Capítulo 32 - O diário de Lilite
Derek estava em sua casa, em um cômodo onde particularmente não passava muito tempo, lá na maior parte era apenas uma biblioteca, em outros momentos um escritório. Sua presença ali era com um único objetivo; encontrar o diário de Lilite.
Lissa adentrou o lugar um pouco depois e notando que o irmão procurava algo começou a ajudá-lo, sem saber ao certo que estava procurando.
— O que estamos procurando seria um livro de lendas sobrenaturais? — inquiriu ela um tempo depois.
— Não! Mas se você achar algo assim aqui, me entregue por favor...
Ela assentiu respirando fundo.
— Se você me disser o que é, será mais fácil... — resmungou.
— É sobre a Alina...
Lissa revirou os olhos.
Continuaram olhando cada canto do cômodo.
De repente Derek parou, olhou a sua volta, haviam livros espalhados por todos os lados. Ele e a irmã já estavam trancados ali há horas. Desanimado o vampiro se sentou em uma poltrona, pegando uma garrafa de Whisky guardada atrás da mesa principal, próxima a janela. Serviu-se, tomou um grande gole e respirou fundo.
A loira o observava atentamente.
— Afinal, por que é tão importante assim encontrar esse livro?
Derek deu de ombros, dizendo pensativo:
— Eu não contei para a Alina, que eu já conhecia a Isobel...
Lissa fitou o irmão com olhos arregalados.
— O quê? Como assim você já conhecia a Isobel? — questionou curiosa, aproximando-se dele.
— É... — ele murmurou ainda distante. — Foi ela quem me transformou.
— Então ela é a mulher misteriosa da qual já falamos muitas vezes...
— Sim.
— Tá... E porque não contou isso a Alina?
Derek pareceu voltar de seu pequeno transe meditativo ao ouvir aquela pergunta, rapidamente encarou a irmã e disse com sinceridade:
— Eu não sei...
— Não mesmo?
— Quando eu mordi ela, não vi uma pessoa ali — revelou —, eu vi uma oportunidade, ela estava sozinha e eu frustrado por estar aqui novamente, eu queria sangue e então peguei, mas o que você não sabe é que eu senti meu coração bater naquele momento e apesar da dor, aquilo mexeu comigo. Quero sentir aquilo novamente...
Lissa balançou a cabeça em silêncio.
O vampiro encheu seu copo novamente e tomou tudo em um único gole, logo em seguida continuou a falar.
— A Alina era uma incógnita e quando descobri sobre o nosso elo pensei que fosse algo diferente.
— Tipo o quê? — ela inquiriu rapidamente. — Acho que me perdi na sua história...
Ele riu.
— É... Como se a gente tivesse nascido para se encontrar em algum momento...
— Ôh! E ficar juntos? Tipo almas gêmeas, destinadas uma a outra? — ela deixou escapar entre os dentes, levando a mão direita até a boca. — Você não acredita nesse tipo de coisa...
— Mas você acredita. E nós dois sabemos o que significa ter um elo de sangue com alguém.
Ela sorriu.
— Eu acredito que a vida não pode ser tão cruel assim para vivermos sozinhos e sem amor. Estamos há tanto tempo neste mundo e a eternidade é tão solitária.
Derek balançou a cabeça concordando, sem dar muita atenção as palavras da irmã. Ele rapidamente levantou a garrafa, oferecendo a bebida alcoólica para Lissa, que com um leve aceno recusou.
— Você está bebendo demais! — ressaltou ela.
— Não o suficiente — disse ele, sorrindo de lado.
Ambos ficaram em silêncio por um minuto, o que pareceu ser uma hora.
— Bom, o elo que liga vocês é a Isobel e você pensou que era o destino? — ela perguntou.
Ele ficou em silêncio, dando-se conta do quanto aquilo soava ridículo.
— Meu irmão, o que está te atormentando?
— Não estou atormentado! — falou ele, em voz alta. — Quer saber? Vamos continuar procurando o livro. Ok?
Lissa suspirou.
— Ok.
✣✣✣
Alina pegou sua bicicleta que estava há muito tempo parada, pegando poeira na garagem de sua casa e então a garota começou a pedalar, sentindo a brisa levemente gelada da noite tocar sua pele. Ela fitou o céu brevemente e pôde ver a lua, que até parecia observá-la também — tal pensamento a animou — se havia algo que lhe deixava com a sensação de leveza, era observar aquele satélite secundário.
Olhar para a lua e contemplá-la era uma mania sua desde criança, não tinha certeza de como isso tinha começado, talvez alguém tivesse lhe dito algo que desencadeou essa admiração, de qualquer forma, Alina vira e mexe se pegava fazendo isso, geralmente quando se encontrava triste e raramente permanecia indiferente. Era bem verdade que não dava a si mesma esse mero prazer há alguns dias, mas neste momento ela admirou com fascínio a lua, o máximo que pôde.
A essa altura, as ruas da cidade estavam praticamente vazias, não demorou muito para ela chegar na residência dos Campbell. Ao parar em frente a porta Alina respirou fundo, soltou a bicicleta no chão, bateu na porta uma única vez e em seguida entrou. A sala estava vazia, mas logo ela ouviu vozes vinda de uma porta ao lado, onde a vampira ainda não tinha entrado.
Ela se aproximou e disse adentrando o cômodo:
— Olá...
Um enorme escritório, repleto de prateleiras cheias de livros se fez presente, era impossível ver a cor que cobria todas as paredes, mas o teto tinha uma tonalidade bege fosco, como nos outros cômodos, nesse também continha um grandioso lustre de cristais. Uma mesa de carvalho, algumas poltronas de couro preto e uma janela modesta, por onde se podia ver parte do quintal, da estrada e do começo da floresta.
Alina olhou à sua volta, sob o olhar curioso de Derek.
— Uau — ela sussurrou.
— Gostou? — ele inquiriu, aproximando-se.
— É demais!
Lissa estava mais ao canto, com um livro nas mãos. A loira fitou os dois com um sorriso zombador nos lábios, mas logo voltou suas vistas para as páginas amareladas.
— Bom, acho que sua chegada é minha deixa para ir — disse seriamente. — Você arruma as coisas Dê!
— Estavam procurando por algo? — Alina questionou curiosa.
— Na verdade sim — Derek respondeu. — O diário de Lilite, talvez seja do seu interesse, afinal, ela fala de você nele...
A garota apenas balançou a cabeça.
— Mas você não parece surpresa — ele concluiu, olhando para ela.
Lissa rapidamente dá meia volta e fita os dois, perguntando:
— Já sabia da existência desse diário?
— Flora me contou hoje.
— Hum — a loira murmurou. — Ele não está aqui, o diário foi roubado.
— Quando? — Alina perguntou, aproximando-se de Lissa.
— Bom... Há 17 ou 18 anos.
— Você nunca me contou isso — Derek retrucou rapidamente.
— Você se esqueceu? Não queria saber nada sobre essa casa.
O vampiro balançou a cabeça lentamente, inquirindo logo em seguida:
— O que mais foi roubado Lis?
— Nada... Apenas o diário.
— Estranho... — Alina sussurrou. — Vocês chegaram a ler?
Lissa negou com um leve meneio.
— Eu só o vi uma vez — respondeu Derek.
— Eu até tentei ler, fiquei curiosa, mas não tinha como abrir ele — a loira falou de repente. — Estava protegido. Tinha magia, queimou minhas mãos.
Alina arregalou os olhos.
— Literalmente?
— Sim — riu. — Bom, agora tenho mesmo que ir. Preciso fazer algumas listas, tenho muitas coisas para mostrar a empregada amanhã — disse Lissa. — Vocês dois, não façam nada indecente em cima dos livros.
Derek soltou um riso nervoso enquanto a jovem ao seu lado sentia suas bochechas queimarem, ficando vermelho escarlate. A loira gargalhou antes de finalmente sair e deixar os dois à sós.
Alina fitou o vampiro que tinha o olhar fixo nela, acompanhado de um sorriso travesso, que fez a garota sorrir de lado.
— Quer ajuda para arrumar esses livros?
— Não, amanhã eu vejo isso — ele disse sério. — Veio aqui por causa do diário?
— Na verdade sim... Como ele era?
— Bom, tinha uma capa vermelha e uma grande letra L desenhada.
— Aivy nunca te falou sobre o que tinha escrito nele?
Derek rapidamente se afastou, sentando-se em uma poltrona no canto da sala.
— Não... A gente não conversava sobre esse tipo de coisa.
— Por que estava procurando o livro então?
— Imaginei que tivesse algo sobre o que ela fez com você.
Um arrepio tomou a garota, que rapidamente mexeu os ombros para cima e para baixo, como se tentasse expulsar aquela sensação ruim.
— Tudo bem?
— Sim...
— Quer que eu leve você embora? — ele inquiriu seriamente.
— Não. — disse ela. — Eu posso ficar aqui?
Derek assentiu.
— Já tomou uma decisão sobre sua mãe?
— Ainda não...
Ambos foram interrompidos pelo barulho estridente do celular de Derek.
O vampiro fitou a tela surpreso.
— Tara? Tá tudo bem?
— Isobel está na cidade, não é? — a vidente questionou do outro lado da linha.
— Sim. Teve uma visão com ela? — perguntou ele, olhando para Alina que caminhou silenciosamente em sua direção, aguçando os ouvidos para ouvir claramente o som que vinha do aparelho na mão dele.
— Eu fui até a casa da Elóah Vikin, a velha guardiã sobrenatural...
— Eu me lembro dela Tara — ele disse impaciente. — Foi ela quem disse o que a Alina era...
— Sim — falou trêmula, a voz dela tinha hesitação.
— O que aconteceu?
— Ela está morta.
— Ela era velha! — retrucou ele.
— Não... Mataram ela Derek — a vidente fez uma pausa. — Foi bem feio, tinha muito sangue. Quando eu toquei nas mãos geladas dela, eu tive uma visão com a Alina.
Derek respirou fundo, sabia que aquilo não era bom.
— Continua... — murmurou.
— Você não pode deixar a Isobel se aproximar da Alina.
— O quê? — inquiriu arregalando os olhos. — Por quê?
— Olha, eu vou até aí, ok? — ela falou, depois de um silêncio meditativo. — Só preciso resolver uma coisa antes... É importante, enquanto isso mantenha as duas longe uma da outra! É sério Derek!
— Entendi.
— Até daqui a pouco. — disse ela e assim a ligação se encerrou, sem nenhuma palavra a mais.
Derek parecia atordoado, fitando o aparelho em sua mão direita, mas era Alina quem tinha naquele momento um semblante realmente assustado, dominada pelo medo.
O silêncio que ficara no cômodo era sepulcral, ambos se fitaram por alguns segundos, ainda atônitos.
O vampiro então caminhou até a mesa, sem nada dizer, pegando novamente a sua garrafa de Whisky que estava aberta em cima do móvel, ele se aproximou de Alina e lhe ofereceu um copo cheio, a garota recusou.
— Não quero isso! — disse séria. — Só quero saber o que a Tara sabe... Ligue para ela!
Ele encarou-a nos olhos.
— Você ouviu, ela disse que é importante então não vai contar nada pelo telefone. Tara é um tanto paranoica acha que outras pessoas podem ouvir, como se existisse alguém em uma sala ouvindo conversas alheias — ele respondeu. — Não adianta eu ligar para ela!
As mãos de Alina tamborilava por suas pernas.
— Eu acho que devo ver a Isobel...
— Acho melhor não — ele disse, pondo-se diante da porta.
— Você vai me impedir?
— Se for preciso — respondeu sério.
Alina bufa, rangendo os dentes com raiva.
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