⚖️ CAPÍTULO XI: SENTENÇA⚖️
— 𝕾𝖊𝖗𝖎𝖆𝖑 𝕶𝖎𝖑𝖑𝖊𝖗 𝕰𝖘𝖈𝖆𝖕𝖊—
Obs.: a partir deste capítulo, não há a edição de Fernanda Costa.
Na delegacia, o policial precisou prestar depoimento e relatou o que viu: o homem acusado de tentativa de homicídio por Emma Magalhães aparecer misteriosamente no gramado ao lado do sobrado.
Enquanto Daniel atirava contra a mulher, os bombeiros entraram na casa. Em seguida, o assassino levou a arma até as têmporas, mas antes que conseguisse atentar contra a própria vida, o oficial atirou na perna do homem, fazendo com que o acusado caísse de joelhos e soltasse a arma.
Daniel Miller foi levado ao hospital, mas sobreviveu. Ele foi preso em seguida. As chamas incendiaram o banheiro e a cozinha e, por pouco, não desceram até o porão. Os bombeiros relataram que, além da fumaça, um cheiro estranho impregnava a casa e vinha do andar de baixo.
Os policiais entraram no porão e avistaram o resultado do terror do assassino. Os oficiais que não deram ouvidos para as denúncias prévias de Emma foram afastados do cargo por tempo indeterminado
A prisão de Daniel não foi somente por atentar contra a vida de Emma Magalhães, mas também por conta do assassinato de vinte e uma mulheres e que posteriormente tiveram seus crânios encontrados no porão.
Algumas haviam sido dadas como desaparecidas em Pedra da Lua, outras apareceram com o corpo no rio da cidade e uma, em particular, estava fora da cidade — a mulher que motivou Emma a descobrir tudo, Samantha Pinheiro.
O julgamento para definir a sentença de Daniel Miller foi marcado para dois meses depois dos acontecimentos e, após uma longa cirurgia durante toda a madrugada de Halloween, Emma Magalhães sobreviveu.
***
— O julgamento do assassino em série de Pedra da Lua durou três dias. Hoje, tivemos os depoimentos dos familiares das vítimas e da única sobrevivente.
A loira fumava um cigarro enquanto assistia à televisão em casa ao lado de Patrick, João Pedro e Eduardo. A âncora do jornal continuou falando com a voz eloquente:
— Após a decisão do juiz, Daniel Miller foi sentenciado a vinte e uma prisões perpétuas pelo assassinato de vinte e uma mulheres e a mais cinquenta anos pela dupla tentativa de homicídio contra Emma Magalhães.
Emma suspirou, Patrick a apertou contra o peito, abraçando a irmã de lado. Eduardo bufava de raiva e João Pedro ainda estava abismado com tudo e mantinha os olhos vidrados na tela.
— O que está causando polêmica na internet é a inclusão de tratamento psicológico e psiquiátrico para o assassino durante a prisão. — Emma revirou os olhos de raiva. — Daniel Não É Doente está nos tópicos mais comentados das redes sociais desde o anúncio da sentença. Os internautas estão revoltados ao saberem que os impostos pagos por eles irão para o tratamento de Miller.
Eduardo se levantou e foi pegar os remédios de dor para Emma. De acordo com os médicos, as dores na coxa eram psicológicas, uma vez que perdeu não somente a sensibilidade, mas também os movimentos das pernas.
— O protesto foi criado pelos internautas que se solidarizaram com a sobrevivente e concordaram com o depoimento dela. Segundo as palavras de Magalhães, ela presenciou Miller fingir ouvir vozes para assustá-la durante a tortura. Os advogados e os médicos que avaliaram Daniel por outro lado, confirmaram que o assassino apresenta sérios problemas mentais.
— Ele é um sádico! — Patrick gritou para a televisão.
— O juiz disse em entrevista que não voltará atrás na decisão. O tratamento de Miller envolve sessões de psicoterapia semanalmente e acompanhamento psiquiátrico duas vezes ao mês. Este telejornal se solidariza com os familiares das vítimas e presta total apoio à Emma Magalhães.
Emma desligou o aparelho e pegou o copo de água com os remédios das mãos do irmão, tomou tudo em um só gole. Depois, apoiou-se nos braços de Eduardo, sentou-se na cadeira de rodas e foi para seu quarto dormir.
***
Segurando uma xícara de café, Sarah Kato, com seus quase cinquenta anos, encarava a estante de livros de psicologia à sua frente. Cavou em sua mente qual tinha sido a maldita motivação que a fez seguir com a especialidade em criminologia.
Não demorou muito para o assombroso mistério de Pedra da Lua invadir sua mente. Uma fazenda distante aos arredores da cidade, há mais de cem anos anos, ainda aplicava a escravidão ao ser governada por uma família descendente de alemães nazistas e, algumas décadas depois, a maioria dos escravizados foram dados como desaparecidos.
Todos negros, pobres e famintos nas mãos dos demônios.
Ela se lembrou do pai e de suas histórias sobre a fazenda do general assombroso Roberto Miller, tentou resgatar em seu coração o que definia como seu propósito no mundo mesmo que este, no momento, indicasse envolver um assassino em série: enfrentaria os terrores dos seres humanos.
Os casos de desaparecimentos nunca foram resolvidos na época, somente a boca de seu pai parecia um documento de tamanhas atrocidades: um filho de general nazista pregando supremacia branca e, ainda por cima, torturando os empregados, anos após a Princesa Isabel assinar o fim da escravidão.
Sabia que algo a mais teria acontecido, entendia o peso de tudo aquilo, supunha que agora, depois de ouvir as histórias de terror e realista que o pai contava quando ela era criança, enfim teria uma oportunidade para tentar descobrir o que aconteceu décadas atrás em Pedra da Lua.
O sobrenome nas capas dos jornais e na boca dos repórteres tinha lhe chamado a atenção no instante que o ouviu pela primeira vez. Ela seria a psicóloga dele, o herdeiro de todo o império dos sabonetes e também dos mistérios não resolvidos de seus antepassados, era um maldito Miller.
— Não precisa fazer isso, Sarah — dizia a voz suave e calma de seu marido, Benjamin às suas costas. O homem de pele retinta com descendência também asiática colocava as mãos na cabeça pensativo, sentava-se de frente para a cadeira virada para trás.
— Preciso — ela falou, saboreando a cafeína. Passaria a madrugada acordada, já tinha aceitado isso quando pôs os olhos nos arquivos imensos de dois meses de pesquisa e análise dos companheiros de trabalhos. Não iria deixar um Miller sair impune, apesar da sentença.
— Você é um dos nomes mais renomados da área e consegue trabalhar em qualquer caso, por que este? Por que um assassino em série? — O homem estava indignado, mas não era para tanto. Entendia o peso que o ofício tinha para a esposa, compreendia a escuridão que ela tinha estudado. Mas ela nunca, nunca, nunca tinha pegado um trabalho desse caráter.
Sarah Kato virou a cadeira na direção do marido, o encarou, levou pela última vez a xícara até a boca, saboreou a bebida. O homem encarava a mulher de cabelos lisos e curtos, de pele retinta com poucas rugas ao redor dos olhos e boca carnuda, que tanto amava. Quando ela repousou a porcelana em cima do pirex, respirou fundo, juntou as mãos e as depositou em cima da mesa de madeira maciça.
— Eu preciso ser a psicóloga dele, Ben. Só assim vou poder provar que Daniel Miller não está doente. — E vingar as mortes, torturas e desaparecimentos de tantos antepassados meus, pensou, mas não ousou revelar nada ao esposo parado a sua frente
PARTE II: DANIEL NÃO ESTÁ DOENTE
"Uma criança, cega de nascença, só sabe de sua cegueira se alguém lhe conta". — Stephen King.
🪦🪦🪦
*Esse fato é verídico, o Maine realmente aboliu a pena de morte no ano de 1887.
**Esse sobrenome é uma referência à personagem Annalise Keating da série How To Get Away With A Murder.
Gostaram do conto?
Minha primeira vez escrevendo terror — por mais que eu ame o gênero e o leia bastante, estava bem apreensiva. Até porque essa história foge de tudo que já escrevi, desde a linguagem até o enredo.
Vou deixar uma sinopse e uma imagem aqui no final só para instigar vocês.
Ano que vem, perto do Halloween, talvez venha algo novo desse mesmo universo — outro conto? Um livro? Não sei.
E também não sei se terei cabeça para isso — escrever certas partes deste conto aqui já me deu sérias dores de cabeça. Mas vai que...
Obrigado por ler tudo!
Comente, vote e converse comigo!
Até a próxima obra!
Atualizações: a ideia foi extender o conto e transformá-lo em um livro inteiro de terror com quatro partes. Sejam bem-vindos à segunda parte de Serial Killer Escape: Dexter Is Not Sick.
SINOPSE
Sarah Keating tem uma ambição: provar que Dexter Marder não está doente. Indo contra todos os juramentos que fez, a psicóloga com especialidade em criminologia irá testar o insaciável serial killer de Derry de todas as formas que puder.
Só que, ao adentrar na mente de Dexter, a doutora conhece a fundo os seus próprios demônios. Entre a dificuldade de provar seu argumento e a facilidade de Marder em manipulá-la, Sarah enfrentará monstros muito piores do que o seu paciente.
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