21-TINGIDA DE VINHO



O colchão da cama não era ruim, era até confortável, mas eu estava inquieta. Rodava de um lado para outro buscando o sono que nunca vinha, tentando não pensar no que deu errado e como quase machuquei, indiretamente, alguém. Se estivesse no abrigo, seria esse o momento em que pularia na cama de Cintia, se eu estivesse em casa, seria esse o momento que recorreria a comida. Então, levantei e decidi ir fazer qualquer coisa, beber água, ir ao banheiro ou bater na porta de Taylor. A verdade é que eu não teria batido e chamado por ele, se não tivesse visto a luz acesa sob a porta.

— Entra.

Abri a porta, ele estava sentado com as costas apoiada na cabeceira, com algumas folhas espalhadas pela cama, sem camisa, de óculos, os cabelos úmidos caindo na testa. Era uma visão que eu não esperava, bastante instigante, que mexeu com meus hormônios e emoções. Ele se endireitou cobrindo o peito com a colcha, achei fofa a modéstia dele e sorri.

— Atrapalho? — ele negou com a cabeça apontou a beira da cama para eu sentar. — O que você tava lendo?

— Eram alguns relatórios, projetos. — Colocou os papéis na mesinha de cabeceira, me dando toda atenção.— Aproveitar que não estava conseguindo dormir. Talvez se eu tivesse bebido... mas minha cuidadora disse que não era uma boa ideia.

— E você é um bom rapaz por respeitá-la. — Ele riu, balançando a cabeça em negação.—É sim, e de óculos parece muito mais.

— Quer conversar sobre hoje?

— Não, você quer?

— Não. — Alisou meu rosto, onde estava roxo e dolorido. — Você precisa de gelo.

Ele tentou se levantar, segurei a mão que tocava meu rosto, fazendo ele ficar onde estava e levei sua mão até aos meus lábios, tocando sua pele até o antebraço. Taylor tirou o óculos e se inclinou, sua mão saiu do meu rosto e foi direto para minha nuca, me puxando para um beijo. Começou lento, como se ele estivesse me pedindo permissão, e até se tornar selvagem e ansioso.

Ele cheirava a sabão de erva doce e seus dedos, em meu couro cabeludo me puxando para mais perto, apagavam todo e qualquer traço de dor que foi deixado mais cedo, deixando uma sensação entorpecente de desejo. Taylor se inclinou sobre mim até eu deitar sobre as cobertas, se encaixando por entre minhas pernas, mas seu braço machucado não aguentou manter seu peso naquela posição, vi pela tremor no músculo, e se levantou.

Eu deveria me poupar, ser o que se espera de uma dama, ou seja lá a baboseira que empurravam para a gente sobre esperar três encontros ou mais para liberar o ouro, mas para o inferno todas essas regras de etiquetas; eu quase tinha morrido aquela noite e seu que queria fazer aquilo que não saia da minha mente, eu faria.

Me joguei para cima dele, mudando as posições, sentando em seu colo. Sua língua e lábios, percorriam meu ombro, pescoço; a barba arranhava minha pele, mas era bom. Sem pensar muito tirei a camiseta.

— Deus te abençoe, Lara. Se eu morrer hoje, vou levar para túmulo essa visão.

Não consegui evitar uma gargalhada, que foi silenciada pela boca dele na minha. Suas mãos grandes seguravam meus seios. De olhos fechados, gemi baixinho quando ele sugou meu mamilo, e agarrei seus cabelos, forçando ele olhar para mim, enquanto me sugava. De um peito para o outro, ele brincou, chupou e mordeu. Ora com calma, com quem prova algo único e saboroso, ora com desespero, como se pudesse receber dos meus seios a vida. Sem desviar os olhos do meu.

A cueca samba-canção dele, assim como a minha, era fina, se eu sentia a ereção dele latejar, ele sentia o meu calor e umidade. Com a ajuda dele tirei aquela peça, e o ajudei a tirar a dele. Não resisti, dei uma bela de conferida no pênis dele, ninguém mandou plantar a semente da curiosidade em mim.

— Não estava mentindo!— Passei minha língua da base à cabeça. — É bonito.

Ele segurou meus cabelos, e senti com toda força o seu desejo, me preenchendo da cabeça aos pés, quando olhei para ele sua aura estava clara e visível como se ele fosse feito apenas da mistura de azul e vermelho. Ele me queria tanto que a cada toque, minha pele parecia tingida de vinho. Fiquei feliz de estar experimentando isso com ele, já que ele tinha, apesar do que aconteceu mais cedo, uma aura tranquila.

Seguindo a trilha dos desejos que despejava em mim, introduzi em minha boca seu membro. Tão fácil de ler, que mesmo eu nunca tivesse feito sexo oral em um homem, me senti como uma deusa do sexo por saber onde, e como toca-lo. Quando percebi que ele não aguentaria mais, parei.

— Por favor, diz pra mim que você tem proteção.

O seu riso rouco fez todas as minhas fibras vibrarem.

— Na gaveta. Mas a gente tem tempo, deixa eu ...

— Não precisa— disse me esticando para pegar a camisinha. — Anda, coloca.

Ele me agarrou pela cintura com uma mão, tentou me deitar na cama, mas eu me prendi nele com minhas coxas.

— Sou pequena, mas tenho coxas fortes.

Ele riu.

Ele tinha razão sobre termos tempo, mas eu não conseguia pensar direito porque eu parecia inebriada de desejo, literalmente inebriada. Taylor tentou me virar mais uma vez, eu o empurrei na cama com muita força e ele riu um pouco assustado, mas assim que eu me sentei nele, sarrando nossos sexos, aquela sensação se dissipou dele.

— É do seu jeito, então. — Ele abriu o pacote e colocou a camisinha.

Com a ajuda dele introduzi o pênis em mim, e soltei um suspiro alto. Precisei de um tempo para me acostumar com a anatomia dele, diferente de tudo o que tinha experimentado até então, e segui me movimentando devagar, aumentando o ritmo, guiada pelas mão sedentas de Taylor agarradas em minha cintura. Até que o som da cama batendo freneticamente na parede disputava com a nossa respiração e gemidos.

Eu sentia que estava me desfazendo como pessoa, era só desejo e prazer. O desejo e prazer dele. Foi intenso, e um pouco assustador como não havia nada de mim naquela coisa.

—Porra!— Taylor praguejou junto ao um gritinho abafado que soltei quando senti ele gozar. E me apertou contra seu corpo, beijando meu rosto e murmurando: — Isso foi realmente muito bom, meu Deus. Você tá bem? Olha para mim, isso foi incrível, não foi?

Balancei a cabeça confirmando e deitei em seu peito, quente e acelerado. Eu estava exaurida de uma forma que nunca me senti antes. Ele se ajeitou para sair de mim e me abraçou com força. A última coisa que senti foi uma sensação cálida de carinho.

Acordei na cama vazia sentindo o cheiro de bacon e ovos fritos, catei minha blusa do chão e fui vestindo-a enquanto ia em direção ao aroma que fazia minha boca salivar. Cheguei no fim do corredor e me deparei com aquele homem sorridente de camiseta e samba calção. Ele me viu e sorriu.

— Bom dia!— Chamou-me para perto com a mão. — Eu não sou muito criativo e nem bom cozinheiro, mas me viro bem no trivial. Espero que goste.

— A comida tá cheirosa— disse me aproximando do fogão — e deve estar deliciosa. Posso ajudar?

—Você pode pegar os... esquece, apenas fique sentadinha ali— Apontou para as banquetas. — Dormiu bem?

— Dormi. — Sentei-me no banco um pouco sem graça.— Desmaiei para ser sincera, e você?

— Consegui tirar um cochilo, mas acordei bem. Apesar do pesares. — Tirou os pratos e os copos do armário alto. — Acho que vou ter que mudar algumas coisas aqui, caso você volte e queira me ajudar no futuro.

— Isso é um convite para eu voltar?

—Talvez... — ele estava sorrindo até que seus olhos focaram em mim, desligou o fogo e veio se sentar na minha frente, alisando meu rosto— Nossa, seu rosto tá... seu rosto tá ótimo.

— Obrigada, eu sei que sou linda.

— Com certeza é, da cabeça aos pés... mas o machucado, ele sumiu.

— Eu disse que era só um roxo, que iria sarar logo.

— É... mas era um roxo com três tons de roxo dentro, parecia que demoraria, pelo menos, uma ou duas semanas para melhorar. Isso é estranho... O que você é, Lara?

— Eu não sou um vampiro.

— Não foi isso que eu perguntei...

— Eu sou eu.

Queria dizer toda a verdade, toda, desde da agressão de Nabal à maldição de Eric, mas fiquei com medo, até pensei em dizer só meia verdade, que eu não sabia quem eu era, mas fiquei com medo dele chegar a conclusão que eu fui a culpada pelo o que aconteceu ontem. Então menti:

— Sou uma humana com uma cicatrização excelente?!

— Só isso, e o vampiro?

— Só. O quê; você acha que eu, sei lá, que bebi sangue de vampiro? Eca... eu já disse, eu e o Eric não temos esse tipo de relação.

— Bom, é que isso faria sentido, você sabe; sangue de vampiro cura... mas

— mas...

— Acho que tem coisa ai, Lara. Eu realmente acredito que você e o vampiro não tenham nada, mas ... acho que quando você estiver mais confortável comigo vai me contar, não vai?

— Não tem nada para contar, Taylor. Te juro eu sou humana. — Até onde eu sei, pensei. — Uma humana com fome, vamos comer, hum?

— Se você diz, vou acreditar. — Ele se levantou, colocou comidas em nossos pratos e voltou a se sentar ao meu lado. — Sobre ontem a noite...

— Você diz o que aconteceu no seu quarto ou ...

— O que aconteceu no meu quarto. — Disfarcei meu risinho nervoso. — Eu quero dizer que as coisas saíram um pouco do controle e que ... — Olhei para ele, ansiosa. — É que eu sou homem tradicional...

— Ai, meu Deus, não me diga que agora a gente vai ter que se casar e ter filhos, no plural.

— Engraçadinha, não é isso... é só que eu realmente gosto das coisas do jeito antiquado. — Enruguei a testa em descrença. — Mas não tão antiquado assim, não é só uma questão de tradição; pra ser sincero, eu não costumo dormir com pessoas com quem eu não tenha algum tipo de vínculo, Lara. E com tudo o que aconteceu ontem, acho que fiquei confuso, e ...

— Você não quer mais transar...

— Não é isso!— Ele segurou meu rosto apertando minha bochecha e dando um selinho. — Eu sei que você é ansiosa, mas deixa eu terminar de falar, por favor! — Assenti com a cabeça. — O que eu tô morrendo pra dizer é: que quero saber que tipo de relacionamento você quer ter comigo. Se isso é só um passatempo ou você consegue ver a gente, num futuro bem distante, numa relação mais estável. E não, eu não estou te pedindo em casamento.

— Eu consigo ver a gente numa relação estável, Taylor, e se depender de mim não precisa ser num futuro distante.

— Ok! — Ele me soltou e começou a comer. — Vai esfriar.

— Ok? Só isso? Tudo isso só pra me pedir em namoro?

— Eu não te pedi em namoro...

— Ué...

— ... Ainda... Vai esfriar a comida... quer suco ou chá gelado? 

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