☪ 06 | Nada é de graça

Opa, olha só quem chegou por aqui. ♡ Brotei com mais um capítulo de Dark Paradise. Mas e aí, como vocês estão? Se cuidem direitinho. Comam direito, bebam água e lavem as mãos.

Geeeeeeeeente, eu tô respondendo os comentários e tô adorando demais o engajamento. Sério, eu vou dizendo aí pra vocês o quanto vocês vão acertando nas teorias de vocês. KKKKKKKKKKKKKKKK. É muito emocionante, sério, bom demais. Nesse capítulo, temos algumas informações importantes, prestem atenção, viu. Obrigada por todos os votos e comentários, vocês são incríveis, amo vocês.

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BOA LEITURA ♡

Antes de ler o diário de sua mãe — ou pelo menos parte dele —, Sasuke imaginou que poderia obter respostas dali. Mas aconteceu justamente o contrário: o pouco que conseguiu ler só serviu para que ficasse ainda mais confuso. Jamais tinha pensado na hipótese de sua mãe guardar um grande segredo como aparentava; claro que sabia que coisas ruins tinham acontecido com ela antes de tê-lo, afinal, como ela poderia saber da existência de criaturas como vampiros se não tivesse passado por alguma situação fora do comum?

Mikoto sempre o alertou sobre as outras criaturas que existiam no mundo além dos humanos, e esteve sempre preocupada com a segurança dos dois, só que nunca tinha passado pela cabeça dele que sua mãe poderia estar fugindo de algo, ou pior, de alguém. Apenas pensava que por saber dos perigos do mundo, preferia se precaver do que remediar, o que nunca abriu espaço pra nenhuma desconfiança. Só que agora ele sabia que não tinha sido somente precaução.

Sua mãe sabia algo sobre a vampira que tinha encontrado. "Os Hyuuga" era o que estava escrito nas páginas borradas, e o sobrenome de Hinata também era esse, não podia ser coincidência, certo? Não tinha como ser. E por que raios Hinata o chamou de Itachi? Quem poderia ser tão parecido com ele a ponto de fazer uma vampira com sentidos aguçados se confundir?

Eram perguntas demais e nenhuma resposta. Sasuke duvidava muito que encontraria mais informações nas coisas da sua mãe. Considerando que ela sabia muito mais do que aparentava, certamente tinha sido muito cuidadosa com o restante dos pertences — já era um milagre ter um diário, pra começo de conversa. Só tinha uma pessoa que poderia ajudá-lo, e foi com esse pensamento, que decidiu sair de casa tarde da noite em busca de respostas.

A cada dia que passava, a tensão na mansão dos Hyuuga apenas aumentava. O paradeiro de Hinata ainda era desconhecido e não havia nenhum indício de que isso viria à tona logo. Os esforços para encontrá-la eram em vão, já que não tinham sequer uma pista para indicar por onde deveriam começar. Hiashi estava passando horas trancado em seu escritório, enquanto Neji estava sempre junto da equipe de busca, não medindo esforços para encontrar Hinata. Para a surpresa do vampiro Hyuuga, Hanabi não parecia nem um pouco preocupada com o sumiço da irmã mais velha.

Isso sem dúvidas chamou atenção dele, já que Hana sempre foi muito próxima de Hinata, era no mínimo suspeito que ela não tivesse esboçado nenhuma reação com a atual situação. Ele ponderou se a pequena poderia saber de algo que mais ninguém saberia. Quando a sondou para tirar suas dúvidas, suas suspeitas foram confirmadas, o problema era que Hanabi era dura demais em comparação a sua estatura frágil e pequena.

— Hanabi, como você está hoje? — Neji perguntou assim que entrou no quarto dela. O ambiente estava pouco iluminado, e embora estivesse de noite, as cortinas grossas de um vermelho vinho estavam fechadas. — Você está bem?

— Boa noite, nii-san — respondeu com sua voz baixa e calma, que seria quase inaudível se não fosse pelo fato que ele era um vampiro. Ela estava encolhida sob as cobertas, o cabelo escuro espalhado pelo travesseiro branco. — Eu estou bem. O que o traz aqui hoje? Você não costuma me visitar com frequência.

Por um segundo ele sentiu embaraço pela abordagem dela. Andava passando tempo demais com Hinata e acabara por negligenciar Hana um pouquinho. Mas duvidava muito que o comentário dela tivesse um teor maldoso, ela não era assim. Sem contar que a vampira estava certa; a pequena Hyuuga tinha o incrível dom de adivinhar as coisas com uma precisão invejável.

— Antes de tudo, gostaria de saber como a senhorita está. Hinata-sama sumiu e vocês são muito próximas. O que me levou a pensar que você poderia estar muito triste e preocupada. E que talvez pudesse me ajudar com algo que facilitasse a busca, já que foi com você que ela conversou pela última vez.

Hanabi deu um sorriso pequeno e seus olhos leitosos se estreitaram brevemente antes de voltar a dizer:

— Você é muito bom com as palavras, nii-san. Falando dessa forma tão educada, nem parece que está me perguntando o que eu sei que nenhum de vocês sabem. — O silêncio prevaleceu entre eles por longos segundos enquanto se encaravam de modo incisivo.

— Então você realmente sabe de algo — afirmou o óbvio. — Se for algo que pode nos ajudar a encontrá-la, deve...

— Mas se ela não quiser ser encontrada, nii-san? Alguém já parou para pensar nisso? — interrompeu-o.

Neji franziu as sobrancelhas brevemente e abriu e fechou a boca algumas vezes, confuso. O que ela queria dizer? Que Hinata não tinha sido sequestrada e que, sim, tinha fugido?

— Não estou entendendo onde quer chegar, Hanabi. Você está dizendo que Hinata-sama fugiu?

— Não foi o que eu disse — negou e piscou algumas vezes. — Mas pode ter acontecido. Por que ela não o faria? Nee-chan era infeliz nessa casa, vista como um objeto. Sendo pressionada a casar, ter filhos e morrer, porque é assim que nós mulheres somos vistas aqui.

— Mas... Isso não é possível. — Neji balançou a cabeça levemente, sem conseguir acreditar na possibilidade. — Ela não teria coragem de fazer algo assim.

— Se ela fez, você respeitaria a decisão dela e pararia de procurar?

O vampiro se pegou em uma encruzilhada, porque ele não sabia responder a essa pergunta. Se ela tivesse realmente fugido — o que ainda achava improvável —, seu coração ficaria dividido entre trazê-la de volta para segurança do seu lar ou deixá-la viver a liberdade que merecia. Não era novidade para ele que Hinata não dizia nem metade do que realmente passava pela sua cabeça, que ela era curiosa demais, desejava mais do que aquilo que poderia ter. Só que ele tinha certeza que caso fosse escolhido para passar o resto da eternidade com ela, faria o possível e o impossível para que a infelicidade sumisse da sua vida. E mesmo que não simpatizasse, nenhum pouco, com Itachi, algo lhe dizia que o Uchiha faria o mesmo.

— Como eu posso ter certeza de que ela está bem e realmente não deseja ser encontrada? — questionou ainda incerto sobre que decisão tomar.

— Não sei — Hanabi respondeu com tranquilidade. — Você também era muito próximo da nee-chan, talvez se tentar refazer seus passos e se colocar no lugar dela, venha algo em mente que te faça ter certeza.

Sem mais nada a dizer, e com mais a pensar pelo resto da noite, Neji agradeceu e se despediu em um murmúrio antes de deixar o quarto. Sempre guiado pela razão, talvez fosse a hora de dar espaço para alguma emoção e seguir o conselho de Hanabi.

As imagens coloridas que se moviam na enorme televisão de cinquenta e duas polegadas não pareceria tão interessante do que o necessário na visão de uma pessoa comum — apesar do tamanho exorbitante. Mas era a primeira vez que Hinata via uma em toda sua vida de tão perto, então tudo era muito mágico para ela. Jiraya tinha ensinado como passar os canais e aumentar e diminuir o volume, além disso, tinha mostrado cada canto do pequeno apartamento que ficava em cima de um comércio ao lado da boate.

Ainda sem destino e mais do que incerta do que deveria fazer, aceitou a ajuda dele, porque tinha algo que lhe dizia que poderia confiar nele. Jiraya lhe ofereceu roupas limpas, sapatos e um banho quente. Sobre a alimentação, ele murmurou algo como "daremos um jeito nisso mais tarde", e essa era a parte que mais a preocupava. Ao se lembrar do incidente com Sasuke, conseguia sentir apenas vergonha de si mesma por parecer um animal incontrolável.

Balançou a cabeça para afastar o pensamento. Tinha que se focar em algo mais importante, que era o que deveria fazer a partir daquele momento. Continuava a amaldiçoar a voz em sua cabeça que tinha dado a coragem pra voar da gaiola, mas agora quando mais precisava de ajuda, tinha desaparecido. Tinha a plena consciência que a uma hora dessas, já estariam procurando por todos os cantos possíveis e impossíveis, mas se perguntava se já tinham percebido que, na verdade, tinha fugido. Porque se isso já tivesse acontecido, bem... As coisas tomariam um rumo muito diferente.

Em vez dos vampiros do seu clã e os aliados estarem a sua procura, criaturas muito mais assustadoras estariam atrás dela. Embora tivesse sido poucas vezes em que os viu, Hinata sabia bem que tipo de serviço seu pai poderia buscar. Ainda se lembrava da aparência assustadora de um deles: a pele acinzentada e preenchida de cicatrizes grotescas que faziam contraste com o cabelo arrepiado e escuro; os olhos com estranhas pupilas brancas e fundos como as de um peixe, o nariz e queixo com traços quadrados e os dentes cerrados que se juntavam em um sorriso diabólico em seus lábios cortados. Também se lembrava que ele carregava uma enorme espada tão assustadora quanto ele próprio.

A visão de uma criatura como aquela atrás de si trazia arrepios de horror ao seu corpo. Sem contar, que tinham mais além dele. Por esse e outros motivos deveria pensar rápido no que faria dali pra frente. Sentiu o estômago revirar de ansiedade, ignorou a sensação e começou a surfar pelos canais, até que um chamou sua atenção e ela parou ali.

"Não percam a mais nova atração do Japão. O maior parque de diversões da Ásia agora está aqui para divertir vocês! A maior diversidade de brinquedos está aqui; e não deixem de visitar nossas barracas de comida, que esse ano estão cheias de surpresas!"

Enquanto o narrador falava, as imagens na tela mudavam, mostrando os mais diversos tipos de brinquedo, pessoas rindo e se divertindo, e depois tanta comida diferente e atendentes que pareciam realmente simpáticos. Além disso, havia as luzes: brilhantes, coloridas e chamativas. Hinata nunca tinha visto nada igual, e aquela curiosidade pelo desconhecido voltou a atingi-la com tanta intensidade que seus olhos gélidos chegavam a brilhar.

Será que seria capaz de visitar um lugar como aquele algum dia?

Esperava que sim.

Foi tirada dos seus pensamentos quando Jiraya abriu a porta, mal tinha notado a presença dele até aquele instante. O que era muito estranho por sinal, porque a única pessoa que conhecia com passos tão leves era Hanabi. Ainda não sabia o que, de fato, ele era.

— Tudo certo, Hinata? — perguntou casualmente, um sorriso sereno dançava em seus lábios.

— Sim, eu estou bem — respondeu enquanto se levantava do sofá vermelho-vinho. — Está tudo bem? Aconteceu algo?

— Que isso, menina. Está tudo bem, não se preocupe — tranquilizou-a e, em seguida, emendou: — Eu vim por causa do que falamos mais cedo. Tem uma forma de você se alimentar, mas...

— Qual o problema? — Franziu levemente as sobrancelhas enquanto esperava por uma resposta.

— Como eu poderia colocar isso em palavras? — Pensou por alguns segundos, a mão no queixo, até dizer: — Talvez seja um pouco diferente do sangue que você está acostumada. Se é que isso importe pra você. Mas além disso, eu sei como funciona a alimentação para os da sua espécie, quase como um ritual, e bem... Eu aconselharia a não seguir esse "ritual" nessa ocasião.

Ela sabia do que ele falava, então apenas balançou a cabeça em concordância, as bochechas tingidas levemente de vermelho. Passou a vida inteira se alimentando de sangue puro e nobre até encontrar Sasuke. Mas agora não era hora e nem lugar de ficar escolhendo, não que isso realmente importasse, porque ela tinha achado o sangue humano extremamente saboroso, era muito diferente do de vampiro.

— Certo. Não tenho direito de exigir nada, Jiraya-san. Você já está me oferecendo abrigo.

Dessa vez foi ele quem balançou a cabeça.

— Não se apegue tanto a isso, menina. Eu faço o que sinto que precisa ser feito — afirmou com convicção. — Agora, pegue a blusa de frio que eu te dei mais cedo e venha comigo.

Mais cedo ele tinha dado para ela uma muda de roupa limpa, que consistia em um vestido cor de pêssego que batia nos joelhos em um corte bem reto, uma blusa de frio vermelha e um par de sapatilhas da mesma cor. Embora ela ainda tenha ficado intrigada por um tempo com aquelas roupas tão diferentes do que estava acostumada, isso não demorou tanto. A vampira aprendia incrivelmente rápido, ainda mais depois de ficar um tempo assistindo televisão. Claro que ainda tinha muitas coisas que não conhecia e que precisava aprender, mas com um pouco mais de esforço e acesso à informação, tudo se resolveria.

Hinata fez o que ele pediu, depois de vestir a blusa desligou a televisão e seguiu-o porta afora. Após descer dois lances de escada e passar por uma pequena porta, saíram para a noite. Ali, ela conseguiu sentir como o vento soprava gelado, o céu escuro encontrava-se repleto de nuvens, anunciando uma possível chuva mais tarde. Ela respirou fundo e uma maravilhosa sensação de liberdade, que nunca tinha sentido antes, a invadiu. O sorriso que preencheu seus lábios rosados era inevitável e sincero.

— Você está feliz, garota? — A voz grave de Jiraya colocou-a de volta em órbita.

Ela hesitou um pouco antes de finalmente responder:

— Apesar de tudo, estou. Talvez mais do que deveria.

— Por que diz isso? — Olhou-a pelo canto dos olhos sem deixar de andar. A falta de resposta dela fez com que acrescentasse: — Olhe, Hinata, sei que tem algo de errado acontecendo com você, mas eu só vou querer saber se você quiser me contar.

— Ainda que algo me diga para confiar no senhor — Engoliu a saliva com um pouco de dificuldade e respirou fundo —, não tenho certeza se deveria confidenciar meus receios. Isso poderia colocar o senhor em perigo, e bem, eu acho que já fiz isso com uma pessoa hoje e não gostaria de repetir esse erro.

— Então isso que a preocupa? — Eles pararam em frente a uma porta vermelha dupla desbotada, que dava entrada para os fundos da movimentada boate. Ele deu uma risada que a pegou totalmente desprevenida, para então emendar sem ouvir a resposta dela: — Querida, eu já lidei com forças mais poderosas que a própria natureza e sei que há um poder opressor lá fora que todas as criaturas deveriam temer. — Pausa. — Mas eu não temo, não mais.

— Por que não? — Observou-o com curiosidade e seus lábios tremeram levemente enquanto aguardava.

— Porque não há nada que possam fazer comigo que eu já não saiba. — Apenas por alguns milésimos de segundo os olhos dele ficaram totalmente opacos e um arrepio percorreu todo o corpo de Hinata.

Ela admirou-o por sua coragem, porque ainda que ele não fosse um humano, tampouco parecia ser alguma criatura extraordinária; o que havia de ser temido, até os próprios vampiros tinham receio, e seja lá o que tinha acontecido com Jiraya, poderia ter sido o suficiente para torná-lo destemido a esse ponto? Guardou a pergunta para si, duvidava muito que conseguiria uma resposta melhor do que a que já tinha.

— Deixe esse assunto para mais tarde, Hinata. Quando estivermos em casa, se você desejar, falaremos sobre isso. Vamos entrar e resolver seu pequeno problema, certo?

— Tudo bem. — Sorriu em resposta e aguardou que ele abrisse a porta.

Assim que ele o fez, uma fina cortina de fumaça veio direto em seu rosto, ela tossiu um pouco e abanou a mão para tentar se livrar dela. O cheiro forte de álcool e tabaco invadiu suas narinas sensíveis com força e Hinata sentiu-se tonta por alguns segundos, ainda não acostumada a tamanha intensidade de sensações diferentes ao mesmo tempo. Ao contrário dela, Jiraya não parecia nenhum pouco incomodado e até assobiava alguma canção que ela não conhecia. O barulho da música era muito alto, alto o suficiente para fazer as paredes tremerem e o chão vibrar; à medida que se aproximavam da outra porta no final do corredor, o calor e o barulho aumentavam.

A vampira estava confusa, pois tudo estava muito diferente de quando esteve ali mais cedo. Sem contar que aquilo era muito diferente do mundo em que vivia: estava familiarizada com o frio e o silêncio da mansão dos Hyuuga, aquele lugar em que todos os pensamentos deviam ser guardados para ela mesma e a infelicidade e impotência andavam de mãos dadas na tarefa de assombrá-la. Apesar da confusão inicial, Hinata começou a se deliciar com o novo ambiente, dali também já conseguia sentir o cheiro de suor e sangue quente.

Sangue quente. Hum. As pupilas dilatadas eram praticamente imperceptíveis por conta dos seus olhos leitosos, mas a ansiedade que corria por suas veias era real e estava ali de uma forma totalmente inesperada. O cheiro era maravilhoso, não havia dúvidas que nada tinha preparado Hinata para aquilo. Estava tão concentrada no cheiro, que se assustou quando Jiraya colocou as duas mãos em seus ombros e fez com que se virasse para encará-lo:

— Hinata, recobre os seus sentidos. Sei que está faminta, mas preste atenção em mim.

— S-sim! — Balançou a cabeça repetidas vezes tentando recuperar o foco.

— Não há apenas humanos nessa boate, aqui é um lugar onde as criaturas encontram refúgio e diversão sem medo de mostrarem quem realmente são. Por isso você deve estar preparada para ver coisas que não tenha visto antes, mas você está segura, tudo bem? — Depois de receber um aceno positivo, continuou: — Tem muita gente que gosta de servir de alimento pra vampiro ali dentro, só precisa achar a pessoa certa. Mas lembre-se: sem machucar ninguém e sem ritual. Entendido?

— Sem machucar ninguém e sem ritual — repetiu obedientemente em um tom de promessa. — Se eu quebrar qualquer uma das duas regras, não hesite em me parar mesmo que vá machucar.

— Não é pra tanto, menina. — Riu e abriu a porta. A música eletrônica agitava grande parte das pessoas e o jogo de luzes animava a festa ali. — Vai lá, divirta-se. Qualquer coisa sabe onde me encontrar, e bem, estarei de olho em você de qualquer forma. — Piscou, para em seguida sumir no meio da multidão.

Em um primeiro momento, a Hyuuga hesitou um pouco. Observou cuidadosamente as pessoas daquele lugar e sentiu-se deslocada. Havia muitas mulheres com a barriga de fora usando jeans, calças apertadas​, saias curtas e shorts; enquanto outras usavam vestidos curtos cheios de lantejoulas. Também havia muitos rapazes sem camisa, que trajavam jeans escuros e dançavam freneticamente no ritmo do trance ensurdecedor. Embora não fosse especialista em moda do século XXI, Hinata não precisou de muito para saber que suas sapatilhas claras e seu vestido rodado não tinham​ nada a ver com aquele ambiente. Apertou os lábios levemente e rodou os olhos pelo lugar: havia muitos humanos, mas também o cheiro típico de magia, o que apenas confirmava o que Jiraya tinha dito: criaturas diferentes.

Agora, o que ela deveria fazer? A multidão era deveras intimidadora para apenas entrar ali, mas como se alimentaria se ficasse apenas parada olhando? Deveria chegar em alguém e perguntar educadamente se poderia se alimentar rapidinho? Não. Definitivamente não.

Hinata respirou fundo e partiu em direção ao bar, andando o mais afastada possível do aglomerado de corpos que pulava e dançava. Com certa dificuldade, depois de passar esbarrando em muitas pessoas que a encararam como se ela estivesse perdida, alcançou o bar que não estava cheio e sentou-se em uma das cadeiras redondas.

— Vai querer beber algo? — uma mulher de cabelo vermelho perguntou. Sua expressão era muito séria, não combinava com o rosto de traços finos e seus olhos escuros. Hinata a achou meio intimidadora.

— Não sei, eu nunca...

— Já sei, não precisa terminar. Quer uma sugestão ou vai ficar esperando que uma bolsa de sangue caia magicamente na sua frente? — Arqueou as sobrancelhas enquanto esperava uma resposta.

— Por que você precisa ser tão desagradável, Karin?

Hinata virou-se para o lado e encarou o recém-chegado. Ele a encarou de volta com uma intensidade arrebatadora. Os olhos dele eram de um azul tão intenso que ela não aguentou e desviou o olhar para o próprio colo; a pele dele era bronzeada, o que combinava muito com seu cabelo arrepiado e loiro. Seus dentes eram tão brancos que faltavam cintilar, e seriam perfeitamente enfileirados se não fosse por seus caninos mais pontiagudos que o normal — quase lembrava uma raposa, principalmente por causa das linhas delicadas que riscavam suas bochechas. O estranho apoiou um dos braços no balcão e se inclinou levemente para frente, ele trajava uma calça escura muito simples e uma blusa azul clara de mangas ¾.

Karin revirou os olhos e respondeu com indiferença:

— O que você está fazendo aqui, Naruto? Não devia estar trabalhando?

— É assim que você recebe seu irmão mais velho? Em vez disso, me traga um drink. — Ela o fuzilou com o olhar em resposta e não disse mais nenhuma palavra, apenas voltou-se para a prateleira de bebidas e começou a preparar algo. — Espero que ela não tenha te ofendido de alguma forma...?

— Hinata — ela murmurou sem graça. — De forma alguma, acredito que ela estava prestes a me ajudar.

— Com aquele sarcasmo embutido, tenho certeza que estava — brincou, o que acabou arrancando uma risadinha dela. — Meu nome é Naruto, e algo me diz que é sua primeira vez por aqui. — Os olhos dele passaram por toda sua vestimenta para depois parar em seu rosto novamente.

— Acho que você está bem seguro dessa opção. — Ela se pegou surpresa pela facilidade que teve em soltar um comentário divertido para o não-tão-estranho, vulgo, Naruto. Nunca tinha sido do tipo que fazia brincadeiras. — Me pergunto o porquê.

Naruto sorriu, malandro, ao mesmo tempo em que Karin deixava dois drinks em cima do balcão e ela teria se retirado em silêncio, se não fosse pelo comentário muito baixo que fizera:

— Nojento.

— Muito obrigado, irmãzinha. — Karin revirou os olhos novamente e Naruto empurrou um dos drinks na direção de Hinata com cuidado e lhe ofereceu outro sorriso que valia mais que mil palavras. — Sinto que nós nos daremos muito bem, Hinata.

Sasuke bufou irritado ao perceber que só tinha vagas para estacionar na quadra acima da Hypnotize. Não sabia porque raios aquele lugar estava tão lotado em um dia de semana, na verdade, talvez os frequentadores não tinham coisa mais importante para fazer. Só podia ser. Depois de estacionar e, ainda meio que a contragosto parar em frente à boate, ponderou se deveria realmente entrar.

Ele odiava aquele lugar, pisou ali poucas vezes e não pretendia se tornar um cliente assíduo — ali fazia parte de um mundo em que fora totalmente ensinado a evitar —, barulhento e cheio demais. Contato demais. Quem gostava de frequentar o local era o idiota do Naruto, ainda mais que Jiraya era seu padrinho e ele podia encher a cara à vontade sem pagar.

Inclusive, onde estaria ele? O loiro tinha prometido encontrá-lo ali às onze e ponto. E bem, já passava das onze já fazia um bom tempo.

Ainda do lado de fora, ele conseguia escutar o som ensurdecedor da música e os berros animados. Já que tinha se atrasado e do jeito que Naruto era impaciente, seria perca de tempo ficar ali esperando. E quanto mais rápido conseguisse falar com Jiraya, mais rápido sairia daquele lugar. Respirou fundo antes de descer as escadas e passar pelos seguranças que já o conheciam. Com o olhar atento, Sasuke procurou o velho Jiraya entre a multidão, depois na cabine do DJ, para só depois parar no bar.

— Karin, sabe onde está o velho? — perguntou de forma impaciente, incomodado com o cheiro do tabaco e da fumaça.

— Sasuke-kuuun, você por aqui, que surpresa agradável. — Ela quase parecia outra pessoa, até seu tom de voz mudou, tinha se derretido apenas com a presença do rapaz. Não era novidade para ninguém a queda que ela tinha por Sasuke. Ele continuou em silêncio enquanto esperava por uma resposta que não demorou a vir: — Ele disse que ia resolver umas coisas naquele amontoado de poeira que ele chama de escritório.

— E Naruto? Já chegou? — fez a última pergunta, já se preparando para dar a meia volta e encontrar Jiraya.

— Foi servir de bolsa de sangue, eu acho. — Revirou os olhos. Gesto que foi seguido por Sasuke. Sem dizer nada, ele começou a se afastar do bar, mas não sem antes ouvir Karin dizer: — Depois volte para tomar uma bebida por conta da casa!

"Naruto e seus hobbies estranhos", ele pensou enquanto tomava distância da bagunça e caminhava para os fundos da boate, que era onde Jiraya poderia estar. Ali tinha uma escada que levava a uma entrada subterrânea onde ele ficava enfurnado fazendo sabe-se lá o que. Ali não tinha praticamente ninguém, então apenas empurrou a porta e desceu o pequeno lance de escadas sem nenhuma dificuldade. Não demorou mais do que alguns segundos para que conseguisse ouvir a voz de Jiraya, que parecia murmurar algo que ele não entendia muito bem, à medida que se aproximava compreendia melhor:

— Isso é perigoso, você deveria ter me avisado que algo assim podia acontecer. — Pausa. — Você sabia dos riscos desde o começo. — Embora o tom de sua voz fosse o mesmo, havia algo que o fazia parecer preocupado, Sasuke notou. — Olhe, tudo bem, querida. É tarde demais para voltar atrás, quanto tempo? Ah... Sasuke?

— Espero não estar atrapalhando. — O moreno franziu levemente o cenho ao notar que Jiraya não estava falando em um celular como ele imaginou. Sabe-se lá com quem ele estava se comunicando, sabia que era algo "não-humano".

— Não está. — Agiu como se não estivesse conversando com alguém segundos atrás. — Só um pouco surpreso de logo você estar aqui. Aconteceu alguma coisa?

Ele não tinha pensado muito no que perguntaria, para ser sincero. Ele tinha dirigido até ali com a capota do carro amassada — inclusive, tinha que dar um jeito logo naquilo, adorava seu carro. E só tinha em mente que a única pessoa que conheceu além da sua mãe que poderia ter qualquer conhecimento relevante sobre o que queria saber, era o velho Jiraya. Então, ele abaixou levemente a gola da blusa de mangas longas que usava, e mostrou os dois furos perfeitamente alinhados.

— Alguém se alimentou de você e agora você está puto da vida? — quis saber, o seu tom tinha saído mais zombeteiro do que gostaria.

— Eu estaria puto, mas não ia sair do conforto da minha casa e vir neste lugar só por causa disso — respondeu e estalou a língua em seguida. — A questão é que a vampira que fez isso... O que aconteceu em seguida foi algo que não tinha ideia que poderia ser possível.

Jiraya sentiu-se tentado a fazer outro comentário debochado, mas ao ver a seriedade com que o rapaz falava, decidiu esperar pelo que viria a seguir.

— O que? — incentivou-o a continuar.

— É uma longa história. Mas basicamente ela correu para fora da minha casa em plena dez horas da manhã e não aconteceu absolutamente nada com ela quando encontrou o sol. — Silêncio. Jiraya arqueou uma sobrancelha. — Ela também não tinha certeza como aquilo tinha sido possível e depois comentou algo sobre uma feiticeira antiga que em um tempo conseguiu fazer algo assim para outros vampiros, mas que ela tinha desaparecido. — Suspiro. — De qualquer forma, isso me deixou intrigado o suficiente para que eu procurasse respostas nas coisas da minha mãe.

— Isso é novidade pra mim. Você sendo curioso? E agora eu que estou intrigado sobre como tinha uma vampira dentro da sua casa, até onde eu me lembro, você obedecia bem a sua mãe quando se tratava de ficar longe desse tipo de coisa. — Cruzou os braços enquanto esperava por uma resposta.

— Como eu disse, é uma história muito longa. O que eu quero saber, é se é realmente possível essa história de feitiço ou é uma mentira o fato de os vampiros queimarem a luz do sol. E também — Puxou o pequeno diário do bolso e abriu nas últimas duas páginas e estendeu na direção do outro —, quero saber qual era a ligação da minha família com esses tal de Hyuuga e porque minha mãe estava fugindo deles.

— Vamos com calma, garoto. O que uma coisa tem a ver com a outra?

— Porque o nome da vampira era Hyuuga Hinata. E aqui fala algo sobre olhos predominantes, e os dela eram como duas luas. E bem, não acredito em coincidências. — A expressão que tomou conta do rosto de Jiraya fez Sasuke pensar que ele tinha ido ao lugar certo. — E bem como você disse, não sou do tipo curioso. Mas até agora eu não fazia ideia de que minha mãe estava fugindo de alguém, e agora eu quero saber o porquê, quero saber se devo me preocupar com minha vida. E até onde eu percebi, essa vampira estava fugindo de alguém também, e não tenho certeza se, sem querer, eu possa ter feito uma ponte ligando essas pessoas a mim.

Mais silêncio. O mais velho parecia estar pensando seriamente sobre alguma coisa, enquanto isso Sasuke começava a ficar impaciente. Todo aquele mistério fazia com que ficasse irritado. Franziu o cenho uma, duas vezes e soprou o ar.

— Veja bem, Sasuke — Jiraya começou, incerto, enquanto passava os dedos entre os fios grisalhos. — Há muita coisa sobre sua mãe que você não sabe e acredito que se mesmo no leito de morte ela não te disse nada, é porque desejava que as coisas ficassem assim. — Sasuke abriu a boca para protestar, mas antes que o fizesse, o outro continuou: — Só que eu sei que você não é mais uma criança e que tem coisas que você precisa saber para sua própria segurança.

"Você não está errado em pensar que Mikoto fugia de alguém, mas não era dos Hyuuga, realmente. Para esclarecer, eles são um dos mais poderosos clãs de vampiros que existem, estão pouco preocupados com a vida humana, acredite em mim. Eles não são o inimigo, pelo menos não ainda. Não é com eles que devemos nos preocupar. Sinceramente, não há muito o que eu possa te contar, porque acredito que a verdade que você precisa virá à tona a qualquer momento. Sua vida não está em perigo agora, mas pode ficar, e é por isso que te aconselho a preparar um ponto de fuga, para o mais longe possível daqui, caso as coisas fiquem feias. Prometo que se chegar a esse ponto, te contarei tudo que você precisa saber. Sobre vampiros não queimarem no sol, é verdade que havia uma feiticeira que conseguiu o grande efeito. Mas o preço era alto demais para a maioria."

— Que tipo de preço seria alto o suficiente para que seres imortais não pudessem pagar?

— Exatamente. A imortalidade era o preço. — Sorriu pequeno. — Mas é aquela coisa, o que é importante para um, pode não ter o mesmo valor para outros.

— Entendi. Faz sentido — Sasuke concordou e não insistiu mais no assunto anterior. Só de saber que sua vida não estava em perigo (ainda) já o deixava aliviado, e o que precisasse saber, descobriria no momento certo. Se bem que ele tinha um pressentimento... — Conhece alguém chamado Itachi?

— Itachi? — Jiraya apertou os lábios em uma linha reta enquanto pensava. — O nome me é familiar, mas não tenho certeza. Se eu achar algo, te falarei. Mas, Sasuke, você terá que fazer um favor pra mim.

— Eu não sei o que é, mas não soa bem. Então a resposta é não. — Começou a dar meia volta e subir as escadas. Nada era de graça, sabia disso, mas o pagaria pela informação de outro jeito, outro dia, quem sabe.

— Como você pode ser tão malvado, Sasuke? Eu tirei suas dúvidas. — Seguiu-o escada acima até o andar superior onde já dava para escutar a música novamente.

— Metade delas. E não foi a parte mais importante do que eu queria saber — retrucou sem parar de andar. Ainda precisava encontrar Naruto antes de ir para casa.

— Mas foi o suficiente para saciar sua quase inexistente curiosidade — rebateu. — Vamos lá, um favor não vai te matar.

— O que você quer? — quis saber antes de abrir a porta que levava a bagunça da boate. Ali as portas já tremiam.

— Quero que você abrigue uma pessoa até eu conseguir alguns documentos para ela.

— De jeito nenhum. — Sasuke abriu a porta e o som da música era muito alto. Sabendo que o velho ainda podia escutá-lo emendou: — Já recebi uma estranha na minha casa hoje e o resultado não foi muito agradável.

— Hinata é inofensiva, Sasuke — Jiraya quase gritou para que ele pudesse escutar. — Ela não te machucou, não é? Só estava com sede e assustada.

— Por que você está falando como se a conhecesse? — Não parou de andar. Seguia na direção de uma sala silenciosa e cheia de poltronas que as vezes Naruto ficava bebendo com as mulheres e rapazes que conhecia. Só Deus sabia como alguém conseguia ser tão sociável.

— Porque é ela que quero que você abrigue. Veja bem, aqui é quase um ponto de referência para criaturas. As pessoas me conhecem, ela vai ficar mais segura com você. E como você tinha dito mesmo? Que não acreditava em coincidências. Ela aqui, você aqui também. Não pode ser uma, não é?

— O que te faz achar isso? Estou longe de ser a pessoa adequada para essa tarefa. Peça a Naruto, ele é perfeito. Um dos maiores hobbies dele é ser bolsa de sangue, vai adorar ter uma vampira de estimação para alimentar todos os dias — murmurou irônico, ou talvez, nem tanto. Ele puxou a cortina que dava para a área mais silenciosa e se deparou com uma cena bem sugestiva. Fazendo um gesto com a mão, acrescentou: — E parece que eles estão se dando muito bem.

O loiro estava sentado confortavelmente em uma poltrona escura, confortável até demais, já que Hinata estava em cima dele, as pernas separadas uma de cada lado do seu corpo, os lábios dela estavam entreabertos em volta do pescoço de Naruto, enquanto as mãos dele apalpavam com vontade os quadris redondos. Sasuke podia apostar que ele também estava de pau duro, pelo pouco que tinha absorvido da sensação, sentiu como a ilusão de prazer daquele ato poderia ser. Ouviu o amigo soltar um som parecido com o de um ronronado, enquanto o corpo dela se contraía contra o dele — talvez estivesse excitada também?

Jiraya fechou a cortina e soltou um suspiro resignado. "Nada de rituais", ele tinha dito, mas pelo menos não tinha com o que se preocupar, desde que era Naruto, e bem, ele era um bom garoto. Não tinha com o que se preocupar. Sem contar que provavelmente ainda levaria tempo até Hinata se acostumar e se alimentar "normalmente".

— Escute bem, Sasuke. Sei que você não gosta da ideia de ter uma vampira na sua casa, na verdade, de ter qualquer pessoa estranha por lá. Mas faça esse favor para mim, certo? Naruto é um bom garoto, mas não é tão responsável como você. — Colocou uma mão no ombro dele e apertou antes de continuar: — Você é médico e tem seus contatos que eu sei, então não vai precisar dar seu sangue a ela. Hinata precisa de um lugar seguro por algum tempo. Quando isso estiver acabado, respondo mais alguma das suas perguntas sobre o passado de Mikoto. Confie em mim quando digo que Hinata não vai fazer nenhum mal a você.

A última proposta o deixou mais tentado a aceitar o pedido de Jiraya. Como o velho tinha dito, não se agradava nem um pouco da ideia de ter um estranho em casa, mas se ele recebesse algo importante em troca, talvez valesse a pena no final. Se Hinata fosse tão boa como sua aparência demonstrava, ela seguiria a fio as regras que determinasse, desde que não estivesse com sede.

— O que eu quiser saber? — Sasuke quis a confirmação.

— Já viu esse velho não honrar com sua palavra?

— Quanto tempo?

— Alguns dias, talvez semanas. Não olhe assim para mim — resmungou ao receber um olhar atravessado do rapaz. Soltou um sorriso amarelo. — Você sabe que esse tipo de trabalho não depende só de mim, mas saiba que farei o meu melhor para terminar o mais rápido possível.

Ainda incerto se essa era a melhor escolha a se fazer e com o pressentimento que tinha algo muito errado nessa história, Sasuke assentiu levemente com a cabeça antes dos olhos ônix se voltarem para a cortina escura — onde uma vampira excitada se alimentava do seu melhor amigo — mais uma vez.

Era mais uma noite silenciosa na mansão dos Hyuuga. Desde o desaparecimento de Hinata há dois dias, as coisas estavam mais tensas que o normal. Neji passava a maior parte do tempo fora buscando por qualquer pista que pudesse levar ao paradeiro da prima, enquanto nesse meio tempo Hanabi teve mais crises de febre e tosse do que o normal. Hiashi parecia mais ocupado também, sempre trancado em seu escritório, providenciando o que fosse necessário para que sua herdeira fosse encontrada o mais rápido possível.

Depois da conversa que teve com Hanabi, para Neji, ficou bem mais claro o que tinha ocorrido. Já tinha chegado à conclusão que Hinata tinha realmente fugido, não tinha como ela ter sido sequestrada e não ter deixado nenhum rastro sequer, por melhor que fosse seu raptor, algo é sempre deixado para trás. E ele também não tinha dúvidas que alguém de dentro tinha a ajudado de alguma forma, porque só assim ela teria sido capaz de passar pela barreira sem ser detectada. A pergunta era: quem era essa pessoa?

O Hyuuga já tinha eliminado algumas opções. Embora Hanabi soubesse das coisas demais, seu estado não era o dos melhores para ter ajudado em uma fuga tão limpa. Por mais que não gostasse de Itachi e tivesse suas desconfianças a respeito dele, sabia que não era interessante para o vampiro que Hinata fosse para longe; amava-a, mas sabia que o Uchiha estava mais próximo de ser escolhido do que ele, e seguindo por esse caminho, não haveria herdeiros mais poderosos do que a junção de uma Hyuuga e um Uchiha. Ainda tinha a bruxa faladeira, daquela ali com certeza Neji tinha suas dúvidas. Sem contar que ela sabia de mais coisas que estava disposta a dizer em voz alta.

Perguntava-se com frequência como estaria sua prima, sozinha no mundo exterior sem nenhuma experiência. Estaria assustada, com sede, com medo? Agora que sabia sobre a Akatsuki estar muito mais do que interessada nela, era uma péssima hora para que Hinata ficasse sozinha lá fora. Não tinha a intenção de arrastá-la de volta para um lugar em que ela era infeliz, mas precisava encontrá-la para que pudesse mantê-la viva e em segurança. E ele precisaria fazer tudo isso escondido, longe dos olhos de Hiashi. E, infelizmente, só tinha uma pessoa que poderia ajudá-lo.

— Ino.

— Ora, ora! Que surpresa. Hyuuga Neji a minha procura? Na minha casa? O que houve, querido? O sol penetrou seu cérebro enquanto dormia? — zombou, divertida, observando-o com cautela do outro lado do salão oval. Ela vestia uma fina camisola curta e preta, o cabelo loiro penteado para o lado caia sobre seus ombros magros.

— Acredite ou não, meu desejo era continuar bem longe de você — Neji quase grunhiu, evitando olhar o corpo esbelto a sua frente. Sua devoção sempre esteve destinada apenas a Hinata, mas o vampiro não poderia negar que apesar de muito irritante, Ino ainda era uma bela e atraente mulher.

— Assim você parte meu coração, meu bem. — Fez uma expressão chateada que deixaria qualquer um impressionado com seu dom de atuar. Ela continuou parada próxima a escada, do outro lado do salão. — De qualquer modo, eu teria cuidado com as palavras, desde que, se você está aqui, é porque deve estar desesperado pela minha ajuda.

— Quieta, bruxa — sibilou. — Estou aqui por um motivo maior do que o desprezo que tenho por você. E nem tente fingir que não sabe do que estou falando, porque você sabe que é por causa de Hinata-sama.

Ino abriu um sorriso que mostrava seus dentes brancos e alinhados. Passou o polegar pelos lábios pintados de vermelho e jogou o cabelo longo e loiro para trás antes de começar a andar na direção de uma enorme porta dupla de madeira e fazer um gesto para que Neji a seguisse. Em silêncio, eles atravessaram a porta e depois um longo e estreito corredor escuro que dava acesso a outra porta menor. Desceram uma escada tão estreita quanto o corredor e encontraram a escuridão.

O vampiro conseguia sentir o cheiro da magia no ar e ficou parado enquanto observava a bruxa caminhar silenciosamente no recinto antes de acender uma vela que iluminou todo o cômodo. Havia muitas prateleiras com muitos vidros de cores diferentes, que guardava as mais diversas poções, também havia muitos livros, dos mais variados tamanhos.

— Se você está aqui, é porque sabe que Hinata não foi sequestrada, e não vai demorar até que Hiashi também perceba isso. Se é que ele já não se deu conta. E você sabe muito bem quem ele vai chamar para encontrá-la.

— Os irmãos rastreadores — Neji completou, ciente do que ela falava. — Tenho que encontrá-la antes deles.

— Pretende passar por cima das regras do seu clã? — Ele arqueou uma das sobrancelhas em resposta. — Você deve se lembrar que a punição por traição é a morte.

— Você não precisa me lembrar quais são as regras do clã Hyuuga, Ino. E se você não sabe ou se lembra, burlar as regras da barreira também é crime — jogou a isca esperando que ela abocanhasse com vontade, só que em vez disso, a bruxa apenas o encarou de volta como se ele fosse louco. — O que você precisa fazer é me ajudar a encontrar Hinata-sama. No final, você sabe ou não onde ela está?

— Eu não sei. Mas posso descobrir. — Pausa. Ela andou entre as prateleiras e parou em frente a uma, pegou um vidro com um líquido rosa e tirou a tampa. — Tudo tem um preço, sabe disso, Neji — lembrou-o.

— Pagarei o que for necessário. Não ache que estou te pedindo isso de graça.

Ino sorriu outra vez e o vampiro sentiu os pelos da nuca se enriçarem. Esperava do fundo do coração que não estivesse tomando a decisão errada.

Rezou para que não estivesse.

A manhã se fazia quente demais para o final do Inverno. Os pássaros aproveitaram para limpar as penas e cantarem alegres no alto das árvores, outros animais caçavam aproveitando que não havia predadores mais perigosos naquele momento. Ao longe, um corvo crocitou. Naquela área da floresta, não havia nenhuma trilha ou qualquer sinal de que alguma criatura estivesse próxima.

Ela caminhou cuidadosamente entre as árvores, os passos tão leves que nem chegavam a marcar o solo ainda úmido pela chuva da noite anterior. Em silêncio, olhou para trás e para cima para ter certeza que não estava sendo seguida, para depois adentrar a entrada de uma pequena caverna. Deixou que a capa de chuva que usava fosse ao chão e teve uma crise de tosse insistente, até que outra pessoa veio ao seu encontro e tirou-lhe o cabelo do rosto e passou a mão suavemente por suas costas.

— Eu não acho que tenha sido uma boa ideia você ter vindo aqui. — Franziu o cenho. — E, bem, parece que pelo menos o feitiço deu certo. Nada do sol te queimar.

— Não é hora nem lugar para discutimos isso, principalmente agora que já estou aqui, não acha, Ino?

— Só estou preocupada com você, Hanabi. O que pode acontecer se Hiashi descobrir que não está em casa? Ele não é idiota, vai saber que tem algo errado.

— Não se preocupe com ele, ele é o menor dos nossos problemas. — Passou a mão na testa para limpar o suor que começava a se acumular ali. — Agora que ajudamos Hinata a sair, temos que ganhar mais tempo, senão ela nunca vai conseguir.

— Os rastreadores já estão aqui? — Ino espiou para fora da caverna, como se a qualquer instante alguém fosse simplesmente brotar ali. Hanabi tossiu outra vez e balançou a cabeça negativamente. — Quanto tempo?

— Algumas horas no máximo. Não sei ao certo. Ontem ele ficou o dia preso no escritório, sem dúvidas já estava dando um jeito nisso. Mas ainda não sabe que Hinata fugiu, o que ainda é nossa vantagem. Só que com a Akatsuki na encosta, ele deve estar beirando o desespero. — Respirou fundo para tomar fôlego antes de continuar: — Neji já te procurou?

— Pela madrugada. Assim como você tinha previsto. Fiz como combinamos. Partimos essa noite.

— Ótimo. Lembre-se de nunca o deixar muito perto dela, mas também não arrisque a perder o rastro. Só que, agora, com Kisame e Hidan no nosso caminho, seu trabalho será despistá-los pelo maior tempo possível. É a nossa única chance. — Os olhos leitosos ficaram vermelhos por alguns segundos e voltaram ao normal. Tossiu mais fortemente dessa vez e Ino voltou a esfregar a palma da mão de forma suave nas costas dela.

— Tudo bem, farei o meu melhor. E sei que Neji pode ser um ótimo parceiro, ele vai me ajudar a mantê-los longe de Hinata — disse baixinho e acrescentou: — Em breve você será a única herdeira dos Hyuuga. 

OPAAAAAAAAAAAAA. Então, o preço do feitiço pra andar no sol era deixar de ser imortal. *olhos* Como todo mundo já sabia, Ino rainha da porra toda, né? Sabe de um monte de coisa e fica só ali, observando, como se não fosse com ela KKKKKKKKK. Nem o Neji pode negar o quanto nossa loira é linda, gostosa, maravilhosaaaaaaaaaaaaaaaa. 

Hinata passa o rodo mesmo, deu mole é vráu, JSKAJKSAJKSAKJSA. E sim, o Naruto e a Karin são irmãos em MAIS UMA fanfic minha, porque sim. ♥

Teorias? Perguntas? Bora lá!

Espero que tenham gostado, me digam o que acharam, beijo e até semana que veeeeeeeeeeem!

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