8. A escuridão de todos nós

Há um momento em que você vê toda sua vida passar frente aos seus olhos, e quando eu vi aqueles olhos verdes e furiosos fitando-me com completa raiva, pude ver além do passado; Imaginei-me sendo lançado pelo ar como Anna, caindo e sentindo cada osso quebrando por dentro a cada mínimo movimento de sua mão, e apesar da minha ousadia em respondê-lo, e de ser visível o quão irritado ele está, consegui respostas que, resolve algumas de minhas dúvidas e certamente, se minutos depois eu estiver inconsciente no carpete desta biblioteca, estarei orgulhoso de mim mesmo.
Isso parece loucura.

– Quem te deu permissão para caminhar pela mansão como se fosse alguém da família? – suas palavras foram claras e diretas, não tenho dúvidas, no entanto não foram afiadas o suficiente para me acertar. Com o tempo, você precisa aprender a lidar com o que te incomoda, e eu aprendi...

– Posso não ser da família, mas tenho o direito de procurar respostas – minhas palavras saem rápidas e fico impressionado por não ter gaguejado – Você vê como se aqueles dois malditos dias depois da minha chegada fosse um dia qualquer, eu não.

Ele soltou uma gargalhada irônica enquanto caminhava em minha direção, e meu coração acelerava junto a seus passos.

– Então quer dizer que, com aquelas migalhas de atenção que eu te dei – respiro fundo, apesar de tudo, sei que é verdade – Você se apaixonou por mim?

Seu sorriso mostrava o quanto ele se divertia com aquilo tudo

– Eu não me apaixonei por você – rangi entre dentes, mesmo que seja mentira e eu esteja louco por ele, não irei dizer. Não vou. – Só estou confuso, você fazia aquelas coisas...

– Telecinesia? – subitamente, antes que eu pudesse responder, uma onda gélida atravessou e de repente, todos os livros da estante foram ao chão. Meu queixo caiu, era tão... sobrenatural. – Não se admira que eu consiga fazer tais coisas?

Sua expressão triunfante me irritava, era como se novamente, ele estivesse controlando o garotinho inocente. Sinto tudo, ódio, amor, frustração, atração, paixão, tudo apenas por um único e maldito homem.

– Não. Não acho surpreendente. – minhas palavras fazem-no rir, ele sabe que estou mentindo, ele me surpreende por saber o que sinto, mas como? porque?

– E isto? – Uma sorriso descarado surgiu em seu rosto e então, senti medo, seus olhos verdes mudaram totalmente de cor e uma cor inebriante tomou seu lugar, e após um tempo pude perceber que eram dourados, a luz de suas órbitas brilhavam muito, tanto que eu não podia encarar por muito tempo. Um leve toque seu na mesa de madeira escura fez um líquido negro e viscoso aparecer misteriosamente do seu carpete e deslizar como água pela superfície até cobri-la totalmente; O objeto agora era como a noite, a escuridão, e eu estava embasbacado, ondas negras movimentavam-se como um mar tempestuoso. Como ele tinha conseguido aquilo? Havia vindo junto á tal maldição?
Então, com um leve e insignificante estalo de língua do homem, a mesa se desfez em cinzas. Senti minhas órbitas ficarem prestes a pular para fora, o que ele havia feito? Como conseguiu? Essas perguntas repetiam-se em minha mente e eu não chego a questionar que talvez eu esteja louco.

– Como... – antes que eu terminasse a frase, vi seus olhos de ouro fitarem-me como se eu fosse seu objetivo, o centro do alvo ao qual ele iria atirar com sua arma. O líquido agora, deslizava sobre o mar de livros caídos e amontoados, cada vez mais a tal coisa se aproximava e o desespero tomava conta de mim e instantaneamente, fui dando passos para trás até perceber que eu estava preso, atrás de mim a parede impedia minha salvação, minha fuga. Mais acima, a luz da lua entrava pela alta vidraça.

Xinguei a mim mesmo por não ter crescido mais.

Se eu tivesse escolha, preferia ser lançado no ar, bater minha cabeça e morrer; Quanto a minha real situação, meu corpo não sabia lidar, meus pés não se moviam tão rápido, minha mente estava vazia e eu não conseguia pensar em nada, nem mesmo na minha morte.

– Eu disse que não iria ficar assim – sua voz grave e sexy que ainda me fazia estremecer diziam as últimas palavras que eu iria ouvir, e meu peito queimava ardente por algo inexplicável – Você não pode provocar um incêndio, e esperar o fogo alastrar.

Eu o-provoquei. Ele era o fogo, e ele iria me queimar, mas ainda não entendo o que fiz para ele, tudo é tão confuso

– Eu não te provoquei! – grito irritado, foi o contrário, ele sabe disso! – Você veio atrás de mim, atormentando minha vida com suas brincadeiras de mau gosto, rindo dos meus sentimentos, acabando com minha paz e tranquilidade... Porque você me odeia?!

As sombras pararam diante dos meus pés, minha respiração estava ofegante e eu suava frio, desesperado, confuso, olho para a silhueta do homem, seus olhos dourados brilham em meio á razoável escuridão, a cada passo, os livros que estavam no chão voltam para seus perspectivos lugares na prateleira, meu corpo dói, minhas pernas trêmulas hesitam, não sei quanto tempo a mais posso suportar.
Frente a mim, estava o homem que despertou-me sentimentos que ao menos sabia que existia, e eu, apesar de tudo, sou um imbecil por ainda sentir atração por ele. Por que o amor é tão algo difícil e confuso?
Sua expressão era sombria, não demonstrava qualquer sentimento, nem raiva, nem frustração, nada disso, era um sentimento... puro?
Fecho os olhos quando percebo que, ele está próximo a mim, seu perfume me deixa prestes a entrar em delírio, mesmo assim não ouso abrir os olhos, eu vou morrer e não quero ter o rosto do meu assassino como minha última visão... Estremeço.

Uma sensação amedrontadora e prazerosa toma conta do meu corpo quando sua mão desliza pela minha bochecha, seu toque quente e sua pele sedosa causam-me arrepios. A eletricidade corre pelas minhas veias como uma grande rede de energia, interligadas trazem uma grande quantidade de adrenalina que, por mais estranho que pareça, eu gosto. Antes que abra meus olhos, sou envolvido e elevado ao mais alto onde eu poderia ir, minha mente voa, não apenas flutua, sinto seu gosto e meu coração está prestes a saltar do meu peito, suas mãos tocam minha pele causando mais arrepios, meu estômago vibra cheio de borboletas...

– Eu te quero Will – Sua voz é tão verdadeira, sua respiração ofegante, como se ele necessitasse de mim para viver, e a cada beijo é como se, ele estivesse desejando isso a muito tempo – Fique comigo, não me deixe, por favor.

Lágrimas começam a cair de seus olhos enquanto nos beijamos, flashes de luz fazem minha mente voltar aos vários momentos que passei aqui, quando meu coração doía pelas suas palavras no meu primeiro dia aqui, quando fui atrás de respostas e ele me enganou, quando ameaçou-me, quando Anna contou-me o que ele fez a ela e sua irmã, as desgraças que ele já fez comigo também com outras pessoas...

– Não... – viro meu rosto, ele tenta beijar-me novamente e sou obrigado a empurrá-lo – Não!

Ele afasta-se, então percebo que seus olhos estão verdes e avermelhados e lágrimas ainda caem, sua camisa branca está amarrotada e seus cabelos bagunçados, um dos botões de sua camisa está aberto e deixa uma parte de seu peitoral exposto. Engulo em seco e digo tudo que eu precisava dizer:

– Eu não quero isso, não quero me sentir confuso e perdido – As palavras doem em mim, mas vejo o efeito duplicado nele, seus olhos mostram sua verdadeira face, um garoto perdido e confuso, como eu, mas não sei se devo confiar, não posso confiar em ninguém... – Quando cheguei aqui, queria ter uma vida normal como a de qualquer outra pessoa, e do nada, você começou a me fazer pensar coisas que não existiam, riu de mim por gostar de você e eu não sei o motivo, porque eu Adrian? Por que?!

– Você é especial – isto quase me abalou, mordo os lábios na tentativa de digerir sua futura desculpa – E eu não sabia que era você, e eu não tinha ideia do que sentia por você...

Eu fito-o confuso, suas palavras são difíceis de entender, não fazem sentido para mim

– Eu não posso te dizer como nem porque – completou ele, aproximando-se novamente, quando sua mão toca o meu braço, eu o puxo – Por favor, apenas confie em mim...

– Não vou confiar em você – rangi entre dentes, lágrimas escapam mas não me impedem de dizer – Eu não te conheço, você não me conhece, é o melhor.

Enfurecido, ele soca sua mão na parede e levo um leve susto, já não me espanta suas mudanças de humor repentina

– Você não entende? Você é a minha salvação! – esbravejou ele aos prantos, não sei o que fazer – Sem você eu vou morrer, você é a cura... E eu quero te proteger.

– Não quero que me proteja – cruzo os braços impaciente, não entendo nada do que ele diz, nem o que ele sente por mim, há apenas uma solução – Só quero que me deixe em paz.

Seu rosto fica sério por alguns minutos, encarando-me, seus olhos verdes fitam-me e seus lábios desejam-me e eu também, mas é impossível, isto tudo é apenas mais uma farsa dessa família

– Sabe qual é o maior erro que já cometi? – perguntou sério, balanço a cabeça – Mentir, pois agora até a verdade tornou-se mentira.

O-vi dar as costas em silêncio e sair pela porta da biblioteca, não havia mais nada, nem líquido negro, livros caídos, bagunça, medo, apenas o silêncio, observei ao meu redor e respirei fundo, tudo que ele me disse tilintava na minha cabeça, eu tentava raciocinar e montar o quebra-cabeça que ele dispôs a mim, com as costas das mãos limpei minhas lágrimas e suspirei. No carpete, caído em frente á prateleira, estava o livro daquela família, a capa feita de couro e as folhas que guardavam a história de várias gerações, pego-o com cuidado e ponho no seu lugar, cruzo a porta e olho para o corredor, não há uma pessoa sequer, apenas a decoração...

– O que faz aqui Sr. Storment? – a voz assustou-me, olho para o chão e vejo o livro caído, a mesa está em perfeitas condições e os olhos verdes encaram-me furiosos, minha cabeça doía; Tudo foi tão real, eu tenho certeza que era real, quando ele fez aquilo com a mesa, seu beijo, a sombra, mas agora percebo que foi apenas um delírio de minha cabeça... só isso? Posso confiar em minhas loucuras?

– Eu... – penso em algo que funcione perfeitamente como desculpa, necessariamente algo bem diferente do que foi dito no sonho, Adrian Darkness é esperto, ele deve saber quando estou mentindo ou falando a verdade, depois do que ando passando não duvido mais de nada – Estava entediado, perguntei a um homem se havia uma biblioteca...

– E porque o diário da minha família está caído? – Estremeço, mordo os lábios e respiro fundo, posso estar delirando mas... se aquilo for verdade? – Então você estava bisbilhotando sobre minha família... porque?

– Nada. – abaixo-me para pegar o livro novamente, mas quando estou prestes a levantar, deparo-me com um leve volume no tecido preto, engulo sem seco... porque ele faz isso?

Levanto-me rapidamente, sinto minhas bochechas queimando e tento impedir que ele perceba, mesmo que eu esteja consciente do rubor em meu rosto

– Obrigado – digo quase sem voz, sinto seu perfume novamente e sinto os mesmos calafrios do delírio, olho um pouco para a capa do livro, o que deve haver nele? Eu preciso saber... mas não posso arriscar logo depois de ser pego em flagrante. Ponho o livro em seu devido lugar e pressiono os lábios sem noção do que dizer á ele... Essa é minha deixa, dou meu primeiro passo para ir em direção á porta mas sou impedido pelo seu forte braço que segurou-me, seu toque era tão quente e singelo que mal imaginava que poderia ser desse homem horrível  – Por favor, eu quero sair...

Antes que eu terminasse a frase, fui surpreendido, ele pegou o livro na estante e entregou-o á mim, encarei-o na tentativa de descobrir os seus novos joguinhos, suas armadilhas, mas nada encontrei

– Leve, se estiver interessado – suas palavras são... sinceras? Cerro meus olhos em estranheza, tento adivinhar qual será seu próximo passo... – Só peço que me devolva depois e não conte a ninguém, ok?

Estou prestes a rir, não em um bom sentido, estou nervoso, o que esse homem tem para me fazer sentir assim? É tão confuso, esses pesadelos que são tão repentinos, e suas ações que me fazem feliz e triste ao mesmo tempo... eu não faço ideia do que acontece. Assenti em confirmação, e esboço um meio-sorriso, algo em mim sente alegria ao vê-lo e também tristeza, é tão confuso.

– Mais uma coisa... – Estava prestes a sair, suspiro um pouco tenso, será que meu delírio realmente vai acontecer? Ou ele vai tentar me matar? – Podemos conversar á sós?

Eu sentia medo, independente do que aconteceria se eu aceitasse seu pedido, e era aquele típico pensamento dividido entre ir ou não; sorrir ou não; amar ou não;

– Depois de tudo o que você me fez? – esforço-me para trazer arrogância a voz, no entanto ela sai apenas fria, é como desejo – Eu não sou um brinquedo para ser manipulado... E nesse exato momento penso se você está preparando mais uma forma de me humilhar...

– Por favor? – suas mãos desceram direto para seus bolsos, sua expressão era tão... aflita, ansiosa, como se ele desejasse realmente falar comigo – Eu prometo que não farei nada... não se você não quiser.

Meu coração disparou, ele esboçou um leve sorriso que me surpreendeu, porque ele estava daquele modo? Gentil?

– Está bem... – Meus olhos pareceram saltar, eu tinha visto Adrian Darkness sibilar um "Yeah"e sorrir, eu não entendo... – Apenas porque você me emprestou o livro.

Dou-lhe as costas e vou direto para o meu quarto, não tenho tempo para conversar com ninguém, lanço-me sobre a cama e abro o livro na primeira página e continuei da onde parei...

" Em alguns casos, você é obrigado a fazer sacrifícios e o meu foi buscar ajuda com meus inimigos. Foram-se anos em busca de uma bruxa que pudesse retirar esse maldito feitiço, minha mulher havia largado-me com meus três filhos para que juntasse-se com um artista de circo, não era de se admirar, eu estava sendo obrigado a perder todos a quem me fazia feliz, fui amaldiçoado, e enquanto não arranjar um modo de escapar, irei continuar com minhas grandes companhias, a aflição, a tristeza e a decepção, elas sim, continuariam ao meu lado por anos.
Olhos violetas, se eu encontrasse alguém com aqueles olhos eu juro, iria matá-lo, junto a tristeza, o ódio também crescia dentro de mim, os anos vinham mais é mais e o tempo passava, decidi-me que faria de tudo para ser liberto, conversei com várias feiticeiras, bruxas, cartomantes, magos, visitei países afora na tentativa de conseguir a cura e nenhum deles sabiam o que fazer; idiotas, imbecis, mentiroso, isto o que eles são, como diziam saber a magia e não podiam ajudar-me? Tenho consciência de que era um grande perigo mostrar sua magia numa época como aquela, mas eu os-paguei, com grandes quantidades de moedas feitas de ouro, minério que eu havia conseguido do meu pai por meio da herança, mas nenhum trouxe-me o que eu esperava: A felicidade.
A noite havia chegado e a lua cheia resplandecia em vigor, um belíssimo evento iria acontecer naquela noite, o enlace matrimonial do conde Augustus literfield, assim, deixei meus filhos com Tarya, uma vizinha e amiga da família, como não podia ter filhos, ela cuidava dos meus como seus, deixei-os com ela para que pudesse ir em busca de Marine Naptellie, muito conhecida pelos seus trabalhos. Após um tempo, descobri aonde ela estava e fui atrás de tal, ao chegar numa velha moradia que indicaram-me, bati a sua porta, a loira de olhos verde-água me recebeu com alegria, fui levado a um cômodo para ser "atendido", no entanto, fui surpreendido com um choque elétrico em minha cabeça e caí inconsciente. Ao abrir meus olhos, tento me mover mas sou impedido, sinto o aroma das velas no ar e a luz turva que era refletida na parede; palavras são ditas em baixa voz, como sussurros, e então, os olhos brilhantes e ardentes da loira fitaram-me com completo ódio e fúria, em suas mãos ela segurava um galho de um árvore, gritei para que me soltasse mas fui respondido com um ato agressivo, " Você terá o que merece" sibilou ela rindo muito mais alegre e satisfeita que antes "Irá pagar pelo que fez a minha irmã, pagará com sua alma." Quando seu galho foi quebrado, senti um arrepio correr por todo meu corpo, e entrei num lugar vazio, escuro e frio, como se fosse meu interior, de repente um som ensurdecedor me fez gritar, um dor lancinante fazia-me debruçar, riscos dourados atravessavam o vazio às vezes, olho para o chão e vejo meu reflexo nele, como se fosse líquido, antes que eu o-tocasse, acordei completamente sem ar, sozinho, ouvia ruídos e risadas, a luz do dia tomara o lugar da noite e eu sabia que algo havia de errado, estava pagando o dobro do que merecia. De repente, senti um toque familiar em meu ombro, os olhos verdes de Jeremy fitavam-me intrigado, devo ter passado a noite inteira largado pelas ruas. Com toda certeza, eu não imaginava o que iria acontecer, apenas abracei-o, um simples abraço que eu precisava para me sentir novamente em casa, e foi este mesmo abraço que o-matou, foram-se apenas duas semanas em grave estado e o-perdi, perdi meu filho caçula.
Há anos que não escrevo mais neste diário, sinto-me que não há mais sentimentos bons em mim que sejam necessários para serem expressados, os anos se passaram e eu via meus filhos crescerem mais e mais, eu penso que se eu pudesse, estaria orgulhoso pelo meu filho ter alcançado o que não alcancei, Alexander agora estava muito mais rico quanto eu, dedicava-se ao seu trabalho enquanto eu, continuava sozinho, eu poderia ter ido morar junto a ele em sua mansão, no entanto aquele lugar me trás arrepios, medo, tristeza. Então com o tempo, percebi o quanto tudo era drasticamente ruim, eu, minha vida, e numa tentativa sem rumo, consegui um pouco do que eu queria, paz."

– Will? – O sussurro me fez estremecer de susto, fecho o diário, corro para a estante e enfio-o atrás de todos os livros – Will você está bem?

Giro a chave para destrancar, ao abrir a porta, encontro Anna, sua expressão preocupada desaparece ao me ver, suspiro ao ser acalentado pelo seu abraço

– Eu juro que você... – Ela fitou-me por alguns minutos e continuou – Como você... Como você saiu?

Engoli em seco, temia e não sabia o que dizer, era tão confuso pra mim, e agora estou começando a desconfiar da minha própria amiga por culpa dela mesma, se eu não posso confiar em ninguém, porque ela?

– Ele me encontrou lá dentro – respondo sentando-me novamente na cama, observo toda a decoração do quarto e pergunto-me no que estou me envolvendo e qual o motivo de eu estar aqui passando por estas coisas. Ambos sem respostas – Eu inventei uma desculpa e acho que ele acreditou.
A ruiva semicerrou seus olhos, desconfiada talvez, no entanto segurei minha respiração e fingi estar dizendo tudo o que aconteceu.

– Então, o que você encontrou no livro? – Foi impossível não notar o tom de "Eu te avisei" em sua pergunta. Esfrego os olhos pelo leve ardor que senti ao olhar muito tempo para a floresta que se estendia através da janela, mais uma vez nevava e os galhos das árvores seriam mais uma vez cobertas de neve. Um ciclo.

– Pelo que li, a maldição começou pois esse Julian Darkness estava ajudando na caça ás bruxas, e uma delas o amaldiçoou. – Dei de ombros, sem mais nada a dizer, ela ajeitou seu uniforme e sorriu

– Não sei se sabe, mas depois, eu pesquisei sobre a tal caça e descobri que na verdade ele tornou-se líder por um tempo – O silêncio tomou conta do cômodo e ambos nos entreolhamos por um certo momento... – Will, você realmente me contou tudo o que aconteceu?

Faço uma careta, envergonhado, eu devia ter dito para ela sobre o delírio

– Eu tive um delírio quando ele me encontrou... – Ela ouve minhas palavras atentamente sem interrupções – E foi muito estranho, era como se fosse real e então...

– Will? Você está pronto? – a voz de Isabelle ecoa através da madeira escura e por sorte, eu a tinha fechado depois que Anna entrara – Eu e Melissa já estamos...

– Ainda não – respondo alto o suficiente para que ela me ouça. Anastácia tapou sua boca para que Izzy não desconfiasse e após um tempo de silêncio, fui respondido.

– Então você vai com o Adrian ok? – As órbitas de Anna aumentam e eu tento não adivinhar o que ela deve estar pensando – Parece que ele chegou mais cedo do trabalho e resolveu ir... Mesmo assim, eu acho uma boa oportunidade para que vocês... hmm... se entendam?

– O que? – exclamou Anna em um sussurro, rangi entre dentes para que a ruiva ficasse quieta e respondi a Srt. D2

– Ok, obrigado Isabelle.

Pouco depois ouvi seus passos ecoando, ela estava indo para meu alívio. Antes que eu pudesse dizer algo, a ruiva levantou-se com os braços cruzados, seus olhos semicerrados diziam o quanto eu posso não ser confiável

– Uma oportunidade para que vocês se entendam não? – comentou ela séria, abaixei meus olhos sem dizer uma palavra sequer – Pode me explicar?

– Não é nada – Respondo baixo, ela fitou-me por alguns minutos e soltou as palavras que eu menos queria ouvir.

– Will você está apaixonado pelo Adrian? – Levanto meu olhar o suficiente para ver sua expressão de decepção, tristeza até, ela deve estar desapontada comigo por algo que não pude controlar; tentei até, mas falhei. – Depois de tudo o que ele te fez?

O que ele me fez? Como assim? O que ela sabe sobre eu e o Adrian?

– Eu não estou apaixonado! - grito alto o suficiente para que ela ouça  – Pelo menos não por ele!

Seu semblante é silencioso e é fácil perceber o quanto está desconfiada, depois de passar por tudo aquilo não a-julgo. Num gesto rápido, Anna abriu a porta, ela estava irritada comigo pois acha que estou apaixonado pelo Adrian.

– Quando estiver consciente do que acontece a sua volta – Seus olhos pareciam perfurar, como balas de um revólver – Venha conversar comigo.

Ela desapareceu pelos corredores da mansão e eu me senti como um louco, cada vez mais sinto minha mente entrando em um lugar que talvez eu não possa sair, delírios interrompem minha vida e faz com que eu veja coisas que não estão acontecendo, minha cabeça é turbilhão de dúvidas, não tenho em quem confiar.
Sinto-me preso, e enquanto estiver aqui, continuarei assim.

Um banho poderia fazer-me relaxar, isto era o que eu pensava antes daquele delírio, enquanto as gotas gélidas de água escorrem pelo meu corpo, suposições e teorias rondam minha mente, qual o significado dos olhos dourados? Será que ele realmente pode destruir coisas, matar pessoas usando aquelas sombras? Julian, lembro-me que em seu diário, ele disse ter sido modificado com magia negra, e que aquele foi o motivo da morte do seu filho mais novo que morreu por culpa de seu próprio pai, meu coração dói em pensar como tantas catástrofes foram acontecer numa única família, a consequência de um tornou-se de todos e ouso a sentir pena do Adrian, mas não posso, ele não pode querer descontar suas dores nos outros... Eu estou louco.

Visto-me, a camisa cinza-escura combina com meus olhos. Lembro-me da minha mãe, ela tem os mesmos olhos que os meus, tive tanta sorte enquanto ainda estava lá, eu tinha paz e não precisava me preocupar com nada. Ponho-me o perfume, olho meu reflexo no espelho, duas órbitas cinzentas fitam-me de volta em busca de algo, em busca de respostas. Respiro fundo, logo terei que me encontrar com meus temores e meus sentimentos que irão permanecer escondidos até que eu esteja seguro, confiante.
Abro a porta do meu quarto e deparo-me com ele, Adrian ajeitava a manga de seu blazer, e ouso pensar que... Ele estava á minha espera?

– Podemos ir? – perguntou ao me ver, vi um quase sorriso estampar seu rosto e logo desaparecer, assenti com a cabeça sem dizer nenhuma palavra, não confio nele e não irei, não vou ser manipulado novamente, e se for para evitar, serei radical em minhas ações, não terei pena dele, não deixarei suas pequenas ações que são uma ilusão da minha cabeça me influenciar... Eu não estou apaixonado.

*************************************

Feliz ano-novo pessoas, 2018 chegou e com ele Janeiro, e como o prometido, aí está o novo capítulo de Darkness 💋😍 Sentiram saudades? Espero que gostem e digam o que acham dessa grande e confusa bagunça que está sendo a vida de Will kkkkk beijinhos de luz e até o novo capítulo 😇.

Comeback: 01/01/2018

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top