twenty nine᠉

— Jungkook! — foi a primeira coisa que Jimin disse quando o avistou entrando pela porta do galpão.

O detetive não disse uma palavra, ele sequer ouviu Jimin chamando-o, seus pensamentos ficaram presos na emboscada de Scarlett desde o momento em que saiu da casa dela. Seu corpo estava tenso e sua cabeça, embaraçada.

Ele cogitou ir direto para a agência do FBI para acelerar o processo de afastamento, imaginando que Scarlett poderia estar vigiando-o, no entanto, após avaliar suas opções e certificar-se que não estava sendo perseguido, decidiu convocar a equipe para se reunir no esconderijo de Caleb.

Jungkook sabia que a supervisora permaneceria em seu encalço, ainda mais sabendo que ele guardava suas confissões, por isso tomou todos os cuidados necessários ao retornar para o galpão e acionar a equipe.

Nervoso, Jimin dirigiu-se até ele com passos apreensivos e tocou-lhe o ombro em um gesto de apoio. Ele e Caleb ouviram toda a conversa na casa de Scarlett e, obviamente, não foi nada confortável para Jimin ouvir os disparos da arma. Por um momento vertiginoso, ele pensou que a mulher tinha atirado contra Jungkook.

— Você está bem? — Jimin perguntou.

— Sim. — sua resposta não convenceu ao garoto. — O pessoal já deve estar chegando.

— O que você vai fazer agora?

Jungkook suspirou e esfregou o canto dos olhos.

— Entrar no jogo dela. — respondeu. — Scarlett tem que pensar que, a partir de agora, minhas mãos estão atadas.

Caleb aproximou-se devagar, atraindo os olhos de Jungkook. A expressão dele guardava um conjunto de sentimentos ruins. Tanto ele quanto o detetive sabiam que as coisas podiam piorar se não tomassem cuidado, apesar de terem uma prova na mão.

— Você guardou o áudio dela? — Jungkook perguntou ao hacker.

— Sim, fiz algumas cópias por precaução.

— Ótimo, essa vagabunda vai ter o que merece. — sua voz endureceu.

Jimin sabia que Jungkook não poupava a vida de criminosos, ainda mais quando estes estão na maior escala de poder. Ele estava enfurecido, com sangue nos olhos, cada fibra de seu corpo parecia borbulhar como fios de aço em chamas.

Após um momento, eles avistaram Yoongi, Layla e Ric passando pela porta principal do galpão. Caleb permitiu a entrada deles a pedido do detetive. O único lugar seguro para debater essas questões era no galpão e não mais na agência.

Eles se aproximaram do detetive com olhares confusos, expressões sérias e diversas perguntas na ponta da língua.

— Por que estamos aqui? — Layla foi a primeira a perguntar enquanto estudava os quatro cantos do espaço.

— Você disse que tínhamos de fazer uma reunião de emergência — pontuou Yoongi, igualmente embaraçado. — Por que estamos neste lugar em vez da agência?

— A agência não é um lugar seguro para o que eu tenho a dizer. — Jungkook disse, sugando uma respiração antes de prosseguir. — Este galpão pertence ao Caleb, ele disponibilizou para podermos ter essa reunião.

— Eu sou Caleb. — ele se apresentou rapidamente, erguendo a mão para enfatizar sua fala.

Yoongi enrugou as sobrancelhas e, apesar de nunca tê-lo visto, recordou-se da menção de seu nome. Ele não disse nada em acréscimo, mas guardou aquela informação para si.

— O que houve com a sua perna? — a pergunta de Ric fez todos os olhares caírem sobre o ferimento à bala na coxa de Jungkook.

— É uma longa história, mas eu estou bem — ele suspirou pela boca. — Chamei vocês aqui porque precisamos criar um planejamento tático para prender a Scarlett.

— Scarlett Thompson? — perguntou Yoongi, recebendo um aceno positivo em resposta. — O que você descobriu sobre ela?

— Ela assassinou o diretor do Gabinete e confessou que faz parte do Zakon. — informou com os olhos distantes e a voz, seca.

— Espere um pouco... ela fez isso na sua frente? — Layla questionou, recebendo um aceno positivo. — Que vadia ousada!

— Ela tentou criar uma cena de assassinato onde me coloca como autor do crime, ela só não esperava que eu estivesse com uma escuta rastreadora. — informou Jungkook.

— Então você gravou a conversa? — Yoongi perguntou com uma sobrancelha erguida.

— Sim.

— Por que não entrega a gravação à Corregedoria? Eles são responsáveis por limpar a sujeira interna, não nós.

— Há membros do Zakon em toda parte, não sabemos se alguém da Corregedoria também está envolvido. — Jungkook explicou. — Por isso temos que desenvolver um plano tático para desvendar as outras identidades anônimas.

— Jimin propôs uma operação de disfarce. — Caleb pontuou, recebendo os olhos ilegíveis de Yoongi. — Ele sugeriu que entremos no site do Zakon para comprar uma das cabeças, assim ficamos mais próximos de descobrir quem é o responsável por tudo.

— E você, quem é? — Yoongi perguntou e cruzou os braços. — Por que está falando sobre um caso confidencial do FBI como se tivesse acesso às nossas informações?

Caleb ficou em silêncio subitamente e olhou para Jungkook, esperando que ele dissesse algo em sua defesa.

— Caleb está me ajudando com esse caso. — o detetive revelou, não parecendo preocupado com o julgamento de Yoongi. — Não estamos aqui para debater se devemos investigar de modo legal ou ilegal, estamos aqui para desmascarar a Scarlett e seu comboio.

Um silêncio pequeno e instantâneo instalou-se. Layla tossiu para chamar a atenção deles.

— Vamos precisar de muito mais do que uma operação de disfarce. — Layla disse de repente, olhando para Caleb em seguida. — O que você tem até agora?

— Eles fazem seus leilões em um site clandestino, uma boa parte dos participantes são estrangeiros. Não consigo acessar a identidade deles.

— E como funciona o método deles? — Ric quis saber.

— Tudo o que sabemos é que existe um grupo de mercenários que serve ao líder e realiza os assassinatos segundo os pagamentos oferecidos.

— Ok... e quanto à entrega da mercadoria? — Layla perguntou, confusa. — Eles precisam provar que cumpriram a missão, certo? O que eles fazem com as cabeças dos alvos?

— Provavelmente, entregam ao líder. — a resposta de Caleb fez Layla estalar os dedos, como se a sua teoria fizesse sentido.

— Não temos que nos disfarçar de negociadores, temos que ser um mercenário. — ela afirmou.

Todos se entreolharam, confusos, mas Layla parecia certa do que estava dizendo. Jungkook colocou a mão no queixo para refletir e, em seguida, disse:

— Os mercenários são as únicas pessoas que entregam as cabeças ao líder. É a única forma que temos de chegar até ele. — Layla concordou e sorriu, como se ele tivesse tirado as palavras de sua boca. — Quem gostaria de se candidatar a esse posto?

— A pergunta que não quer calar: como vamos nos tornar um mercenário se as nossas cabeças estão na mira? — Yoongi perguntou.

— Temos que escolher uma pessoa que não está na lista e que seja da nossa confiança. — Jungkook disse.

— Isso é um tiro no escuro! — resmungou Yoongi. — Como vamos saber que essa pessoa não está do lado deles?

— É um risco que temos que correr.

— Eu tenho um palpite, mas não sei se vocês vão topar. — a voz de Jimin atraiu todos os olhares para si. — A Hannah pode ser a mercenária que vocês estão procurando. Ela tem a marca no corpo, o que prova que ela sabe o que fazer para se tornar um mercenário e como se encontrar com o líder do grupo.

— Só tem um problema nisso tudo: a Hannah perdeu as memórias da Lauren, ela não deve se lembrar do que fez para se tornar uma mercenária. — pontuou Yoongi.

— Eles não sabem disso. — Jungkook respondeu. — Zakon não sabe que a Hannah recuperou as memórias. Podemos usar isso a nosso favor se ela concordar em participar.

— Eu posso falar com ela. — Jimin se ofereceu.

— Gostei da sua ideia, baixinho. — Layla apoiou. — Dentre todas as pessoas, ninguém melhor do que a Hannah para se disfarçar.

— Tudo bem, eu concordo que a Hannah tem o perfil ideal para essa missão, mas não podemos esquecer que ela é uma civil. Vocês querem mesmo colocar a vida de uma civil em perigo? — a preocupação de Yoongi chamou atenção dos demais.

— Ela desenvolveu grandes habilidades com o Namjoon. — Ric observou.

— Mas continua sendo uma civil — Yoongi reforçou. — Não acho justo colocá-la em perigo depois do que ela passou.

— Você tem uma opção melhor? — Layla perguntou e cruzou os braços, genuinamente curiosa.

— Ainda não, mas podemos escolher juntos.

— Bom... se não concordam em chamar a Hannah, podemos convencer o Nathan a participar dessa missão. — Layla propôs.

— Quem é Nathan? — Yoongi perguntou.

— Ele foi meu parceiro de campo no Serviço Secreto. — respondeu. — A agência dele também está atrás do Zakon. Podemos criar um plano de ação que envolva o Serviço Secreto.

— Vamos deixar o Serviço Secreto fora disso. — Jungkook disse. — A nossa investigação é extra oficial, se o Nathan concordar em participar mesmo assim, podemos chamá-lo.

— E se esse cara não topar? — Ric perguntou.

— Então teremos que escolher outra pessoa que não esteja na lista. — Jungkook respondeu.

— Vou falar com o Nathan. — Layla se ofereceu. — Algo me diz que ele não vai recusar essa missão.

Jimin tentou não interpretar a fala de Layla como uma indireta para Jungkook, uma vez que ela olhou para o detetive ligeiramente após a sua fala. Se antes ele tinha alguma dúvida quanto ao interesse de Nathan por Jungkook, agora não tinha mais.

— Assim que vocês conseguirem uma pessoa, vamos dar início ao planejamento. — Caleb disse em seguida. — Vou tentar descobrir quais métodos eles usam para fazer o recrutamento de mercenários.

— "Vou tentar"? — Yoongi repetiu. — Se agora somos uma equipe, você também vai precisar da nossa ajuda.

— Você é bom com tecnologia? — Yoongi riu como se ele não estivesse falando sério.

— Você só pode estar brincando... — disse. — Eu sou fera nessa área, amigão!

— Yoongi e Caleb podem trabalhar nisso juntos. O resto fica responsável por outras tarefas. — afirmou Jungkook para encerrar de vez a disputa de ego. — Layla, converse com o Nathan e Ric, monitore a Scarlett na agência. Temos que dividir os papéis.

— E você, Jungkook, o que vai fazer? — Yoongi perguntou com uma parcela de curiosidade.

— Eu e Jimin vamos voltar à casa do Seokjin para procurar evidências. Os caras que invadiram são mercenários, talvez possamos descobrir como eles ingressaram. Nunca se sabe se eles deixaram alguma coisa para trás.

— Vai levar o Jimin com você? — Yoongi não parecia de acordo com a ideia.

— O lugar já está limpo, eles sabem que não tem ninguém na casa.

— Tem certeza que é seguro sair daqui depois da Scarlett te ameaçar? — Caleb perguntou para o detetive.

— Scarlett te ameaçou!? — Ric e Layla perguntaram ao mesmo tempo.

— Ela disse que eu deveria me afastar do FBI para não atrapalhar os planos dela. — revelou, arrancando olhares surpresos. — É por isso que estou me arriscando, a partir de hoje as minhas ações não pesam no nome da agência.

— Jungkook, podemos conversar em outro lugar? — Jimin perguntou com a voz trêmula, recebendo o olhar do namorado no mesmo instante.

Jungkook ficou brevemente preocupado com o tom amedrontado na voz do garoto. Apesar disso, respondeu:

— Claro, anjo.

Após a resposta de Jungkook, o garoto virou-se para longe e dirigiu-se até a sala que Caleb disponibilizou para os seus treinamentos. O detetive o seguiu rapidamente, sentindo que Jimin, de algum modo, não estava de acordo com o plano.

Jungkook fechou a porta para manter a conversa em sigilo e aguardou que ele se pronunciasse primeiro.

— Eu acho muito arriscado voltarmos para a casa do meu pai depois do que aconteceu. — Jimin aconselhou. — Não sabemos se eles continuam no local.

— O que está sugerindo?

— Acho que, nesse momento, a melhor coisa a se fazer é seguir o plano de enganar a Scarlett e fazê-la pensar que você está realmente disposto a pedir o afastamento.

— Eu farei isso, meu bem.

— Hoje. — Jimin enfatizou às pressas. — Faça isso hoje. Com certeza ela tem homens na agência que estão de olho em você. Deixe eles saberem que você cumpriu com o que prometeu.

Jungkook pensou naquilo por um instante. Agora, ele tinha duas opções: retornar à casa de Seokjin em busca de novas evidências ou ir até a agência e seguir o plano.

— Eu não falei na frente dos seus colegas porque não queria parecer intrometido. Vocês são detetives, eu não. — Jimin prosseguiu quando percebeu que o namorado estava pensativo. — O que você acha disso?

— Você está certo, anjo. — aproximou-se dele com passos lentos e deliberados e tocou-lhe a bochecha. — Eu vou seguir o plano, mas quero que venha comigo.

— Eu!?

— Não quero deixá-lo aqui como se estivesse preso, quero você ao meu lado. — os olhos de Jimin ainda estavam arregalados. — O que me diz?

O garoto sentia-se aprisionado quando ficava no galpão sem Jungkook, mas tudo mudava quando estava com o seu amado. Apesar dos riscos, Jimin sempre escolheria estar ao lado de Jungkook.

Diante desse pensamento, o menino abriu um pequeno sorriso.

— É claro que eu quero.

Jungkook sorriu e beijou os lábios dele, abraçando-o em seguida e sentindo-o relaxar. Mesmo com medo, o detetive preferia levá-lo consigo. O risco era grande, mas ele confiava no seu potencial para protegê-lo.

— Vou falar com o pessoal antes de irmos. — informou Jungkook após se afastar.

Jimin balançou a cabeça em confirmação.

— Tudo bem.

Jungkook segurou a mão do garoto e o conduziu até a saída. Do lado de fora, eles viram Ric e Layla sentados à distância e Caleb e Yoongi conversando entre si. Após notarem a volta do casal, todos os olhares caíram sobre eles.

— Eu vou até a agência para dar entrada no meu afastamento. — Jungkook anunciou. — Cada um vai fazer a sua função e, amanhã cedo, quero todos aqui para traçarmos um plano.

— O que vai dizer ao Jared? — Yoongi perguntou.

— Vou dizer que estou sobrecarregado e preciso de um tempo.

— Você sabe que sua arma e seu distintivo serão entregues a ele, não sabe?

— Estou ciente. — afirmou, suspirando. — Eu tenho outros meios de conseguir armas.

— Tudo bem, qualquer novidade entramos em contato com você. — Layla assegurou, olhando para Ric em seguida. — Você vem comigo, Stewart?

— Claro. — ele respondeu.

Dito isso, eles se afastaram. Jungkook virou-se para Jimin discretamente, chamando-o, por meio de um olhar, para que o seguisse. Yoongi pensou em intervir na decisão do parceiro, mas o detetive parecia convicto.

Agora, portanto, a sorte estava lançada: Jungkook tentaria convencer Jared de que precisava de um afastamento, assim como faria Scarlett pensar que ele desistiu de ir atrás do Zakon.

✮✮✮

No momento em que chegou na agência, a primeira coisa que Jungkook fez foi procurar Jared. Jimin se ofereceu para esperá-lo no saguão, mas o detetive escolheu levá-lo consigo.

Eles foram informados de que o inspetor estava em reunião e, portanto, tinham que aguardá-lo. Jungkook estava certo de que Jared perguntaria os motivos por trás do seu pedido inusitado, o que, obviamente, o fez antecipar várias opções.

À distância, Jungkook avistou a perícia se retirando da sua antiga sala com vários sacos de evidências. Ele não podia negar que ficou curioso para saber o que eles encontraram, mas não podia colocar o plano em risco.

Além disso, as evidências achadas eram encaminhadas para um depósito exclusivo e não diretamente para ele, o que significava que Scarlett ou qualquer policial podia ter acesso às provas antes de Jungkook.

— Detetive Jeon — uma voz familiar o chamou. Ele olhou na direção da sala de Jared e o avistou através da porta aberta. — Gostaria de falar comigo?

— Sim.

— Entre. — Jungkook aproximou-se dele e quando Jimin fez o mesmo, o homem ergueu o dedo. — Você não pode participar da conversa, Park.

— Eu gostaria que ele participasse. — Jungkook enfatizou.

— O assunto diz respeito a ele?

O detetive ficou em silêncio por um momento, em seguida respondeu:

— Não.

— Então é melhor que ele aguarde aqui. — reforçou.

— Tudo bem, Jungkook, eu te espero aqui. — o menino disse com o olhar fixo no inspetor.

Jared não se importou com o lampejo de irritação que surgiu nos olhos de Jimin, apenas deu as costas e retornou para a sala. Jungkook apertou os ossos da mandíbula, tentando conter seu incômodo, e olhou para o garoto.

— Eu não vou demorar, anjo. — Jimin acenou com a cabeça em sinal de compreensão.

Após um momento, Jungkook adentrou a sala de Jared e fechou a porta. O homem sentou-se e indicou a cadeira à sua frente, fazendo o detetive acomodar-se nela. A julgar pela expressão no rosto de Jared, Jungkook supôs que ele não fazia ideia do que se tratava o assunto.

— Então, Jeon, o que gostaria de falar comigo?

Ele cogitou, por um momento, tocar em outro assunto até chegar onde gostaria, mas decidiu ir direto ao ponto.

— Quero que você me afaste dos serviços temporariamente.

Jared enrugou as sobrancelhas.

— O que disse?

— Eu sei que pareço precipitado, mas sinto que preciso me afastar agora.

— Por que tomou essa decisão de repente? O que aconteceu?

— Estou sobrecarregado, Jared. Desde que encerramos o caso da máfia, a minha rotina nessa agência tem sido agitada e sem pausas. Eu preciso me cuidar para conseguir dar conta.

— O que está te afetando, afinal? — ele perguntou. — Temos uma psicóloga disponível para os agentes.

— Eu preciso muito mais do que de uma psicóloga.

O inspetor suspirou e removeu os óculos.

— Você está ciente que estamos enfrentando uma organização criminosa russa neste momento? — Jungkook balançou a cabeça em afirmação. — Você é o diretor da equipe que está com esse caso em mãos e pretende abandonar o posto sem mais nem menos?

— Não posso continuar com esse caso agora, sugiro que entregue para outro diretor ou, quem sabe, outra agência. O Serviço Secreto também está investigando essa máfia.

— Jungkook, você tem certeza de que quer deixar o caso?

— Absoluta.

Jared ficou em silêncio por um instante, encarando-o e estudando-o. Por mais que Jungkook tentasse mostrar que estava firme na sua decisão, os olhos atentos do inspetor pareciam captar algo.

— Tudo bem, eu vou acatar o seu pedido, mas antes quero te perguntar uma coisa. — disse Jared, debruçando-se sobre a mesa como se fosse contar um segredo. — Você está sendo ameaçado por alguém da agência, detetive?

Jungkook não soube que resposta dar a princípio, até porque não fazia ideia de como Jared chegou a essa conclusão.

— Por que você acha que estou sendo ameaçado?

— Um detetive do seu perfil não deixa um caso importante como esse pelo caminho. — observou. — Se alguém está te ameaçando, preciso que você me diga para que eu possa te ajudar. Sou a pessoa mais próxima de contatar os superiores.

— Esse caso tem me esgotado, Jared. Eu só quero um tempo para me organizar, só isso.

— Você não respondeu a minha pergunta — declarou, recuando o tronco. — O seu distanciamento verbal me faz concluir que estou certo.

Jungkook ficou impressionado com a percepção de Jared, mas não surpreso. Ele sabia que o inspetor era um bom perito em comportamento, especialmente daqueles que faziam parte da sua rotina de trabalho.

Por um momento, Jungkook pensou em contar a verdade para Jared, mas não tinha certeza se ele era confiável. E mesmo que fosse, o detetive não podia arriscar a vida dele, sabendo que Scarlett estava de olho em cada passo seu na agência.

Scarlett foi capaz de assassinar o diretor do Gabinete de Responsabilidade a sangue-frio, então se Jared fosse de confiança, refletiu Jungkook, o que ela seria incapaz de fazer com ele para silenciá-lo?

Diante desse pensamento, ele decidiu manter a resposta inicial.

— Prepare a minha papelada até amanhã, eu venho aqui para assinar.

— Se é o que você deseja, eu vou providenciar hoje mesmo. — respondeu.

— Obrigado.

— Espero que esteja fazendo a coisa certa, Jeon. Eu sei que você está escondendo alguma coisa, ainda mais diante de tudo o que estamos enfrentando, mas acredito que você pode retroceder nessa decisão. — Jungkook permaneceu em silêncio, refletindo sobre as palavras de Jared. — Espero que você mude de ideia antes de assinar os papéis.

— Terminamos?

Jared não disse nada, apenas balançou a cabeça em confirmação. Quando o detetive fez menção de se levantar, o inspetor o interrompeu:

— Antes que vá, gostaria de te perguntar uma coisa — Jungkook fez um sinal com a cabeça para ele prosseguir. — Eu soube que o Seokjin está no hospital, mas ainda não tive tempo de vê-lo. Como ele está?

— Yoongi está com ele por enquanto. Ele já está melhor, foi só um susto.

— O detetive Yoongi não está mais com ele, fui informado de que ele deixou o hospital há mais de uma hora. — Jungkook se calou brevemente diante da resposta de Jared. — Acha seguro deixá-lo sozinho depois de alguém tentar matá-lo?

— Yoongi não sairia de lá sem designar um segurança de confiança para protegê-lo. — observou.

— Tem razão.

— Ligue para ele e se certifique de que o Seokjin está protegido. — propôs.

Jared suspirou.

— É uma pena que esteja se afastando em um momento tão preciso.

— Eu tenho que fazer isso, Jared, entenda meu lado.

— Tudo bem — Jared ergueu as mãos em rendição, abstendo-se de se opor. — Esteja aqui amanhã cedo para assinar os papéis.

— Você não vai pedir o meu distintivo e a minha arma? — perguntou.

— Você pode entregá-los a mim após assinar a papelada.

Jungkook acenou com a cabeça em entendimento e agradeceu-lhe mediante um murmúrio, em seguida dirigiu-se até a saída. Jared não se moveu nem mesmo para acompanhá-lo até a porta.

Do lado de fora, Jungkook encontrou Jimin sentado em um banco de espera no corredor. Ele estava de cabeça baixa, mas ao ouvir a porta da sala de Jared sendo aberta, seus olhos se ergueram.

Ele se levantou às pressas e engoliu sua preocupação quando analisou a expressão no rosto do namorado. Jungkook não estava contente nem insatisfeito, apenas cansado de tudo.

O detetive aproximou-se de Jimin e o abraçou pelos ombros, conduzindo-o até a saída da agência. O menino seguiu seus passos sem dirigir nenhuma pergunta a ele, mesmo estando curioso para saber como foi a conversa dele com Jared.

Além disso, Jimin sabia que o lugar não era apropriado para esse tipo de pergunta, ainda mais estando ciente de que havia mais infiltrados do Zakon entre os agentes federais.

Alguns olhares clandestinos observavam o casal à medida que eles caminhavam até o carro de Jungkook fora dos muros do FBI. Após alcançá-lo, eles entraram no veículo ligeiramente. Jungkook queria sair dali o mais rápido possível para não atrair os olhos de quem quer que fosse que estivesse vigiando-o.

Jimin também estava em alerta, principalmente após descobrir que seu nome estava na lista de uma organização criminosa. Por algum motivo, essa informação o deixava aborrecido. Ele não fez nada para ninguém, mas seu nome, aparentemente, chamava a atenção dos mafiosos.

— Para onde vamos agora? — Jimin perguntou no momento em que o carro deslizou pela estrada.

— Vamos para um hotel no centro da cidade.

Jimin o encarou rapidamente.

— Hotel? — Jungkook confirmou com um murmúrio. — Você acha seguro?

— Por isso estou escolhendo um lugar que esteja à vista de todos. Quanto mais me escondo, mais chance eles têm de me matar e esconder as provas, mas se eu estiver em evidência, não vão poder me tocar.

O garoto não revidou às escolhas de Jungkook, afinal ele acreditava totalmente na intuição do amado. Se Jungkook estava dizendo que, de alguma forma, era seguro estar em evidência em vez de se esconder, Jimin acreditava nele.

— Vamos passar a noite nesse hotel? — o garoto perguntou com uma parcela de curiosidade.

— Sim, anjo. — respondeu. — Tudo bem para você?

— Claro.

Jimin gostaria de sorrir para manifestar a sua felicidade com essa notícia, mas o momento não era adequado até então. Ele não podia negar que sentia falta de ficar a sós com Jungkook, se beijando, se acariciando e dizendo coisas românticas um para o outro.

Por causa das circunstâncias, esses momentos esfriaram um pouco, mas agora Jimin enxergava uma boa oportunidade para acendê-los novamente.

— O que vai dizer aos outros? — essa dúvida permaneceu na cabeça de Jimin pelos próximos segundos.

— Vou pensar em alguma coisa. — ele tirou os olhos da estrada para observar o garoto rapidamente. — Sinto falta de ficar a sós com você, não quero estragar tudo colocando o meu trabalho acima do nosso namoro.

— Você não está colocando o seu trabalho acima do nosso namoro.

— Às vezes parece que sim, anjo.

Por mais que os olhos de Jungkook não tenham demorado em Jimin, o garoto pescou um lampejo de mágoa por trás de suas orbes. Ele parecia ressentido consigo mesmo por não dar a atenção que Jimin merecia.

No entanto, o garoto reconhecia os esforços do namorado para protegê-lo e as dificuldades que surgiam no caminho. Jimin não queria que Jungkook ficasse triste por supostamente não lhe dar atenção.

— Você é muito especial, gatinho — ele tocou a mão de Jungkook sobre o volante e sorriu. — Sei que você está se esforçando para conciliar as duas coisas, e apesar de eu sentir falta dos nossos momentos, entendo que as coisas nem sempre saem do jeito que queremos.

— Estou a ponto de ter um colapso emocional — suas palavras fizeram o coração de Jimin apertar. — Sinto que estou perdendo tudo aos poucos.

— Ei — Jimin disse. — Você não pode abraçar todos os problemas, Jungkook, nem os colocar à frente do seu bem-estar.

— Acho que dar uma pausa me faria bem.

— Podemos tentar — Jungkook o encarou e sorriu, um sorriso pequeno e adorável. — Vamos passar a noite nesse hotel e depois podemos pensar em algo diferente, talvez um resort.

— Gostei dessa opção.

Jimin sorriu, satisfeito, e deitou a cabeça no ombro de Jungkook enquanto o carro se movia pela rodovia. O tráfego estava agitado, carros de diferentes portes passavam de um lado para o outro, provocando um breve engarrafamento.

Depois de dirigir por um longo tempo, Jungkook avistou o cume do hotel a pouco mais de três quilômetros de distância. Ele escolheu uma vaga no estacionamento e desligou o motor, saindo do carro em seguida.

Jimin se pôs para fora do veículo e avistou o namorado se aproximando pela lateral do carro. Jungkook pegou a mão do garoto e caminhou para dentro do edifício enquanto observava várias pessoas entrando e saindo do hotel.

Eles foram até a recepção e fizeram o check-in, recebendo a chave do quarto instantaneamente. Seguindo as orientações de um dos funcionários, Jungkook e Jimin subiram as escadas e caminharam até o quarto que continha o número da chave.

Jungkook afastou para que Jimin entrasse primeiro. O garoto observou o cômodo com olhos curiosos e atentos e apreciou a decoração. O ambiente tinha um espaço apropriado e móveis planejados para que eles pudessem transitar livremente.

As características minimalistas e a sofisticação em cada canto daquele lugar fazia Jimin se sentir aconchegado. Havia uma mesa redonda com uma luminária à distância e um frigobar ao lado dela.

Jungkook pegou todos os seus pertences, inclusive o distintivo e a arma, e os colocou sobre a mesa, em seguida caminhou até o garoto. Jimin parou de prestar atenção na decoração do cômodo quando sentiu a sombra de Jungkook se aproximar, fazendo-o virar de frente para o namorado.

— Vou tomar um banho para relaxar. — Jimin balançou a cabeça em afirmação e sentiu os dedos do amado tocarem a sua bochecha. — Você vai tomar banho também?

Jimin pensou por um momento. Ele não queria demonstrar que ficou nervoso com a pergunta do namorado, especialmente quando se imaginou tomando banho com Jungkook, mas não pôde conter a hesitação em respondê-lo.

— Daqui a pouco.

Jungkook balançou a cabeça em compreensão e selou os lábios na testa dele. Por algum motivo, a atitude do detetive suavizou as batidas frenéticas do coração de Jimin.

Ele sabia que o namorado não fez aquela pergunta com segundas intenções, mas os pensamentos incompreendidos atravessaram a sua mente e o deixaram brevemente ansioso.

— Quer que eu ligue o ar-condicionado? — a pergunta de Jungkook o trouxe de volta à realidade.

— Não, obrigado, assim está bom.

— Tudo bem, eu não vou demorar. — ele beijou os lábios do garoto carinhosamente e se afastou.

Jimin não moveu um músculo, ele permaneceu no mesmo lugar enquanto Jungkook caminhava em direção ao banheiro e fechava a porta. O garoto bateu a mão na testa várias vezes, repreendendo seus próprios pensamentos confusos.

Ele odiava direcionar alguma fala ou atitude de Jungkook para o lado errado, porque ele sabia que o namorado não tinha nenhuma intenção errada para com ele. No entanto, sua mente adorava implantar pensamentos distorcidos para assustá-lo.

— Pare de ser estúpido, Park! — ele disse para si, odiando se sentir daquela forma.

Tentando ignorar o momento anterior, Jimin dirigiu-se até a cama e tirou o tênis para subir no colchão. Ele pegou o controle da TV e ligou o aparelho para se distrair, mas o barulho da água do chuveiro caindo atraiu os seus olhos para outra direção.

Ele olhou para a porta do banheiro e desejou ver através dela. Seus pensamentos imaginaram Jungkook tomando banho e a água deslizando ao longo de seu corpo desnudo. Jimin mordeu o lábio inferior para conter a ansiedade de ir até lá.

Estava passando um programa culinário na TV, mas ele não deu a mínima para o conteúdo transmitido, afinal a sua atenção estava concentrada em algo mais interessante.

Lembrou-se de quando o viu sem roupa pela primeira vez. O garoto não podia negar que ficou encantado com o que viu naquele dia e, por isso, desejou apreciar de novo. Foi com esse pensamento que Jimin se pôs de pé e dirigiu-se até a porta do banheiro.

Sua mão tocou a maçaneta gelada e antes de abri-la, Jimin refletiu se deveria prosseguir com essa ideia. Jungkook, certamente, ficaria surpreso com a sua súbita aparição, por isso ele deu duas batidinhas suaves para sinalizar a sua chegada.

Mesmo sem uma resposta do namorado, Jimin abriu a porta devagar e colocou a cabeça para dentro exatamente no momento em que Jungkook se virou de frente para ele. Seus olhos não contiveram o movimento de olharem para baixo brevemente.

Ele observou o corpo nu de Jungkook através da nuvem de vapor que tomava conta do ambiente. Por um momento, Jimin não soube o que dizer ou fazer, tudo paralisou de repente.

— Anjo? — a voz de Jungkook fez os olhos do menino encontrarem os dele. — Está tudo bem?

— É... — ele entrou no banheiro por completo enquanto tentava pensar em algo. — Mudei de ideia, acho que vou tomar banho agora.

Jungkook sorriu e desligou o chuveiro. Ele varreu os cabelos molhados para trás, fazendo um excesso de água cair. Jimin ficou preso em seu movimento por um instante até o ver esticar a mão em sua direção.

— Venha, meu bem. — chamou-o.

A princípio, Jimin não retribuiu o gesto dele, pois sua cabeça estava em outro lugar. Na verdade, ele não queria tomar banho, essa foi a primeira justificativa que pensou para continuar ali dentro, observando-o.

— Você se importa se eu tomar banho de cueca? — o garoto perguntou após um momento de reflexão.

— Claro que não, anjo — ele respondeu com a voz cautelosa. — Mas o que vai vestir após se secar?

O garoto não havia pensado nesse detalhe. Eles não levaram nenhuma roupa extra, até porque não haviam programado dormir em um hotel. Jimin não gostava de usar a mesma roupa por muitos dias, pois o fazia ter a sensação de que estava sujo.

Na boate, entretanto, ele não podia trocar de roupa quando quisesse e os banhos só eram tomados nos dias em que a boate abria. Jimin tinha que usar as mesmas vestimentas todos os dias e quando elas sujavam, ele as lavava e esperava secar para vesti-las novamente.

Eram tempos de trevas.

De repente, Jimin viu o namorado sair do box e se aproximar dele com pegadas gentis. Provavelmente ele notou que o seu silêncio indicava uma possível hesitação.

— Você quer mesmo tomar banho comigo, meu bem? — seus dedos molhados tocaram a pele macia do garoto.

— Quero. — ele respondeu sem hesitar.

— Mas alguma coisa está te impedindo, não está? — supôs. — O que é?

— Eu ainda não sei se estou pronto para me despir na sua frente, mas eu quero.

— Do que você tem medo?

Jimin refletiu em silêncio por um momento.

— Talvez de como você vai me enxergar, o que vai sentir, o que posso te despertar...

— Tenho certeza de que para todas as suas dúvidas a resposta é positiva. — Jimin perdeu as palavras instantaneamente. — Tudo o que sinto por você não abre margem para nenhuma sensação negativa.

— Eu sei que você falando a verdade, mas uma parte minha ainda fica insegura.

— Eu entendo, anjo — acariciou a bochecha dele mais uma vez. — Se te deixa mais confortável, eu não vou olhar.

— Não?

— A menos que você me permita.

Uma sensação de conforto abraçou o corpo do menino de repente, mas a tensão em seus músculos ainda estava presente. Ele chegou à conclusão de que não tinha problema em fazer aquilo com o seu namorado.

Foi com esse pensamento que Jimin deslizou a blusa por cima da cabeça, arrancando-a de seu corpo, e abriu o zíper da calça com as mãos um pouco suadas. Durante todo esse tempo, Jungkook ficou olhando nos olhos dele como quem está admirando uma pintura renascentista.

O detetive pensou em se oferecer para ajudá-lo a tirar a calça, mas Jimin parecia querer fazer aquilo sozinho, pois lhe causava uma sensação de liberdade e autossuficiência.

Após remover a calça do corpo, Jimin ficou apenas de cueca. Ele olhou para Jungkook com uma mistura de nervosismo e desejo e sentiu os lábios do detetive contra os seus. Não foi um beijo eufórico e quente e sim protetivo e carinhoso, características comuns nos beijos de Jungkook.

— Não precisa fazer isso se não estiver pronto... — o detetive lembrou-o com os lábios encostados nos dele.

Jimin agradeceu-lhe com um beijo demorado, mas, aparentemente, sua decisão já estava tomada. Ele tocou o elástico da cueca e deslizou-a pelas suas pernas, sentindo um pequeno frio acariciar sua pele.

Jungkook sorriu, um sorriso adorável e confortável, e por mais que desejasse admirá-lo da cabeça aos pés, ele não o fez em respeito às inseguranças de Jimin. Em vez disso, conduziu o garoto até o box e ligou o chuveiro, fazendo a água quente derramar sobre suas cabeças.

Por um breve momento, o garoto se abraçou para esconder a sua nudez, mas ao perceber que os olhos de Jungkook não estavam focados em sua intimidade, Jimin se encorajou a afastar os braços.

O garoto não disse, mas a atitude do namorado o deixou confortável, um conforto que normalmente ele sentia ao lado de Jungkook, mesmo não estando em condições parecidas, afinal ele nunca ficou pelado na frente de Jungkook para saber como reagiria.

E para ser honesto, o que Jimin estava sentindo agora era muito diferente do que ele imaginou. Em vez de medo e desconforto, ele sentiu confiança e contentamento.

— Pode ensaboar as minhas costas, anjo? — Jungkook perguntou, entregando-lhe uma barra de sabonete.

Jimin não pôde conter a satisfação em ouvi-lo pedir aquilo. Ele balançou a cabeça em confirmação e pegou o sabonete das mãos do namorado, observando-o se virar de costas.

A pele de Jungkook tinha algumas cicatrizes superficiais devido às operações de risco que enfrentou. Naquele momento, Jimin lembrou-se das marcas nas costas e as comparou com as de Jungkook.

Elas eram completamente diferentes, apesar de carregarem uma energia simbólica e parecida.

O menino deslizou a barra sobre a pele dele, enquanto a água escorria ao longo de suas costas nuas, fazendo as gotículas se misturarem às bolhas de sabão. Jimin passou as mãos pelo abdômen de Jungkook, sentindo-o endurecer sob o seu toque.

Naquele momento, Jimin percebeu que o seu toque, por mais breve que tenha sido, despertou sensações agradáveis em Jungkook. Então, o menino colocou o sabonete no suporte e o abraçou por trás, colando o tronco nas costas dele.

— Quero te tocar. — Jimin sussurrou de repente, contendo a ansiedade de suas mãos de descerem um pouco mais.

— Me toque, anjo.

Com a sua permissão, Jimin dirigiu a mão até o pau de Jungkook, que já estava completamente enrijecido, e começou a estimular. Ele não podia saber que expressão estava no rosto do detetive agora, mas ao vê-lo inclinar a cabeça para trás suavemente, Jimin supôs que os seus movimentos estavam agradando-lhe.

O menino recordou-se da vez em que quase tirou a roupa de Jungkook no apartamento dele e o abocanhou ali mesmo, mas a ligação de Layla o atrapalhou. Desta vez, no entanto, não tinha nada que pudesse impedi-lo, exceto ele mesmo.

Com essa lembrança vagando em sua cabeça como um redemoinho, Jimin sussurrou no ouvido dele para que desligasse o chuveiro e assim Jungkook o fez. O garoto o cutucou para que se virasse de frente, assumindo totalmente o controle.

No momento em que o detetive se virou, Jimin finalmente pôde observar a expressão de Jungkook: ele sorria igual a um cafajeste, como se decifrasse perfeitamente as intenções do garoto.

— Eu quero terminar o que comecei na sua casa aquele dia. — Jimin informou, mas ele sabia que não precisava esclarecer isso, afinal Jungkook já lhe tinha dado carta-branca .

— Eu sou todo seu, meu bem. Faça o que quiser.

Ele estava totalmente entregue aos encantos de Park Jimin e jamais, nunca, teria o poder de fugir disso, nem mesmo se quisesse. Estava completamente rendido pelo garoto como nunca esteve por ninguém.

Jungkook foi surpreendido quando Jimin beijou seus lábios subitamente, um beijo que deslizou próximo de feroz. Em resposta, o detetive agarrou a cintura dele com ambas mãos, trazendo-o para perto.

Um arrepio agradável caminhou pela espinha de Jimin com a aproximação de seus corpos, especialmente quando a sua barriga tocou o pau do outro. E, naquele momento, Jimin percebeu que, assim como nele, o contato também despertou algo em Jungkook.

Jimin voltou a estimulá-lo, sentindo-o tão duro quanto uma rocha. O garoto sentiu uma mistura de felicidade e fascínio por vê-lo tremendamente excitado por sua causa. E, obviamente, o resultado disso também estava afetando as partes íntimas do garoto, que percebeu a própria rigidez.

Jungkook poderia resolver o seu problema rapidamente se ele o permitisse, mas Jimin parecia interessado unicamente em solucionar o apetite do namorado. Com esse pensamento, ele se ajoelhou no chão molhado e ficou de cara com o membro de Jungkook.

Na coxa do detetive estava o lobo que Jimin tanto apreciava com o seu focinho feroz e olhos indestrutíveis. Ao lado da fera estava o ferimento à bala, destacando seus tons avermelhados e arroxeados em torno da costura.

Os olhos de Jimin encararam Jungkook brevemente, observando-o cheio de expectativas para o que viria a seguir. O menino usou uma das mãos para segurar o pau do outro e começou a estimulá-lo enquanto o olhava nos olhos. Jungkook enterrou delicadamente os dedos nos cabelos molhados do garoto e não conteve um gemido quando Jimin o abocanhou.

Com um pouco de sucção e um roçar de dentes, Jimin o chupou por inteiro, saboreando cada centímetro de sua circunferência devagar. Ele não tinha muita prática com sexo oral, mas o pouco que conhecia permitiu que ele colocasse em ação. O detetive gemeu mais uma vez e inclinou a cabeça para trás até encostar na parede.

Quando os dedos mergulhados nos cabelos do garoto espremeram seus fios, Jimin soube que os seus movimentos estavam agradando ao amado. Então, ele usou a mão para massagear o pau de Jungkook enquanto sua boca trabalhava em sugá-lo na mesma proporção.

Para ser sincero, o garoto estava incerto quanto aos seus movimentos sugadores, ele não tinha certeza se estava executando-os corretamente. O que mitigava a tensão em seu corpo eram os gemidos sussurrados de Jungkook, que ficaram mais frequentes à medida que Jimin o engolia.

Ele podia sentir a própria língua deslizando ao longo daquele órgão quente e molhado, completamente lambuzado com a sua saliva, assim como podia sentir a glande roçando o céu da boca a cada movimento.

Em um dado momento, Jimin quase se engasgou, mas ele retomou os movimentos com cautela, consciente de que a sua mão estava trabalhando com a sua boca. Ele olhou para o namorado enquanto o chupava, apenas para ter certeza de que estava fazendo aquilo em Jungkook.

Jimin não queria fechar os olhos para não arriscar fabricar imagens terríveis que suas memórias revisitavam quando ele menos esperava. Por isso, permaneceu com eles bem abertos para contemplar as expressões delirantes que Jungkook fazia.

No momento em que o detetive o enfrentou nos olhos, Jimin sentiu os joelhos fraquejarem e as pernas ficarem bambas. Jungkook estava com os lábios entreabertos, emitindo pequenos sons arfantes e palavras sussurradas, quase enlouquecendo de prazer.

— Jimin...

Aquilo foi o bastante para Jimin acelerar os movimentos, ouvindo-o arfar mais alto, uma melodia incomparável para os seus ouvidos. Jungkook enterrou mais fundo os dedos nos cabelos do garoto para manifestar o seu prazer.

Jimin se sentiu internamente contente com a reação do namorado e, acima de tudo, com o seu desempenho. O corpo de Jungkook era lindo, seus gemidos eram lindos, suas expressões de prazer eram lindas e até mesmo a forma como ele sussurrava o nome de Jimin, pedindo-lhe para que não parasse.

Já o detetive, por outro lado, não conseguia descrever a sensação que a língua de Jimin estava lhe causando. Ela parecia faminta, exploradora e, ao mesmo tempo, cuidadosa, como se quisesse sentir todas as texturas, todos os sabores possíveis.

Toda vez que a sua glande socava a garganta do garoto, ele ia ao céu e voltava. Jungkook estava certo de que se Jimin continuasse a chupá-lo daquele jeito, ele não resistiria por muito tempo.

Como previsto, em poucos instantes o pau dentro da boca de Jimin enrijeceu quase imperceptivelmente e cuspiu sêmen em direção à garganta dele. O corpo de Jungkook estremeceu e um gemido agradável escapou de sua boca.

Jimin não soube descrever o sabor daquilo, mas percebeu que era um pouco doce e tinha uma textura satisfatória. Obviamente, ele já tinha sentido o sêmen de outros homens, mas nenhum deles pertencia a Jungkook.

Além disso, as ocasiões em que ocorria não o permitia desfrutar de nada nem sentir prazer no que fazia. Agora, no entanto, Jimin gostou de sentir o namorado gozando em sua boca.

Após alguns espasmos, o corpo do detetive relaxou e os seus lábios expulsaram uma respiração lenta. Ele olhou para o garoto de cima, admirando-o, e o assistiu engolindo todo o conteúdo. Uma fina linha de sêmen ficou pendendo do canto da boca de Jimin, mas ele a limpou com as costas da mão e se levantou.

Mais de perto, ele pôde ver o quão relaxado Jungkook parecia depois de gozar. Em instantes, o detetive segurou a cintura do garoto e o trouxe para perto, beijando-o com toda a energia que ainda lhe restava.

Ele sentiu o gosto da própria porra na língua do garoto e desejou que ele o chupasse mais uma vez. Se Jungkook tivesse a permissão de Jimin, ele faria o segundo round ali mesmo, porém, desta vez, ele seria a pessoa a ficar de joelhos.

— Você me deixa louco, anjo — ele murmurou contra os lábios do garoto.

— Eu sabia que você era gostoso, mas agora pude ter certeza disso.

Jungkook sorriu.

— Eu faria isso com você um milhão de vezes se pudesse — Jimin mordeu o lábio inferior diante do comentário do namorado.

— V-você gostou?

— É claro que gostei, meu bem. — Seus dedos acariciaram os lábios recém-molhados de Jimin. — Você é incrível!

O garoto estava tão acostumado a ouvir palavras de teor sexual que poderiam ser facilmente confundidas com elogios, que por um momento ele pensou que Jungkook também as usaria. Em vez disso, seu namorado o elogiou verdadeiramente para demonstrar o seu deleite.

Na maioria das vezes em que fez sexo, — se é que ele poderia classificar as suas torturas como tal — os homens não tinham cuidado após finalizar o ato, a maioria deles apenas gozava e pagava pelo "serviço".

A experiência com Jungkook foi tão diferente que não tinha o que comparar. O detetive fez carinho no seu rosto, beijou os seus cabelos, o abraçou cuidadosamente e, após todas as demonstrações de afeto, ainda o pegou no colo depois de tomarem banho.

Jungkook o conduziu até a cama, arrancando muitas risadas gostosas de Jimin. O menino estava enrolado com uma toalha da cintura para baixo, assim como o detetive. Eles deitaram desajeitadamente e ficaram abraçados, sentindo o frio da noite arrancar calafrios de seus corpos.

— Meu bebê está com fome? — Jungkook perguntou enquanto afagava os cabelos dele.

— Estou faminto. Podemos pedir comida japonesa?

— Claro, anjo! Me espere aqui, vou fazer o pedido.

Jungkook selou os lábios dele brevemente e dirigiu-se até o seu celular sobre a mesa, digitando o número de um restaurante que ele gostava. Jimin não perdeu a chance de observá-lo à distância.

De costas, os músculos de Jungkook ficavam mais evidentes. O garoto não pôde deixar de contemplar como as gotículas de água ainda escorriam do cabelo dele até a toalha na cintura, fazendo todo o percurso pelas costas nuas.

Jimin não podia acreditar que antes daquilo ele estava ouvindo-o gemer, sussurrar o seu nome e apertar os seus cabelos pelo intenso prazer. Ele sequer conseguia acreditar que foi capaz de chupá-lo até o fazer gozar em sua boca.

Ele nunca esqueceria de que foi capaz de ouvir os próprios desejos e se ajoelhar para Jeon Jungkook.

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Olá, meus amores, como vocês estão? 

Gostaria de saber a opinião de vocês pra esse primeiro momento quente entre o casal. Os próximos capítulos reservam alguns momentinhos semelhantes hehe

Se gostaram do capítulo, deixem um votinho e um comentário, ok? Isso me motiva muito <3

Tentarei atualizar mais rápido dessa vez agora que meus horários já estão todos organizados. Fiquem bem e até a próxima! Beijinhos! 

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