndo nas veias e respirando significava mais segurança. Ainda bem que elas não conseguiam ver o que eu via. Elas saberiam que nem todos eram humanos.

— Senhores, a cerveja. — De tamanho variado, mas não medindo menos que 1.70, os cinco ocupantes da mesa, interromperam a conversa para eu servi-los. Apesar das roupas formais, eles passavam uma vibe militar com corte de cabelo curto e rente a cabeça e a barba muito bem feita. O mais velho deles, com seus olhos afiados, não parava de me observar.

— Você é Lara, certo?

— Quem quer saber?

— Calvin Norris.

O nome não me dizia nada, mas a aura vermelha turva bastante enérgica indicava um dupla-natureza. Um lobi, talvez. Se estivesse certa, todos da mesa eram.

— E no que posso ajudar, Calvin Norris?

— Apenas sondando. — Sisudo, continuou a análise nada discreta.

— Claro. Divirtam-se

Com os olhos, vasculhei o salão à procura do meu chefe. No canto do bar, vestindo um Smoking preto, Eric estava radiante, gesticulando e rindo alto ao conversar com alguns dos convidados. Dava gosto de observá-lo, e a voz suave e hipnótica da cantora, uma mulher de pele marrom dourada, cabelos cacheados caindo até a cintura e a aura quase de azul esverdeado transparente, percorrendo o ambiente, parecia se encaixar tanto com as minhas emoções.

".... e eu não consigo tirar você da minha cabeça, do meu corpo. Você afundou seus dentes em mim. Não posso resistir porque você me pegou de jeito"

Eric virou a cabeça em minha direção como se soubesse, e sabia, o que eu estava fazendo e sorriu. Pega de surpresa, me virei na direção oposta, esquecendo do porquê o procurava a princípio.

— Calvin Norris é o líder da matilha de Shreveport. — Eric se aproximou sorrateiramente. Graças ao vínculo, cada vez mais forte, não me assustei.

— Ah... e por que ele tá aqui?

— É uma festa, minha doce Lara. Diversão com a vizinhança faz parte da minha filosofia. Não tem nada a ver com você.

— Sei, sei, porque não sou tão especial assim.

— Para mim, sim. Sua cabeça linda está segura — ele sussurrou, se inclinando até a altura dos meus ouvidos, deixando cair um pouco do seu cabelo sedoso no meu rosto. Depois se ergueu e estendeu a mão. — Me concede essa dança?

— Estou trabalhando. — Mostrei a bandeja — E meu chefe é muito chato, sabe?

— Seu chefe hoje está muito feliz para te amolar. Vem, dança comigo.

Vestido daquele jeito era difícil recusar. E sacolejar meu corpo não faria mal a ninguém também. Deixei a bandeja no balcão do bar e o segui até a pista de dança onde outros casais dançavam. Aceitando ser conduzida, resmunguei ao pegar sua mão:

— Que horas o seu convidado especial chega?

— Até meia noite.

— Em ponto? — Ele anuiu. — A Cinderela dos vampiros?

— Tipo isso, mas recomendo um pouco mais de consideração. É um crime, punível de morte, ofender a honra do príncipe.

— Ah, sim. Desculpa. — Aquilo saiu muito mais sarcástico que esperava. — Foi mal, vou ter mais consideração. Mas se o príncipe é tão especial assim, por que ele viria aqui? — Me apressei para me corrigir. — Em Shreveport, quero dizer, o bar é incrível, você é incrível, mas a cidade não é tão incrível assim.

Afagar o ego do Eric era até bem fácil, o que era bom já que eu viva dando bola fora

— Tenho contatos que me garantiram isso. E posso ter sido um pouquinho generoso ao convidar o príncipe.

— Você subor...

Eric me silenciou de um jeito que eu realmente não esperava. Com seus lábios mornos sobre o meu. E o beijo que trocamos...bem, ele era excelente nesse campo, não que eu tivesse beijado tantas bocas assim, mas, com certeza, ele poderia ganhar um prêmio.

—Essa música é...bonita.

Disse qualquer coisa só para esquecer do formigamento que o contato deixou na minha boca.

— Mor é uma sereia, é a especialidade dela cantar o que está no coração das pessoas. Essa música pedi para você.

E lá estava o refrão: "você já sabe, eu sou sua. E eu sempre serei sua. Qualquer coisa que aconteça. Vou dar tudo a você"

— Nossa, eu me sinto tão menor, mais que sou perto de você — mudei de assunto de novo. — Quase preciso quebrar o pescoço para te encarar.

— Não seja por isso.

Eric me agarrou na cintura com uma mão, grudando meu corpo ao dele, me tirando do chão. Ficar com as pernas balançando no ar me pareceu mais humilhante.

— Me solta.

Sorrindo, como uma criança zombeteira, Eric balançou a cabeça em negação.

— Olha para baixo.

Estávamos flutuando ao dançar aquela valsa.

Passava um pouco da meia noite, quando Eric chamou atenção de todos para um brinde:

— Meus caros vivo demais para estarem mortos, mortos demais para estarem vivos, hoje, dizem, o véu que cobre os mistérios do além vida se distorce. Aqui estamos, mais um ano de existência. Era esperado a presença de um convidado especial, mas .... — A decepção dele ressoou em mim, e fiquei muito tentada em ir consolá-lo. Porém, uma das características mais marcantes de Eric era a de não deixar abater, e logo um sorriso iluminou o rosto antes fechado. — Pegue seu caneco, sua garrafa de True Blood ou o seu humano preferido, e brindemos.

No final, a festa foi até melhor do que imaginei. Trabalhamos até menos, eu pude curtir um pouco. Estava no estacionamento quando Eric se aproximou. Ele se encostou na lateral do meu carro enquanto eu girava a chave para abrir a porta.

— Foi uma festa legal. Uma pena seu convidado não aparecer. Quem sabe no ano que vem — Dei dois tapinhas no ombro dele.

— Nos divertimos, isso é o que importa. — Ele pegou minha mão, que descansava sobre o seu ombro, e a beijou. — É uma pena que o vestido vermelho tenha se perdido na viagem...

—Mas aí — o interrompi —, não haveria ninguém mais bonito nesse salão, nem mesmo você com esse smoking seria tão quente.

Eric soltou uma daquelas sonoras gargalhadas e me puxou para seus braços. Dessa vez, não recuei e descansei a cabeça em seu peito

— Sei o que quer, mas ... — Não ter um coração batendo em meus ouvidos era estranho, mas também acalmava. Ainda não pensava com clareza sobre o que eu e ele éramos, ou seríamos; no entanto, eu sabia do que precisava naquele momento, afastei minha cabeça e o encarei. — Existe mais alguma coisa que eu precise saber? — Ele negou com a cabeça. — Sem mais segredos? Digo, no que diz ao meu respeito, sei que você tem suas coisas e elas não me...

— Sem mais segredos.

Ele se inclinou e antes que chegasse perto o suficiente para me beijar eu me soltei do seu abraço e entrei no carro. Sobre a janela aberta, menti:

— Não confio em você.

Ao chegar em casa, fui direto tomar banho, mas a água quente não ajudou, meu corpo ainda estava tenso e minha cabeça cheia de ideias ruins. Eu sabia que precisava ficar longe, fisicamente longe, do vampiro, mas eu não queria. Talvez eu nunca tivesse desejado de fato, pois motivos eu sempre tive e, mesmo assim, eu me convenci, todas as vezes, com as desculpas mais frágeis possíveis que eu precisava ficar.

Passava das 3 da manhã e eu rolava na cama, ansiosa, quando o senti ressoar no fundo da minha mente, também ansioso. Ao menos não estava sozinha. E quando decidi enfim ligar para ele, a companhia tocou.

Corri até a porta e pelo olho mágico o vi parado, ele ainda estava de smoking, e eu usava apenas uma camiseta por cima da minha confortável calcinha de dormir. E por alguns segundos me perguntei se a roupa de baixo bege era uma boa escolha para aquele momento. E só por isso hesitei em abrir a porta. Eric deve ter interpretado meus sentimentos confusos de forma errada, pois disse:

— Você ainda não sabe se vai ou se fica?

— Eu vou ficar.

— Então, abra a porta para que eu possa fazer sexo apaixonado e primitivo com você.

Entre abrir a porta, ser pega no colo e ser colocada sobre a cama não durou mais que alguns instantes. Com minhas pernas enlaçadas na cintura dele, passei a língua em sua presa. Ele sorriu, e veio para mim, unindo nossos lábios. As pontas afiadas deslizaram sobre a pele macia, mas não foi doloroso. O beijo foi como ele, passional, violento e um pouco gentil e por mais que ele ressoase em minha mente, me desejando; não era nada comparado ao que era lutar contra as ondas de emoções que sempre me dragavam ao fazer sexo com o Taylor.

Na verdade, era libertador saber que aquele vínculo não era unilateral. Agarrando minha cintura, ele se ergueu me levando junto, me colocando sentada na beirada da cama, se ajoelhando no chão.

Não consigo mensurar o prazer que foi assisti-lo naquela posição, sentir seu toque firme e fresco deslizando da minha panturrilha até meus quadris enquanto me puxava para mais perto, descansando minhas pernas em seus ombros. Fechei os olhos, ao sentir as pontas dos seus dentes percorrerem a parte interna da minha coxa até a barra da calcinha. Puxava-o pelos cabelos, desejando que ele cavasse seus dentes bem fundo. Mas ele fez só um arranhão. Em seguida, a saliva e a língua sobre minha pele.

— É isso que quer? — Sua voz saiu abafada sobre o tecido que cobria meu sexo. — Diga.

Grunhi um sim em resposta. Sem cerimônia, ele puxou minha calcinha. Suspirei alto com a saliva morna em minha pele, ali naquele ponto sensível. O jeito que ele apertava minhas coxas e os barulhos ruidosos que saiam de sua boca pressionada contra o meu sexo ressoava em um lugar meu que só poderia chamar de primitivo. Cada vez que lambia e sugava, alternando em rápido e delicado, eu me agarrava mais em seus cabelos.

As sensações que subiam do meio de minhas pernas atingiam meu cérebro como um raio me partindo ao meio. Quando achei que tinha chegado ao limite, ele me provou que eu poderia ir mais longe. E um grito escapou junto às minhas forças.

Deitada, ainda agarrada aos cabelos dele, olhava para o teto tentando me recompor. Ele afastou o rosto do meio das minhas pernas, e descansou a cabeça sobre minha barriga. Meus olhos buscaram os dele, e ele me devolveu um sorriso que dizia: pronta para mais uma rodada.

E na mente ecoou a voz da sereia: " Vou dar tudo a você. Você já sabe que eu sou sua .Mais fundo" 

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