no vacancy.

Jeongguk.
26.08.17

Mais de uma semana.

Mais de uma semana se passou desde a festa de Taehyung.

Exatamente uma semana desde que eu e meus amigos entramos para o time de basquete da faculdade.

Mas meu coração parecia que batia por Jimin há meses. Meu deus, eu estava completamente apaixonado por ele. Como tive que ir várias vezes no prédio da faculdade onde ele estudava, para ir aos treinos de basquete, consegui passar bastante tempo com Park.

O único que ainda tinha minha atenção era Tae, porque o resto do mundo tinha se desligado pra mim; eu ficava grudado em Jimin toda hora, até nos jogos ele ficava pra me ver jogando e bater palmas pra mim a cada cesta.

Até o aquele que não pode ser nomeado já não me causava mais nenhum efeito. Yoongi já tinha tentado falar comigo uma vez, mas eu o ignorei. Ele foi viajar para algum lugar na quarta-feira e eu não o vi na faculdade no resto da semana.

Provavelmente na próxima semana ele deveria vir falar comigo cobrando atenção que ele já tinha se acostumado a receber de mim. Meu melhor amigo já tinha me contado o que fez com o convite de Yoongi e por isso ele não tinha ido, o que não me deixou bravo ou irritado, só me fez rir até engasgar com as batatas que eu comia.

Pensei na possibilidade de uma briga entre eu, Jimin, Yoongi e Taehyung por causa da festa, mas deixei o pensamento pra lá.

Jimin causa uma primeira impressão totalmente diferente do que ele realmente é, porque quando o vi na festa sem a máscara pela primeira vez, ele parecia uma pessoa séria e fechada, até um pouco esnobe.

Mas após uma semana inteira de convivência com ele descobri que ele é muito agitado e tagarela, tanto quanto eu. E, ah, que ele cora muito quando está com vergonha e beijar sua bochecha vermelhinha foi a coisa mais fofa que eu já fiz na minha vida toda.

Ele tirou todo o vazio que tinha em mim.

(...)

Na sexta-feira, feriado sem aulas na faculdade, decidi ficar jogando com Chan até meus olhos começarem a lacrimejar, pedindo descanso da tela enorme do meu monitor.

Jimin não havia falado comigo o dia todo, nem sequer uma mensagem, o que me deixou um pouco triste pois eu não sabia da parte dele mas eu já tinha me apegado até ao cheirinho de morango que seu cabelo tinha. Talvez ele estivesse com Namjoon ou com um tal de Taemin, ou até com qualquer outro amigo seu que eu ainda não conhecia.

Esse era o meu problema, eu planejar nosso casamento enquanto só o conhecia há pouco tempo mais de uma semana.

Sim, nós transamos. Mas foi quando eu só queria foder alguém, agora que eu sabia que seus olhos viravam uma linha reta quando Park sorria muito, eu queria fazer cafuné nele também.

Talvez um cafuné enquanto transamos, não sei ao certo, depois eu pensaria direito sobre isso.

Eu tinha em mente que Park, mesmo não parecendo, era mais velho que eu e provavelmente tinha planos que pessoas como eu, que gastavam o cartão de crédito dos pais em jogos e tomavam leite de banana talvez não gostassem.

Como fazer tatuagens bêbado de madrugada, pichar muros e transar com mais de uma pessoa. Pessoas de vinte anos fazem isso? Eu não sabia, mas Taehyung me disse que sim.

Fiquei com medo de atrapalhar qualquer plano adulto seu, então não o chamei. Passei a manhã dormindo, à tarde fui a academia com Hoseok e cheguei no final da tarde em casa, pedi algo para eu e Somin jantarmos e me joguei na cadeira, coloquei os fones e joguei até cansar.

1h

Quando fui dormir depois de um longo banho, vesti minha calça e joguei a camiseta de volta pro armário, vestindo apenas um moletom largo e quentinho sem nada por baixo, balançando meus fios de cabelo com preguiça de pentear direito.

Coloquei o celular na cabeceira da cama e fechei os olhos, me aconchegando nas cobertas quentinhas. Se passaram alguns minutos e quando eu estava quase adormecendo ao som da garoa do lado de fora, ouvi o aparelho tocar, e era o toque do Facetime.

― Jimin? ― Falei surpreso forçando um pouco os olhos para me acostumar com o brilho da tela. ― O que foi?

Consegui ver uma estrada atrás dele e uma certa dificuldade em segurar o celular, e ele estava cantando uma música americana que tocava em seu carro.

> No Vacancy - One Republic.

But ever since I met you
No vacancy because of you
There's no vacancy, no empty rooms

― Jeon! Você está dormindo? ― Ouvi um riso anasalado vindo dele e uma buzina alta do seu lado. ― Por que não está se arrumando para o cinema? Vamos ver Homem-Aranha na pré-estréia, esqueceu?

Eu tinha ouvido Park falar sobre isso com seus amigos e sabia que ele iria ver um dos meus filmes mais esperados do ano na pré-estréia, e fiquei com um pouco de ciúme dele por ir com seus amigos e não ter me convidado também.

― Me arrumando? ― Arqueei as sobrancelhas me fazendo de desentendido. ― Ninguém me convidou, esqueceu?

― Um minuto. ― Vi a câmera focar no teto do carro, então concluí que ele tinha colocado o celular no banco do lado para manobrar o carro. ― Cheguei, desce logo que eu não sou uber pra ficar esperando.

― Chegou aonde? ― Me sentei na cama com o celular na frente do rosto o encarando, incrédulo. ― Dá pra você me explicar?

― Você é muito lerdo, lindo. ― Pegou o celular de volta e me encarou, dando um sorriso. ― Você estava junto quando combinamos de ir, certo?

Tentei segurar um sorriso quando percebi o elogio e apenas assenti, balançando a cabeça como uma criança emburrada.

― Então você vai também! Eu sei o quanto você quer ver, tive a ideia de ir por sua causa.

Dessa vez não segurei o sorriso enorme que dei enquanto falava animado. ― Você não esqueceu de mim?

― Me diz como eu vou esquecer de você? Desce logo ou não vou comprar seu combo no cinema.

Ele desligou a chamada e eu joguei o celular pro canto da cama, surpreso e tentando colocar as ideias no lugar.

Claramente não deu certo já que me levantei desesperado atrás de roupas e das minhas botas, enquanto escrevia um post it e colava na porta do meu quarto para Somin ler quando fosse me procurar.

"Fui pro cinema com o loirinho !
Qualquer coisa me manda mensagem
Tem amendoim no armário pra você
jk."

Quando falei de Jimin para ela usei o "loirinho" porque sabia que eles estudavam na mesma classe, e não queria que ela fosse atrás dele igual uma louca falando de mim na faculdade.

Passei no mínimo umas três vezes na frente do espelho arrumando meu cabelo e tentando espantar a cara de sono. Quando fiquei satisfeito fui apressado até o elevador do prédio e respirei fundo, sorrindo bobo para o espelho na parede do elevador.

Dei graças a deus pelos meus pais estarem há milhares de quilômetros longe de casa, porque eles nunca me deixariam sair depois das 1h da manhã.

Quando cheguei no carro de Park sentindo a brisa forte e alguns pingos de chuva no meu rosto, abri a porta e entrei rápido para não me molhar.

Ele estava deitado no banco mandando mensagem para alguém, desinteressado demais naquilo. ― Finalmente! Estava quase indo sem você.

― Você não faria isso.

― Não mesmo.

(...)

Acabou que eu descobri que seus amigos nem eram tão ruins como eu achei que fossem, eram até legais e engraçados. Namjoon também estava lá e se sentou do meu lado direito na grande sala do cinema, todos já com o óculos 3D.

― Não vou contar pro Taehyung que você veio, se não ele vai ficar bravo com você e comigo. ― Kim falou pra mim enquanto pegava um dos baldes de pipoca que Minhyuk trazia.

Ouvi Taemin sussurrando para Jimin do meu lado direito e virei o rosto para poder ouvir a conversa.

Tem certeza que ele não é hétero?

Não controlei uma risada alta junto com Minhyuk que riu também, derrubando algumas pipocas em nós enquanto passava para se sentar no seu assento do lado de Taemin.

― Porra, segura esse balde direito! ― Jimin falou alto enquanto ria para Minhyuk que tropeçou em seu próprio pé e fez o casal da fileira da frente se virar para trás.

― Cala a boca que vai começar! ― Namjoon gritou do meu lado esbarrando a mão em seu óculos e o derrubando do rosto.

― Cacete, viu.

(...)

Eram 3h da manhã e eu não sentia nem um pingo de sono, estava mais acordado que nunca encarando o telão e comentando cada movimento dos heróis para Jimin, que assentia tudo o que eu dizia como se entendesse o que eu falava.

― Tá vendo essa aí? ― Sussurrei para Park aproximando meu rosto do seu. ― O Peter gosta dela.

― Mas o Peter não gosta da Mary Jane? ― Ele sussurrou de volta para mim, confuso.

― Ela é a Mary Jane, Jimin. ― Falei indignado pra ele segurando o riso e roubando uma pipoca sua.

4h30

No fim do filme depois das cenas pós-créditos eu, Jimin, Taemin, Namjoon e Minhyuk saímos do cinema e vimos o shopping totalmente vazio e já fechando.

― A gente vai ficar preso aqui! ― Minhyuk gritou agarrando meu braço e me puxando enquanto corria. ― Vem comigo, Jeongguk!

Comecei a rir e correr junto com ele, me virando e dando um sorriso para Jimin que vinha andando atrás de nós com os outros dois.

Quando chegamos na saída falamos com o segurança para esperar nossos amigos saírem também pra só depois ele fechar o shopping.

― Você tem dezoito mesmo? ― Minhyuk me perguntou enquanto se encostava na parede do lado de fora, tremendo de frio.

― Não parece? ― Perguntei com um sorriso sugestivo enquanto abraçava meu corpo, tentando me esquentar.

― Na verdade não. ― Ele me analisou de cima a baixo, nem um pouco discreto. ― Parece mais velho.

― Ah, obrigado por alimentar meu ego assim.

Nos encaramos por uns segundos e rimos alto juntos, quando virei o rosto e vi os meninos finalmente passando pelas portas do shopping.

― Vem, Jeon!

Entrelacei meu braço no de Jimin, nos despedimos de seus amigos e fomos andando em direção ao único carro naquela parte do estacionamento.

A chuva tinha passado, mas ainda estava tão frio que me fez bater os dentes e me deu vontade de abraçar ele para me esquentar.

Mas Park soltou seu braço do meu e colocou as mãos nos bolsos da sua jaqueta, me empurrando de leve. ― Pensei que estivesse ocupado demais pra falar comigo hoje.

― Ocupado com o quê? ― O empurrei de volta, sorrindo fraco.

― Não sei.... ― Senti ele desviar o olhar para os carros que passavam enquanto buscava as chaves do carro no bolso. ― Com alguém, talvez.

― Você é ridículo. ― Falei rindo e me encostando na porta do carro, apoiando as mãos atrás da cabeça. ― Não é mais fácil dizer que sentiu minha falta logo?

― Eu? ― Jimin apontou seu dedinho para si mesmo com uma expressão desinteressada. ― Nem lembrei de você.

Antes de colocar a chave na porta, puxei seu pulso e o vi trombar conta mim, segurando no meu ombro e me encarando agora com o rosto bem perto do meu.

― Tem certeza? ― Falei com a voz baixa afastando uma mecha loira dele que caia sobre seus olhos. ― Porque eu senti a sua.

― Ah, é? ― Ele pareceu gostar de ouvir aquilo, inclinou a cabeça deixando um beijo de leve no canto da minha boca. ― O quanto você sentiu minha falta?

― Até demais. ― Segurei seu rosto com uma mão e aproximei rápido do meu, começando ali um beijo lento e gostoso.

Senti seu sorriso contra a minha boca e puxei sua cintura contra mim, sentindo sua mão gelada subindo pelo meu pescoço e deixando um carinho na minha nuca, que estava mais gelada ainda.

Senti um arrepio na minha espinha que com certeza não vinha só do frio.

― Eu preciso fechar o estacionamento, rapazes!

O segurança do shopping gritou pra nós dois apontando para o seu relógio de pulso, fazendo Jimin quebrar o beijo e corar, dando uma gargalhada alta e gostosa.

― Desculpe, senhor!

Ele abriu rápido a porta do carro e entrou, dando a partida enquanto eu dava a volta por ele e entrava também, ainda rindo da situação constrangedora.

E foi aí que eu percebi que eu estava feliz como não estive há muito tempo.

Quando me deixou em casa Park segurou meu rosto, apertando enquanto me beijava de um jeito tão fofo que me fez rir e fechar os olhos por um instante.

― Espera, preciso tirar uma foto de você de coelhinho.

Tirou o celular do bolso e abriu a câmera, tirando uma foto de mim com o flash me cegando.

― Ai meus olhos! ― Resmunguei segurando seu pulso e dando um beijinho nas costas da sua mão.

― Boa noite, Jeongguk-ah. ― E me soltou, destrancando a porta do carro.

― Dirija com cuidado! ― Debochei enquanto saia e piscava para ele.

Ouvi sua risada e o carro partir na rua deserta e escura da madrugada de Busan.

(...)

Eu estava viciado em Park Jimin, não conseguia mais ficar longe dele.

Depois que cheguei, já sendo sábado, dormi até às 14h e só acordei com Somin me chacoalhando e dizendo algo como "seu celular não para de tocar, caralho".

Empurrei sua cara com meu pé e resmunguei, coçando os olhos e percebendo que só tinha tirado uma das botas. Em troca ela jogou meu próprio celular na minha cara, me assustando e me fazendo levantar rápido.

― Porra, isso dói! ― Massageei minha testa desbloqueando a tela e atendendo a ligação antes que caísse de novo.

― Alô?

Jeongguk?

Me joguei de volta na cama e fiz uma careta involuntária, soltando um suspiro decepcionado.

― Oi, Yoongi.

― Nossa, que tom é esse? Não sentiu minha falta não?

― Na verdade não senti, não. ― Dei uma risada anasalada e me espreguicei. ― O que você quer?

Que grosso hein, não é esse Jeon que eu conheço.

― Você nem me conhece direito.

Um silêncio de alguns segundos se instalou na ligação até ele voltar a falar, bravo comigo.

Qual é a sua? Por que tá me tratando assim?

― Tô te tratando do mesmo jeito que você me trata, dói né? Mas cansei de falar contigo, tchau.

Não! ― Ele gritou do outro lado da linha antes que eu finalizasse a ligação. ― Precisamos conversar sério.

Eu sabia que ele estava nervoso porque, infelizmente, eu já tinha notado que sua voz fica grave quando ficava irritado.

― Só se eu estiver afim.

E desliguei.

Eu precisava me resolver com Yoongi e fazer ele pagar por tudo o que fez comigo.

Chutei o ar fazendo a bota que ainda estava no meu pé voar longe e dei um longo suspiro encarando o teto.

Aquela ligação me fez pensar e, depois de um momento, decidi o que eu deveria fazer para me sentir melhor.

― Preciso beijar Jimin.

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