i like eye contact.
Jimin.
19.08.2017
7h30
Só deu tempo de eu chegar em casa ontem, dormir, pensar em Jeongguk, dormir de novo e já tinha que ir para a faculdade.
Estava andando pela casa procurando meu all star amarelo que eu não usava há provavelmente uns meses, porque com o frio que fazia em Busan eu só conseguia usar botas.
Por algum motivo o sol voltou a brilhar forte e iluminar a minha janela logo cedo, mas como senti muita falta não me incomodou; só tirei o lençol fino que usei para dormir e me levantei, vendo como os raios ficavam em contato com a minha pele, bronzeando até o pelo branquinho de Golden que ainda dormia tranquilo na beirada da minha cama.
Como eu já não morava com meus pais há muito tempo, já tinha me acostumado a acordar sem nenhuma presença humana na minha casa. Poderia ter sim pessoas até a madrugada, mas de manhã mesmo, não tinha mais ninguém.
Eu não ficava chateado, só um pouco solitário demais. O único ser além de mim ali era meu coelhinho, mas não era como se ele fosse ficar pulando em volta de mim vinte e quatro horas por dia ou elogiar a minha comida extremamente gostosa.
8h
Terminei de me vestir e fui para o metrô, encontrando alguns rostos familiares que eu via todo santo dia, no mesmo horário, no mesmo lugar. Mas não era segredo o rosto que eu queria ver no momento.
Enquanto atravessava a rua que dava para a entrada dos fundos da faculdade, onde havia a quadra e um campo aberto do lado de fora, ouvi uma barulheira alta e alguns gritos de comemoração que eu nunca tinha ouvido antes naquele horário.
Mais especificamente, 8h30 da manhã. Que tipo de pessoa grita de felicidade às 8h30 da manhã?
Enquanto tirava os fones do ouvido e guardava nos bolsos encontrei Kunpimook amarrando os sapatos com o pé apoiado no farol de um carro qualquer do estacionamento. Ele prefere que o chamem de Bambam.
― E se seu sapato sujar o carro? ― Perguntei me aproximando dele, procurando meu bolso de trás.
― Aí eu deixo meu número junto pra pessoa me ligar e a gente resolver isso. ― Terminou e colocou o pé de volta no chão, vindo me cumprimentar. ― Eai, chegou cedo hoje por quê?
― Decidi começar a ser uma pessoa disposta, sabe. ― Olhei para os lados procurando alguém que pudesse estar junto com ele. ― Você está sozinho?
― Tá falando do Yugyeom? Ele chega tarde, não se preocupa Jimin! Que besteira.
Yugyeom por algum motivo desconhecido não gostava de mim, não sei o por quê. Nunca nem conversamos direito, eu só sabia que ele namorava um garoto de cabelos castanhos mas nunca me interessei por saber quem era já que não frequentávamos a mesma parte da faculdade.
Eu realmente não mantinha contato com muitas pessoas mais novas que eu, mais especificamente, do outro prédio da faculdade onde elas ficavam.
― Ele que não gosta de mim, o que posso fazer? ― Mudei rápido o assunto para não ficar um clima estranho. ― Enfim, por que essa barulheira toda aí dentro?
― Não ficou sabendo? Entrou um pessoal novo para o time de basquete, então agora tem gente de um monte de classes juntas. ― Ele parou de andar e olhou para o relógio no pulso. ― Inclusive da minha.
― Sério? Nossa, isso é... ― Fiz uma pausa dramática e coloquei as mãos nos ouvidos. ― Barulhento pra cacete.
― Muito obrigado! ― Bambam falou rindo como se realmente fosse um elogio. ― Eu devia estar lá dentro agora jogando com eles mas tenho que esperar uma pessoa chegar antes... Provavelmente esse barulho todo vem do Seokmin e Chan que estão jogando já faz uma hora, se apoderaram da quadra pra eles, sabe. Ah, e o Jeongguk também, se quiser ver ele todo suado esse é o momento.
Jeongguk?
― O Jeongguk joga basquete? Jura? ― Perguntei para ele mas quando vi ele já tinha corrido para fora do estacionamento. ― Como você sabe que eu...
― Tenho que ir Jiminie! ― Bambam fingiu que não me ouviu e saiu correndo, rindo até a outra entrada do prédio. O encarei até chegar lá e notei que seu tênis já estava desamarrado de novo, mas ele não importância nenhuma.
Tsc tsc, crianças.
Quanto mais perto eu chegava do portão enorme que dava entrada para a quadra, mais os gritos aumentavam. Sorri sozinho imaginando Jeon comemorando alguma cesta com os amigos e dando seu sorriso de coelhinho. Adorável demais pra mim.
Arrumei o cabelo pra trás, suspirei fundo e entrei, e a cena que vi foi de um próprio High School Musical coreano. Algum ser ressuscitou os altos falantes da quadra e colocou música pra todo mundo ali ouvir.
> You're The best - Mamamoo
I like eye contact
I bite my lips (your lips)
When we make eye contact (two eyes).
Haviam pessoas na arquibancada lendo e estudando, assim como em todos os dias, mas dessa vez a quadra estava lotada de gente.
De gente não, de adolescentes.
Eles estavam usando o uniforme que, até então, só as pessoas da minha classe que faziam basquete usavam. Devo dizer que ficou muito melhor neles.
Vi alguém de cabelos vermelhos pulando e fazendo uma cesta e logo depois acenando para mim, então conclui que era Taehyung jogando e acencei de volta.
Enquanto encarava e tentava identificar as pessoas que jogavam percebi que estava do lado da cesta e eles estavam vindo pra cima de mim igual uma manada de elefantes.
― Ai, cacete... ― Resmunguei baixo saindo do lado da cesta e indo para a arquibancada, quando meu braço foi puxado.
― Parem a bola! ― Alguém gritou atrás de mim tão alto que meus ouvidos vibraram. ― Pausa no jogo, se alguém continuar jogando enquanto eu não voltar ta fora. To falando com você mesmo, Seokmin!
Aquela voz era irreconhecível, quando virei vi Jeon com as mãos apoiadas no joelho tentando respirar e olhando para mim com um sorriso pequeno no rosto. ― Park!
Sim, ele realmente estava suado. E bonito. Suado e bonito as 8h da manhã.
― Entrou pro time mesmo? ― Falei animado me aproximando dele e abaixando um pouco a cabeça para encarar seu rosto. ― Você tá bem ou...?
― Ah, estou cansado. ― Balançou a cabeça enquanto recuperava o ar e levantou o corpo, ficando em pé na minha frente. Ele era muito mais alto que eu. ― Vem sempre aqui?
A blusa regata de uniforme que ele usava tinha o número "18" e eu concluí que ele pegou aquela só por ser a sua idade, rindo um pouco com o pensamento.
― Tá rindo do que, hein? ― Ele abaixou o olhar e viu que eu estava encarando sua blusa. ― Sim, é a minha idade e eu quero que todo mundo saiba que eu já sou um adulto.
― Você é? ― Cruzei os braços e tombei a cabeça pro lado, encarando seu cabelo todo molhado e bagunçado. ― Desde quando?
― Desde sábado. ― Ele segurou meu pescoço e me deu um beijo na bochecha, sorrindo contra a minha pele. ― Mas não vou te contar o que eu fiz.
Como ele conseguia ser uma criança fofa e inocente e um homem forte e lindo ao mesmo tempo?
― Acho que sei o que você fez... ― Coloquei o dedo na linha que descia pela regata até a barra da blusa e segui ela com o dedo, sentindo seu peito todo quente e subindo e descendo rápido. ― Parou seu jogo por que?
― Pra falar com você, não é óbvio? ― Era muito fofo como ele tinha uma expressão diferente pra cada frase que ele falava. ― Nem queria mais mesmo, vem comigo.
Jeon correu para andar mais rápido que eu e sentou no degrau da escadaria, pegando uma garrafinha de água e bebendo depressa. ― Oh, preciso te contar algo!
― Pode falar. ― Tirei a mochila das costas e deixei no canto encostada na parede e me sentei no outro canto do degrau, juntei as pernas e o encarei.
― Vou fazer basquete agora! ― Ele soltou a garrafinha e beliscou de leve minha barriga, me fazendo rir sem querer. ― No seu prédio.
― Isso é muito bom! Não sabia que gostava.
― Você não sabe muito sobre mim, ainda. ― A entonação diferente no ainda me deixou com um pequeno arrepio.
Enquanto passava o dedo sobre minha pele exposta da coxa no furo da minha calça, vi sua expressão mudar e criar coragem para me dizer algo que parecia um incômodo para ele.
― Eu sempre gostei, mas não queria fazer antes para não ter que jogar contra uma pessoa aí...
Eu sabia exatamente de quem ele estava falando, era de Yoongi. Saber que Jeon tinha medo de fazer o que gostava só por medo do Yoongi, que eu nunca nem tinha visto na vida, dizer ou fazer algo para ele me deixou totalmente furioso e com vontade de ir até aquele idiota e xingar até não sobrar mais nenhum palavrão pra falar.
― Você pode jogar com quem quiser, contra quem quiser e ganhar de quem você quiser, ta me entendendo? Não fica com medo de ninguém. ― Fiquei mais sério falando e ele começou a me olhar prestando bastante atenção, igual uma criancinha. ― Só você pode decidir o que quer fazer.
― Uh, certo, eu quero fazer basquete aqui e ficar perto de você. Posso ter as duas coisas?
― Pode ter tudo o que quiser, Jeon. ― Dei o sorriso mais bonito e sincero que pude só pra ver o que ele daria em troca, tão lindo quanto o meu. ― Agora vai jogar!
― Verdade, eu deixei eles esperando! ― Olhou por cima do meu ombro para a quadra e viu seus amigos que trouxe para a aula de basquete, todos sentados em uma roda conversando e rindo alto sobre algo bobo. Se levantou rápido e foi andando em passos largos, mas antes se virou de volta para mim.
― Quando sua aula acabar passa aqui na quadra, vamos almoçar juntos ok? Não precisa aceitar, eu sei que sim.
Droga, nem de difícil eu podia me fazer mais.
Dei uma risada e me levantei depois de ver que ele já tinha voltado a jogar, peguei minha mochila e subi a escadaria para ir pra sala.
Antes de virar o corredor olhei para baixo e vi que ele me olhava, com a bola na mão sorrindo e depois fazendo uma cesta. Foi um escândalo total, todos do seu time começaram a gritar e dar tapas nas costas dele enquanto ele apontava pra mim e me mandava um beijo exagerado.
― Meu deus... ― Cobri o rosto e segui andando pelo corredor já vazio; provavelmente a aula já havia começado, mas eu não estava nem aí.
Virei o primeiro corredor e vi as líderes de torcida no canto dos armários, rindo baixinho de algo; Kim Lip de uniforme vermelho, Jinsoul de azul e Choerry de roxo. Elas eram muito lindas, não era a toa que eram as únicas líderes de torcida da faculdade toda.
Quando meu olhar caiu rápido sobre elas vi algumas sorrirem para mim e acenarem. Achei muito fofo da parte delas, mas não devolvi nenhuma dessas coisas. Não sou frio nem nada, muito pelo contrário, sou a pessoa mais meiga que eu mesmo conheço, mas não queria criar nenhuma falsa expectativa.
Desde pequeno eu nunca me interessei por garotas. Enquanto meus amigos de onze anos ficavam babando por elas, eu ficava babando por eles.
Nunca foi um problema para mim, até porque nunca liguei para o que os outros pensavam de mim, sempre me aceitei e me amei do meu jeito.
Pensar nessas coisas me fez lembrar do meu primeiro namorado e de quando invandi o quintal da casa dele de madrugada. É realmente uma longa história, que me fez rir sozinho no corredor.
Mas senti meu sorriso bobo se desfazer aos poucos quando vi alguém vindo em minha direção.
Loiro, baixo, branco como neve, um jeans rasgado em um monte de partes, botas pretas e camisa preta. Olhos pequenos, um fone pendurado na orelha, chupão do lado esquerdo do pescoço, band-aid no dedão e vários anéis nos dedos.
Ele tinha uma expressão fechada e parecia bravo, muito bravo. Andava em passos largos e com um dos punhos fechados, encarando a quadra que agora estava ficando atrás de mim; por um momento nossos olhos se encontraram e ele levantou disfarçadamente uma sobrancelha, me analisando de cima a baixo.
Pareceu querer me falar algo quando passou do meu lado, mas desistiu e seguiu reto até descer a escadaria.
"Será que..." Pensei enquanto seguia o caminho até a minha sala.
Meus instintos me disseram para dar meia volta e ir de volta para a quadra ver se Jeon estava bem mas me lembrei que ele já era um adulto, segundo ele.
9h
Entrei na sala surpreso pela aula não ter começado e o professor nem ter chegado ainda. Procurei por Namjoon e o vi em uma roda de conversa com algumas pessoas no canto da sala, então fui até lá.
― Oi Joon. ― Coloquei minha mochila na carteira vazia em sua frente e o cumprimentei. ― Como está?
Ele se virou e começou a falar comigo, deixando as outras pessoas e a conversa de lado.
Eu gostava de atenção. Gostava muito. Gostava que olhassem pra mim quando fossem falar comigo, prestassem atenção em cada palavra que eu dizia e não me ignorarem.
Namjoon já sabia disso, então sempre me dava atenção do jeito que eu gostava.
― Bom dia, Jiminie. ― Ele se apoiou preguiçoso na carteira e colocou o capuz na cabeça e as mãos nos bolsos. ― Estou bem e você?
― Eu também! ― Me sentei na posição contrária da cadeira e apoiei o queixo na sua carteira, que estava atrás. ― Meu dia começou muito bem, você já sabe do Jeongguk né?
― Sim, o Tae me contou até o que eu não precisava saber. ― Deu uma risada sonolenta e aperto os olhos, bocejando. ― E o Jackson também disse que falou com ele na festa, você tem sorte Jiminie, o Jeon é uma ótima pessoa.
― Ótima pessoa é coisa de velho dizer, ele é muito gostoso, isso sim! ― Falei em um tom um pouco alto demais. ― E se eu estiver apaixonado hyung? ― Perguntei preocupado a ele, já que Namjoon sabia muito bem dos meus desastres amorosos.
― Aí você está apaixonado, não tem o que fazer. ― Tirou uma das mãos dos bolsos e levou até o meu cabelo, bagunçando um pouco e deixando um carinho gostoso. ― Mas não se preocupa, se ele te machucar eu machuco ele mais ainda.
― Credo Joon! ― Dei uma risada e um tapinha em seu braço. ― Mas você promete?
― Prometo de dedinho. ― Estendeu seu dedinho pra mim, e eu entrelacei os dois selando nossa promessa.
Adorava fazer esse tipo de coisa bobinha com Namjoon porque, mesmo sendo a pessoa mais centrada e madura que eu conhecia, ele nunca se negou a ser infantil comigo. É pra isso que melhores amigos servem.
― Por que está com tanto sono, hein? ― Ouvi o professor chegar e bater a porta da sala. ― Ele vai te botar pra fora se te ver dormindo na aula dele.
― Fiquei até tarde na casa do Jackson ontem, nem dormi direito, Jiminie. ― Namjoon levantou a cabeça e se espreguiçou. ― Precisava fazer umas coisas de adultos.
― Ah, sei. ― Repeti sua frase com um ar de deboche. ― Coisas de adultos blá blá blá, você sabe que eu sei o que você faz na casa dele, né? Quer esconder isso logo de mim?
― Não estou escondendo nada... ― Vi o sorriso pequeno que deu enquanto pegava seu caderno na mochila e tirava a touca.
As aulas se passaram e as informações na minha cabeça se revezavam entre Jeon Jeongguk e Trigonometria, mais um do que o outro.
No meio da terceira aula vi o próprio passar pela porta da sala, parecendo procurar alguma coisa. Como suas aulas eram em outro prédio, ele parecia perdido ali, mas eu não podia levantar e ir ajudá-lo então me contentei em ficar olhando o vai-e-vem pelo corredor e rir as custas dele. Quando ele me viu, acenou pra mim e ficou tímido quando viu que outra pessoa tinha visto ele ali na porta, e saiu correndo.
― Ah, hyungie... ― Deitei a cabeça na carteira de Namjoon, atrapalhando ele a escrever, mas eu não estava nem aí. ― Ele é muito fofo... Você viu?
― O que eu vi foi ele e o Taehyung aqui, se eu encontro com eles no corredor perdidos vou dar é uma bronca nesses idiotas que nem eram pra estar aqui agora. ― Ele continuou escrevendo, mesmo com meu cabelo atrapalhando. ― Sai daqui ou eu tiro sua peruca.
― Peruca? Me respeita. ― Levantei a cabeça rápido e virei pra frente para terminar aqueles malditos exercícios.
13h
Quando finalmente acabaram os períodos eu saí da sala me despedindo apenas de Namjoon e indo em direção da quadra para encontrar Jeon. Enquanto passava pelo corredor o mesmo loiro com o chupão enorme no pescoço estava voltando de lá, mas dessa vez usando o uniforme de basquete da escola, parecendo mais bravo do que estava mais cedo. Por algum motivo aquela cena dele pisando fundo e com o maxilar trancado me deu vontade de rir, mas me segurei.
Desci as escadas e avistei Jeongguk sentado na arquibancada com as pernas cruzadas respondendo alguma mensagem no celular, com uma cara entediada. Eram 13h, provavelmente já estava morrendo de fome.
― Oi! Desculpa a demora, de verdade. ― Falei enquanto me sentava do seu lado e cruzava as pernas também.
Ele já tinha trocado de roupa, estava com uma calça jeans escura rasgada nos joelhos, uma camiseta vermelha larga, tênis preto e a mochila nas costas; seu cabelo agora estava arrumado e tão liso que escorria direto para seus olhos, formando uma franja linda. Senti ainda um cheiro de perfume masculino.
― Você tomou banho? ― Perguntei o olhando curioso.
― Claro né, você queria que eu fosse almoçar naquele estado, todo suado e bagunçado? ― Levantou e ficou de pé em minha frente puxando minha cintura para frente. ― Vamos logo, estou com fome...
― Onde vamos? ― Me levantei também e segui andando ao seu lado, quando ele segurou forte na minha mão e me olhou.
― Vamos comer naquele restaurante do lado da livraria, sabe? Eu sempre vou lá por causa da batata frita, mas não conta pra minha mãe.
― Certo, não vou contar. ― Apertei mais sua mão e me aproximei de seu ombro, sentindo o cheiro de perfume ainda mais forte e tão gostoso.
Acho que não era perfume, provavelmente era o cheiro natural dele.
13h
Quando chegamos no restaurante, nos sentamos em uma mesa no fundo com os assentos fixos na parede, deixando o espaço maior e mais confortável. Enquanto ele fazia os pedidos, levantei as duas pernas e apoiei no estofado.
Quando chegaram os pratos, abri o plástico do canudinho do suco e coloquei no copo, errando ele na primeira tentativa.
― Oh Park, tão fofo... ― Se apoiou na mesa e segurou minha mão, guiando até o copo. ― Não me faça levantar e ir até aí te abraçar.
― O que eu fiz? ― Falei com o canudinho entre os dentes e uma expressão confusa.
Almoçamos encarando um ao outro e eu roubando algumas batatas do prato dele de vez em quando.
14h
― Vou te fazer umas perguntas para ver se isso entre nós vai dar certo. ― Terminou de comer e arrastou o prato para frente, cruzando os braços e me encarando. ― Seja cem por cento sincero, nada de depende!
― Eu sempre sou sincero, pode começar.
― Certo. ― Respirou fundo e apoiou as duas mãos abertas sobre a mesa.
― Homem de Ferro ou Capitão América?
― Homem de Ferro.
― Batman ou Superman?
― Batman.
― Garotos ou garotas?
― Garotos.
― Sol ou lua?
― Lua.
― Preliminares ou...
― Preliminares! ― Falei apontando para ele. ― Dessa você já sabia.
― Jeans apertado ou moletom?
― Depende... ― Falei tentando conter um riso baixinho.
― Eu falei sem depende, Park!
― Ok, então jeans.
― Eu ou aquele cara ali de boné preto?
― Você.
― Mas você nem olhou pra ele! ― Resmungou baixo com um sorriso convencido.
― Não preciso! ― Bati nas suas duas mãos sobre a mesa e senti suas bochechas ficarem vermelhas e seu olhar se desviar para o chão.
― Como foi a aula de basquete?
― Foi ótima, tirando o fato de que os mais velhos não gostaram de ver a gente jogando com eles. ― Jeon passou a língua pela parte interna da bochecha, revirando os olhos. ― São tão chatos, com todo respeito aos seus amigos.
― São mesmo. ― Tirei a franja da frente dos meus olhos e o encarei de volta. ― Mas você é melhor que eles.
― Eu sou? ― Deu um sorriso sugestivo e olhou para a área onde nós estávamos, vazia, e se levantou em seguida se sentando do meu lado no estofado macio. ― Vamos fazer um jogo, Park?
― Outro? ― Terminei meu suco de laranja e arrastei o copo mais para frente da mesa, me virando para ele. ― Qual?
― Vamos ver quem aguenta manter o contato visual sem quebrar ele de alguma forma.
― De qualquer forma? ― Perguntei já sabendo o que ele iria pensar. ― Qualquer uma mesmo?
― Pode quebrar do jeito que você quiser.
Dei um sorriso e concordei com a cabeça, esperando até ele dizer que começou. Ele piscou e eu conclui que esse era o sinal, então me aproximei e apoiei as duas mãos em suas coxas e parei por aí. Vi que ele estava realmente se esforçando para não olhar para a minha boca, então mordi os lábios para ver se ele desviava, nem que por um segundo, o olhar; porém eu já sabia o quão competitivo ele era, não seria tão fácil.
Ficamos daquele jeito por um tempinho, apenas mexendo o rosto às vezes e dando risadinhas baixas.
Em algum momento eu me perdi no que estava fazendo e quando me toquei já estava puxando sua nuca para perto de mim e o beijando devagar, o mais lento que minha sanidade conseguiu.
Perdi feio.
― Você... perdeu... ― Ele interrompeu o beijo para sussurrar bem baixo essas duas palavras.
― Nem ligo.
― Não mesmo? ― Senti seu sorriso contra a minha boca. ― Você não me deixou ganhar, né?
― Claro que não. Seu eu aguentasse não teria cedido, Jeongguk-ah.
Senti uma de suas mãos na minha cintura e outra subindo pelo meu pescoço, forte. ― Ótimo.
Ele estava castigando meus lábios, mordendo e passando a língua a cada vez que eu me mexia e parecia que nunca era suficiente, sempre ia mais e mais forte sorrindo de leve as vezes quando sentia eu apertar seu braço procurando algum apoio.
Era uma amostra grátis do inferno.
Abri os olhos rápido quando senti uma mordida forte demais e o encarei surpreso, quando ele abriu também e juntos as sobrancelhas, talvez confuso. Mas logo relaxou de novo e continuou, dessa vez mais devagar e carinhoso.
Agora era uma amostra grátis do céu, que eu iria aproveitar ao máximo.
Depois de um tempo, quando eu já nem ouvia o barulho do restaurante por tão concentrado no que estava fazendo, seu celular vibrou em seu bolso da frente, me fazendo sentir também já que minha perna estava em cima da sua. Na hora Jeon fingiu que não sentiu nada, mas depois cortou o beijo, impaciente, e atendeu a ligação.
― Hm? ― Murmurou segurando minha coxa e se virando para frente. ― Ah, oi Somin. Sim. Ok, já estou indo.
Fiz uma careta involuntária e desviei o olhar, um pouco envergonhado com aquilo. Ele desligou e colocou o celular de volta no bolso, segurando meu queixo e me fazendo o encarar de novo.
― Minha irmã e a namorada dela precisam de mim em casa. ― Ele percebeu que eu achei que fosse alguma garota qualquer e deu um sorriso pequeno e convencido. ― Meus pais foram viajar e me deixaram com as duas, e elas não sabem fazer nem um miojo de microondas.
― Oh... ― Cobri a boca com as mãos e pisquei algumas vezes. ― Tudo bem, vai lá e ajuda elas.
― Eu realmente não queria sair mas se meus pais descobrem que eu não ajudei elas como prometi, eles me deixam de castigo. ― Deu uma risada envergonhada. ― Sim, eles me tratam como uma criança, mas eu não sou, é sério.
― É sério? Você faz um monte de coisa de maior e seus pais ainda podem te deixar de castigo?
― A lei que funciona na minha casa é outra, Park. ― Jeon tirou delicadamente a minha perna de cima da dele e se levantou, guardando a carteira no bolso e colocando a mochila nas costas. ― Eu não te contei que meus pais são policiais, né?
― Os dois? ― Me levantei também e peguei minha mochila, colocando as mãos nos bolsos de trás e o seguindo até a saída do restaurante pequeno. ― Caramba.
― Sim, foi assim que eles se conheceram. ― Ele falou com um tom orgulhoso e um sorriso pequeno. ― Quando falam que policiais não tem paciência para esperar é realmente verdade, porque uns meses depois minha irmã nasceu.
― Pra quê paciência, né?
― Concordo, até porque um tempinho depois eu já nasci também! ― Seu riso foi tão fofo que me fez rir também. ― Te mando uma mensagem depois que ajudar elas, tchau Park.
Ele era realmente lindo. Eu não costumava concluir isso sobre muitas pessoas, elas eram pra mim no máximo bonitas. Mas ele tinha algo muito diferente que eu nunca tinha visto em ninguém antes e que mexia comigo, mexia mesmo, e eu não sabia se isso acabaria bem ou não.
― Ah, Jeon... ― Murmurei baixo seguindo o caminho de volta para a faculdade quando ele voltou e me abraçou de costas, dando uma risada que foi abafada pelos meus cabelos.
― Esqueci de uma coisa, e você nem me lembrou, como pôde?
― O que? ― Fiquei confuso achando que ele tinha esquecido algo dentro do restaurante e me virei olhando para o lugar, mas ele me virou de frente antes que eu falasse mais alguma coisa. ― Não foi lá, foi aqui mesmo.
Perto dele eu agia igual um completo idiota, nem parecia que eu era dois anos mais velho e muito mais centrado e maduro que ele. Qualquer um que olhasse para nós naquele momento acharia que eu era o mais novo ali.
Jeongguk deu uma risada e me puxou devagar pelo pescoço, me dando um selinho de despedida na calçada antes de ir caminhando apressado para a outra direção da rua de novo, agora parecendo mais aliviado.
Essa mão no pescoço deve ser uma coisa dele.
― Ah, entendi... Desculpe. ― Dei uma risada e falei sozinho. ― Desculpe? Pelo o que caralhos eu estou me desculpando?
Meus pensamentos se misturaram e eu me esqueci para onde ia.
― Droga! Eu pareço uma criança de seis anos. ― Resmunguei voltando a andar.
Como alguém podia me deixar tão incapacitado assim?
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