Capítulo 13 - O primeiro gosto de sangue...
Ainda com o telefone na mão — Derek chamou pelo nome de Alina — no entanto, nenhum som adveio. O silêncio que se instalou o afligiu de uma forma que ele sequer imaginou que poderia, Miguel ou Lissa já não eram prioridade; nada mais era, apenas aquela inquietação que começou a corroê-lo por dentro. Por alguma razão além da curiosidade, ele não queria vê-la morta.
Rapidamente Derek pegou das mãos de Lissa a chave do carro dela e saiu porta a fora, a loira resmungou mas ele não lhe deu ouvidos.
Àquela altura o céu já começava a escurecer, na sua breve prévia para o anoitecer que se aproximava deveras. Então acelerou o máximo que pode e pouco tempo depois, Derek se encontrava em frente à casa de Alina. Ainda no carro, o vampiro fitou a residência em completa escuridão. Ele girou a chave desligando o motor e saiu do veículo.
Derek bateu na porta duas vezes, sem obter retorno, girou a maçaneta, no entanto, a porta não se abriu; se preparou para arrombar a fechadura, mas naquele instante sentiu um leve desconforto por cima dos ombros, como um arrepio sutil. Dando dois passos para o lado viu pelo reflexo da janela um par de olhos lhe observando, ao se virar discretamente fitou o vizinho da frente, encarando-o com o telefone na mão. O vampiro aguçou os ouvidos para ouvir claramente o som que vinha do aparelho.
"911. Qual é a sua emergência?"
O idoso nada falou, desligando o aparelho, ainda sondando o homem do outro lado da rua.
Derek cerrou os punhos, sorriu para o homem e acenou com ironia, cogitou matar aquele homem bisbilhoteiro, mas se conteve pensando em Alina que precisava de sua ajuda, o quanto antes, afastando-se da porta caminhou até os fundos da casa de forma veloz.
Dane-se o velho! Pensou. Vendo como sumira como fumaça, o homem não ousaria se aproximar, no mais, ninguém o levaria a sério.
Já num ponto onde não podia ser visto, Derek olhou para cima procurando uma maneira de entrar na residência, quando viu na janela aberta uma oportunidade. Ele subiu sem nenhuma dificuldade em uma árvore de galhos medianos que ficava ao lado da parede e pulou para dentro, caindo no quarto de Alina.
Uma vez ali ele conseguiu sentir o cheiro do sangue dela tomar toda a casa. O odor ferroso o fez se lembrar do dia em que a mordeu, aquilo por alguma razão trouxe um gosto de cinzas à boca do vampiro, que fechou os olhos e respirou fundo.
Derek não sabia o que lhe esperava, contudo andou sem medo.
— Raio de Sol? — sussurrou, quando finalmente viu a poça de sangue.
Alina apareceu pouco depois, perto da porta do banheiro; sua pele amarelada, seus olhos fundos e sem brilho como um abismo. Ele se aproximou deveras, bem a tempo de pegá-la no colo quando o corpo dela tombou para frente.
— Peguei você — murmurou.
Derek a colocou em seu colo e sentiu os braços quentes de Alina em volta de seu pescoço, em seguida desceu a pequena escada com a garota. Antes de abrir a porta ele se certificou que não havia mais ninguém na rua, logo em seguida caminhou até o carro e depositou o corpo dela no banco de trás, dando partida.
Os olhos dele estavam pousados no caminho que traçava, mas vez ou outra desviava suas íris azuis até o retrovisor interno procurando pelo reflexo de Alina, que gemia baixo, em algia. Não muito depois ele parou o carro perto da entrada de sua casa e logo em seguida adentrou a sala com Alina no colo.
Lissa e Tara estavam sentadas no sofá conversando, mas se calaram assim que o viram.
— Tara? — ele chamou, caminhando até a escadaria. — Preciso da sua ajuda lá em cima.
E subiu, a morena foi atrás seguida por Lissa.
A cada passo que dava, Derek apertava o torço de Alina contra seu peito. A garota era uma incógnita. O que vinha depois?
Ele não conseguia pressupor nada sobre ela, sequer sabia como se sentia em relação a isso, mas ela estava ali no seus braços outra vez, e tudo que Derek sentia era vontade de cuidar dela, o que já era para ele quase um desatino.
Alina podia sentir as mãos dele a apertando, sentia como se fosse se fundir a ele, tornando-se um só ser. Chegando no quarto de hospedes que estava vazio, o vampiro a colocou na cama e de súbito, a garota pegou em sua mão. Derek a fito surpreendido.
Tal visão fez Tara sentir uma dor no coração, com se uma agulha de croché estivesse sendo cravada lentamente em seu peito. A mulata torceu a face.
— Eu deveria estar no hospital — Alina sussurrou para ele.
— Tara, o que você pode fazer por ela? — Derek perguntou, virando-se para a vidente.
— Ela tem razão, não deveria estar aqui!
— O que você tem? — Lissa perguntou sem entender nada.
— Eu não sei — Alina falou tristonha, aquela resposta parecia estar se tornando cada vez mais frequente.
Tara suspirou.
— Acho que ela está doente — Derek revelou.
— Por que não dá um pouco do seu sangue a ela? — Lissa questionou. — Já fez isso uma vez, agora o feito resolveria a curto prazo.
Alina rapidamente pegou no braço de Tara.
— Por favor, me leve ao médico — pediu com voz fraca.
O semblante sério de Tara se desfez, o negro das trevas sobreveio, naquele instante sua face foi tomada por uma feição de pavor. Seus olhos se arregalaram, inerte. Ela ficou assim por alguns segundos até que Lissa toucou em se ombro, tirando-a daquele transe.
— Você está bem Tara? — a loira inqueriu.
— Acho que Lissa tem razão Derek, você deve dar seu sangue à ela — Tara falou de repente, ainda com olhar distante.
Ele assentiu.
— Então tá, né? — Lissa falou ainda incerta. — Já que é isso, vamos deixar vocês a sós.
A loira puxou o braço de Tara, deixando Derek e Alina sozinhos no quarto.
— Não faça isso — Lina pediu. — Não preciso de sangue, do seu...
— Não temos opções — ele respondeu frio. — Os médicos não podem fazer nada por você.
— Não sabe disso.
— Ah, eu sei! — afirmou. — Infelizmente sinto esse cheiro daqui. Cheiro de morte, do seu corpo morrendo aos poucos.
Ela engoliu seco, sentindo o no se forma na garganta.
— Dar meu sangue a você é um ato e tanto, que eu farei porque quero que você fique bem — ele confessou, cortando a pele do seu próprio braço com suas presas afiadas. — Beba — falou aproximando seu pulso dos lábios de Alina.
Ela revirou os olhos, mas havia dentro dela algo que ansiava por aquilo.
O sangue rapidamente gotejou dentro da boca dela. Alina estava deitada, mas rapidamente se sentou, aproximando-se de Derek que estava ao lado da cama.
Os primeiros pingos pareciam fluir de veias metálicas, mas de repente o gosto começou a se tornar doce. Todas as sensações pareceram tragadas em um desejo vindo das trevas, louco e violento, o que só a fazia se aproximar ainda mais do vampiro, podendo sentir a respiração e o calor tênue do corpo dele.
O som tumultuoso do coração de Alina, ao seus ouvidos batendo cada vez mais fraco lhe deu um rápido tremor nas mãos, que foi sentido por Derek. A garota afastou seus lábios do pulso dele, controlando-se, mas ainda segurava com a mão esquerda o braço do vampiro.
Quando os olhos dela fitaram os de Derek, ela corou envergonhada pela forma que ele a olhava. Ele estava sério, seus olhos arregalados, visivelmente conturbado.
— É melhor você descansar um pouco — Derek falou frio, afastando-se dela.
Alina o viu sair e fechar a porta, ainda sem entender o que era aquilo que estava se apoderando de si.
Derek respirou fundo, caminhou pelo corredor e desceu a escadaria ainda tenso.
— Tara? — ele chamou. — O que você viu quando Alina tocou seu braço?
— Eu não vi nada.
— Eu sei que você viu algo.
— Você sabe que não é assim que funciona — ela falou séria. — Eu não vejo o que quero ver, só o que o destino quer me mostrar, e ele não me mostrou nada.
— Então o que foi aquilo? — Lissa falou, intrometendo-se. — Porque sua cara ficou como se tivesse colocado o dedo na tomada. Não tem como negar, eu vi...
— Não foi o que eu vi, porque como disse não vi nada! Foi o que eu senti.
— O quê? — Derek inquiriu.
— Trevas.
— Acho que não entendi — a loira falou novamente.
— Era denso como neblina, escuro como carvão...
Lissa olhou rapidamente para Derek.
— Tara, o que você pode fazer para descobrirmos o que Alina é? — ele perguntou, mas a mulata sabia que aquilo era mais um pedido do que uma inquisição.
— Talvez uma sessão — respondeu pensativa. — Vou precisar de velas, incensos, mas isso pode não dar em nada.
Derek assentiu com um gesto.
— Vamos torcer para que dê certo então — falou firme.
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