25 - Mystery solved
25
Any Gabrielly
New York, NY
Minhas pálpebras estão pesadas, eu tenho que forçá-las para conseguir abrir os meus olhos. Faço uma careta, estreitando os olhos por causa da claridade que me atinge. Todos os acontecimentos com Ethan passam na minha cabeça como flashes, tenho vontade de voltar a fechar os meus olhos para não enfrentar a realidade agora. Não reconheço o lugar onde estou, para onde Ethan me trouxe?
Olho em volta com receio de encontrar Ethan por ali mas eu me surpreendo ao ver Josh dormindo em uma poltrona. Onde eu estou?
Tento me levantar mas eu paro quando sinto minha cabeça doer, minha perna está engessada e sinto fios me atrapalharem. Olho para o meu lado e vejo os aparelhos que estão monitorando meus batimentos cardíacos, o que explica o motivo de ter fios presos em meu corpo e o lugar desconhecido. Hospital.
Como eu vim parar aqui? A última coisa que eu me lembro é de Ethan me empurrando na parede e a tontura que eu senti antes de desmaiar. Ver Josh ali é um bom sinal para mim, é sinal de que Ethan não conseguiu me levar enquanto eu estava inconsciente. Passo a minha língua entre os meus lábios para umedecê-los e sinto um machucado no meu lábio inferior, o que me faz lembrar de quando eu bati com a boca no chão.
- Josh - O chamo, sentindo minha garganta seca.
Meu melhor amigo desperta assustado de seu sono, sua expressão suaviza completamente quando ele nota que eu acordei. Josh se levanta da poltrona, vindo até o lado da cama onde eu estou deitada. Me sinto melhor quando ele segura a minha mão me lançando um sorriso, sua preocupação está estampada em seus olhos mas eu não sei o que aconteceu depois que eu desmaiei.
- O que aconteceu? Como eu vim parar aqui?
- Eu não sei nem como te explicar, sério. Parece parte de filme. - Josh suspira. - O importante é que você está bem e viva, e continua linda mesmo com esses machucados.
- Eu preciso saber o que aconteceu comigo. - Insisto. - Onde Ethan está?
Josh empurra o meu corpo para o lado e se senta na minha cama, ao lado do meu corpo.
- Noah recebeu a sua mensagem e foi atrás de você. - O canto dos meus lábios se curvam em um sorriso fraco. Ele realmente foi atrás de mim. - Quando ele chegou na sua casa ele viu Ethan te colocando no carro e então ele o perseguiu. Resumindo toda essa história, o carro que Ethan e você estavam capotou para fora da pista e Noah te tirou de lá e trouxe você para esse hospital. Você ganhou três pontos no supercílio e provavelmente um trauma para o resto da vida.
- E onde ele está? - Pergunto me referindo ao Noah.
Ele poderia ter me deixado morrer nas mãos de Ethan mas ele me salvou, isso significa alguma coisa? Quero dizer, talvez Noah não me odeie tanto quanto eu pensava. Talvez, só talvez, ele tenha ficado preocupado comigo em algum momento ao me ver desmaiada. Mas eu nunca vou ter certeza de nada disso, ele não deixa os seus sentimentos transparecerem.
- Ele me ligou de madrugada me contando sobre tudo e quando eu cheguei aqui ele foi embora. É claro que eu não perguntei para onde ele estava indo, não lido bem com grosserias quando acabo de acordar. - Josh dá de ombros. - Sua mãe também já sabe, ela foi comprar alguma coisa para comer e já está voltando.
- Minha mãe sabe? - Arregalo os olhos. - Tipo, ela sabe tudo?
- Eu contei apenas que foi um acidente de carro. Ela me perguntou mais detalhes mas eu disse que não sabia de nada, você vai ter que pensar no resto da mentira.
- Não tem mentira no mundo que vai me tirar de um castigo.
Eu e Josh ficamos decidindo a mentira que eu contaria por uns vinte minutos até minha mãe entrar no quarto. Ela estava preocupada e raivosa ao mesmo tempo, deixando claro que eu nunca estive tão encrencada em toda a minha vida. A mentira ganhadora foi que eu estava com um novo amigo meu indo para uma festa escondida e então ele perdeu a direção do carro e acabamos capotando; era a única que iria conseguir convencê-la, e realmente convenceu. Minha mãe não saiu do meu lado em momento nenhum, principalmente quando o médico entrou no quarto com uma enfermeira para checar os meus sinais vitais.
O médico passou para minha mãe uma lista de recomendações, eu estava me sentindo bem e segundo ao homem de cabelo grisalho o acidente não passou de um "susto" e eu tive muita sorte. Minha mãe trouxe de casa uma nova roupa para mim já que a que eu estava usando estava suja de sangue e terra. Já vestida com as minhas roupas habituais, nós caminhamos para fora do hospital. Ainda terei que me acostumar a andar direito com a minha perna engessada.
- Eu encontro vocês na sua casa. - Josh beija a minha bochecha e vai para o seu carro.
Sigo a minha mãe até o seu carro e entro no lugar do carona, puxo as mangas do meu casaco para proteger a minha mão do clima frio de Nova York. Meus olhos encaram a janela enquanto meus pensamentos estão em Noah. É extremamente irritante tê-lo em minha mente o tempo inteiro e eu não conseguir fugir disso. É tão idiota da minha parte estar assim por alguém que não dá a mínima, seria mais fácil se eu já tivesse aprendido com os meus relacionamentos anteriores que foram totalmente fracassados.
Eu não quero estar apaixonada.
Noah Urrea
New York, NY
Jogo os papéis em cima da mesa, bufando. Eu e Claire estamos há horas no escritório tentando encontrar mais pistas para encontrarmos quem Peter está procurando antes dele mas parece que não há registros sobre Miranda Amy em lugar nenhum. Na verdade, existem várias mulheres com esse nome nos Estados Unidos e achamos em alguns países da Europa também, nós estamos procurando uma pessoa no meio de milhares no completo escuro.
- Nós deveríamos ir logo para o plano B. - Claire coloca os papéis que estavam em suas mãos em cima da mesa também.
- Não temos um plano B, Claire. Esse é o único, é nossa única chance de vitória.
- Sempre tem um plano B. Me agradeça depois por ter planejado um. - Ela tem um sorriso superior em seus lábios, esse sorriso dela me irrita pra caralho.
- E qual é o plano B, gênio?
- Os capangas de Peter estão no colégio procurando pela suposta filha dele. O meu plano B é pegar todos os que estiverem vigiando o colégio e torturá-los até termos mais informações.
- Eu acho que nem os capangas dele sabem mais do que nós sabemos. - Dou de ombros. - Eles estão tentando achar a suposta filha de Peter no escuro. Se tudo o que nós achamos estiver certo, Miranda Amy sumiu no mundo com a filha assim que ela nasceu, nem o próprio Peter deve saber como essa garota deve estar nos dias atuais.
- Não temos nada a perder. - Claire se inclina na cadeira, apoiando seus cotovelos na mesa. - Podemos ter informações novas ou podemos continuar na mesma. Pelo menos não iremos regredir.
- Tudo bem. - Suspiro ao ser vencido. - Você vai cuidar disso. Envolva quantos seguranças você precisar e organize toda essa merda, me avise apenas quando eles já estiverem no galpão vermelho prontos para a diversão.
- Eu vou fazer todo o trabalho pesado e você vai ficar com toda a diversão?
- Você não gosta de se achar o gênio? - Dou um sorriso falso pra ela. - Acho que você tem muito trabalho pela frente, por que não começa?
- Eu odeio você, Urrea. - Ela resmunga, se levantando da cadeira para sair do escritório.
Pego os papéis que estão guardados na gaveta quando estou sozinho no escritório, esses papéis são os que contém as informações sobre a suposta filha de Peter. Eu preciso descobrir isso antes dele, eu preciso usar isso contra ele. Peter não estaria movendo montanhas para encontrá-las se elas não fossem realmente importantes para ele, se eu descobrisse tudo antes dele eu usaria isso ao meu favor. Eu conseguiria fazer ele assinar contratos passando todo o seu império para mim se eu tivesse as duas em minhas mãos.
Encaro mais uma vez a foto da recém-nascida, tentando não deixar nenhum detalhe escapar. O foda é que todo bebê quando nasce tem a mesma cara, talvez seja por isso que ela está me parecendo familiar de alguma forma. Mas de qualquer jeito é como se eu conhecesse o seu olhar, essa sensação de estar deixando algo importante escapar me deixa frustrado.
Fixo os meus olhos em um detalhe importante. Uma pulseira. Eu já vi essa pulseira em algum lugar. Pelo o que eu sei sobre Peter, ele gosta de ostentar então provavelmente essa pulseira deve ser exclusiva. Fico a encarando tentando me lembrar, se eu realmente vi essa pulseira eu vou ter que me lembrar dela em algum momento.
- Any. - Eu a chamo quando ela vira de costas pronta para voltar para a sua sala de aula, a fazendo parar e olhar para trás. Ela arqueia uma sobrancelha quando eu não falo nada. - Você esqueceu isso no meu quarto. - Retiro do bolso da minha calça a sua pulseira que eu achei no meio dos lençóis da minha cama. Any olha para o seu pulso, como se tivesse acabado de perceber que não estava com a sua pulseira.
- Obrigada. - Ela pega a pulseira da minha mão, eu noto quando ela se arrepia quando nos tocamos. Mais uma que se arrepia sem eu precisar fazer muito esforço.
Não pode ser. Essa criança não pode ser a Any. A filha do Peter não pode ser a Any.
Dobro a foto, a guardando no meu bolso e caminho para fora do escritório. Eu preciso tirar essa história a limpo, talvez as pulseiras sejam apenas parecidas e eu esteja me enganando. Não consigo parar de pensar nas possibilidades durante o caminho até a casa da Any. Se ela for mesmo a filha que Peter está procurando eu sou um sortudo do caralho, Any já está em minhas mãos.
Any cede fácil para as coisas que eu quero, eu posso usá-la para acabar com Peter. Ela pode ser a minha arma secreta. Quero ter certeza de que Peter se importa o suficiente e aí sim colocar tudo em prática, se ele se importar na proporção que eu imagino, ele seria capaz de dar sua própria vida por ela.
Eu posso ser legal com Any por um tempo e fazer ela se envolver ainda mais comigo, o amor cega as pessoas, principalmente quando se tem dezesseis anos. Quando chegar a hora, Peter terá que decidir entre o seu império e a sua filha. Não hesitaria em matá-la para conseguir alcançar os meus objetivos. Eu vim para os Estados Unidos querendo ser o número um e eu não vou sair daqui até conseguir o que eu quero.
Dou uma última checada na pulseira da foto antes de escalar até a sacada do seu quarto, as portas estão abertas para facilitar ainda mais a minha visita. Respiro fundo antes de entrar, Any está sentada na cama com a sua perna engessada apoiada em uma almofada, ela está com o controle remoto em sua mão passando os canais da televisão. Sua atenção vira para mim quando ela nota a minha presença, ela pressiona os lábios juntos para tentar evitar um sorriso. Percorro os seus braços com o meu olhar, parando em seu pulso para ter a confirmação que eu precisava.
Any é a filha que Peter está procurando.
Notas Finais:
Eu vi gente acertando sobre a Any ser filha do Peter 👀
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