25

Winter's pov:

Mantenho todas as luzes desligadas e me esgueiro pelo interior, vistoriando todos os cômodos. Jimin já examinou o apartamento, mas achei que não faria mal algum dar uma nova olhada. Depois que tive certeza de que ninguém estava escondido sob os móveis, atrás do box do chuveiro ou nos armários, visto uma calça jeans e um moletom. Encontro o celular de emergência que minha tia mantem no estojo de primeiros socorros e disco o número dela.

Ela atende no primeiro toque.

— Alô? Minjeong? É você? Onde você está? Estou morrendo de tanta preocupação!

Respiro fundo, rezando a fim de encontrar as palavras certas para me livrar dessa situação.

— Eu preciso explicar... — começo a falar com minha voz mais sincera e lamentosa.

— As vias próximas a principal foram inundadas e ficaram fechadas. Precisei voltar e ficar no escritório, que é onde estou agora. Tentei ligar para casa, mas aparentemente os telefones estão mudos. Tentei seu celular, mas você não atendeu.

— Peraí. Você estava no seu escritório o tempo todo?

— Onde você achou que eu estivesse?

Solto um suspiro de alívio inaudível e me abaixo para sentar na beira da banheira.

— Eu não sabia — exclamo. — Também não conseguia falar com você.

— De que número você está chamando? — Pergunta Taeyeon. — Não estou reconhecendo.

— Do celular de emergência.

— Onde está seu telefone?

— Carregando a bateria.

— Ah, entendo. Ligo para você assim que abrirem a estrada — ela diz.

Em seguida, ligo para o celular de Ningning, mas ela não atende.

Enfio o telefone no bolso, tentando me convencer de que minha amiga está segura já que estava com Aeri. Mas eu sei que é uma mentira. O fio invisível que nos une vem me avisando há horas que ela está em perigo. Para falar a verdade, a sensação cresce a cada minuto.

Na cozinha, vejo um frasco com comprimidos de ferro sobre a bancada e vou direto pegá-lo, abro a tampa e engulo dois com um copo de água. Fico quieta por um momento, esperando surtir efeito, sentindo a respiração se aprofundar e se acalmar. Eu estou devolvendo a garrafa de água a geladeira quando o vejo postado no portal entre a cozinha e a lavanderia.

— Jong Seong? — Pergunto.

Ele inclina a cabeça para um lado, demonstrando ligeiro ar de diversão.

— Parece que cheguei em uma boa hora.

Recuo até a pia, aumentando a distância entre nós. Jong Seong não se parece nada com o garoto que um dia chamei de amigo. Os olhos parecem mais agressivos, com um toque negro dentro deles.

— O que você quer? — Pergunto.

Ele ri.

— Muitas coisas. Esperei lá fora antes de entrar, até que sua namoradinha partisse. Mas acredito que a essa altura ela já não é mais um problema.

Meu coração acelera dentro do peito e apoio uma das mãos na bancada para me manter estável.

— Sei que você andou me espionando.

— É tudo o que você sabe sobre mim? — Ele pergunta com olhos penetrantes.

Lembro-me da noite em que encontrei alguém dentro do meu quarto.

— Você também invadiu meu apartamento — digo.

— É a primeira vez que entro nesse lugar. — Ele passa a mão vagarosamente na bancada que fica no centro da cozinha, separando nós dois e se acomoda em uma banqueta. — Belo apartamento por sinal.

— Deixe-me refrescar sua memória — digo, esperando parecer corajosa. — Você andou me seguindo durante todo esse tempo.

O sorriso dele alarga-se.

— Não, mas conheço alguém que faria isso. Ele andou brincando com você e deixando sugestõezinhas na sua cabeça, fazendo com que você pensasse que Jimin era a culpada. Não foi um grande esforço. Para começar, ela não é exatamente inofensiva. Nós tínhamos todo o interesse em deixar você com muito medo dela.

— Para que eu me afastasse dela.

— Mas você não se afastou. Ainda está atrapalhando.

— Atrapalhando o quê?

— Vamos lá, Minjeong. Se você sabe quem ela é, então sabe como funciona. Quero que ela seja aprisionada. Ela não pertence à Terra. Cometeu um erro e deve pagar por ele.

Não há um toque sequer de condescendência em sua voz. Ele desce da banqueta e contorna a bancada, na minha direção.

Recuo para junto do outro lado da bancada, mantendo a distância entre nós. Faço um esforço mental para imaginar um modo de distraí-lo. Ou de escapar. Eu moro nesse apartamento há dois anos. Conheço a planta. Sei de todos os lugares secretos e dos esconderijos. Ordeno que meu cérebro conceba um plano, algo impulsivo e brilhante. Minhas costas esbarram no aparador.

— Enquanto ela estiver por aí, você não vai olhar para mim — diz Jing Seong.

— Acho que você superestima os meus sentimentos por ela.

Um sorriso incrédulo aparece em seu rosto.

— É mesmo? Isso é bom, por que ela não tem esse tipo de sentimento por você. Todo esse tempo você pensou... — Ele interrompe a frase, gargalhando. — Ela não vai ficar porque ama você. Ela quer matar você.

Balanço a cabeça.

— Ela não vai me matar.

O sorriso de Jong Seong desaparece.

— Se é nisso que você acredita, então não passa de outra garota que ela seduziu para obter o que deseja. Ela tem talento para isso — acrescenta maliciosamente. — Confesso que se eu não soubesse da natureza dela, ficaria sob o seu fascínio assim como você.

Balanço a cabeça lentamente.

— Não...

— Ela planeja usá-la como sacrifício — irrompe. — Como eu tenho certeza disso? — Ele para na minha frente. — Por que você é descendente de um Nefilim. E não de qualquer nefilim: é descendente do primeiro vassalo de Jimin.

Fico em silêncio. Por um momento perturbador, chego a acreditar nele. Mas sei que não devo confiar.

— Existe um livro sagrado, O livro de Enoque — ele explica. — Nele, um anjo caído mata seu vassalo nefilim para se tornar humano. Você não acha que Jimin quer matá-la? O que mais ela quer? Ao sacrificá-la, ela se tornará humana. Terá tudo o que deseja e não irá pagar pelos seus crimes.

Ele pega uma grande faca do suporte de madeira sobre a bancada.

— É por isso que quero me ver livre dela. Parece que, de uma forma ou de outra, minha premonição estava correta. Você vai ser minha.

— Jimin está voltando — alerto, sentindo-me enjoada. — Você não acha que vai ser perigoso estar aqui?

— Venha comigo, Minjeong — prossegue ele. — Sou um Nefilim. De certa forma, somos iguais. Assim que tudo acabar, explicarei a você tudo o que precisa saber. Não precisa ter medo.

Eu quero gritar, mas minha voz fica presa na garganta. Contorno o aparador, deixando que a mesa da cozinha fique entre nós.

— Há quanto tempo você sabia a verdade sobre mim? — Pergunto, tentando enrolar. — Conheço você há bastante tempo, não é? Não acha que poderia ter esclarecido algumas questões entre nós?

— Nem mais um passo — ele diz asperamente, erguendo a faca, a lâmina brilhando.

Viro-me e saio correndo da cozinha, derrubando uma cadeira atrás de mim, para deixá-la no caminho de Jong Seong. Disparo pelo corredor, sabendo que estou entrando em um beco sem saída. O apartamento tem dois acessos: a porta da frente, que pode ser alcançada por Jong Seong antes de mim, cortando caminho pela sala de estar, e a varanda, da qual não vou sobreviver se pular.

Sou empurrada com força pelas costas e lançada para a frente. Derrapo pelo corredor, caindo de barriga para baixo. Viro-me. Jong Seong está parado a alguns metros sobre mim. Aponta a faca na minha direção.

Não penso. Dou um chute, com toda a força. Jogo-me para a frente, apoiando-me com a outra perna, e miro seu antebraço. A faca cai da mão dele. Enquanto eu me levanto, Jong Seong se afasta para recuperar a lâmina.

— Eu não quero machucá-la, Minjeong! — Ele diz.

Depois de recuperar o equilíbrio, avanço em passos rápidos e entro no quarto da minha tia, trancando a porta.
Corro até uma das janelas ao lado da lareira e olho para o chão lá embaixo, que fica a dois andares de distância. Há três arbustos em um canteiro de pedras logo abaixo, sem folhagens desde o outono. Eu não sei se consigo sobreviver à queda.

— Abra! — Ordena Jong Seong, do outro lado da porta.

A madeira racha enquanto a porta é forçada contra o trinco. Não há mais tempo. Corro para a lareira e mergulho no console. Acabei de levantar os pés, firmando-os no interior da chaminé, quando as portas se abrem, batendo contra a parede. Escuto os passos de Jong Seong seguirem até a janela.

— Minjeong! — Chama, com a voz calma e aterrorizante. — Sei que você está por perto! Sinto sua presença. Você não pode correr, nem se esconder. Vou revirar o apartamento inteiro, cômodo por cômodo, se for preciso para encontrá-la. Não vou deixar você escapar!

Fico escondida na chaminé. Meu coração acelerado dentro do peito. Respiro profundamente várias vezes, soltando o ar lentamente, para administrar a dor dos músculos das pernas, intensamente contraídos. Jimin disse que ia resolver uma questão em Yongsan-gu. Quanto tempo vai levar para voltar?

Sem saber se Jong Seong ainda está no quarto, mas temendo ficar sem oxigênio se não sair o mais breve possível, baixo uma perna dentro da lareira, e então a outra, e saio do esconderijo. Ele não está por perto.

Corro pelo corredor, sem ousar ir para a sala de estar. Imagino que ele espera que eu tente escapar por ali. Abro a janela do meu quarto. A árvore lá fora está próxima e é robusta o bastante para permitir que eu a escale. Eu estou a ponto de colocar a perna para fora da janela quando escuto um rangido no corredor.

Silenciosamente, tranco-me no guarda-roupa. Fico completamente imóvel.

Através das ripas de madeira da porta do guarda-roupa, observo uma figura envolta em sombras entrar no quarto. Há pouca luz, e meu ângulo de visão é ruim. Eu não consigo distinguir nenhum detalhe. A figura afasta as cortinas das janelas e olha para fora. Quando se volta na direção do guarda-roupa, eu sei que estou em apuros.

Tateio o chão, buscando qualquer objeto que possa servir para me defender. Meu cotovelo esbarra em uma pilha de caixas de sapato, que acabo derrubando. Xingo silenciosamente. Os passos se aproximam.

As portas do guarda-roupa se abrem. Jogo um sapato. Pego outro e também jogo.

Jimin diz um palavrão em voz baixa, arranca um terceiro sapato das minhas mãos e joga-o para trás. Luta para me retirar de dentro do guarda-roupa. Antes que eu possa manifestar alívio ao descobrir que é ela, e não Jong Seong, a pessoa diante de mim, ela me aperta contra si e me envolve em seus braços.

— Você está bem? — murmura em meu ouvido.

— Jong Seong esteve aqui — digo, com os olhos cheios de lágrimas. Meus joelhos tremem, o abraço de Jimin é o que me mantém de pé.

— Está tudo bem. Eu estou aqui agora. — Ela levanta meu queixo para que eu a encare. Dá um beijo rápido em meus lábios, o que basta para que uma onda de calor me atravesse.

— Onde você esteve? — Pergunto.

— Fui cuidar de um velho inimigo.

— Como?

Ela me olha com uma cara que diz "Você quer mesmo saber dos detalhes?"

— De qualquer forma, não garanto que foi a última vez que o vi.

Fico em silêncio. Quero me sentir segura com Jimin, mas um pensamento perturbador martela em minha mente.

Jong Seong disse que ela precisa me sacrificar para se tornar humana.

Ele não disse aquilo de brincadeira, nem como provocação. Nem mesmo para me jogar contra ela. As palavras saíram com frieza e seriedade. Com seriedade suficiente para que ele tentasse me levar a força a fim de impedir que Jimin me pegasse antes.

— Jong Seong me contou que você precisa me sacrificar para obter um corpo humano — digo.

Jimin fica quieta por um momento.

— E você acha que eu levaria isso adiante?

Engulo em seco.

— Então é verdade?

Nossos olhares se encontram.

— Precisa ser um sacrifício intencional. Não basta matar você.

— E você é a única pessoa que pode fazer isso?

— Não, mas sou provavelmente a única pessoa que sabe do resultado final e a única que tentaria isso.

— Jing Seong me disse que você caiu por causa de uma garota. — Odeio a mim mesma por sentir as dores irracionais do ciúme. Não é hora de pensar em mim. Isso deveria ser um interrogatório. — O que aconteceu?

Eu quero desesperadamente que Jimin deixe transparecer qualquer sinal de seus pensamentos, mas seu olhar é frios e suas emoções completamente ocultas.

— Ela envelheceu e morreu.

— Deve ter sido duro para você — retruco.

Ela fica em silêncio por alguns segundos antes de responder. O tom de voz é tão baixo que chego a estremecer.

— Você quer que eu seja franca, então serei. Vou lhe contar tudo. Quem sou e o que fiz. Todos os detalhes. Vou revelar tudo, mas você vai ter que perguntar. Vai ter que querer saber. Você pode ver quem eu fui, ou pode ver quem sou agora. Não sou boa — ela diz, penetrando-me com aquele olhar que absorve toda a luz e nada reflete —, mas já fui pior.

Ignoro o incômodo no estômago e falo:

— Pode me contar.

— Na primeira vez que a vi, eu ainda era um Arcanjo. Fui tomada imediatamente pelo desejo de entrar em sua vida. Aquilo me deixou enlouquecida. Eu não sabia nada sobre ela, a não ser que faria qualquer coisa para me aproximar. Observei-a por um tempo e então encontrei uma forma de conhecê-la. Apesar de todos os riscos, continuei a investir em algo proibido e extremamente perigoso. Mas minhas omissões e mentiras não podiam continuar para sempre.

Ela se afasta alguns passos, olhando pela janela. Quando volta a me encarar, percebo que não existe nenhum traço de divertimento em seus olhos.

— Coloquei na cabeça que se descesse à Terra e possuísse o corpo de um humano eu seria expulsa do céu, me tornaria humana e poderia ficar com ela. O problema é que eu nada sabia sobre o Cheshvan. Desci em uma noite de agosto, mas não consegui possuir o corpo. Ao voltar para o céu, fui detida por uma hoste de Arcanjos vingadores que me arrancou as asas. Jogaram-me do céu. Imediatamente soube que algo estava errado. Quando olhava para os humanos, tudo o que eu conseguia sentir era um desejo insaciável de estar dentro de seus corpos. Perdi todos os poderes, era uma criatura fraca e patética. Não era humana. Era apenas uma decaída. E quanto a garota que pensei amar? Minha existência foi apagada da sua mente e ela seguiu sua vida. Durante todo esse tempo, odiei-me por isso. Pensei que tivesse desistido de tudo assim por nada. — Seus olhos se concentram estranhamente em mim, deixando-me com a sensação de estar transparente. — Mas se eu não tivesse caído, não teria conhecido você.

As emoções conflitantes pesam tanto dentro do meu peito que acho que vão me sufocar. Lutando contra as lágrimas, vou adiante.

— Jong Seong disse que sou descendente de um Nefilim. Isso é verdade?

— Você quer uma resposta?

Eu não sei se quero. Todo o meu mundo parece uma piada, e eu sou a última a entender a graça. Eu não sou Kim Minjeong, uma garota comum. Sou descendente de alguém que nem sequer é humano. E meu coração está sendo destroçado por outra não humana. Um anjo das trevas.

— De que lado da família? — Pergunto finalmente.

— Paterno.

— E falando em Nefilim, qual a relação de Aeri com tudo isso? — Continuo, lembrando que até então ela agia como amiga de Jong Seong.

— Giselle tem me auxiliado desde sempre. Quando descobri o que Jay era e como ele iria agir, pedi a ela que se aproximasse e ficasse de olho nos movimentos dele. Eles eram iguais, então seria fácil conquistar sua confiança.

— Então quer dizer que durante todo esse tempo você sabia o que ele planejava?

— Não vou matá-la, Minjeong. Não mato pessoas que são importantes para mim. E você está no topo da lista.

Meu coração acelera no peito. Minhas mãos estão apertadas contra sua barriga, tão rígida que nem a pele cede. Eu estou tentando manter uma barreira inútil entre nós, pois nem uma gigantesca cerca eletrificada vai me fazer sentir protegida dela.

— Você está violando meu espaço — digo, esgueirando-me para trás.

Jimin dá um sorriso quase imperceptível.

— Violando? Minjeong, você não está em uma prova de vestibular.

Ajeito alguns fios de cabelo atrás da orelha e dou um bom passo para o lado, contornando a escrivaninha.

— Você está me sufocando. Preciso... de espaço.

O que eu preciso é de limites. Preciso de força de vontade. Preciso ser enjaulada, pois mais uma vez demonstro que não posso confiar em mim mesma na presença de Jimin. Eu deveria estar correndo para a porta, mas... não estou. Tento me convencer de que permaneço ali porque preciso de respostas, mas é apenas parte da história. O que eu não quero é pensar na outra parte. A parte emocional. A parte à qual é inútil resistir.

— Você está escondendo mais alguma informação de mim? — Pergunto, interessada.

— Estou escondendo muitas informações de você.

Sinto um aperto por dentro.

— Como o quê, por exemplo?

— A forma como me sinto ao ficar trancada aqui com você. — Jimin apoia uma das mãos no espelho atrás de mim, o peso dela se inclinando na minha direção. — Você não tem ideia do que faz comigo.

Balanço a cabeça.

— Não. Não acho que seja uma boa ideia. Não está certo.

— Existem vários níveis de certo — ela murmura. — Olhando por este ângulo, ainda estamos em segurança.

Eu tenho certeza de que a metade do meu cérebro responsável pela autopreservação está berrando "Saia correndo!" Infelizmente, o sangue me sobe à cabeça e eu não consigo ouvir direito. Obviamente, também não estou pensando direito.

— Absolutamente certo. — prossegue Jimin. — Praticamente certo.

— Praticamente certo em outra ocasião.

Respiro fundo. De soslaio, percebo um alarme de incêndio preso à parede. Está a uns três ou quatro metros. Se eu for rápida, posso atravessar o cômodo e acioná-lo antes que Jimin possa me impedir. A segurança vai chegar correndo e eu vou estar a salvo. É o que eu quero... Não é?

— Não é uma boa ideia — diz Jimin, balançando a cabeça suavemente.

De qualquer maneira, avanço na direção do alarme. Meus dedos se fecham em torno da alavanca e a abaixo para acioná-lo. Mas a alavanca não se mexe. Tento com toda a força, mas não consigo. Então sinto a presença familiar de Jimin em minha cabeça e entendo que é um jogo.

Viro-me para encará-la.

— Saia da minha cabeça.

Irritada, empurro seu peito com força. Jimin dá um passo para trás, recuperando o equilíbrio.

— Por que você fez isso? — Ela pergunta.

— Por causa dessa noite toda.

Por me fazer ficar louca por ela quando eu sei que isso e errado. Ela é o pior tipo de erro. É um erro tão grande que parece certo, e isso me deixa completamente fora de controle.
Eu talvez me sentisse tentada a lhe dar um murro no queixo se ela não tivesse me pegado pelos ombros e me prendido contra a parede. Quase não há espaço entre nós, apenas uma fina camada de ar, mas Jimin logo elimina o problema.

— Ainda não acabei. O que aconteceu com esse tal inimigo?

— Ele se chama Woojin. E aconteceu um imprevisto.

— O que isso significa exatamente?

— Eu estava em um confronto direto com ele, mas acho que isso chamou a atenção dos céus. Um Arcanjo foi enviado para elimar a nós dois. Aconteceria mais cedo ou mais tarde. Só apressamos os fatos.

— Então você... está correndo perigo.

— Eu passei minha vida em constante perigo. A razão pela qual nunca fui confrontada diretamente foi simplesmente por que não era uma prioridade.

Driblo outro de seus avanços.

— Ele vai fazer outra aparição indesejada na minha vida?

— É difícil dizer.

Mais rápido do que um raio, Jimin agarra a barra do meu moletom. Arrasta-me para junto de si. Os nós de seus dedos esbarram no meu umbigo. Calor e frio me atravessam simultaneamente.

— Eu vou vencê-lo, Anjo. Sem maiores interferências, posso cuidar disso rapidamente.

— E como faria isso?

Ela ri. Não de forma abrupta, mas com um desejo contido. Os olhos perdem a agressividade e estão totalmente concentrados em mim. O sorriso é astuto como o de uma raposa... porém mais suave. Algo dentro de mim sobe e desce.

O celular em meu bolso resolve tocar. Afasto-me de Jimin, suspirando fundo, e o telefone toca de novo.

— Secretária eletrônica — Ela diz.

Nas profundezas ocultas da minha consciência, eu sei que é importante atender ao telefone. Desvencilho-me dela, dando as costas para que ela não perceba o efeito causado por dez segundos de beijos. Por dentro, eu grito de alegria.

— Alô? — atendo, resistindo à tentação de me deixar levar pelo momento.

— Winter! — Exclama Ningning. A ligação está ruim, com muito chiado se sobrepondo à voz. — Onde você está?

— Onde você está? — Tapo a outra orelha para ouvir melhor.

— Estou na faculdade. Nós a invadimos — ela diz com uma voz trêmula. — Jong Seong quer que eu diga para você que se não vier se encontrar com ele... peraí... o quê? — diz Ningning ao fundo.

A voz de Jing Seong se faz ouvir.

— Minjeong? Venha brincar conosco. Se você não vier, tem uma árvore no campus reservada para Yizhuo.

Fico completamente gelada.

— Alô? — digo quase rouca. — Jong Seong? Ningning? Vocês estão me ouvindo?

Mas a ligação caiu.

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