2 - We have a problem
02
Noah Urrea
Nova York, NY
Que merda eu fui fazer? Steve achou que poderia ganhar de mim em uma pequena briga e eu tive que mostrá-lo que ninguém me ganha em nada. Não fiquei satisfeito em ver ele ensanguentado me implorando pela vida e estourei seus miolos com uma bala que ficou alojada no meio de sua testa, tudo estava do jeito que eu queria até eu notar que alguém viu.
Olho para o lado e vejo a garota morena quase sendo vencida pelo sono, algumas lágrimas escorrem pelo seu rosto e ela soluça mesmo estando praticamente dormindo, o que é extremamente irritante. Solto um suspiro de alívio quando a mansão entra no meu campo de visão, estaciono o carro na garagem e saio do mesmo, vou até o outro lado e abro a porta. A garota, que estava com a cabeça encostada na janela, quase cai no chão me fazendo dar uma gargalhada. Seguro em seu braço sem me importar com a força que estou colocando nele e a carrego para dentro da casa.
Assim que entramos na sala, os caras, que antes estavam rindo, olham para nós dois. A morena está com medo, posso ver isso em seu olhar e na forma como ela está tensa ao meu lado, mas pelo menos não está soluçando mais.
- Quem é a garota, Urrea? - James quebra o silêncio existente na sala.
- Temos um problema. - Digo indo direto ao ponto.
- Ela é o problema? - Ele pergunta e eu sei bem onde ele quer chegar.
- Não quero ela morta. Pelo menos não agora. - Sinto o olhar da morena em mim mas eu simplesmente ignoro.
James se levanta do sofá e Brad apenas assiste em silêncio, ele se aproxima da morena e eu travo o meu maxilar. James gosta de se livrar de todos os seus problemas simplesmente com a morte. Eu gosto da tortura. Ele para em frente a garota e eu solto o seu braço fino.
- Qual é o seu nome? - Ele pergunta e eu olho pela primeira vez para ela. Seus olhos estão cheios de lágrimas, ela está se controlando para não chorar aqui e eu fico feliz com isso porque o choro dela é insuportável. Ela até é bonita e tem um bom corpo, se não fosse tão insuportável e não soubesse demais até poderia dar a ela a honra de ir para a minha cama.
- Any. - Sua voz sai trêmula e ela fecha os olhos por alguns segundos antes de voltar a abri-los.
- Brad. - James chama e Brad, que estava apenas assistindo a cena, se levanta do sofá se aproximando de nós. - Leva a Any para o quarto do Noah e garanta que ela não faça nenhuma besteira que acabe em tragédia.
- Meu quarto não. Não fode, James. - Reclamo.
- Quem arrumou o problema foi você. Vai ser o seu quarto. - Ele diz e eu tento me controlar para não dar um murro na cara dele.
Brad coloca a mão nas costas de Any a guiando para fora da sala, assim que os dois desaparecem do meu campo de visão eu caminho até o sofá e me sento, recebendo o olhar curioso de James.
- Qual é o problema? - Ele pergunta.
- Eu matei o Steve. Ele decidiu brincar comigo e eu não hesitei em acertar uma bala no meio da sua testa.
- Onde está o corpo? Nós vamos até lá nos livrar dele. - James diz já retirando a chave do seu carro do bolso da sua calça jeans.
- O problema não é exatamente esse. - Digo fazendo ele me olhar novamente. - Ela viu. - Pressiono os lábios em uma linha fina e James continua me encarando, procurando por algum sinal que indicasse que eu só estava brincando.
- Como assim ela viu? - James finalmente diz, quebrando o silêncio. - Porra Noah, logo você que é considerado um dos melhores cometer um erro desses?
- Eu sei. Mas eu vou dar um jeito de ela não falar nada, ela vai ficar com a porra da boca fechada.
- Ela vai ficar de boca fechada sim, até porque ela vai estar morta. - Ele diz e puxa o seu cabelo enquanto começa a andar de um lado para o outro na sala.
- Não vamos matá-la. - Me levanto do sofá. - Ela vai ficar de boca fechada, eu te garanto.
- Onde ele está? Eu vou até lá com Brad para sumir com o corpo. - James diz quando para de andar de um lado para o outro. - E você vai lá colocar medo nela. Quando Claire chegar da casa dos pais dela nós vamos fazer ela encontrar cada detalhe da vida dessa garota para tê-la em nossas mãos. Todo mundo tem um ponto fraco e nós vamos descobrir o dela.
Any Gabrielly
New York, NY
Entro no quarto com Brad logo atrás de mim. O quarto não parece ser de um assassino. As paredes são pintadas de azul marinho, a grande cama de casal é coberta por um lençol branco com alguns travesseiros da mesma cor, o chão é de madeira, e o resto dos móveis também são brancos. Ouço o som da porta sendo fechada e respiro fundo, me sentando na ponta da cama e deixando meu rosto se esconder em minhas mãos.
- Me deixe adivinhar, estava no lugar errado na hora errada. - Brad diz e pela primeira vez posso ouvir sua voz, me limito em apenas balançar a cabeça positivamente e ele ri nasalado.
- Vocês vão me matar? - Pergunto levantando o meu rosto para olhá-lo.
- Eu não sei. Noah e James que tomam essas decisões e pelo visto nenhum dos dois simpatizou com você. - Ele diz enquanto pega um cubo mágico que estava em cima da mesa de cabeceira, logo começando a tentar resolvê-lo.
- É ótimo saber disso. - Digo com ironia e olho para minhas mãos que descansam em cima das minhas coxas.
- Se o Noah quisesse te matar, ele já teria matado. - Brad diz com naturalidade, como se isso fosse a coisa mais banal do mundo.
- Por que eles estão me deixando aqui? Por que não me mataram logo? - Pergunto após alguns segundos de silêncio, com todas as dúvidas rondando a minha cabeça eu não consigo ficar calada.
- Acredite, se eles te deixarem sair daqui viva vai ser ainda pior. Você vai ter medo de viver todos os dias, seu psicológico irá te matar sem que eles precisem fazer esforço. - Eu estremeço ao ouvir suas palavras e prefiro ficar quieta, não quero mais ouvir as respostas para as minhas perguntas.
Depois de alguns minutos em silêncio a porta do quarto se abre, revelando Noah com o maxilar travado e uma expressão de raiva. Brad tira a sua atenção do cubo mágico por alguns segundos para olhá-lo e logo volta a tentar resolver o brinquedo de desocupado.
- Brad, James está te esperando na garagem. - Noah diz ríspido e deixa a porta aberta para Brad sair.
- Beleza, cara. - Ele diz e deixa o cubo mágico em cima da mesa de cabeceira, no mesmo lugar que estava antes. Brad sussurra um "boa sorte" no meu ouvido antes de deixar o quarto e Noah logo fecha a porta, virando sua atenção para mim com a maior expressão de raiva do mundo. Tudo bem, essa é a hora da minha morte.
Ele se senta em uma poltrona branca que se encontra na frente da cama, ficando de frente para mim. Abaixo a cabeça e me esforço ao máximo para não cair em um choro de desespero em sua frente enquanto imploro pela minha vida.
- O que aconteceu enquanto eu não estava aqui? Sobre o que conversaram? - Ele quebra o silêncio e eu levanto a cabeça para olhar pra ele, nossos olhos ficam presos um no outro e eu fico ainda mais nervosa do que estava antes.
- A gente só... Espere, isso não é da sua conta. - Noah dá uma risada nasalada antes de apoiar seus cotovelos em seus joelhos e me olhar com divertimento. É claro que ele está adorando me ver transbordar medo.
- Você sabe que eu posso te matar a qualquer momento, certo? - Estremeço ao me lembrar do que Brad me disse anteriormente.
- Por que você não faz isso logo? Me mate e vamos acabar logo com esse jogo.
- Sabe, Any... - Ele se encosta na poltrona e tira do bolso da sua jaqueta um maço de cigarros juntamente com um isqueiro, Noah tira um cigarro do maço e coloca entre os seus lábios antes de o acender com o isqueiro. - Eu não mato quem se mete no meu caminho. Eu torturo. Psicologicamente ou fisicamente. - Ele diz como se aquilo fosse completamente normal e solta a fumaça pela boca.
- Eu só quero esquecer que essa noite aconteceu. Droga. - Apoio os meus cotovelos em meus joelhos e escondo meu rosto em minhas mãos novamente tentando controlar meu choro.
- Você viu demais. - Ele diz e eu posso sentir a fumaça ao meu redor, mas estou nervosa demais para me importar.
- Eu não vou contar pra ninguém. Isso não é da minha conta. Você teve seus motivos para fazer o que fez, por mais errado que seja, e isso não é da minha conta. - Levanto a minha cabeça. - E eu não sou burra de abrir a boca, eu te vi matar alguém e tenho certeza que não sentiria dó de me matar também.
É como se tudo o que eu já tivesse feito em minha vida passasse pela minha cabeça como um filme. Eu tenho apenas dezesseis anos, ainda nem consegui tirar a minha carta de habilitação e já tenho meu nome escrito em uma lista da morte.
- Tudo bem. - Ele dá uma pequena risada e faz uma pausa para tragar novamente o seu cigarro. - Você conseguiu me surpreender.
- Então vai me deixar ir embora?
- Claro que não. - Noah ri e coloca o seu cigarro em um cinzeiro próximo a ele. - Ou melhor, não vou deixar você ir agora. Depois, quem sabe.
- Ah, qual é. - Choramingo. - Eu tenho escola amanhã e se minha mãe chegar em casa e eu não estiver lá eu nem sei o que ela pode fazer comigo.
- Relaxa, não vai perder suas preciosas aulas amanhã. - Ele levanta da poltrona e caminha até a cama, sua mão agarra um dos vários travesseiros e joga na poltrona que ele estava sentado antes. - Se divirta dormindo na poltrona.
- Sério? - Olho para ele incrédula. - Em uma poltrona?
- Agradeça por não ser no tapete.
- Ah, claro. Muito obrigada Noah, você é extremamente gentil. - Sarcasmo pingava de cada palavra e isso não pareceu agradá-lo. Ele fica na minha frente e se curva, ficando com o rosto a centímetros do meu. Seus olhos da cor verde estão escuros e o medo começa a dominar o meu corpo novamente.
- Preste atenção, vadia. - Ele fala de forma ameaçadora, me fazendo engolir em seco. - Não brinque comigo, eu não sei brincar. Você deveria lamber o chão que eu piso por ter poupado a sua vida, mas não faça eu me arrepender por te deixar viva. - Noah trava o maxilar e se afasta, batendo a porta com força ao sair do quarto.
Quando me encontro sozinha naquele quarto eu permito algumas lágrimas rolarem pelo meu rosto. Sempre ouvi dizer que quando você é uma pessoa boa, coisas boas acontecem com você. Essa regra não está sendo seguida na minha vida. Acho que o mundo está conspirando contra mim e eu realmente não sei como lidar com isso.
Seco as minhas lágrimas e me levanto da cama, ajeito o travesseiro na poltrona e me sento. Tento achar a posição mais confortável para dormir, o que é um pouco difícil, e deixo o cansaço desse dia louco me ganhar.
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