6. A luz entre as trevas
Algo que não apenas eu, mas todos sabemos é que, algumas vezes em nossas vidas, iremos confiar tanto em algo que talvez possamos ser desapontados, eu aprendi isto, tenho gravado em minha cabeça e principalmente meu coração.
Agora, meu coração pulsa desenfreado, a ansiedade está a flor da pele e não é algo ruim, é bom, sei que minha consciência implora para que eu espere, não acelere as coisas e tenha paciência, mas o fato de eu estar morando na mansão Darkness leva todos os avisos por água abaixo. Cheguei naquele dia, pensando o quão seria bom viver naquele lugar, cheio de luxúria e glamour e conseguir um bom futuro preparado pelo meu pai e realizado pelo Sr. Alexander, lembro-me que haviam dias em minha casa, que meu pai chegava tarde, muitos minutos atrasado pois quando abria a porta, eu e minha mãe já estávamos á mesa iniciando o jantar, apesar do cansaço que sentia, fazia o possível para sentar junto á nós antes de acabarmos. Em seu rosto tinham as marcas de noites perdidas, exaustão e cansaço, apesar de tudo isso ele não reclamava, mostrava sempre o melhor sorriso possível para expressar o quão grato era pelo trabalho, deve ser por tal motivo que Alexander tem tanta consideração pelo meu pai. O que às vezes vem á minha cabeça é, como Alexander poderia ter um filho tão horrível assim? Meu pai sempre o elogiou tanto e quanto ao Adrian só tenho á criticar?
Finalmente sinto-me confortável, a camisa de um tom bege claro combina bem com a calça jeans, apesar de ser bem simples fico bem melhor que com aqueles ternos elaborados, não só eu aliás... Deve ser errado comparar duas pessoas completamente diferentes mas impossível não resistir, quanto eu vejo toda a arrogância daquele homem que atormenta-me esses dias, lembro-me da simpatia do segurança, o ar de superioridade de Adrian e a simplicidade de Thomas, ambos tão diferentes mas mesmo assim, despertaram algo em mim.
Principalmente o ódio em um dos casos.
A grama está molhada da serenidade noturna e as árvores continuam o mesmo, secas, brancas e cobertas de neve, o que não é uma novidade. Caminho o mais rápido que posso, alguns raios solares atravessam a cobertura de galhos acima de mim mas não é capaz de tirar minha atenção, estou focado em outra coisa, o garoto que está parado em frente ao portão gigantesco que divide a mansão Darkness do mundo afora. Thomas usa um casaco preto que destaca seus olhos claros e as mechas loiras, em seu rosto, esboçou um sorriso gentil ao me ver e eu retribuo com outro, meu coração se enche de felicidade sem motivo o que me faz temer e gostar ao mesmo tempo. Será que isso é gostar de alguém?
– Bom dia? – perguntou sorridente enquanto eu abria a fechadura, próximo dali, o carro azul-escuro estava estacionado á minha espera, e isso me fez sorrir. Eu realmente me sinto um idiota.
– Bom dia, Thomas – respondo-o enquanto fecho o portão, viro-me e sinto um cheiro bom, acho que é seu perfume. Por que estou assim? – Tudo bem?
Sua expressão foge de sorridente para uma careta cômica
– Seja mais natural – disse rindo, sem querer, olhei para ele e senti minhas bochechas corarem – Afinal, não estamos usando chat.
– Está bem... – respiro fundo e solto o ar, olho para cima e sinto o aroma de seu perfume, é tão bom. Ou talvez eu esteja apenas delirando. – E para onde vamos?
– Eu não tenho ideia – respondeu brincalhão enquanto entrávamos em seu carro – E você? Aonde quer ir?
– Eu acabei de chegar aqui; quer dizer, não faz muito tempo, não consigo sequer sair daquele lugar sozinho... – A mais pura verdade, penso até que passei a maior parte do tempo confinado no quarto.
Ele fitou-me por alguns instantes sem dizer nada, seus olhos pareciam buscar algo em meu rosto, até que então, ele girou a chave e o carro foi em direção ao que não faço a mínima ideia. O silêncio é a pior companhia e não só eu, como também ele, sabia disto, num gesto rápido ele ligou o som do automóvel e uma música começou a tocar, as batidas dançantes e a melodia diminuíam nosso incômodo, ouço um ruído e então percebo que seu pé direito balança no mesmo ritmo da música, acho engraçado e um sorriso torna-se visível sem minha percepção, quando me dou conta que olhos brilhantes encaram-me:
– O que você está olhando? – perguntou Thomas desconfiado, em seguida mostrando uma careta safada, uma de suas sobrancelhas arqueada completam a máscara de galã e é impossível não rir.
– Nada. – digo abruptamente em meio aos risos, quando eu era muito tímido, odiava que as pessoas exclamassem "Você é tímido?!" Pois eu achava desnecessário. Ajeito-me no estofado e aproximo meu rosto á janela, ainda estamos no meio da floresta. Aos poucos, os galhos cobertos de neve vão desaparecendo e casas tomam conta da paisagem e logo chegam os prédios altos e edifícios fascinantes, estamos no centro de Westford, sei disto pois quando saí do aeroporto passei direto pela famosa estátua de Black rose, uma das mais ricas e bem sucedidas mulheres daqui, as pessoas diziam que ela era como um anjo e fazia o possível para ajudar a todos. Pode até ser verdade, mas duvido que ela fosse isso tudo, não existe alguém totalmente bom, nem totalmente mal, só aqueles que escolhem uma porcentagem maior de maldade ou bondade.
Engulo em seco, viro-me para o lado e observo-o, ele dirige focado enquanto manipula o volante, parece sério até, no entanto quando vejo parcialmente o reflexo de seu rosto no retrovisor, ele está rindo.
– Por que está rindo? – franzi o cenho desconfiado. Suas madeixas loiras brilham sob a luz do sol matutino. Ele nega com a cabeça, ainda rindo – Pode me dizer, agora.
– Você está preocupado com algo e não sabe disfarçar – diz, ele simplesmente diz, ouço suas palavras com atenção e então percebo que é verdade, apesar de eu sentir essa felicidade, alegria, em minha mente ainda há resquícios da noite passada, teorias sobre aquele homem... e eu tento esquecer – Se foi por causa do beijo que roubei naquele dia, desculpa, mas eu não consegui resistir.
Seu rosto toma uma suavidade e sua expressão fingida de tristeza me faz achá-lo um tanto fofo, quando o carro para em frente ao semáforo que está em vermelho confesso:
– Não tem nada a ver com você – respondo sendo o mais sincero possível, tanto que faço questão de olhar em seus olhos, para ele ter certeza que não estou mentindo – É só que... algumas coisas estão acontecendo um tanto, rápido demais, não sei como lidar.
– Se quiser eu posso cancelar as coisas e atrasar um pouco do nosso casamento – Ele brinca, mas desta vez meu sorriso não é o mesmo – Will, eu não sei o que está acontecendo mas sei que você vai conseguir... – Ele engole em seco e completa – superar, afinal, tenho certeza que é uma ótima pessoa.
Agradeço pelas palavras reconfortantes e isso alivia um pouco o peso, um pouco. O sinal abre e seguimos o caminho, ele então começou a falar sobre um programa de TV que eu tinha parado de assistir á alguns meses e como eu não ligo para spoilers, ouvi e descobri o que iria acontecer nas próximas temporadas... Quem dera houvesse alguém para me dar spoilers de minha vida.
Paramos em frente há uma cafeteria, através da vidraça podia ver as pessoas lá dentro, saímos do carro e fomos em direção ao que seria um lugar especial para Thomas, apenas esta é a minha hipótese. O lugar era decorado em tons claros, quadros de aprovação de críticos famosos e uma mini TV onde passava um desenho animado, o ambiente era calmo apesar do movimento. Thomas guiou-me até uma das mesas que ficava próxima da vidraça, sentamos e então uma garota de pele bronzeada veio nos atender, entregou os cardápios e que por sinal, eu não tinha ideia do que escolher.
– Então, o que você vai querer? – perguntou sorridente, fiquei espantado com a rapidez da qual ele escolheu seu pedido, hesito em falar algo mas nada sai senão...
– Eu não tenho ideia – dou de ombros rindo
– Então vou te dar uma dica – avisou, assenti com a cabeça esperando que completasse a frase – Quando eu era menor, adorava as panquecas daqui, principalmente com calda de chocolate quente.
– Obrigado pela dica – respondo, ainda ouso dar uma piscadela para ele que retribuiu mordendo seus lábios. Corei.
Pouco tempo depois, a garçonete anotou os pedidos e continuamos conversando, mais alguns minutos e o aroma delicioso veio, a garçonete trouxe os pratos e então percebi que Thomas pediu a mesma coisa. Haviam panquecas cobertas de chocolate quente, também havia alguns outros elementos de acompanhamento e a xícara de chocolate, era bom sentir o gosto saboroso e morno sob o clima frio, e melhor ainda seria acompanhado.
– Como eu não provei isso antes? – comento já levando mais uma garfada á boca, a massa era tão macia e fofa que parecia derreter em minha língua, ele riu já terminando a primeira fatia – É muito gostoso.
– Eu sabia que você iria gostar – gabou-se ele, convencido por ter indicado. – Se gostou dessa, vai adorar a minha.
Suas palavras ficaram no ar. Quase me engasguei enquanto digeria não só o café da manhã como o duplo sentido. Talvez eu tenha uma mente suja? Talvez, mas sei quando alguém quer dizer algo além de suas simples palavras. Olho pela vidraça enquanto volto ao normal, a luz do sol matinal é bem mais clara e faz com que meu corpo fique mais disposto a movimentar, além disto, sinto minha autoestima melhorar infinitamente mais do que os últimos dias que passei naquela mansão, mas tenho certeza absoluta que agora, eu tenho paz, estou bem longe de Adrian Dark... Só pode ser mentira, sobre a calçada de paralelepípedos o homem com terno preto e semblante alegre caminha, seu sorriso perfeito e os dois brilhantes que são iluminadas á cada passo, ele olha em seu relógio dourado e então levanta sua cabeça, entreolhamos, sinto meu rosto paralisar numa expressão atônita, meu coração pulsa mais desenfreado ainda e meu estômago gela, seus olhos encaram-me de longe, mas mesmo assim faz minhas pernas tremerem embaixo da mesa.
Por que isso acontece comigo? Nem quando tenho um tempo para ficar longe, ele não me deixa em paz; Quando o sorriso safado toma seu rosto eu desvio meu rosto o mais rápido que posso, deparo-me com olhos confusos.
– Will? – perguntou Thomas franzindo o cenho – Viu algo de errado?
Nego com a cabeça, por nada nesse mundo direi que estou com medo dele, não tenho medo do Sr. D; A porta do café se abre e estremeço quando ele dá seu primeiro passo, quero sair o mais rápido que posso, mas não quero fugir dele, e mesmo que agora venha uma vaga lembrança de seu perfume eu não irei. Adrian vai em direção até a balconista e sequer ousa olhar para mim. Felizmente.
– Tem algo de errado? Will você está estranho. – acrescentou Thomas, ele está preocupado comigo, ou seja, acho que estou traumatizado.
– Não é nada – minto – Eu estava pensando se poderíamos ir para outro lugar...
– Mas você sequer terminou de comer as panquecas... – interveio o loiro, eu não sabia se observava o Sr. D ou encarava o segurança.
Uma espiada e xingo em pensamento, ele virou-se e agora vem em nossa direção, cada vez mais perto, meu coração acompanha seus passos e cada vez mais que ele se aproxima eu fico prestes a ter uma parada cardíaca e então ele desviou, arfei aliviado. Bom, ele certamente não veio para me atormentar e isso tudo não passa de uma besteira da minha cabeça, mas, ele é Adrian Darkness, o arrogante e cheio de si, o partidor de corações, ele não gosta de mim e só está fazendo o que prometeu ao pai. Respirar, suspirar, esquecer.
– Se quiser nós podemos ir – ofereceu Thomas, ele deve ter percebido o incômodo que eu sentia e agora deve achar que sou um louco.
– Não precisa. Só foi um pequeno mal estar – forcei um pequeno sorriso gentil que deve ser similar á uma careta – Sério...
Ainda desconfiado, o loiro assentiu e voltamos a nossa missão: Terminar nosso café da manhã em paz.
– Então, como você soube de mim? – pergunto na tentativa de acabar com o clima tenso – Com detalhes.
O loiro riu, e antes de responder, tirou seu casaco:
– Uma vez eu precisei fazer uma ligação e pedi que Alisha me emprestasse o celular, vi sua foto e escrito "Meu amor". Perguntei a ela quem era e ela disse que você era o namorado dela e que era bissexual... – Primeira coisa á se fazer quando voltar para a mansão que não ouso chamar de casa: Tirar essa história a limpo.
– Por isso você disse que ela era minha namorada... – lembro-me da cena em que ele apareceu com o ferimento na testa e eu fiz um curativo. – Ainda não acredito que ela fez isso.
Ri para mim mesmo, Allie realmente é a garota mais maluca que conheço.
– Pois acredite. Ela me contou várias coisas sobre você... – Paralisei, não duvido que meus olhos estejam arregalados. Antes que eu perguntasse quais tipos de coisas, ele riu e pôs sua mão sobre a minha, seus dedos macios roçavam minha pele e um leve arrepio alastrou-se – Relaxe, ela não disse nada vergonhoso á não ser... Kisses.
Não! Ela não contou sobre a Kisses! Minhas mãos cobrem minha face e eu sinto vergonha de mim mesmo, quando eu encontrá-la irei dar uma grande bronca. Kisses foi uma banda adolescente que fazia muito sucesso na época de minha adolescência, cinco garotos belos, talentosos, o garoto a qual qualquer garota sonharia em ter como namorado, também eu. Houve uma vez em que eles iriam fazer um show em minha cidade, eu e Allie nos juntamos com Sarah, uma garota de pele escura e cabelo cacheado que também era uma grande fã e compramos nossos ingressos com duas semanas de antecedência.
Dia do show, diga-se de passagem, que estávamos loucos de ansiedade, pensar que ficaríamos perto de nossos ídolos fazia nossa noção ir água abaixo, camisetas de fãs já tinham sido compradas e tudo mais, Sarah pintou algumas madeixas de rosa e Alisha com azul, estavam belíssimas. Após alguns minutos de viagem, num ônibus onde Allie fez uma grande guerra, pois o motorista não emprestou o telefone e ela não queria gastar créditos, finalmente chegamos, mas no momento de entrar houve um acontecimento arrasador, uma fã julgava-se melhor que nós por ter entrada vip e quando ela ousou dizer que Sarah nunca teria chance de conhecer seu ídolo por ser preta, eu me alterei, algo que não suporto é ver algo tão nocivo estar presente nos dias de hoje, eu e Allie defendemos nossa amiga com unhas e dentes, o segurança não liberou a entrada para a garota e eu fiquei bastante feliz, neste dia, Sarah conheceu e ficou mais próxima que todos daquela multidão, ela recebeu um beijo em sua bochecha de cada um dos integrantes nós bastidores por conta de um sorteio. Foi um dia e tanto.
– Você vomitou cinco vezes – Exclamou Thomas com puro entusiasmo – É um recorde. Como alguém bebe tanto assim?
– Allie bebeu mais, pergunte á ela – respondo rindo, as lembranças florescem a cada minuto – Sarah também não ficou atrás.
– Você ainda bebe? – perguntou Thomas, beberico meu chocolate quente que, aliás, está morno.
– Não mais. – ponho a xícara de lado e lambi os lábios para limpá-los – Parei de beber a cinco anos.
– Nossa você é mais interessante quanto eu pensava – isto foi um elogio? Fito-o, ele ainda está sorrindo o que para mim é algo bom e talvez não faça sentido, ao menos o clima está muito mais leve.
– Você também – respondo com um meio-sorriso, então nossos rostos se aproximam, mais e mais, a luz do sol atravessa o vidro e as madeixas loiras são iluminadas, até que num singelo gesto, nossos lábios encontram-se, meu corpo torna-se leve e é como se eu flutuasse, fecho os olhos, sinto sua mão acariciar a lateral do meu rosto e o beijo ficar mais intenso, respiro fundo a cada pausa e tomo fôlego, nossos lábios movem-se como uma dança e é tão bom, e então de repente, o estardalhaço nos interrompe, a xícara que estava bem longe da beirada está aos pedaços no chão, líquido marrom escorre sobre a calça de Thomas, ele levanta suas mãos sem entender o que aconteceu, meus olhos vagam por um tempo e param numa mesa á pouca distância da nossa, o homem de cabelos negros está cabisbaixo enquanto mexe seu café com uma colher, após deixar a colher de lado, beberica e pousa a xícara novamente sobre a mesa. Queimo-o com meus olhos.
– Olha eu não sei o que aconteceu – ouço a voz do loiro conversando com a garçonete que anteriormente veio nos atender – Ela estava longe da beirada...
Encaro-o, aquele homem quieto e silencioso, como o perigo que se aproxima, não há um aviso prévio do que irá acontecer com Sr. D.
– Will, eu volto agora – olho para o homem em minha frente, Will tenta limpar a mancha em sua calça com um tecido amarelo e assentiu com a cabeça, prossegui fitando-o até vê-lo entrar no banheiro do estabelecimento.
Levanto-me do meu lugar e caminho em direção á mesa próxima, respiro fundo á cada minuto e tento formar uma grande barreira de autoconfiança para mim mesmo, sei que é um grande perigo ir até a pessoa que poderia me matar... Mas é o que meu coração quer que eu faça, farei.
O seu perfume inebriante fica cada vez mais presente e sinto-me tentado a dar um giro e voltar ao meu lugar, no entanto meus instintos falam mais alto. Sento-me na cadeira a sua frente, ele beberica seu café enquanto desliza seu dedo pela tela de seu celular, quando percebe minha presença, levanta seus olhos azulados que parecem ser utilizados para hipnose, é como se ele me controlasse apenas com seu olhar. Afinal, ele tem poderes, não é?
– Eu sei que foi você. – digo sério, ele me fita e por um momento pensei ter sentido dedos invisíveis deslizarem sob minha pele causando arrepios e calafrios maiores que antes. Ignoro.
– O que eu fiz? – ele ergue uma de suas sobrancelhas, levando novamente a xícara até seus lábios, está me provocando. – Não posso sequer tomar meu café da manhã sem ser acusado? Não sei de absolutamente nada.
Solto uma risada irônica em seguida rangi entredentes:
– Mas você sabe sim – retruco firme, ele não se sente nenhum pouco incomodado com minha presença e os meus modos. Está acostumado consigo mesmo. – Você derrubou a xícara em Thomas de propósito.
– Thomas? Esse é nome de seu namorado? – perguntou sem nenhuma expressão como se não o-afetasse
– Isto não vem ao caso – respondo com a mesma ignorância a qual ele me tratou anteriormente – Mas porque veio até aqui? Porque me atormenta? Já não foi claro o suficiente que não gosta de mim e me odeia tanto que já até... – abaixo o tom de minha voz – ameaçou me matar.
Entreolhamos-nos, eu a procura de respostas, já ele, não faço a mínima ideia do que ele quer.
– Quem disse que eu não gosto de você? – sibilou ele, aquelas palavras me atingiram como um golpe, precisei engolir em seco para continuar firme – pelo que sei essas palavras nunca saíram de minha boca.
– Eu não entendo. Você me trata com ignorância, rejeição, me faz de idiota, e ainda diz gostar de mim? – falo mais para mim mesmo do que para ele. – Eu realmente não entendo.
Ele põe suas mãos entrelaçadas sobre a mesa e olha em meus olhos, não ouso recuar.
– Você não precisa entender... – Sua voz é grave e sensual, quase um sussurro mas intensa a ponto de meu corpo estremecer á cada palavra que sai de sua boca – Pois não há nada para ser entendido.
Antes que eu pudesse me recuperar de suas palavras, ouvi a porta do banheiro sendo aberta e a silhueta de Thomas aparecer, levanto o mais rápido que posso e volto para nossa mesa. Ajeito-me e suspiro, observo o garoto loiro vindo e passando bem ao lado do bilionário, Adrian continua mexendo em seu celular enquanto beberica o café, em silêncio, como se nada o atingisse.
– Acho que já podemos ir – comentou Thomas rindo desconcertado enquanto sentava-se – Já molhei minhas calças, não falta mais nada.
Puxo-o pela gola de sua camisa e beijo-o, soou mais intenso e apaixonante quanto antes, solto-o e dou risada pela sua expressão surpresa.
– Agora podemos ir. – respondo dando de ombros.
– Eu vou pagar a conta – diz ele meio bobo, levanto-me junto á ele e seguimos, no meio do caminho, nossas mãos se tocam e ele agarrou suavemente, andamos de mãos dadas.
Ao chegar ao balcão, deparo-me com dois homens, um é alto, ruivo e forte, seus olhos são de um vermelho bem raro e fico até surpreso, ao seu lado, um menor de pele bem branca com madeixas não muito grandes de tonalidade bem escura, como a do Sr. D, suas órbitas são azuis como o mar, ambos usam roupas bem elegantes.
– Você sabe se aqui vende caranguejos? – perguntou o menor, ele era fofo até, sua aparência passava isto.
Antes que respondesse, o ruivo adentrou na conversa.
– Aqui é uma cafeteria, Tri – ele pôs a mão sobre o ombro do menor, num ato carinhoso. Eles formam um belo casal até. – Não um restaurante.
O menor cruzou os braços sobre o busto, como uma criança que não ganhou o brinquedo que queria.
– Will, vamos? – Thomas voltou sorridente, olho para trás e vejo a silhueta do Sr. D, sozinho, tomando seu café, não há mais ninguém na cafeteria.
Me odeio por pensar em ir até lá e fazer companhia á ele, talvez ele só precise de alguém...
– Vamos. – Thomas pega em minha mão e seguimos em direção á saída.
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E acabou o capítulo novo kkkkk
O que vocês acharam? Espero que tenham gostado, deixe seu votinho e comente o que achou, Sr. D (tadinho) agradece kkkk.
Esse talvez será o último capítulo postado em 2017... Triste né? Mas 2018 está aí e vocês terão a continuação dessa história eletrizante. Até mais, beijinhos.
*Músicas recomendadas*
Ember - Katherine mcnamara
Monsters - Ruelle
Oh my my - Ruelle
Pillowtalk - Zayn
Start a war - Klergy
Written in the stars - The girl and the dreamcatcher
Deep end - Ruelle
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