22 - Home Invasion

22
Any Gabrielly
New York, NY

O carro de Brad para na frente da minha casa e eu permaneço quieta. O caminho até aqui foi feito em total silêncio, na verdade nós não trocamos muitas palavras desde o momento em que nos beijamos. Eu não sei como agir agora, não sei o que seria certo eu falar ou sentir. O beijo de Brad me deixou confusa, as palavras dele antes de me beijar fizeram uma confusão se formar em minha mente.

- Você pensa demais. - Brad quebra o silêncio entre nós, soltando uma risada nasalada.

- Um defeito meu, talvez. - Murmuro.

Eu solto o meu cinto de segurança me preparando para deixar o carro quando sinto Brad segurar a minha mão que está na maçaneta do carro, fazendo minha atenção voltar para ele.

- Você não precisa ficar toda esquisita. - Ele ri. - Você pode fingir que isso nunca aconteceu, posso respeitar sua decisão. Mas eu nunca vou me esquecer que aconteceu.

- Só não quero que tudo fique estranho entre a gente. - Digo. - Eu adoro a sua companhia e não quero ver você distante.

- Eu nunca vou estar distante, linda. - Brad solta a minha mão, voltando a segurar o volante. - Mas agora você sabe minhas intenções com você.

Suspiro antes de me inclinar e depositar um beijo em sua bochecha, deixando o carro logo em seguida. O carro de Brad já estava dobrando a esquina quando eu consegui abrir a porta da minha casa, o silêncio prova que minha mãe ainda não chegou e eu fico feliz por isso porque eu ainda estou vestindo as roupas de Noah.

Eu não fico sozinha por muito tempo já que minutos depois escuto a porta no andar de baixo ser fechada e vozes ecoarem pela casa. Saio do meu quarto - já vestida com as minhas roupas - e encontro meu irmão jogado no sofá da sala.

- Elly, você não vai acreditar. - Ele se senta no sofá animado quando me vê sentando na poltrona. - O papai me deu um novo jogo de vídeo game. Você precisa chamar o Josh para jogar com a gente!

- Claro, ele não vai perder essa. - Meu tom de voz não é nem de longe animado como o do meu irmão.

- Por que você não chama o Noah também? - Ele ganha a minha atenção com o nome mencionado. - Já tinha dito pra ele uma vez quando estávamos na saída da escola o quanto esse jogo era legal!

- Noah? - Minha mãe questiona, entrando na sala. - Quem é Noah?

- É um amigo da Elly que me fazia companhia na saída da escola. - Tyler começa a falar. - Eu acho que a Elly gosta dele.

- Eu não gosto dele! - Sou rápida em negar.

- Acho que alguém está amando! - Minha mãe diz divertida ao sentar no sofá ao lado de Tyler. - Eu posso ver o brilho no seu olhar, querida. Esse Noah é do seu colégio?

- Mãe, eu não gosto do Noah. - Resmungo. - Tyler tem uma grande imaginação.

- A Elly gosta dele mas o Noah não parece gostar dela. - Tyler fala para a minha mãe como se eu não estivesse mesmo ali.

- Que tal parar de falar sobre minha vida amorosa?

- Então tem amor envolvido? - Minha mãe questiona, balançando a sobrancelha de forma sugestiva.

- Mãe! - Repreendo.

A campainha toca antes que alguém tenha a oportunidade de falar alguma coisa sobre o meu desastre amoroso. Minha mãe que antes estava risonha e descontraída agora tem um ar apreensivo, como se estivesse preocupada com quem está tocando a campainha.

- Deve ser o Josh, eu mandei uma mensagem pra ele. - Me levanto da poltrona para poder atender a pessoa por trás da porta.

Um Josh sorridente entra no meu campo de visão quando eu abro a porta, ele não espera um convite para entrar e deixa um beijo molhado em minha bochecha antes de passar por mim. Fecho a porta voltando para a sala, onde Josh já está sentado na poltrona conversando com a minha mãe.

- Eu vou deixar vocês conversando. - Minha mãe diz se levantando do sofá. - Não fiquem até tarde, vocês tem aula amanhã cedo!

Ela beija a minha testa e sorri para Josh antes de ir em direção a escada, indo para o seu quarto. Josh abre a boca para começar a falar mas eu faço um sinal com a mão o silenciando e ele entende quando nota meu irmão ali ainda.

- Tyler - Chamo a atenção dele, que está prestando atenção em seu celular. - Fora daqui!

- Por que eu não posso ouvir a conversa de vocês? - Ele reclama. - Até parece que eu não sei que você vai falar sobre o Noah. Eu ouvi você falando sobre ele com o Josh na semana passada quando você me mandou deixar vocês dois sozinhos.

- É por isso que eu adoro você! - Josh ri e faz um toque de mãos com o meu irmão. - Elly, até o seu irmão sabe que você é uma idiota apaixonada.

- Eu não estou apaixonada. - Reviro os olhos. - Tyler - Volto a olhar para ele. - Se você não sair daqui agora e me deixar sozinha com o Josh eu pego o seu jogo novo e coloco ele no fogo.

Tyler arregala os olhos e corre para a escada, se apressando em ir para o seu quarto. Eu não posso evitar gargalhar do seu desespero para fazer o que eu mandei por causa da minha ameaça, quando eu volto a olhar para Josh eu vejo a sua expressão divertida.

- Aprendeu a ameaçar com o seu namoradinho? - Ele se ajeita na poltrona com um sorriso brincalhão nos lábios.

- Ele não é meu namoradinho. - Resmungo. - Você está pegando muito no meu pé, não vou te contar o que aconteceu desde que você me largou bêbada com o Noah.

- Você não ousaria não me contar. - Seus olhos me seguem enquanto eu caminho até o sofá, que é ao lado da poltrona, para me sentar. - Eu sei que você está louca para compartilhar todos os acontecimentos com alguém e eu sou o único amigo que você tem, precisa lidar com isso.

- Você é detestável!

- Você me ama. - O seu sorriso volta para os seus lábios. - Agora me conte tudo.

- Você quer que eu comece pela parte em que eu fui pra cama com o Noah de novo ou pela parte em que o Brad me beijou antes de me trazer para casa?

- O Brad o quê? - Ele praticamente grita, surpreso. - Eu já esperava que você iria para a cama com o Babaca do Século mas você ter beijado o Brad está longe de todos os pensamentos que eu tive sobre o que você estava fazendo durante a noite!

- Você imaginou o que eu estava fazendo durante a noite? - Franzo o nariz. - Isso é estranho.

- Não fuja do assunto, Any Gabrielly Soares!

- Nós estávamos jogando vídeo game e depois já estávamos nos beijando. - Digo. - Ele estava me olhando de uma forma diferente e então começou a dizer que Noah não me merecia, depois disso ele me beijou e eu me deixei levar.

- Você é uma vadia muito sortuda. - Josh diz abrindo um sorriso. - Quem diria, não é mesmo? Você ficou um ano inteiro sem dar uns amassos e agora está com dois ao mesmo tempo.

- Eu não estou com dois ao mesmo tempo. - Começo a me defender. - Não tenho um relacionamento com nenhum dos dois.

- Mas você queria muito ter um relacionamento com o Babaca do Século.

- Eu estava sentindo coisas diferentes enquanto estava com ele. - Suspiro.

- Que tipo de coisas diferentes? - Meu melhor amigo agora assume uma expressão aterrorizada. - Any Gabrielly, me diga que você não está realmente apaixonada por ele!

- Eu acho que estou. - Uso uma almofada para esconder o meu rosto.

- Você está fodida! - Ele praticamente grita antes de começar a gargalhar, rapidamente tiro a almofada no meu rosto para ver o quanto ele estava se divertindo com a situação.

- Não é bem isso que eu esperava do meu melhor amigo. - Jogo a almofada nele mas ele a segura.

- O que mais eu posso te dizer? A merda já está feita, você já está apaixonada pelo idiota. - Josh diz. - E vocês também não combinam nada. Você é como a garota que gosta de sentir o cheiro das flores e ele não é flor que se cheire.

Josh realmente tem razão, nem de longe isso poderia dar certo. Sem mencionar que eu sou a única que aparenta estar sentindo alguma coisa. Eu preciso esquecer esses sentimentos por ele, e para que isso aconteça eu tenho que parar de vê-lo com tanta frequência. Vou cortar esse sentimento pela raiz antes que ele floresça.

Eu e Josh ficamos conversando por um bom tempo, ele conseguiu me distrair muito bem. Passamos todo o resto da conversa sem tocar no assunto "Noah" e isso foi bom para mim. Precisava de um tempo com o meu melhor amigo, é como se nós não estivéssemos nos vendo tanto quanto nos víamos antes e eu já sentia falta das nossas conversas sem sentido, desde fofocas do colégio até fofocas de celebridades.

- Amanhã eu vou estar aqui para te dar carona - Josh diz enquanto caminhamos até a porta. - Se você demorar eu juro que vou embora sem você e você vai ter que ir andando até o colégio.

- Eu não vou demorar. - Reviro os meus olhos.

- Te vejo pela manhã, e não se esqueça de não despejar o seu mau humor matinal em cima de mim. - Ele beija a minha maçã do rosto antes de sair da minha casa.

Caminho em passos lentos até a cozinha na esperança de encontrar alguma coisa para comer, faço uma careta ao abrir o armário e ver que só tem coisas saudáveis para comer, nenhuma guloseima. Minha mãe quer que eu e Tyler tenhamos uma boa alimentação e por isso enche o armário com essas coisas que nós não gostamos.

Eu paro de mexer nos armários quando ouço o som de passos. Os passos são fortes no chão, o que me leva a crer que não é a minha mãe e muito menos Tyler. Ouço o barulho de uma porta rangendo ao ser aberta mas é fechada logo em seguida, é como se estivesse procurando por alguém. Pego rapidamente o meu celular que eu deixei em cima do balcão e procuro um número nos meus contatos, a única pessoa que eu posso chamar agora. Não posso ligar porque o invasor poderia ouvir a minha voz e me achar mais facilmente então eu digito uma mensagem apressadamente com as minhas mãos trêmulas, algumas palavras saem erradas porque meus dedos tremem enquanto eu digito.

Para: Noah Idiota

Acho wue alguem invqdiu minhs cssa

Para: Noah Idiota

SOCORRO

Largo o meu celular no balcão novamente sentindo meus olhos marejados, engulo em seco quando o som dos passos parecem cada vez mais perto. Procuro ao meu redor por alguma coisa que possa servir para eu me defender, meus olhos param em um cepo de facas e eu pego uma sem pensar duas vezes. Mantenho minha atenção na porta enquanto seguro a faca com mais força, tentando engolir o choro e não entrar em desespero.

Uma sombra se aproxima da porta e eu encosto minhas costas nos armários para que não aconteça um ataque pelas minhas costas, uma silhueta aparece se aproximando cada vez mais do cômodo onde eu estou e eu sinto o pânico me dominar. Tudo o que eu senti quando vi Noah matando alguém e logo depois correndo atrás de mim volta a se repetir, só que agora é pior de alguma forma.

A pessoa atravessa a porta da cozinha, permitindo que eu veja o seu rosto graças a claridade. O sorriso doentio em seus lábios me faz tremer e eu aponto a minha faca para ele tentando parecer destemida. Mas a quem eu estou querendo enganar? Nunca senti tanto medo em minha vida.

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