Façamos um Trato
Estranhamente hoje depois da minha sessão no laboratório Guren veio me ver, sem ter muito o que falar ele apenas pegou meu pulso e me arrastou pra floresta perto do rio.
-Guren eu não posso sair assim – respondi olhando pros lados pra ver se não tinha ninguém.
-Você queria ver a fada não queria? – ele me olhou esperando uma confirmação, balancei a minha cabeça fazendo que sim. – Se esconde aqui e espera ela aparecer, não deve demorar.
Uma fada... Isso era tão legal. Fiquei na espreita perto do local em que ele treinava, enquanto isso aproveitei pra observar melhor o garoto, apesar de novo ele parecia forte e determinado. Todo mundo da casa Ichinose tinha altas expectativas pra ele, Guren era ótimo com feitiços e melhor ainda com a espada.
Voltei a prestar atenção quando Guren parou de se movimentar, foi quando eu vi saindo do meio das árvores uma garota da nossa idade ou até mais nova, os cabelos levemente roxos e olhos grandes. Os dois começaram a conversar e eu sai do meu esconderijo e fiquei observando de longe. Foi quando algo estranho aconteceu.
Marihu chocou os olhos com os meus e foi como se o tempo parasse, meu coração bateu uma vez forte e depois pareceu ter parado por um minuto. Minha visão se tornou avermelhada e Shura agora desperto começou a sussurrar no meu ouvido.
Mate-a, você não pode deixar ela viver [Nome]. Isso é perigoso pra você e pro garoto. Mate-a agora.
Quando eu foquei o meu olhar sobre ela novamente foi como se uma grande massa preta se estendesse a suas costas, mas sumiu num piscar de olhos. Mal percebi que meus pés tinham me levado pra mais perto deles.
Mate-a, mate-a, [Nome], você consegue, use meu poder. Me implore por poder e mate-a.
-Quem é essa Guren?
A voz da menina pareceu me despertar e num segundo eu me senti no controle de novo. Agora perto dela podia ver que apesar do sorriso ela queria que eu saísse dali o mais rápido possível, ou algo pior que isso. E seus olhos que eram gentis quando olhavam pro Guren se tornaram raivosos e mortais.
-[Nome] é... uma amiga – ele respondeu – Nos conhecemos a algum tempo, nossos pais tem algum tipo de contrato.
-Você não é uma fada – foi a primeira coisa que eu falei, podia sentir que minha voz saiu mais sério que o normal – Você não tem asas.
Ela sorriu mas os olhos mostravam que se ela pudesse com certeza já teriam arrancado a minha cabeça.
-Claro que sou, uma fada da floresta... Ne ne seus pais tem um contrato? Você é algum tipo de serviçal do Guren?
Mate-a, agora!
Não respondi apenas senti um gosto amargo na boca quando vi escorria um pouco de sangue pelo canto da minha boca. Coloquei a mão na frente da minha boca e tossi, quando vi minha palma da mão estava tingida de vermelho.
-[Nome]! – Guren exclamou derrubando a espada de madeira com que ele treinava cair no chão e serviu de suporte pra mim – Acho melhor voltarmos você não está acostumada a ficar tanto tempo do lado de fora.
-Então você é do tipo fraca – Mahiru disse com uma falsa preocupação.
Soltei um riso – Ah sim... Por enquanto.
Instintivamente ela deu um passo pra trás, enquanto isso Guren se despedia e me acompanhava de volta pra casa, nisso eu estava em pensamento profundo. Conseguimos entrar sem ser vistos e Guren me deixou no meu quarto, felizmente só tive a crise naquele momento o jantar prosseguiu normalmente e naquela noite pela primeira vez eu quis conversar com Shura.
Ele estava sentado no meio de uma imensidão branca com as pernas em posição de borboleta e os braços cruzados, os olhos fechados indicavam que ele estava pensando.
-Você viu também não viu? A massa preta que se estendeu daquela garota não viu?
-Vi, acredito que seja por isso que você tenha me dito pra matá-la... Shura o que era aquilo?
-A mesma coisa que eu pequeno gafanhoto, um demônio... Ou melhor 2 deles... E Como sempre humanos resolvem mexer com mais do que eles conseguem suportar não me surpreenderia que vocês destruíssem o mundo e ainda nos culpassem por isso.
As orbes vermelhas dele pareciam ter mudado um pouco, ganhando quase um tom de laranja...
-E você não quer que o mundo acabe? – perguntei.
-Nah, realmente não. – ele se deitou no chão e cruzou os braços atrás da cabeça – Nós nos alimentamos do sofrimento e desejos humanos, se não tiver humanos... Bem você pode imaginar o que deva acontecer.
-O que você quer então? – disse me aproximando dele – Não me venha com aquele papo de alma e corpo porque se isso acontecer você não vai ter do que se alimentar certo? Se você nasceu comigo vai precisar de mim pra te manter vivo.
-Humph, em tese sim... Não pretendia tomar seu corpo pra sempre apenas por um tempo sabe o quão chato e ficar aqui só assistindo você decidir a sua vida?
-Você me fez passar por tudo isso que já passamos só porque você estava entediado?
Sim.
Encarei Shura sem saber o que falar, realmente não esperava por isso, e também não esperava por uma personalidade tão idiota, sincera e egoísta.
Me sentei ao lado dele e soltei o ar do meu pulmão – E o que vamos fazer? – perguntei chamando a atenção dele. Eu sabia no fundo que precisava ficar forte e que um dia teria que enfrentar aquela Mahiru, Shura não me respondeu e com certeza estava fingindo que eu não estava ali.
-Se eu descobrir uma forma de te incorporar no mundo real você vai me emprestar a sua força?
Os olhos dele abriram e ele me olhou de canto de olho e sorriu sarcasticamente – Então agora, de repente você quer usar meus poderes pra ficar mais forte? Se sentiu ameaçada por aquela menina? Ficou com medo?
Senti uma raiva subir pela minha espinha.
-Oh, não. Algo melhor que isso – ele sentou e sorriu abertamente – Você sentiu ódio, como se ela fosse uma ameaça...
-Sim – respondi e ele se sentou do meu lado colocando a mão gelada no meu rosto. E me encarando com os olhos escarlates.
-Que tal fazermos um acordo?
N/A: Hey ya! Se alguém ler TKS!!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top