49 - Decisions
49
Any Gabrielly
New York, NY
As peças que faltavam para o quebra-cabeça que minha vida se tornou foram expostas e eu tinha tudo na minha mão para encaixar e acabar com isso. Mas será que seria tão simples assim? As lacunas em branco que faltavam sobre o meu pai foram preenchidas e eu não sei se me fez tão bem quanto eu achei que faria.
A quem eu quero enganar? Estou mais perdida do que era antes. Meu pai não está morto e sim é um criminoso que já deixou claro que só quer me machucar, minha mãe escondeu tudo isso de mim e mentiu, meu namorado também escondeu tudo.
Respiro fundo, levantando minha cabeça para encarar minha mãe. Estamos sentadas uma de frente para a outra agora, nenhuma palavra foi dita ainda e ela permanece um pouco incrédula, com certeza em sua cabeça surgem várias questões sobre como eu acabei descobrindo isso.
- Any... - Ela começa, parecendo delicada demais com as palavras.
- Só comece se for dizer apenas a verdade e não mascarar tudo com mentiras confortáveis. - Peço-a.
Me sentia fria demais e não gostava disso. Eu que sempre fui tão intensa e transparente estava pisando em ovos para não demonstrar tanto sentimento dessa vez, eu só quero a verdade e não quero que ela me veja apenas como uma garota frágil que pode quebrar a qualquer momento.
- O quanto você já sabe? - Minha mãe pergunta com a voz calma mas com olhos cheios de lágrimas.
- Eu já sei de tudo. Quem ele é, o que ele faz... - Respondo. - Só falta eu saber o por quê.
- Não está óbvio, Any? Eu só queria te proteger do monstro que Peter é! - Ela aumenta o tom de voz. - Eu era uma adolescente apaixonada por um criminoso, como nas histórias onde tem um final feliz. Mas a minha não teve. Peter é um cara odiado e eu tive você no meio de todo o caos que a vida suja que ele leva é! Quando você nasceu eu vi que aquilo não era um conto de fadas e muito menos a vida que eu queria que minha filha levasse. Tive que sumir no mundo com você e fugir de Peter a todo momento, eu quis apagar ele de tudo, e achei que seria melhor se você achasse que seu pai estava morto do que saber o demônio que ele é.
- Você não podia ter me escondido isso, mãe. - Rebato. - Por mais duro que fosse, era uma realidade que eu tinha que encarar. É a minha realidade agora! Você não tinha o direito de me privar disso, você não tinha o direito de me fazer viver uma mentira sobre a minha paternidade e agora fazer eu me sentir completamente sem chão por descobrir a verdade de outro jeito!
- E você acha que é fácil contar para a sua filha que o pai dela é um bandido impiedoso?
- E você acha que é fácil viver a porra de uma mentira, descobrir a verdade a essa altura e se sentir completamente perdida como se não pudesse ter segurança mais em nada do que é real ou não? - Grito de volta.
Minha cabeça dói. As últimas 24 horas foram as piores de toda a minha vida, jogando todas as bombas em cima de mim enquanto eu assisto tudo explodir e fico apenas nos destroços.
- Eu sei que não é fácil mas podemos esquecer isso. - Minha mãe propõe, colocando sua mão sobre a minha que descansa em meu colo.
- Não vai ser tão fácil esquecer isso já que estou sendo ameaçada de morte pelo meu próprio pai. - Empurro sua mão, não deixando de me sentir incrédula por sua proposta.
- Peter está ameaçando você? - Minha mãe levanta da cadeira assustada, começando a andar de um lado para o outro como se estivesse pensando. - Precisamos nos mudar mais uma vez. Porém agora vamos sair do país, assim ele vai nos perder novamente. O que acha? Sim... É isso! Vamos arrumar as malas.
- Você vai, e leve o Tyler. Eu vou ficar. - Murmuro.
- Como assim você vai ficar? - Ela para pra me encarar e eu levanto da cadeira. - Any, você é só uma criança, não pode ficar sozinha. E Peter está te ameaçando, nós precisamos ir.
- Eu não posso ir.
- Como não pode ir?
- Eu também me apaixonei por um criminoso, mãe.
Pela segunda vez minha mãe parece paralisar. Sentia meus olhos lacrimejando mas já não tinha mais vontade de chorar, eu só quero que tudo isso acabe logo e todo esse drama que minha vida se tornou chegue ao fim.
Eu não posso ir embora. Deixar Noah seria o mais difícil pra mim. Me sinto segura com ele, sei que ele sempre vai fazer de tudo para me proteger e não consigo me ver indo embora sem ele. É como se ele fosse minha única certeza agora.
Passo pela minha mãe ignorando seu chamado, indo em passos rápidos para a escada que dá para o segundo andar. Entro no meu quarto com pressa e puxo minha mala que fica debaixo da cama, colocando-a em cima da mesma. Minha mãe entra no quarto quando eu estou literalmente jogando minhas roupas dentro da mala.
- Any Gabrielly Soares, o que você pensa que está fazendo? - Ela grita quase em desespero para chamar minha atenção.
- Estou indo embora. - Continuo colocando minhas coisas dentro da mala.
- Indo embora? Você só tem dezesseis anos!
Paro o que estou fazendo para encará-la, sentindo o nó se formar na minha garganta.
- Há dezesseis anos atrás você também passou por cima de tudo para fazer aquilo que você julgava certo. Eu preciso ir, pra proteger você e Tyler. - Fecho a minha mala. - Eu vou arrumar um jeito de ir, você achando certo ou não.
Eu não estava blefando, tudo isso não era só por Noah. Tyler não tem nada a ver com essa história, ele não pode acabar ferido por minha causa. Se eu tiver que me afastar para manter quem eu amo em segurança, eu vou.
Minha mãe vem até mim e me surpreende ao me puxar para seus braços, me envolvendo em um abraço. Não posso evitar começar a chorar ao sentir todo o conforto que seus braços me transmitem. Como um lugar seguro no meio de tudo que tem me rondado.
Noah Urrea
New York, NY
Aperto o gatilho, vendo a bala acertar perfeitamente o alvo. Sempre tive uma mira impecável.
Recarrego a arma, completamente entretido quando Claire puxa os tampões do meu ouvido, chamando minha atenção.
- Você deveria estar descansando, foi um puta dia pra você. - Ela diz, me fazendo revirar os olhos antes de apontar a arma para o alvo e apertar o gatilho mais uma vez.
- Não existe mais essa de descanso, Claire. - Tiro os tampões protetores do ouvindo ao travar a arma. - Só vou descansar agora quando eu acabar de vez com Peter.
Claire me encara por um tempo até soltar uma risada nasalada.
- O que é? - Questiono.
- Você está mesmo apaixonado pela pirralha.
Reviro os olhos e me retiro da sala de tiro, ainda sendo seguido por Claire. Eu sabia que era verdade mas não conseguia deixar de me sentir um idiota quando alguém dizia isso em voz alta.
- Parece que alguém ainda não consegue falar sobre sentimentos. - Ela tenta mais uma vez.
- Por que você é uma vadia tão irritante?
- Qual é, Noah, não faz mal - Claire tem um sorriso zombeteiro nos lábios. - Na verdade, eu estou até feliz por vocês.
Encaro-a e solto uma risada, balançando minha cabeça desacreditado.
- Até ontem você a odiava e não via a hora de passá-la pra trás.
- Ela não é a minha pessoa favorita no mundo mas ela está te fazendo bem, eu não posso torcer contra algo que te faz feliz.
- Quando você se tornou a porra de uma sentimental? - Zombo, ela ri.
- Desisto de ter momentos como esse com você. - Claire vai até a poltrona e pega o seu casaco, voltando a olhar pra mim. - Eu vou achar alguma lanchonete por aí antes que os caras voltem com o dinheiro. Você vai?
- Não, tenho algumas coisas pra resolver ainda. - Aponto para os papéis em cima da grande mesa do galpão.
Claire vem até mim dar um beijo em meu rosto antes de deixar o galpão, me deixando sozinho ali. Caio sentado na cadeira enquanto suspiro, me sentindo exausto. Eu poderia até tirar um tempo para descansar mas isso não vai acontecer, só vou dormir quando essa porra toda estiver resolvida.
Olho meu celular mais uma vez apenas para checar se tem alguma mensagem de Any. Puta que pariu, quando eu me tornei esse babaca por ela?
Ouço um som estranho vindo do lado de fora do balcão, o que era audível já que Claire tinha deixado o portão aberto. Pego a minha arma e a destravo, me levantando e indo em passos cautelosos para perto do portão dar uma checada no lado de fora. Com minha arma em punho eu a aponto para cada canto do lado de fora, procurando alguma coisa suspeita mas não tem ninguém.
Abaixo a arma me sentindo um pouco paranóico, mas volto a entrar em alerta ao ouvir um som vindo dos matos nos arredores do lugar, eu vejo um vulto correndo pelas árvores e matos, aponto minha arma para a pessoa em movimento e começo a disparar tiros torcendo para acertá-la, mas a filha da puta parece ser veloz.
Eu volto a travar a arma quando a pessoa desaparece no meio do mato, dou uma checada ao redor apenas para garantir que não tinha nenhuma bomba ou algo do tipo mas tudo parecia do mesmo jeito de antes. Que porra foi essa então?
Os faróis iluminando e o barulho dos carros dos caras puxam minha atenção de volta, eles estacionam ali e saem do carro com um sorriso presunçoso, deixando claro que deu certo e eles estão com a minha grana.
Sou surpreendido ao ver Any saindo do carro de Brad, ela parece estar no seu pior estado agora mas mesmo assim força um sorriso ao me ver ali e vem até mim.
- Olha quem nós encontramos perdida por aí. - Brad aponta para minha garota.
Quando Any chega perto o suficiente eu envolvo meus braços em sua cintura e beijo seus lábios, vendo-a sorrir.
- Espero que o seu convite de ficar na mansão por um tempo ainda esteja valendo. - Ela fala baixo para mim, mesmo que os caras estejam ocupados levando os sacos de dinheiro para o galpão. - Eu saí de casa essa noite.
- Wow, garota! Isso está sério demais! - Zombo, Any dá uma risada antes de empurrar meu ombro.
- Então essa é a hora que você se desespera e foge disso. - Ela arqueia a sobrancelha, provocando.
- Desde que eu entrei nessa eu nunca quis fugir disso, não seria agora que eu o faria.
Acabo com a pouca distância entre nossos lábios e a beijo com desejo. Nós precisávamos disso, de uma maneira estranha nós só precisávamos de nós mesmos para ficarmos bem. Any leva suas mãos até minha nuca ao corresponder o beijo, movimentando seus lábios em sincronia com os meus. Aperto sua cintura trazendo-a mais para perto.
- Vamos lá, casal. Não comecem a se comer em público! - James aparece, fazendo Any se afastar de mim. Reviro os olhos e dou um pescotapa em James, o que só o faz rir.
- O dinheiro já está onde deveria, o que faremos agora? - Brad diz ao nos ver entrando no galpão.
- Eu realmente acho que deveríamos ir naquela boate de strip que abriu no Brooklyn. - Sugiro, abrindo um sorriso apenas com a ideia.
- Estou nessa. - Any responde, semicerrando os olhos pra mim como se pudesse ler meus pensamentos em relação às strippers.
- Eu colo em qualquer boate, cara! - James esfrega as mãos animado.
- Não se recusa ir à uma boate de strip. - Brad também topa. - Vou mandar mensagem para a Claire nos encontrar lá.
- Eu vou chamar o Josh também, faz um tempo que não saímos juntos. - Any dá de ombros, puxando o celular do bolso.
Essa noite vai ser boa para todos nós. Estamos precisando dar um tempo de toda essa porra que anda acontecendo, uma noite pra parar de pensar nesses problemas e extravasar de alguma forma. Nada melhor do que amigos, strippers, bebidas e drogas.
Essa noite tem tudo para ser ótima.
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