Uma Vez


Foi um mês, um infernal mês.

Fiquei surpresa pelo fato de ligarem para avisar que Guren havia acordado. A fazenda Ichinose em Aichi parecia muito mais mórbida do que eu me lembrava. Ou apenas era um reflexo das minhas atividades nos últimos meses.

Os servos da família me cumprimentaram assim que entrei na casa principal, não respondi em voz alta, apenas acenei com a cabeça e continuei o meu caminho. Bati na porta algumas vezes antes de receber uma permissão para entrar, empurrando a madeira de aparência tradicional para o lado eu entrei a trancando em seguida.

Guren estava sentado à frente de uma pequena mesa, o rosto sério, deveria estar repassando na mente os últimos acontecimentos. E o conhecendo também buscando alguma resposta para o que quer que tivesse acontecido, mas havia algo de diferente nele, a mesma sombra escura que que erguia atrás de Mahiru agora parecia se arrastar por perto do Ichinose.

Ele não era mais humano.

Seus olhos miraram a minha forma do momento em que eu passei pela porta até que sentasse à sua frente, cautelosos.

-Sayuri e Shiguri reagiram com um pouco mais de animação – disse.

Franzi meu cenho – O que esperaria? Que eu pulasse de animação? Mesmo depois de tudo que eu te contei você ainda aceitou a espada demoníaca e abandonou seu lado humano. – ele ficou quieto enquanto despejava as minhas palavras de fúria.

-Realmente achei que você fosse mais inteligente, mas o seu desejo de salvar Mahiru te cega para o restante. Você não pode salvar alguém que não quer ser resgatado Guren, nem você e nem Shinya.

-Suas decisões não são apenas suas, seu clã e todo o restante que segue vai sofrer com elas de qualquer maneira – finalizei e ele se manteve em silêncio.

-Grande Guren-sama finalmente ficou sem resposta?

Fechei meus olhos levemente e girei o pescoço antes que Shura se materializasse as minhas costas, finalmente tirando alguma reação do garoto a minha frente – Você não está usando o selo.

Não era uma pergunta – Não me posso dar esse luxo, não com o serviço que ando fazendo no último mês. – as íris ametistas se mantiveram nas minhas esperando uma continuação – Kureto me pediu para organizar um time e fazer algumas investigações.

Com o herdeiro Ichinose fora do ar, o presidente do conselho estudantil andou usando os meus serviços, mas específicos os de Shura, para fazer algumas investigações complementares. Frequentava a escola alguns dias mas me mantinha a maior parte do tempo fora junto com um esquadrão da família Hirai, estávamos tentando captar pistas tanto da Igreja Hyakuya quanto dos vampiros.

-E você aceitou? – seu tom parecia levemente raivoso e talvez com um pouco de sentimento de traição.

-O que você esperava que eu fizesse? Assistisse cada pessoa do meu clã desaparecer só por conta de uma promessa, falaram que você nunca mais acordaria. Eu não posso esperar por você para sempre, Guren.

Shura pareceu feliz demais por aquelas frases julgando pelo sorriso que brotou em sua boca – como sempre ele se mantinha agarrado possessivamente as minhas cintura me abraçando pelas costas e as pernas se dissipando dentre as sombras. O demônio se alimentava de sentimentos então devia estar recuperando suas forças com o meu orgulho, pegando um objeto dentro do meu bolso deixei que caísse em minha frente em cima da pequena mesa que nos separava.

-O que isso significa? – perguntou o rapaz reconhecendo a corrente e o anel na ponta dela.

-Quero desfazer o noivado.

Provavelmente foi a única vez na vida que eu recebi uma resposta tão rápida – Não.

O poder de Shura começou a se manifestar, já que eu vi as marcas de padrão escuro começarem a surgir na minha mão e subir em direção ao meu braço em linhas desordenadas – Shura nos deixe a sós.

-Tem certeza? – a mão dele subiu pela minha lateral até que os dedos alcançassem o meu pescoço, arranhando de leve a área abaixo da minha orelha. Ele estava provocando Guren, virei o rosto de leve apenas para que pudesse o encarar pelo canto de olho as íris vermelhas do demônio mas mesmo a contragosto ele se foi.

-Desfaça Guren, vai ser melhor para nós dois – falei novamente – Só nos vai deixar amarrado a uma promessa idiota feita pelos nossos pais, eu disse já te disse uma vez não vou ser sua segunda opção.

As mãos dele se fecharam em cima do colo – Mahiru é o centro disso, se não a pararmos o mundo vai acabar.

-E deveria me sentir complacente com isso? Salve o mundo se é isso que quer fazer, vou te ajudar se for necessário. Um casamento arranjado não vai te impedir de fazer isso, só não pode esperar que eu fique presa a você esperando um sentimento que nunca vai existir.

Me levantei, não tinha meio de eu conseguir algo dele. Teria que falar diretamente com Sakae-san, mas antes que eu me afastasse mais ainda minha mão foi puxada para trás me fazendo cambalear e bater de frente com Guren.

A mão livre escorregando pelo meu pescoço e se embrenhando nos fios de cabelo da minha nuca enquanto mantinha o seu rosto perto.

-Eu gosto de você – seus olhos se mantiveram na minha boca antes de subirem lentamente até os meus.

-Pare de mentir pra você mesmo – me inclinei para a frente encostando de leve no canto da boca dele e levando meus lábios em seguida para perto do seu ouvido – Você quer o meu poder, você tem medo que eu me junte aos Hiragis porque sabe que o fundo eu sou mais forte do que ela.

O ar quente da respiração dele bateu em meu pescoço e mal percebi quando sua mão guiou meu rosto para que pudesse me beijar, não era 100% ele algum poder remanescente do demônio com qual ele teve contato despertou o desejo em seu cerne. Mas mesmo assim deixei que acontecesse explorando o calor da sua boca macia e quente contra a minha própria, a mão ainda se mantinha firme na minha nuca enquanto a outra estava apoiada na base das minhas costas.

-Isso não vai me fazer ficar – disse contra sua boca nos poucos segundos em que elas se separaram.

-Sei disso, mas me deixe te ter pelo menos uma vez.

A mão dele encontrou o caminho para debaixo do meu uniforme tocando a minha pele, e a cada toque parecia fazer a temperatura subir rapidamente as mãos exploravam ombros e costas até que se encontraram com as curvas mais íntimas.

Guren guiou meu corpo até sentir o futon macio batendo contra as minhas costas, tirando o espaço entre nós e deixando claro o caminho que aquilo ia tomar, as roupas se provaram ser desnecessárias e logo foram jogadas para o lado. Toques a princípio tímidos deslizavam com cautela me causando arrepios e se tornavam mais ousados à medida que me arrancava suspiros e súplicas silenciosas.

Luxúria, uma vontade puramente carnal. Queria aquilo, à quem enganaria? Era uma vontade ardente que subia pela minha espinha e me fazia arquear o corpo buscando por mais, capturando cada detalhe, cada gosto e cada pedaço de pele nua que se esfregava contra a minha própria intimamente.

Ao menos uma vez passaria na frente de Mahiru.

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