3. Em busca de respostas

Estava atônito. Não podia acreditar que aquele homem tinha tirado uma foto obscena usando meu celular e ainda deixara com a maior cara de pau; Ele xingou-me de tantas coisas, foi homofóbico e arrogante, não faço idéia do motivo de tal ato considerando seu ódio expresso. Olho novamente e fico um 'pouco' surpreso pelo tamanho de seu "pertence", tirada num banheiro chique, seu rosto fora cortado da foto restando um vislumbre de seu sorriso provocante, como se estivesse convencido do quão confuso eu iria ficar; um sorriso de vitória antecipada. Eu não consigo, por mais que eu tente entender o que se passa em minha vida, nada faz sentido, não há pontos de conexão ou uma resposta racional; às vezes, as coisas não contém explicações, apenas acontecem.

Sinto-me a beira da loucura.

Observo a foto novamente e tento pensar no que fazer. Seria tão ruim se eu fosse ao seu quarto em busca de respostas? Ou devo ficar aqui e fingir que nada aconteceu? Respiro fundo e pressiono os lábios, olho para a porta de madeira escura e encaro-a pensativo... O que fazer? Levanto-me da cama e tomo consciência do volume em minha calça, estou excitado mas confesso que não queria estar. Fecho meus olhos na tentativa de me acalmar e imagens invadem minha mente: Sua mão delicada deslizando pelo meu corpo, seus lábios tocando suavemente aos meus, aqueles olhos penetrantes que fitam-me com um estranho deleite, suas palavras ressoam em minha mente e não, ele não gosta de mim, não é confiável e não me permito cair nessa armadilha, mesmo que a tentação seja assustadoramente forte. Abro meus olhos e numa mistura de frustração e excitação vejo o estado ao qual me encontro, minha calça está arriada e meus dedos dedilham a virilha com cautela influenciados pela minha própria confusão, o que há comigo?!

Recomponho-me decidido. Não irei ser mais um dos seus capachos! Não irei fingir que nada aconteceu e não posso deixá-lo manipular minha mente, irei jogar minhas cartas á mesa e exigirei respostas. Giro a maçaneta e apesar de ainda um pouco atordoado tento lembrar o trajeto; Sigo para a direita onde irei encontrar a escadaria da sala de estar e suspiro de alívio por estar certo. Apesar  das luzes estarem desligadas os cômodos eram iluminados pela luz da lua que atravessava as janelas. Viro a esquerda e adentro o corredor escuro, tenho sorte de não estar usando sapatos pois não corro o risco de ser pego por alguém ouvindo meus passos. Nesse momento a escuridão é tão vasta que sou obrigado a iluminar o espaço com a lanterna do meu celular; Nas paredes, quadros com rostos imponentes parecem fitar-me a cada passo que dou, também vejo alguns vasos decorativos com desenhos que não pude distinguir pela má iluminação mas nada se compara a maçaneta dourada que - se eu não estiver enganado - fora feita de ouro maciço e suas ondulações cintilavam como se fora moldado recentemente, deve ter sido caro tenho certeza, absoluta.

Me encontro frente ao meu destino.

Respiro fundo numa súbita ansiedade e tento manter a calma, sei que ouvirei poucas e boas e irei sentir uma vontade incontrolável de chorar com uma pitada de arrependimento, voltarei para minha casa mas não posso permanecer sem respostas numa situação que sequer contexto tenho. Encarando alguns símbolos gravados na maçaneta dourada sinto vibrações deslizando pela minha pele e calafrios correm pelo meu corpo instantâneamente. Unindo toda minha coragem num suspiro, inclino a peça dourada para baixo e é como se minha respiração houvesse cessado por segundos, minhas pernas tremem e suor frio fixo em minha testa só piora todo o estado de pânico em que estou. É algo tão surreal, apenas em estar em sua porta me causa tantos dilemas e a prévia de uma crise ansiosa; Uma voz muito familiar me fez pular num susto:

– Will, o que está fazendo? – Anna, ela está parada na esquina de um corredor alguns cômodos á frente, uma luz fraca escapa do vão de sua porta – Não pode vir aqui.

Entro num ataque de fúria e êxtase causada pela tensão, não penso em nada e as palavras fogem da minha boca como pássaros libertos de suas gaiolas

– É bem irônico você vir aqui dizer o que devo ou não fazer, pouco antes, você se diz uma grande amiga, depois me ignora e agora vem com essa? – apesar de minhas palavras saírem como sussurros para não causar um alarde, são afiadas como lâminas – Sinceramente, eu não entendo mais nada.

Numa mistura de alívio e cansaço por ter despejado tudo, sento no chão e me apoio na parede, minhas mãos vão aos meus cabelos bagunçados como se tentassem enfiar algo que nem eu sei, talvez noção? De qualquer forma estou estagnado em dúvidas e incertezas.

– Eu não entendo. – sibilou a voz suave de Anna ainda ali, como se ainda não tivesse absorvido tudo – apenas o-vi naquele momento, no quarto... Will?

Enlouqueci? Eu tenho certeza que a-vi, era ela com seu cabelo ruivo e tudo mais, não hesito em dizer que sim. Se ela está tentando inverter a situação não deixarei isso acontecer nem irei desviar o foco do problema principal, não sei o que é aquele homem mas afirmo que ele não quer meu bem, é a única certeza que tenho. Num ato rápido levanto-me destemido á fazer o que é preciso e o que me motivou a vir: Encontrar respostas.

– Eu irei falar com ele, Anna, preciso falar com ele... – sussurrei quase como uma súplica, calou-se em sincronia com que arregalou seus olhos, não entendi nada do que disse, minha mente já estava cheia demais. Ponho minha mão novamente e giro a maçaneta sem olhar para trás, mesmo assim senti o peso de seu julgamento sobre mim – e você não vai me impedir.

Antes que ela tentasse algo, a porta de madeira foi escancarada e a luz espalhou-se pelo corredor. Adentro o cômodo sem imaginar o que eu iria encontrar, uma imensa cama tinha cobertores em tons beges e uma cômoda servia de base para o abajur de luz amarelada. Não era nada demais, á não ser por uma grande pintura sombria, era o retrato de um homem velho de expressão fria, em seu ombro havia um corvo que segurava em seu bico um pingente dourado, os olhos negros do pássaro me trouxeram uma sensação incômoda de aflição, um grande vontade de chorar me invadiu fazendo meus olhos lacrimejarem, eu não sabia o motivo. Distraído pelo turbilhão de sentimentos não tinha me dado conta que agora Anna estava ao meu lado, sua expressão estranhamente neutra me deixou curioso se ela já havia visto este retrato antes, não sei se notou minha expressão confusa ou apenas achou sensato explicar:

– Este corvo é o símbolo da família Darkness... – disse ela admirando ao quadro com uma espécie de melancolia, não ousei interromper – Dizem que a família fora amaldiçoada, consumidos pela tristeza eterna, é uma superstição boba...

– Acredito que sim, olhe para ele – Ela bufou tentando conter sua risada e então fez uma careta fingindo irritação

– Queria poder dizer quem é o homem mas honestamente não faço a mínima idéia, certeza que é alguém da linhagem – ela engoliu em seco até me encontrar enxugando lágrimas com minhas mãos – Você está chorando? Não gostou?

– Não sei, é tão sombrio... – Fecho os olhos tentando controlar uma possível nova enxurrada de lágrimas – e onde está ele? O Sr. D?

Sua expressão muda rapidamente de admiração para temor, como se lembrasse que esqueceu a chaleira ligada

– Nós precisamos sair daqui! – exclamou puxando-me pelo braço às pressas do quarto, ao passo que quando voltamos ao corredor ambos tremíamos numa súbita adrenalina – Se ele nos encontrasse, imagina o que aconteceria comigo?

– Onde está ele? – a idéia palpitava em minha mente, não era um desejo, era um dever, eu tenho que vê-lo e exigir respostas – Anna, por favor?

Seus olhos castanhos dançavam pelo corredor olhando para cada vislumbre suspeito, exceto para mim. Ela sabia onde ele estava, só não quer me responder.

– Eu não posso – Ela engoliu em seco já se arrependendo do que iria dizer em seguida – Mas irei... contanto que você não me acuse de coisas que não fiz!

"Mas você fez Anna, me ignorou" Assenti com a cabeça e deixei que ela me arrastasse pelo labirinto que era aquela mansão. Sombras sinistras seguiam-nos de acordo caminhávamos, a escuridão aumentava e creio ter visto um vulto, porém ainda não chegamos. Num certo momento precisei andar na ponta dos pés tentando não fazer barulho pois a madeira abaixo do carpete rangia barulhenta, enquanto Anna não preocupava por ter sapatos próprios para não fazer ruídos. Assustei-me quando o celular vibrou avisando que a bateria terminara e não teríamos iluminação no resto do caminho, a tensão aumentava silenciosamente até que enfim paramos frente á mais uma porta de metal, similar á de passagem para o estacionamento secreto do Sr. D.
O canto dos pássaros noturnos ecoavam através da porta e o suspiro do frio invernal podia ser sentido na pele por conta da fresta. Antes que eu ousasse tocar minhas meias brancas na terra úmida, Anna entregou-me um par de calçados que encontrou atrás da porta, deve ser de algum outro criado.

– Ele está lá fora – resmungou Anna como uma criança confessando algo errado, nervosa ela coçou a pele de seu braço deixando pequenas marcas de unhas – Às vezes costuma sair para a floresta para espairecer.

– Obrigado Anna – agradeço com uma expressão gentil, retribuindo-a com um rápido abraço. Ela abriu a porta metálica e um barulho estridente ecoou ao mesmo tempo que a brisa gélida se chocou contra meu rosto. Engulo em seco e ouso dar o primeiro passo.

A neve ameaça cair novamente, meus lábios já secos estão prestes a congelar e ainda não vejo sequer a sombra do Sr. D. Um campo imenso coberto por grama úmida estende-se á minha frente, a neve da noite passada deve ter sido retirada e por isso apenas algumas árvores tinham galhos forrados em branco. O céu está limpo, não há muitas estrelas mas a grande lua estupenda que agora podia ser vista com nitidez. Olho para trás e a silhueta da enorme mansão situa em qual distância estou, penso levemente na hipótese de voltar e esquecer... Não conseguirei dormir, não terei paz.

O ar começa a ficar mais tenso e minha respiração ofegante não permite que eu corra, olho em direção ao horizonte em busca de talvez ver o sol nascer, meu celular desligou às duas e quinze da madrugada então ainda é 'cedo'. Grito o seu nome algumas vezes, não ouço resposta. Minha mandíbula treme e meus dentes batem uns aos outros, pressinto minha respiração falhando mas ainda tenho a teimosia de procurá-lo.

Quando minhas forças estão prestes a acabar, deparo-me com um sombra entre as árvores, a silhueta de um homem alto ao longe, ele está cabisbaixo fitando algo que parecia ser um... uma lápide? engulo em seco imaginando a quem pertence. Com cautela, dou um passo lento e hesitante, não quero assustá-lo nem interromper o momento que ele; o homem que não sabe como tratar um convidado e é um completo imbecil; tem com a, talvez, única pessoa que o-tenha visto sorrir já que recebe tanta atenção.

Meu esquema de chegar perto sem ser percebido fracassa quando, sem querer, piso num galho seco tirando a atenção do homem, seu rosto atento encara em minha direção e eu não sei o que fazer, Olho para o chão xingando mentalmente e quando volto para vê-lo, ele não está lá. Não há silhueta, nem Sr. D diante da lápide. Cambaleio um pouco para trás por conta da tontura causada pela junção de tudo, atordoado sinto faíscas percorrerem quando dedos tocam minha cintura, minha visão turva capta a luz da lua e penso que esta é uma bela noite. Tento recuperar meus sentidos mas não adiantava, era como se eu estivesse em transe por vontade própria, tentado á querer descobrir todos os segredos que cercam á ele mesmo que seja ridículo da minha parte sentir tantas coisas por alguém que mal conheço. Não há sequer um dia que cheguei e já me vejo preso numa relação de amor e ódio que sequer tem sentido.

Tremo, como um homem poderia ser tão rápido? Como Sr. D desapareceu e agora toca-me com suas mãos frias e sedosas? Como eu posso me permitir a isto? Bruscamente, giro ao seu encontro, e então o medo corre pelas minhas veias, ele não estava a me tocar, está bem distante de mim e, fita-me dos pés a cabeça. Seus olhos esverdeados brilham a luz da lua e são como um par de estrelas na escuridão.

– O que faz aqui Sr. Storment? – perguntou terno, sua voz grave e, surpreendentemente serena soava como um sussurro inebriante – Por que saiu da mansão tão tarde?

Sua calma e serenidade são algo que não pude presenciar até o momento, o que fez meu coração disparar. De repente um gosto amargo desce garganta abaixo levando consigo toda a fúria e confusão que tinha pouco tempo antes, quero responder com a mesma arrogância que tem me tratado mas inexplicavelmente  estar perto dele me acalma e atormenta ao mesmo tempo. Quero conhecê-lo e acreditar que tudo é apenas coisa da minha cabeça, seremos apenas conhecidos e que toda essas palavras de desejo, essa sede por ele que consome minha mente serão apenas ilusões passageiras que tem como destino o esquecimento.

– Por que você deixou aquela foto em meu celular? – minha voz sai tão baixa que nem eu mesmo ouço, assimilo seus passos se aproximando da mesma forma que meu corpo aquece em histeria 

– Eu não achei que essa seria sua reação... – um sorriso torto esboça em seu rosto, ele está diferente e prevejo uma desistência da minha parte, esquecer tudo e me deixar cair em tentação, mas para minha surpresa minha voz toma mais força

– Você acha que estaria no meu quarto me masturbando enquanto gemo seu nome? – replico irônico e ele riu! Ele riu! Adrian riu! Encarei atônito como se eu estivesse presenciando um evento sobrenatural, por dentro quero soltar uma risada nervosa mas me controlo.

– Um pouco sim, mas é que eu... – engulo em seco quando ele dá mais um passo, aproxima-se exalando seu perfume – pensei que você... – naquele momento ele estava diante de mim, seu rosto próximo ao meu, minhas bochechas queimam e eu não posso evitar – queria ver o presente de boas vindas.

Estremeço, ele está declarando algo para mim, uma indireta bem quente que já deixou-me excitado, então baixo meus olhos e percebo que alguns botões de sua camisa estão abertos deixando seu peitoral e abdômen á mostra, o aroma inebriante e o ar fresco surgem como uma combinação perigosa me levando á beira da loucura, meus dedos fervilham ansiando tocá-lo, sentir seus braços me envolverem, meus lábios queimam efervescente numa imensa vontade de beijá-lo e pelo modo que ele me olha, acredito estar sentindo o mesmo.

– Você é tão lindo, Will – ele sussurra em minha orelha fazendo meu corpo estremecer, suspiro sentindo o hálito frio eriçar os fios da minha nuca enquanto seu peitoral fricciona em meu braço – Porque não me toca?

Delicadamente ele dá um passo á frente fazendo minha mão tocar levemente em seu membro excitado, a foto não mentiu, a verdade é dura. Em completo pasmo fascinado pela sensação de trocá-lo estremeço ao sentir seus lábios quentes deslizando pela minha pele com leves mas poderosos beijos seguindo pelo pescoço. É uma tentação agonizante que ao notar que estou beirando o limite,  desisto e num impulso, puxo-o pela gola de sua camisa e beijo-o com todo meu ser, entro em puro êxtase ao sentir o gosto de sua boca, fascinado pela textura de seus lábios, suas mãos puxam-me para mais perto e entrelaço meus braços em seu pescoço como se minha vida dependesse disso, uma incontrolável sede de desfrutar cada sensação e não perder uma gota sequer; Como um droga que vicia em sua primeira experiência. 

De repente para meu choque, sou empurrado para trás, cambaleando procurando equilíbrio caí sobre a grama, não consegui assimilar se eu estava mais atônito pelo impacto ou por sua ação. Minha expressão confusa encontra a sua procurando entender, o que aconteceu? O que fiz? Ele retornou ao inexpressivo, sombrio e perigoso como antes, o silêncio aumentava a tensão e eu me perguntei se... Uma risada ecoou confirmando minha hipótese, caí novamente em sua armadilha.

– Olha como o viadinho é? – perguntou em zombaria enquanto lágrimas começaram a descer, ele estava apenas brincando comigo e lógico que fui um imbecil de cair em suas conversas, me odeio. – Aposto que se eu não tivesse empurrado, iria dar pra mim sem pensar.

Continuo calado, eu que vim procurá-lo, agora tenho o que queria, consequências das burrada que faço. Numa mistura de raiva e frustração, levantei-me e soltei tudo que eu queria dizer:

– Por que você faz isso? Me usa como um brinquedo qualquer e em seguida me trata como lixo sem motivo algum – respiro fundo e continuo – Você está incomodado com minha presença? Ok! Irei embora amanhã e não se fala mais nisso, agora por favor me diz, o que você é? Como toca em mim sem estar perto de mim? Como me faz sentir... arrepios?

Ele fita-me pálido e tenso como se minhas palavras tivessem pego de surpresa, acho que estou aprendendo á domar a fera

– Me diz o que você quer de mim!? – esbravejo em alta voz quase como uma súplica e espero sua resposta. Em silêncio, ele fecha os botões de sua camisa, olha de soslaio no relógio dourado em seu pulso, dá-me as costas e sai andando, como se nada tivesse acontecido. Quero morrer.

Caminho de volta para a mansão e já nem vejo sua silhueta, as lágrimas secas grudam frias em minha pele e tento limpá-las, o que Anna irá dizer? Ela apenas dirá que avisou, "Adrian Darkness não presta e nunca irá". Já aprendi a lição uma vez, já passei por algo pior que isto, fui ferido cruelmente, e não permitirei que ele, Adrian Darkness faça isso novamente. Não cometerei o mesmo erro.

Alcanço a porta metálica e não há ninguém em minha espera, fecho-a e tiro os calçados que não me pertencem, ando com meias pelos corredores e evito olhar para o quarto do Sr. D quando passo por ele, o que há de melhor? Se você não consegue resolver o problema, ignore-o.

Ponho meu celular para carregar e tomo um banho, dizem que a água é revigorante para a alma e a mente, talvez ela limpe todas as feridas e evitem novas. Visto-me com roupas leves e confortáveis, um short e uma camiseta, não gosto de dormir pelado. A luz da lua invade pela janela e torna-se a única iluminação do cômodo. Deito-me em minha cama e cubro-me até os ombros com o edredom aconchegante, respiro fundo e enquanto o sono não chega, observo o teto, limpo e vazio; é assim que desejo minha mente, limpa e vazia. Sem problemas, sem desejos, sem Darkness.

Acordo cedo, não consegui dormir direito então tento revigorar minhas forças, dobro e arrumo minha cama apesar de saber que alguma criada iria fazer essa tarefa. Espero que ocupe minha cabeça um pouco e este será meu objetivo de hoje, ocupar meu tempo com distrações. Vou ao criado-mudo e pego meu celular, que já está completamente carregado, entro na galeria e deleto a foto que foi o gatilho de tudo que aconteceu ontem á noite, sigo para a lista de mensagens recebidas e nas primeiras fileiras estão Thomas e Alisha, mas algo está diferente, Allie mudou seu perfil e agora tem cabelos castanhos, ela tirou o ruivo e agora ostenta mechas castanhas, olho suas mensagens, perguntou o que achei do "boy" que ela encomendou para mim, assumindo que foi uma armação dela, "Ela deve ter dito tantas coisas, verdades e mentiras para Thomas" penso, logo depois pergunta o que achei de seu cabelo novo e mandou um áudio dizendo que cumpriu o prometido, respondi com um emoji risonho e elogiei-a. Apesar dela ter mudado, ainda continua com o ar "Allie maluca" em suas fotos, ela respondeu um coração e disse que quer me ver logo. Saio de Allie e vejo as mensagens de Thomas, que por acaso, são mais do que as de Allie; ele disse que quer me encontrar mais vezes e que gostou muito de mim, os emojis de timidez tornam-se a marca dele; logo após confessou o que eu pensava, Allie falou várias coisas para ele e no entanto, ele disse que sou melhor do que ele esperava. Quero chorar de emoção, não sei porquê eu fico atrás do Sr. D sendo que ele não me quer e faz questão de mostrar isto sempre da pior maneira.
O ruído da porta se abrindo me assustou e quase derrubo o aparelho de minhas mãos, o sorriso gentil de Anna já faz-me querer pular de alegria

– Acordou cedo... – comenta enquanto aproxima da minha cama e começa a ajeitar os defeitos da minha arrumação – Porque não me esperou?

– Não tinha nada para fazer. – dou de ombros dando mais outra olhadinha nas mensagens enquanto tomo coragem – e... você estava certa.

Ela para e encara-me desconfiada, sua expressão mistura estranheza e preocupação, engulo em seco e continuo

– Ontem eu fui atrás dele, e ele me fez de idiota, realmente Anna, ele não presta – suspiro frustrado e me recomponho – Adrian Darkness não presta.

Ela senta no colchão e então mostra um sorriso, não um sorriso normal, mas um compreensivo que dizia "Que bom que você entendeu", então subitamente puxou-me para um abraço

– Pensei que iria demorar mais; não faz uma semana – riu, por um minuto lembrei do antigo cabelo de Allie, um pouco mais claros que os de Anna – Eu não quero que meu novo amigo se machuque.

Dou risada de suas palavras, sei que ela será uma ótima amiga. Quando nos afastamos novamente, ela retoma uma expressão preocupada

– Você precisa se arrumar agora. – avisou indo em direção ao meu guarda-roupa e pegando algumas peças – daqui a pouco elas chegam.

– Quem? – pergunto um pouco confuso pela mudança de ares rápida, ela não responde minha pergunta

– Vista-se e desça – diz apressada, dou de ombros e faço o que ela pede, não muito tempo logo estou na sala de entrada, criados caminham apressados como Anna e eu me pergunto o que está para acontecer. Logo Sr. D aparece na escadaria, usando terno como sempre exalando elegância, não ouso encará-lo

– Bom dia Sr. Storment. – sua voz está sarcástica como antes, "ignore-o" repito em pensamentos e cumpro, sento num sofá próximo e me esforço á me distrair nas redes sociais. Meu queixo caiu quando vejo duas, exatamente duas garotas com a mesma aparência, lado a lado, uma delas mostra um sorriso simpático para mim enquanto a outra sequer me nota... Eu não sabia que Anna tinha uma irmã gêmea, não acredito que culpei Anna por nada, quem tinha me ignorado fora certamente sua irmã que por sinal, não parece ser bem humorada. Uma linha reta de pessoas formou-se na lateral da sala e ouço alguém sussurrar para que eu levantasse, até que depois de alguns minutos a campainha toca sua melodia, uma mulher bem mais velha que aparenta ter nos seus sessenta atende a porta com cuidado, ao abrir uma garota sorridente entra trazendo consigo uma mala e atrás dela, uma mulher deslumbrante carrega outra.
A menor e mais sorridente logo se apressa num pequeno pulo abraça Adrian, que esboça um pequeno sorriso. Continuei ali, parado, atônito apenas observando tudo. A outra mulher, que tem cabelos mais claros que os da garota usa um traje bastante alegre, um vestido lilás formal demais, olho-a dos pés a cabeça e fico surpreso pela mulher, ela parece ter saído da capa de uma revista de moda. A mesma caminha até o Sr. D e tacou-lhes um beijo em sua bochecha fazendo-o escapar uma risada abafada, sem vergonha ele vira-se para mim:

– Sr. Storment, essas aqui são, Isabelle Darkness – olha para a menor que deve ter uns dezoito anos por aí – minha irmã – ela tem muitas diferenças, seus cabelos são de um preto azulado enquanto o do Sr. D são mais escuros, olhos azuis mas num tom mais vívido, até seu humor é totalmente contrário ao dele, ela sorri gentilmente e demonstra simpatia – E esta é Melissa Gillfyrten, minha namorada.

Ao direcionar para a moça, ela mostra um sorriso, não gentil como a irmã do Sr. D, mas cínico como o próprio, seus olhos eram como fuzis que perfuravam-me a cada movimento, mesmo assim ela mantia sua falsa expressão feliz. Não é a toa que é sua namorada.

– Olá querido? – Não consegui responder alto, desconcertado apenas acenei com a cabeça e resmunguei um pequeno "Olá". 

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Fim do capítulo 3! O que acharam? Shipparam muito? E agora, Sr. D tem namorada, que triste, o que acham da irmãzinha Darkness? Se gostou dá o votinho e comenta kkkk

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