2. Sob a luz do luar

O coração às vezes faz alianças com o momento, uma má aliança que serve para nos deixar confusos sobre quem achamos ser e quem realmente somos.
Os corredores escuros tomados pelo silêncio e feixes de luz noturna me trazem calafrios e andar ao lado daquele homem de expressão gélida só piora a situação; cada passo, suspiro e toque oculto de minha visão dificulta meu raciocínio, eu não consigo pensar direito e isto é o que Sr. D causa em mim. Para mim sempre foi uma certeza que seria complicado me acostumar á um novo local mas nunca imaginaria que minha recepção seria tão... Única. Presumo se eles consideram minha vinda como um presente ou total desconforto porém não alcanço um resultado positivo.
Aos poucos, a iluminação volta ao normal e percebo que tem a tonalidade diferente dos outros cômodos, é como se estivéssemos indo para um sótão escondido que eu com certeza não tinha visto ainda. Engulo em seco e procuro meu celular no bolso de minha calça, olho para a tela onde está uma foto minha com Alisha, ela é minha melhor amiga e espero encontrá-la aqui algum dia; ponho a senha e minha caixa de mensagens se abre com nada além do normal, sendo otimista "talvez apareça alguma novidade" e então eu sou alertado de minha distração com uma leve tosse, observo ao redor mas não há ninguém e duvido que o Sr.D tenha feito isso já que tem modos lapidados. Volto á mexer e novamente a tosse ecoa, desta vez próxima, rapidamente meu celular é tomado das minhas mãos e enfiado no bolso do terno, hesito atônito e trêmulo; qual direito ele tinha para tomar meu aparelho? A resposta me veio em seguida mas é incômoda, Sr.D é o dono da mansão e eu sou apenas um peso que seu pai colocou em suas costas antes de morrer; ele certamente deve estar implorando para que esse ano acabe e possa trazer várias damas e transar com todas até se cansar pois é um... Sinto muito Sr. D mas não vou ficar calado para sempre.

- Quem deu permissão para que tomasse meu celular? - resmungo mas ele sequer virou-se, apenas continua andando. Seu silêncio e formalidade me trás calafrios, mas não vou ficar quieto, aumento a voz - Devolva meu celular. Por favor.

Vislumbro um discreto sorriso, a luz já ilumina parcialmente seu rosto destaca o ar sombrio que exala tão forte. Respiro fundo tentando me acalmar, não quero dar um treco e gritar feito um louco apenas porque ele me tratou como um adolescente viciado em internet. Tomo coragem e avanço e ao tocar seu ombro, meu corpo estremeceu.

- Por favor Sr. Darkness - repito, minha voz saiu tão delicada que eu mesmo me surpreendi - pode me devolver meu celular?

Ele deu de ombros e finalmente olhou diretamente para mim, se não fosse tão mal educado, irritante e hétero, talvez eu... Não posso pensar nessas coisas, ele é a pessoa mais antipática que conheço.

- Você quer seu celular, estou certo? - assenti com a cabeça, seus olhos que transitavam entre azul e esverdeado me trouxeram um vontade imensa de estar em outro lugar, observar as ondas do mar ao seu lado... Eu realmente acho que estou ficando louco. - Contanto que não use-o durante todo o percurso ou jantar e sequer hesite em pegá-lo novamente... Eu devolvo. - Assenti discretamente e fixo meus olhos aos seus, ele põe a mão no bolso e retira-o lentamente, estendo a mão para pegá-lo com uma expressão de gratitude porém ele enfiou-o no bolso mais uma vez e enxerguei nitidamente seu maléfico sorriso não preciso dizer quão irritado e confuso estou - Terá seu aparelho ridículo quando eu quiser.

Rangi entredentes, ele não fazia esforço algum em seu trabalho de ser uma pessoa ruim, arrogante e um pleno imbecil pois já é naturalmente. Desisto! não importa o quão bonito, elegante, sensual e quanta atração eu sinta por ele, seus defeitos ofuscam todo o brilho de suas qualidades e é coberto pelo ódio.

Chegamos á saída, uma porta enorme de metal é aberta pelo mesmo que sendo 'gentil' me espera ao lado fitando-me com desdém. O que esse homem tem contra mim? Ultrapasso-o e confesso que fiquei surpreso ao me dar conta de aonde estou, rodeados por árvores brancas sentimos a brisa fria de inverno em nossos rostos, próximo dali está o carro preto de grande porte, juro que deve ter sido caríssimo apesar de não saber muito sobre automóveis, minha expressão estava congelada assim como o vidro escuro pela umidez.

Espero-o fechar a porta enorme e venha, encaro o céu escuro, direciono para o chão mas não hesito em olhá-lo, não tenho coragem. Ajeito meu paletó pela milésima vez e pressiono os lábios gélidos, se há algo que vou fazer é não falar com ele, é exatamente a solução dos meus problemas. O homem passa por mim e nada diz, seus olhos fitam-me de soslaio e depois reviram com desdém, abre a porta para o assento do motorista e entra enquanto eu continuo tremendo de frio parado ao lado do carro. Após alguns minutos, ele abre a porta do passageiro com ignorância e eu juro que vi a porta se quebrar porém nada aconteceu.

- O que está fazendo? - perguntou com desdém misturado a raiva, sinto uma leve vibração com sua voz grave e sexy que, até mesmo irritado deixava-me atraído... porque os melhores sentimentos podem ser direcionado á más pessoas? Isto é tão injusto. - Entre logo no caralho deste carro!

- O que? - meu pescoço quase torceu quando virei, não acredito que ele, um homem tão rico e prestigiado cobrando modos poderia xingar de forma tão baixa?

- Quer que eu te coloque dentro do carro? - perguntou elevando ainda mais sua voz, suas mãos nervosas moviam-se trêmulas até atacarem o volante com socos e de repente sua feição se transformou, de fúria para um ousado sorriso - Ou quer sentar no meu colo?

Merda! Merda! Não posso acreditar nisso, encaro-o assombrado com seu semblante, poderia morrer naquele exato momento por não suportar sua provocação tão tentadora, suas sobrancelhas arqueadas e sorriso torto certamente tiveram impacto. Juro que haviam milhares de borboletas no meu estômago e eu desejava acabar com todas elas, uma por uma apenas para enxergar unicamente a maldade de seus atos. Arqueio a sobrancelha em resposta e solto um suspiro tentando ao máximo não estremecer, entro no carro, fecho a porta e me permiti ser invadido pelo aroma de seu perfume, era refrescante, forte e sensual, exalando uma sensação de liberdade que deixou-me em êxtase por alguns minutos, observo a paisagem na tentativa de não interagir com ele e apenas limitar minha tentação á sentir seu viciante cheiro. Quando por um momento vejo a lua imponente sob o céu ouço-o:

- Achei que iria optar pela segunda opção... - resmungou com desdém soltando uma risada irônica em seguida, encolhi-me no estofado frustrado, fui burro em pensar que ele não seria homofóbico, afinal, ainda há tantos... - mas quais merdas você está olhando?

Olhei para o retrovisor, vi o rosto pálido e apavorado de um garoto sendo pressionado por um homem que sequer tinha tal direito, aquele não era eu, não posso me deixar levar. Respiro fundo e sinto meu corpo entrar em fúria, eu não irei mudar, não agora, nem pelo Sr. D e nem por ninguém.

- Para você. Imaginava até que ponto você seria tão idiota comigo. - sabia que fitava-me com fúria e chamas de seus olhos, no entanto controlou-se por estar dirigindo. Dei de ombros e continuei - E certamente você superou todas minhas expectativas.

Numa baliza rápida e desnecessária, ele estacionou na beirada da pista e deu um soco tão forte em seu volante que eu estremeci, preparei-me para dizer adeus e morrer, aquele homem era tão forte que sem dúvidas no primeiro golpe eu já estaria no chão inconsciente.

- Então é assim? - perguntou mostrando o sorriso mais irônico - Você chega na minha mansão, aproveitando-se da boa ação do meu falecido pai, passa algumas horas e já acha que pode falar comigo de qualquer jeito? Eu sou Adrian Darkness, se eu quiser, posso te expulsar nesse exato momento e você irá voltar para aquele lugar desprezível que você chama de casa, afinal, seria um grande favor a mim, e outra, quando seu pai me ligou dizendo que você teria a "ajuda" do meu pai, ninguém me disse que teria um viado apaixonado por mim! Não acha que é cedo demais para isso? Já quer ser fodido na primeira noite.

As lágrimas caíam pelos meus olhos, eu nunca havia sido humilhado desse jeito, eram tantas verdades que eu não sabia sequer o que responder, meu limite havia estourado, já ele, havia estourado há tempos. Procuro a maçaneta da porta e tento abrir, não quero ficar ali nem mais um minuto. Confesso que o subestimei, pensava que ele não poderia ser pior do que já era, mas agora fui provado, ele é pior do que imagino. Quando finalmente encontro a maçaneta, abro a porta do carro e saio, limpo minhas lágrimas e começo a andar pelo asfalto. O céu estrelado sob a imensa floresta é uma bela paisagem, e acalmou-me um pouco. Já estava longe, apesar de meus pés doerem não hesitei em continuar a caminhada, iria chegar na cidade sem entrar naquele carro.

- Entra aí. - a voz grave e autoritária do Sr.D me assustou, no entanto continuei a caminhar fingindo não ter escutado, a porta foi aberta e ele dirigia aos poucos para me acompanhar - Entre agora!

Novamente ignorei, prefiro ir sozinho do que mal acompanhado. Então ele gritou mais uma vez fazendo eu perder minha plenitude.

- Foda-se! - gritei, se não estivéssemos em meio á floresta, juraria que teriam rostos espantados. Ele fitou-me atônito, talvez chocado por minha resposta de mesmo nível - Foda-se eu vou sozinho...

Ele mordeu o lábio inferior e esboçou um sorriso

- Foda-se você também. - respondeu mudando totalmente de tom, agora soava calmo, realmente estou com medo dele - uma péssima noite e tomara que morra.

- Desejo o mesmo para você - rebati forçando outro sorriso - obrigado por nada.

Ele fechou a porta do carro e acelerou, deixando-me sozinho naquela estrada.

Aquele tempo que passei sozinho, foi usado para pensar, voltei há dois dias atrás quando eu estava ansioso e temeroso com a viagem, imaginando todos as ótimas lembranças que eu teria daqui, mas até agora nada disso aconteceu, só conheci um milionário arrogante e mal educado que atormenta-me sempre que sinto aqueles toques estranhos, talvez eu seja maluco, mas tenho quase certeza que ele é algum ser sobrenatural ou algo do tipo. Meus pés doem e sinto frio, só nos últimos minutos já dei uns três espirros e prevejo um resfriado mas não me arrependo de rejeitar a carona e nem pedir para outra pessoa, não conheço muito daqui mas se me lembrou bem da chegada acho que próximo á entrada da floresta há algumas lojas e talvez eu encontre um restaurante. Há boas chances de eu encontrar alguém legal para me ajudar.

Chego à uma esquina, não posso evitar sorrir de alívio ao ver a grande placa neon escrito "Light house", aquele lugar caiu-me como uma luva naquele momento, minha melhor amiga Alisha já me enviou várias selfies enquanto trabalhava, ela é barista da boate e já imagino as loucuras que ela deve fazer durante seus turnos, ri só em pensar.

Caminho para lá, logo em frente tinha dois seguranças altos e fortes, mas um deles me chamou atenção, era loiro e tinha olhos azuis claros, ele tinha quase a altura do meu irmão mais velho, Pietro, que já é casado. Entro no final da fila e aguardo, procuro minha carteira só para ter certeza que o Sr. D não pegou-a também. Após quatro minutos, eu ouço um ruído vindo de longe e então um estrondo, acompanhado da voz irritada bem familiar:

- Tomar no cu! - gritou a garota, não hesito e disparo em direção ao fundo da boate - vai se foder garoto retardado!

Quando finalmente chego ao local, vejo a cena mais cômica, digna de Alisha. Ela segurava um saco de lixo na mão direita, e com a outra empurrava um garoto moreno que tentava beijá-la, ele segurava uma garrafa de whisky e pela sua aparência, era óbvio que estava bêbado. Fiquei ali, parado atônito sem saber o que fazer, quando senti um leve toque em meu braço, meu corpo estremeceu e logo me deparei com um dos seguranças, ele deu uma piscadela e um sorriso esboçou seu rosto

- Desculpe se te assustei - sua aparência jovial me fez pensar em algo, porque até agora só encontrei homens bonitos? Se fosse em minha cidade, eu deveria andar por horas para encontrar os pais de um. - não foi por mal.

Assenti com a cabeça, ainda em êxtase, os olhos azuis eram como a água do mar, e naquele momento, eu me afogava. Ele desviou-se de mim e foi em direção a minha amiga

- Há algum problema aqui? - perguntou o segurança, sua voz era grave e bem diferente de como falara comigo. Eu acompanhava tudo de longe.

- Não! Nenhum! - gritou Allie esbaforida, a ironia era visível em suas palavras, e eu sorria feliz por encontrá-la novamente apesar da situação inadequada - Só esse descarado tentando me pegar... - o bêbado tascou-lhe um beijo em sua bochecha - vai se foder seu infeliz! Se continuar parado eu castro vocês dois!

O segurança correu para livrá-la, enquanto eu ria baixinho, se ela não estivesse no horário de trabalho já teria dado-lhe um chute em suas genitais, no entanto se fizesse agora perderia o emprego por atacar um 'cliente'. Após o segurança tirar o bêbado aos puxões, fui falar com minha amiga. Foi apenas aparecer e ela já soltou um grito eufórico, como sinto saudade de suas crises de euforia...

- Will! Seu cafajeste! - ela literalmente correu e num pulo me abraçou, seus cabelos ruivos presos ainda eram os mesmos, apesar dela ter me prometido pintar quando chegasse aqui - tomou vergonha na cara? Pois para vir aqui só pode ser um milagre.

Ela se afastou, cruzou os braços e desconfiada franziu o cenho

- Não vai me dizer que a fazenda da sua família faliu... - antes que eu negasse, ela mudou totalmente de assunto - ou tá com boy novo?

- Na verdade, nenhuma das alternativas. - respondo sorridente - Estou morando aqui por um tempo... de favor...

Ela fitou-me por alguns minutos e então soltou um grito agudo de desespero, foi tão rápido que não consegui perceber e o bêbado tinha voltado e avançou, quase agarrou os seios de Allie que retribuiu o ato com um soco no olho fazendo o bêbado cambalear para trás, o segurança apareceu acompanhado, agarraram o tal homem resmungando e levaram:

- Vai pegar nas tetas da vaca que é a sua mãe - resmungou ela arfando de ódio, então seus furiosos olhos caíram sobre mim - e você William? Porque não faz nada?

Dei de ombros, afinal, o que eu poderia fazer? Estava emocionado demais só por encontrá-la que nem pude me mover

- Você sabe se defender Allie - retruquei rindo, ela revirou os olhos - lembra do jogo de queimada que o professor foi parar na enfermaria por sua causa?

- É que eu estava num dia ruim... - sua desculpa era falha, sempre foi impulsiva, lembro que outra vez falou tantas coisas à Esther, uma garota do colégio que lamentava-se todos os dias pela morte de seu camundongo, que a mesma precisou fazer dois anos de terapia psicológica após as duras palavras de Allie - Mas você não é o macho alfa?

- Você sabe que não gosto de brigas... - inclinei meu corpo como os garotos faziam pra tentar parecer ameaçador, ambos rimos da imitação barata.

- Olha Will, um soco não mata ninguém. - ela tem o costume de mexer as mãos enquanto fala, ou seja, é como um farol humano.

- Sei... - disse enquanto outra silhueta se aproximava

- Alguém pode pegar gelo e um curativo? - era o segurança loiro, ele tinha um corte na testa e sangrava, Allie entrou para a boate xingando e eu não fiz nada senão ajudá-lo.

- O que aconteceu? - ele tentava parar o sangramento com a mão, aproximei-me para ver e fiquei preocupado, era muito sangue e estava um pouco inchado.

- O amigo de sua namorada, adora quebrar whisky na testa de outras pessoas. - ele rangiu entredentes seu dedo tocou o ferimento

- Aqui está o gelo e os curativos. - avisou Allie voltando da boate trazendo a bolsa de gelo e uma pequena maleta de socorros - Will você pode ajudá-lo enquanto eu atendo os outros pedidos?

Arregalo meus olhos, assim talvez ela percebesse meu pânico

- Allie, espere... - tento

- Obrigada, te amo viado. - fracasso, ela adentrou a boate e me deixou com aquele segurança simpático e até sedutor... de forma diferente ao Sr. D.

Com tudo em mãos, limpei o ferimento e analisei o estrago, ele me fitava mas não me incomodei.

- Você sabe fazer curativos? - perguntou exasperado, talvez com medo dos meus dotes medicinais. Não o-culpo.

- Melhor tentar do que nunca aprender. - respondi dando de ombros - acho que não há riscos de você morrer.

Ele riu da minha péssima piada e deixou que eu cuidasse do seu machucado, às vezes ele suspirava aflito por causa da dor, tirei alguns pequenos estilhaços enquanto limpava e enfim, consegui o que queria. Peguei um curativo e pus no local, a sorte dele foi não ter sido um corte profundo, senão teria que dar pontos no machucado e eu não sou enfermeiro ou algo do tipo.

Quando finalmente terminei, suspirei aliviado por ter alcançado sucesso.

- Pronto. - avisei ao loiro - curativo feito.

Seus olhos fitaram-me por mais alguns minutos, as órbitas azuis brilhavam em meio as sombras escuras que nos rodeavam e apesar de estarmos no fundo duma boate, sentados num banco próximo à uma enorme lata de lixo, conseguia distinguir o cheiro refrescante que exalava daquele homem, seu rosto poderia me fazer suspirar, mas temo que corações feridos demorem um pouco para se recuperar.

***

Luzes coloridas iluminavam o centro da cidade, uma grande multidão sentada no gramado olhando para o céu à espera do grande show de luzes e euforia, logo os fogos iriam subir em direção ao céu noturno juntar-se ás estrelas, e quando isso acontecesse teríamos um novo ano para viver, mais um de muitos.

- Será que Nancy já teve o bebê? - perguntou Alisha, ela usava sua visão panorâmica para tentar encontrar Kyle, seu namorado. - Acho que se eu fosse ela, iria esperar mais alguns minutos, só pra ele nascer no ano que vem.

Ri de seu comentário e voltei a olhar para o céu, o vento era frio e a noite prometia várias coisas, tinha a festa na piscina de Nicole que mesmo sabendo do frio, insistiu... E também havia outra coisa, Greg, há alguns meses que venho gostando dele, sim, o acho tão lindo e tão simpático, sinto algo tão estranho e ao mesmo tempo, legal em relação à ele; bem que se ele pelo menos olhasse para mim, do jeito que eu quero, como um... Namorado.

A música ecoava por todo o lugar, procuro saber de onde vem até que Allie vira-se e caminha em direção ao carrinho de hot-dogs, de longe ouço seu grito de euforia

- Nasceu?! Meu sobrinho nasceu?! - Ela deu pulinhos e fez uma dancinha bem esquisita, foi impossível não rir - Puta que pariu! Minha irmã teve um menino!

Minha tia a-repreendeu, enquanto isso, voltei a observar o movimento até que meu coração disparou, ali estava ele, junto com seus amigos, ele mostrava aqueles sorrisos perfeitos enquanto ria, seus olhos castanho-claros eram um sonho e... Eu estava apaixonado. Como sei disto? Quando você está apaixonado, você é cegado pelo amor e só observa uma metade, uma boa metade, sendo que é necessário vermos ao todo.

De repente, nossos olhares se encontraram, e ele mantia o mesmo sorriso encantador e gentil que fazia meu corpo vibrar de alegria, desviei meu rosto assim que percebi, minhas bochechas queimavam e meu coração estava acelerado, eu queria-o tanto que não tinha capacidade alguma de ver a maldade por trás daquele belo rapaz.

Recebi uma mensagem e quase gritei alegre, era ele, ele havia enviado uma mensagem para mim, tremia enquanto respondia-o e foi então que a maldita mensagem chegou, ele queria que fosse até a lateral de um colégio próximo dali, e fui, sem pensar duas vezes.

Passei a minha primeira manhã, num novo ano, deitado numa cama sem poder mexer meu corpo, nem sorrir eu conseguia; machucados aqui e ali, hematomas em algumas regiões, cabeça dolorida e braço engessado, quatro garotos na delegacia e mães dizendo que seus filhos nada fizeram, que apenas divertiram-se como todos que estavam lá, eu não era importante, não era humano por ser do jeito que sou e eu não merecia súplica. Era isso que significou amar, para mim, amar é deixar ser guiado com os olhos vendados.

***

- Thomas, você foi liberado por hoje - a voz de Alisha despertou-me de minhas lembranças, virei para vê-la - Mas você tem que ir com alguém...hum... Will porque você não acompanha ele?

- Eu não... - minha voz falhou - Queria conversar com você.

- Acho que vou sozinho então. - Disse Thomas levantando-se mas antes que fosse embora, Allie gritou

- Espera Thomas! Ele vai com você sim, e não recuse pois foram ordens do patrão. - Respirei fundo para não perder a paciência, ela voltou-se pra mim e cochichou - Relaxa, ele não vai te morder... caso você não queira.

A louca gargalhou de um modo extremamente alto e voltou para dentro. Logo ouço a voz do loiro

- Agora podemos ir? - ele tinha as mãos nos bolsos da calça escura, balanço a cabeça e o-acompanho.

Cruzamos o estacionamento da boate até que passamos à um carro belíssimo preto e confesso que pensei que fosse do Sr.D, mas por sorte não tinha o mesmo vidro escuro, sorri aliviado. Chegamos a um carro azul-escuro e o loiro abriu a porta para mim. Estranhei, na verdade fiquei muito desconfiado, qual homem faria isso? Ele mostrou um sorriso ao ver a careta que formou-se em meu rosto, foi impossível não fazer. Depois que já estávamos dentro de seu carro, que por acaso tinha um leve aroma de chiclete de menta, ele olhou para mim e riu, não sei porque mas eu fitava-o naquele exato momento.

- Porque está rindo? - minha voz saiu bem mais grave do que o normal

- Olha, não precisa ficar assim. - Do que ele estava falando? - eu sei que você é tímido e tal, mas não precisa ser agora.

Eu vou gritar! Do que ele está falando? Nenhuma palavra que saía de sua boca tirava-me do transe, eu não parava de fitá-lo e queria parar!

- Eu sou gay - as palavras saltaram da minha boca sem minha permissão, e quando o arrependimento bateu, torci para não ser expulso do carro mas também não seria uma má idéia.

- Eu também sou. - meu queixo caiu e fiquei boquiaberto por um tempo... - Um gay quebrado na verdade, sou Thomas.

Era impossível não demonstrar a felicidade que irradiava dentro de mim, como se pela primeira vez algo realmente bom tivesse acontecido

- E eu sou William.

O percurso inteiro foi tão calmo, Thomas contou-me da quantidade de mulheres que se jogam encima dele no horário de trabalho, houve algumas que fingiam machucados para tirar sua atenção e, eu ria de suas piadas, era tão engraçado. Passamos numa lanchonete e comemos um pouco, quando ele disse que meus olhos cinzas pareciam deliciosos, eu quase engasgo com o milk-shake pela enorme falta de sentido na frase . Depois de um tempo, ele perguntou-me onde eu morava e sua cara de espanto foi visível, disse ser estranho alguém como eu morar na mansão Darkness, acho que compartilho dessa opinião. Foram alguns minutos até que enfim, seu carro parou em frente á citada mansão.

- Só de estar aqui já me dá calafrios. - Comentou ele rindo nervoso, não tenho dúvida nenhuma do grande frio que fazia - Então... nos vemos depois? Qual é seu número?

Sorri aliviado por ter voltado em segurança e principalmente pela companhia inesperada. Falei meu número e ele agradeceu.

- Hum... então já vou. - quando virei-me para sair do carro, ele puxou meu braço e então nossos lábios se encontraram num beijo quente e suave, como a brisa do verão e vi ele sorrir contente.

- Agora sim, você está em segurança. - meu coração derreteu-se, e meus olhos já ameaçavam derramar lágrimas, como sou emocionado.

- Até mais. - Respondi sorridente, apesar da minha voz embargada, eu realmente estava feliz e confuso por tudo que me aconteceu num único dia.

- Sonhe com os anjos, e comigo também. - assenti rindo e ele se foi, agora lá estava eu, sozinho no frio, para caminhar até a mansão, subir a escadaria e me lançar exausto sob a cama.

O frio afastou-se logo quando entrei, a porta foi aberta por Anna, sorri para ela que me ignorou como se eu não existisse, mas ela não estava grata por mim? e eu pensei que seríamos tão amigos... Subi direto para meu quarto como previsto, não queria acabar com a minha alegria momentânea e sim mantê-la o máximo de tempo possível.

Fecho a porta do meu quarto com o maior cuidado possível, não quero que o Sr. encrenca venha dar-me mais uma bronca...

- O que fazia sozinho pelas ruas? Devia ser bem interessante prevejo. - Meu corpo paralisou e uma brisa fria veio sobre mim. Adrian estava no meu quarto, frente á minha cama.

Engulo em seco mas não respondo.

- O que foi agora? O gato comeu sua língua? - Perguntou carregado de ironia e arrogância como sempre - Onde está o rebelde que falava tudo?

Ele não vai me irritar.

Ele não vai me irritar.

Eu não vou explodir.

- Aqui está a merda de seu celular. - ele jogou na minha cama - É todo seu, aproveite.

Aquelas palavras não iriam me acertar, não hoje. Depois que o Sr. D saiu do meu quarto, tirei meus sapatos e fui direto ver se havia alguma mensagem de Thomas, deslizo a tela para desbloquear e meu corpo parou.

Meu coração parou e eu não podia acreditar naquilo. Havia uma foto, um homem que, eu vi de terno, estava pelado, e... eu não podia acreditar, Eu tinha um nudes de Adrian Darkness?

*************************************

Capítulo novo enormeeee!!! 4000 palavras!!! Primeiro recorde de escrita minha💜

O que acham que vai acontecer? Comecem a guerra de ships!!! E quem amou a Allie? Sincera ela não?

Dêem seu votinho, comenta e compartilha

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top