A mesma rota de sempre para chegar a escola, contudo ela parecia diferente do normal e eu não tinha uma boa sensação sobre isso... Principalmente pelos alunos estarem olhando para Guren e sussurrando.

-Me desculpe por ter atirado a lata de cola em você – um dos estudantes disse com um rosto que mostrava puro medo – Não sabia que você era subordinado do Kureto-sama.

Então todos já sabiam, a notícia de Guren estar sobre as ordens da casa Hiragi se espalharam por toda a escola. Não sei que tipo de coisas sobre mim ele deixou escapar afinal já estamos trabalhando embaixo dos panos pra ele já faz algum tempo, não sei qual vantagem ele teria deixando isso chegar aos ouvidos dos plebeus.

Chegando aos portões da Primeira Escola de Shibuya era possível ver uma sombra esperando juntamente com um grupo de outros estudantes. Cabelos castanhos, olhos em fenda e um piercing no lábio. Seishirou.

Apertei a minha mão em punho lembrado que ele tinha vigorosamente batido em Sayuri, fora o pequeno incidente do comigo no corredor.

Antes que qualquer uma das subordinadas pudesse reagir, já que aparentemente Guren era o alvo, ele disse para elas se afastarem.

-Eu não preciso esconder mais o meu poder...

-Oe, rato Ichinose!

Guren então se virou na direção dele.

-Só porque Kureto te deu um pouco de atenção sua atitude já mudou desse jeito? O que é? Você não tem nada a temer quando olha para os olhos dele? – e então o bando de bajuladores que ele tinha riu – O que Kureto faz não me importa. Eu faço o que diabos eu quiser fazer.

Oh, é mesmo?

Só então me lembrei, desde que Shura queimou as substâncias eu não tinha recolocado o selo então ele estava livre pra fazer praticamente o que quisesse.

Esse cara se sente inferior ao Kureto. Mesmo que os dois sejam Hiiragis não importa se você olhar com os olhos mais generosos do mundo é como comparar uma galinha com uma águia.

-Eu não vou deixar você escapar. Além disso, é muito estranho permitir que um lixo como você se torne um subordinado não é mesmo? – e então ele parou e me olhou – Se bem que eu não me importaria de ter ela me servindo de algumas maneiras.

Como eu gostaria de matar esse bastardo.

Guren então deu um passo a frente ele estava andando na direção de Seishirou, mas apenas o ignorou. Fazendo com que o outro colocasse a mão em seu ombro, Guren então pegou seu braço e num espaço de apenas alguns segundos ambos estavam no chão. Seishirou com um talismã colado no pescoço que provavelmente com o mínimo de movimento do Ichinose faria com que a cabeça dele saísse voando.

Guren se abaixou pra ficar perto do rosto do Hiiragi, qualquer pessoa normal apenas veria a boca dele se mexendo mas eu consegui ouvir a história fantasiosa que Guren contou pra ele falando que "rei" Tenri Hiiragi o tinha encarregado de observar Kureto suspeitando que ele era o infiltrado que permitiu os ataques de abril. Quase revirei meus olhos, ele não poderia ser mais idiota.

Então ele se levantou e saiu com seus companheiros enquanto Guren permaneceu sentado no chão.

-Guren-sama, achei que você iria bater nele.

-Não, eu não pretendo revidar no homem que espancou Sayuri na mesma moeda.

E então ele se levantou – Então o quanto vocês viram? Conseguiram enxergar o talismã que eu coloquei?

Ao mesmo tempo que elas disseram não eu disse que sim. Ele olhou pra mim como se já estivesse esperando isso e em seguida olhou para as outras duas – Vocês precisam treinar mais.

-Guren-sama – Sayuri reclamou – O que acabou de acontecer?

-Eu não vou falar para aqueles que não puderam ver.

-Ehh!

Shigure então que era bem mais esperta começou a falar sem um pingo de emoção. – Como suas subordinadas eu gostaria de ter uma visão geral sobre o assunto.

-Meus subordinados podem ser forçados a beber o soro da verdade durante tortura, eu não vou revelar o que aconteceu para você – Guren respondeu.

-Isso não é problema. Antes da tortura, eu pensaria num jeito de cometer suicídio, nós fomos treinadas para...

-É exatamente por isso – o garoto interrompeu – Se eu não revelar essa informação pra você, vocês não teriam que se matar. – e então continuou - Quando a situação progredir eu pedirei ajuda.

Durante o ataque Mahiru disse que a data para o fim do mundo era esse natal, estamos em Junho teríamos mais seis meses apenas, e então tudo que nós conhecemos poderia não existir mais.

Suspirei – Nossos dias de escola estão contados não é mesmo? – Perguntei me virando para o garoto, Guren me olhou nos olhos como se confirmasse.

-Tenho medo que nós nos envolveremos na guerra. Se esse for o caso, mesmo que vocês não morram outros vão. O pior cenário é um onde todos vão acabar mortos. Então antes disso acontecer, vamos alegremente aproveitar os últimos momentos na escola. Talvez seja a última chance de usar o uniforme escolar.

Já eram 9 horas.

No caminho para a sala do conselho acabamos nos encontrando com Shinya. – Hey, quanto tempo. Ouvi dizer que você andou faltando porque se recusou a vir pra escola.

-Eu sempre odiei esse lugar – Guren respondeu.

Shinya riu – Entendo, com sua má atitude e compreensível o porquê de não ter amigos.

-Ahh?

-Goshi e Mito me contaram. Falaram que você na verdade não é uma má pessoa apenas tem medo de ficar sozinho.

-Mentiras – Guren respondeu de imediato – O que diabos você quer?

-Haha não importa, pelo menos você está aqui. Eu pensei que você tivesse sucumbido a tortura de Kureto e fugido.

-Essa é a verdade – ele respondeu o garoto que não parava de falar, estranhamente Shinya sempre parecia falar de alguma forma cantando e na maioria das vezes ele também tinha um leve sorriso no rosto. Na minha opinião tudo não passava de uma farsa, no fundo ele devia ser tão quebrado quanto nós.

E então assim que viramos o corredor do conselho na porta também estavam parados Goshi e Mito, e por algum motivo a ruiva parecia extremamente zangada.

-Já estão todos aqui? Entrem por favor – uma voz feminina anunciou.

Então a porta se abriu, eu já tinha passado por isso então me mantive um pouco mais atrás Guren do jeito que era poderia facilmente ler as minhas expressões e ver que algo estava errado.

-Você está atrasado - o relógio da parede marcava 9:02.

-Então?

-Na próxima vez que se atrasar, você será punido.

-Sério? O que você vai fazer? – Guren continuou respondendo.

-Matar seus subordinados um por um – Kureto respondeu com a voz monótona, só um idiota duvidaria que ele estivesse fazendo uma ameaça vazia. Kureto podia e mataria sem pensar duas vezes qualquer pessoa da casa Ichinose.

-Entendo.

-Bom, na próxima vez se atente mais. Aqui eu estou acima do diretor, se eu o quisesse morto ele obedeceria sem questionar. Você igualmente Guren Ichinose. Nos meus olhos vocês não tem diferença. Eu sou o rei e você o servo, entendido?

-Isso já foi decidido não é mesmo?

-Exatamente.

-Então porque me chamou aqui?

Ouvindo isso Kureto expressou um sorriso pela primeira vez – Sentem-se Aoi sirva chá para todos eles.

Eu me recusei a sentar assim como Guren eu não necessariamente gostaria de estar ali e muito menos queria ouvir a discussão irritante que Shinya iniciou com Kureto sobre se servir antes que os convidados. Muito menos estava com paciência pra continuar ouvindo as respondas afiadas de Guren.

Por um milésimo de segundo eu liberei a força de Shura criando uma imensa pressão na sala fazendo com que todos ficassem em alerta, abri meus olhos lentamente. Não precisa ver de fora pra saber que o meu rosto denunciava que não estava para brincadeiras – Que tal pararmos de perder tempo e acabar logo com isso?