twenty᠉
Parado em frente a janela, Jimin contemplava as poucas estrelas que pintavam o céu negro. A roupa do baile ainda estava em seu corpo, fazendo-o relembrar do momento em que Jungkook deu as costas e partiu. A partir de então, durante todo o caminho para casa, o sentimento que prevaleceu em seu peito não poderia ser outro a não ser tristeza.
Não havia palavras suficientes para descrever o que ele estava sentindo agora, ainda mais depois de perceber que Jungkook estava erguendo um muro entre ele e o FBI. Algo dizia a Jimin que o detetive queria afastá-lo de seus casos por algum motivo. Por mais que Jimin entendesse as atitudes dele, não podia fingir que não estava se sentindo deixado de lado.
Ele lembrou-se de todas as vezes que esteve com Jungkook na biblioteca do Canadá, ouvindo-o dizer quais eram as suas hipóteses sobre o caso. O menino adorava ouvi-lo pedir para que compartilhasse seu ponto de vista. No entanto, as coisas mudaram desde que eles chegaram em Washington. Jimin tinha a impressão que Jungkook estava perdendo a confiança nele com relação aos casos.
Desde que Jimin saiu do baile, ele não disse uma palavra. Ric o deixou em casa em segurança como Jungkook havia pedido-o, mas nada parecia confortá-lo nesse momento. Ele sequer se moveu para trocar de roupa, enquanto Taehyung, nos primeiros segundos que entrou na casa, correu para o quarto para se trocar.
Seokjin tentou puxar assunto com o garoto, mas ele, desanimado, só respondia com poucas palavras. Ali, portanto, o homem percebeu que Jimin estava magoado com alguma coisa, por isso decidiu ir até a cozinha pegar um copo d'água. Enquanto isso, o garoto refletia, sozinho, de frente para a janela.
Através do reflexo do vidro, Jimin observou seu pai se aproximando pelas suas costas, segurando o que parecia ser um copo de água. Ele não se virou para encará-lo, apenas prosseguiu do jeito que estava: imóvel e em silêncio.
— Eu trouxe água para você — disse Seokjin ao se aproximar dele, tocando-lhe um dos ombros. O garoto virou a cabeça no momento em que ele parou ao seu lado.
— Eu não estou com sede, pai.
— Finalmente você falou comigo. — Sua resposta arrancou um olhar constrangedor do menino, que engoliu a saliva após se dar conta de que estava ignorando Seokjin sem perceber. — Essa foi a forma que encontrei de arrancar mais de uma palavra sua.
Jimin suspirou pela boca.
— Me desculpe, eu só estou desanimado. — Seokjin escutou a sua declaração atentamente, tentando entender o que tinha deixado-o assim. — Antes que pergunte, o Jungkook não me fez nada.
— Pensei que vocês iriam aproveitar o baile da escola até mais tarde.
— Essa era a ideia até ele ser chamado pela equipe. — Seokjin notou a mudança no tom de voz do garoto após mencionar o ocorrido. — Eu sou egoísta por ficar triste com isso?
— Por que isso te deixa triste?
— Porque nós não podemos aproveitar juntos — respondeu. — Sempre surge alguma coisa para o Jungkook resolver. Ele tem uma equipe grande, mas nem todo mundo se envolve.
— Por mais que exista uma equipe grande, dentro dessa equipe tem subgrupos que trabalham em conjunto para resolver funções específicas. O Jungkook precisa estar envolvido em todos os casos porque ele se tornou o diretor — ele explicou calmamente. — Eu sei que você gostaria de passar mais tempo com ele, mas nem sempre o Jungkook vai poder te oferecer isso.
— Eu só queria ficar um tempinho a mais com ele. — Seokjin apertou os lábios em sinal de lamentação, principalmente quando observou os olhos do garoto se encherem de lágrimas. — Tenho medo que isso atrapalhe o nosso namoro.
— Não pense desse jeito. O Jungkook só está cumprindo o papel dele e você tem que entender isso. — As palavras de Seokjin tocaram em seu âmago, deixando-o intimamente abalado. — Tenho certeza que ele também se sente triste por ter de ir embora, mas se vocês têm uma boa comunicação e se gostam muito, então você não precisa sofrer por causa disso.
— O senhor me acha egoísta por pensar assim?
— Todo mundo tem um pouco de egoísmo, só tome cuidado para não se colocar como protagonista na vida do Jungkook. Você e o trabalho possuem lugares diferentes na vida dele, então saiba onde está o seu lugar para não sofrer.
Jimin nunca tinha ouvido palavras tão duras vindas de Seokjin, mas ele não se ofendeu com elas; embora tenha perdido as palavras. Por um momento, ele se perguntou se Jungkook pensava a mesma coisa. Jimin não queria passar a impressão de que estava cobrando algo do namorado, mas, também, não sabia como fazer para demonstrar sua insatisfação.
— Cada dia que passa eu sinto que as chances de nós irmos para Amsterdã diminuem — Jimin confessou, desta vez olhando nos olhos de seu pai. — Eu não sei o que tá acontecendo, mas algo me diz que o Jungkook vai enfrentar uma barra com esse caso novo.
— Você teve acesso ao caso?
A expressão no rosto de Seokjin tornou aquela pergunta estranha para o garoto, que apertou as sobrancelhas em sinal de embaraço.
— Não exatamente. — Seokjin continuou em silêncio. — Teria algum problema se eu soubesse do que se trata?
Por um momento, Seokjin refletiu sobre o que dizer, afinal ele não queria revelar que fez um acordo com Jungkook para que mantivesse Jimin longe dos casos do FBI. No entanto, a desconfiança do garoto estava levando-o a descobrir a verdade.
— Trabalhar no FBI não é fácil, Jungkook precisa seguir o protocolo e respeitar os limites da lei. Ele quase perdeu a carreira por te envolver demais no caso. — Jimin não engoliu aquela resposta, mas continuou atento às palavras de seu pai. — Ele não pode contar para qualquer pessoa o que estão investigando porque uma simples falha pode levar à destruição.
— Eu não sou qualquer pessoa.
— Claro que não, mas não é seguro que ele espalhe essas informações até mesmo para você — explicou. — Quanto menos contato você tiver com os casos que o Jungkook investiga, mais seguro vai estar.
Jimin balançou a cabeça para os lados, discordando.
— Como eu vou estar seguro de algo que desconheço? — Ele provocou a dúvida, deixando-o em silêncio. — Se eu não souber quem são as pessoas por trás desse caso, não vou estar protegido!
— Jimin...
— E se eu me deparar com um deles no meio da rua e cair em uma emboscada por não conhecê-lo? — Havia uma mistura de apreensão e frustração na voz dele. — Jungkook sofreu um atentado e outras pessoas da equipe dele também, o que significa que eu posso me tornar um alvo a qualquer momento só por ser o namorado dele.
— Você não é o alvo, filho.
— Como o senhor pode ter certeza disso?
Os olhos do garoto começaram a se encher de lágrimas, mas ele as rebocou para dentro na tentativa de não demonstrar que estava com medo. Seokjin tinha consciência de que as vivências de Jimin estavam causando-lhe medo e fazendo-o acreditar que poderia se defender se soubesse de tudo.
O pensamento de que poderia se tornar, novamente, um alvo ainda o atormentava. Jimin não queria fazer parte de competições ambiciosas e rivalidades descabidas, ele só desejava viver a juventude como qualquer outra pessoa da sua idade.
— Fui eu quem pedi para o Jungkook não te envolver nesses assuntos. — O homem assumiu, considerando melhor esclarecer os fatos. — Não acho justo que você viva tudo aquilo de novo, que passe pelas mesmas coisas.
Na cabeça de Jimin, aquele argumento não fazia sentido. Se ele fosse, por mais longe que fosse, um possível alvo, Jungkook deveria lhe informar quais eram as chances de uma nova ameaça emergir para que ele pudesse tomar cuidado. Desconhecer o inimigo abria brechas para novos ataques, refletiu o garoto.
Ele chegou à conclusão que se não tivesse se oferecido para ir com Jungkook na missão de descobrir quem era o homem que fotografava-o secretamente, seu namorado nunca saberia que Vladislav, o sujeito que se encontrava com Hannah às escondidas, tinha contato com a garota e estava por trás dos atentados.
— O que acha de pedirmos uma pizza? — Seokjin perguntou de repente, fazendo Jimin entender que ele desejava mudar de assunto para não se complicar. — Podemos pedir uma pizza ou sair juntos para comer.
— Eu não estou com fome, pai.
— Eu sei que você queria estar no baile com o Jungkook, mas podemos fazer algo juntos para melhorar a sua noite. Que tal um filme?
Jimin se sentiu culpado por não demonstrar interesse pela proposta de Seokjin. Ele gostaria de aproveitar o resto da noite com o seu pai, mas nada parecia melhorar o seu humor. No entanto, ele decidiu dar uma chance à oferta do homem, esperançoso de que ela poderia trazê-lo um pouco de alegria.
— Tudo bem, eu vou me trocar enquanto você pede a pizza — disse o menino, arrancando um sorriso de orelha a orelha dos lábios de Seokjin.
Por mais que só quisesse deitar e dormir, Jimin não conseguia dizer 'não' para Seokjin. Vê-lo sorrir melhorava o seu humor da mesma forma que o seu sorriso melhorava o humor do homem. Era recíproco. Ambos queriam agradar um ao outro e quase sempre obtinham sucesso.
Enquanto Seokjin procurava o celular para ligar para a pizzaria, o garoto subia as escadas à caminho do quarto. As luzes do corredor estavam apagadas, mas havia uma pequena claridade vindo da porta de seu quarto, fazendo-o recordar que Taehyung estava lá.
Ele deu algumas batidinhas na porta antes de abri-la. Taehyung estava parado de frente para o espelho quando o viu entrar. Ele parou de pentear o cabelo ao observar a expressão cabisbaixa do amigo, virando-se de frente para ele.
— Tá tudo bem, ursinho? — Jimin fez que sim com a cabeça, mas seus olhos não seguiram o mesmo movimento. — Eu peguei uma roupa sua emprestada. Tem problema?
— Claro que não, pode usar o que quiser.
Taehyung gostaria de sorrir em agradecimento, mas ele não podia ignorar a estranheza de Jimin. Por mais que tentasse, Jimin não conseguia fingir que estava bem para o amigo. Ele apenas subiu na cama, puxou o travesseiro para os seus braços e deitou.
Muito preocupado, Taehyung se aproximou dele sem movimentos bruscos e sentou-se no chão, ficando com o rosto na direção de Jimin. Quando os olhos do garoto encararam-no, eles começaram a se desmanchar, silenciosamente, em lágrimas.
— O que aconteceu? — Taehyung perguntou baixinho, mas, de repente, se arrependeu. Nem mesmo Jimin parecia entender o motivo por trás de seu choro.
Em vez de fazer mais perguntas, Taehyung segurou a mão de Jimin entre as suas para que ele entendesse que não estava sozinho. Naquele momento, Taehyung cogitou dizer algumas coisas para vê-lo se sentir melhor, mas, talvez, ele só quisesse chorar.
— Eu estou com medo... — Jimin sussurrou entre uma respiração e outra.
— Medo de quê?
— De perder o Jungkook. — Taehyung continuou confuso mesmo após a resposta dele. — Eu tenho medo de um dia perder ele.
— Você não vai perdê-lo, ursinho.
— Ele sofreu um atentado e isso pode acontecer de novo. Quantos criminosos querem vê-lo morto? Quantas pessoas seriam capazes de me usar para atingi-lo? — Naquele momento, Taehyung perdeu as palavras. — É horrível conviver com esse sentimento, sabe? Eu tenho a sensação de que a qualquer momento algo ruim vai acontecer, seja comigo ou com ele.
Jimin tinha certeza que esse sentimento era, além de uma reação aos últimos acontecimentos, uma sequela deixada pela máfia por tê-lo usado como barganha. Mesmo que não tivesse envolvimento direto, ele e Jungkook estavam juntos e, querendo ou não, essa era a principal fraqueza do detetive.
— Eu acho que tá na hora de você começar a se defender sozinho — Taehyung comentou. — Você namora um agente do FBI que lida com criminosos todos os dias. Uma hora ou outra eles podem querer te usar para atingi-lo e você precisa estar preparado para se proteger.
— Eu tenho medo disso acontecer.
— Infelizmente você corre esse risco da mesma forma que eu corro — respondeu. — Eu já transei com muitos caras fardados, mas nunca me envolvi romanticamente com eles. Você, pelo contrário, está namorando um deles. A sua relação com o Jungkook o deixa vulnerável.
— E-eu não quero terminar com ele.
Taehyung balançou a cabeça como se aquela ideia fosse um absurdo.
— Claro que não! Você não precisa terminar com o Jungkook, só tem que aprender a se defender sozinho. — Jimin parou para refletir por um segundo. — Sabe usar uma arma? Eu posso conseguir uma para você.
Ao ouvi-lo mencionar a última parte, Jimin ergueu-se da cama rapidamente, não acreditando nas palavras do amigo. Por um momento, ele se perguntou se tinha escutado direito.
— Você disse que pode conseguir uma arma? — Taehyung confirmou com um aceno de cabeça. — De que forma?
— Como eu te disse: já transei com vários caras policiais, um deles me mostrou o que devo fazer para conseguir. — Jimin não estava gostando do rumo daquela conversa, mas ele ficou intrigado a saber mais. — Não é tão difícil quanto parece, basta conhecer as pessoas certas.
— Você tá falando sério? — Ele parecia incrédulo. — Um policial te ensinou a conseguir armas de forma ilegal e você não ficou com um pé atrás? Quem é esse cara? Até onde sei, você só se envolveu com Ric e Yoongi.
Taehyung sorriu de maneira cafajeste como se escondesse um milhão de segredos obscuros. Jimin conhecia o desejo irrefreável do amigo por homens fardados, mas nunca imaginou que ele pudesse se meter em encrenca por causa deles.
— Eu o conheci antes do Ric e depois do Yoongi. Coisa de uma noite, nada mais. — Jimin suspendeu um lado da sobrancelha. — Mas, calma, eu não estava com o Yoongi ainda. A gente nem estava se falando mais.
— E em uma noite esse cara te ensinou a conseguir uma arma? — Taehyung deu de ombros, não enxergando nenhum motivo para ficar espantado. — No seu lugar eu ficaria com medo. Jungkook me disse que eles não costumam revelar a identidade federal para qualquer pessoa.
— Já faz tempo que isso aconteceu — disse Taehyung, deslizando para cima da cama. Jimin afastou um pouquinho para que ele pudesse se aconchegar. — Mas o que ele me contou é muito sinistro.
— O quê?
— Basicamente, tudo o que você quiser está na Dark Web. Esse lugar é o submundo da internet, as coisas mais insanas estão nele. — aquele nome soava muito familiar para Jimin. — Eu nunca tentei entrar, mas me disseram que para um hacker experiente isso é moleza.
— Eu já ouvi falar disso... — Jimin acrescentou.
— A equipe dele estava tentando se infiltrar na Dark Web, mas ainda não tinha conseguido. — Jimin olhou para ele como se não pudesse acreditar na estupidez do policial.
Que tipo de agente contaria sobre o processo investigativo para uma pessoa que, supostamente, acabara de conhecer e indicaria um sistema criminoso para a compra de uma arma? Jimin refletiu. Para ele, não fazia o menor sentido.
— Olha, eu acho melhor deixarmos essa ideia de lado. Não preciso de uma arma — disse Jimin, arrastando o travesseiro para o colo para se apoiar. — Que tal eu fazer umas aulas de luta?
— É menos problemático que uma arma.
Jimin sorriu e concordou.
— Amanhã eu vou procurar um clube de defesa pessoal.
— Eu posso te ajudar com isso. — Taehyung se ofereceu.
— Ótimo! — Havia um grau de empolgação em seu tom. — Por que você não faz comigo?
— Talvez eu entre também, não é uma má ideia. — Ele se jogou de costas no colchão e apoiou as mãos embaixo da cabeça. — Mas antes disso eu quero ter uma experiência diferente.
— Do que você tá falando? — Taehyung o encarou rapidamente e voltou a olhar para o teto do quarto. — Você não tá pensando em comprar uma arma, está?
— Eu estou curioso para saber como funciona esse lugar.
— Não — Jimin o repreendeu. — Qualquer pessoa em sã consciência não se atreveria a entrar nisso. É perigoso. Nem mesmo a polícia consegue ter acesso, como você conseguiria?
— Conheço um hacker inteligentíssimo. — Quando Jimin o olhou com cara feia, ele levantou as mãos em rendição. — Tudo bem, ursinho, eu não vou fazer nada. Prometo que vou deixar essa história de lado.
— Ótimo — respondeu. — Yoongi não ia gostar de saber que você está tentando entrar na Dark Web para conseguir armas.
— Eu e ele não temos mais nada.
— Porque você não quer! — Isso era estritamente verdade, pensou Taehyung. — A sua indecisão vai te levar à ruína.
— De onde você tirou essa frase? — ele perguntou, sorrindo.
— De um livro sobre 'amar duas pessoas ao mesmo tempo'.
— Se o amor existisse, eu diria que esse livro foi feito para mim. — respondeu.
Os olhos de Jimin estreitaram-se enquanto o encarava. Taehyung desviou o olhar para esconder o divertimento em sua expressão. Ele adorava perturbar o amigo com esse assunto, pois sabia que ele não levaria a sério.
— Bom, eu vou me trocar — informou Jimin, saltando da cama em seguida. — Meu pai pediu pizza.
— Eu não canso de dizer que, entre os seus pais, o Seokjin é o meu favorito.
— Muito conveniente, não?
Taehyung riu.
— O que eu posso fazer se ele sabe me agradar? — Jimin balançou a cabeça para os lados enquanto sorria.
— Me espere aqui.
Jimin deu as costas e se dirigiu na direção do guarda-roupa, selecionando as vestimentas mais leves que encontrou. Ele entrou no banheiro e fechou a porta enquanto Taehyung o esperava na mesma posição que ele tinha deixado. Minutos depois, o garoto saiu do banheiro usando uma calça moletom e uma blusa larga e comprida.
— Caramba — Taehyung murmurou com os olhos fixados na roupa do amigo. — Você combinaria de vestido.
— Eu não gosto de vestidos — ele respondeu, a expressão em seu rosto estava neutra e próxima de séria.
Estava claro que Jimin não desejava ir por esse caminho de novo, mas Taehyung só se deu conta depois que o amigo rebateu às suas palavras.
— Me desculpe, eu não queria-
— Está tudo bem. — Ele sorriu, mas não havia humor em seu gesto. — Você só disse que eu combinaria, não impôs nada.
Taehyung sentou-se na cama enquanto assistia Jimin dobrar, com todo cuidado, a roupa que estava vestido.
— Você ainda deve se lembrar de muita coisa, não é? Até mesmo das roupas que usava... — Taehyung perguntou com um tom de lamentação.
Ao ouvir a pergunta, Jimin engoliu a saliva com dificuldade e sentiu o coração bater em um ritmo mais acelerado. A expressão no rosto do garoto continuava a mesma, embora as reações fisiológicas tenham se manifestado internamente.
— Podemos não falar disso? — Sua voz parecia plena, seu coração, danificado.
— Claro.
Um sorriso tímido e torto apareceu nos cantos de sua boca, evidenciando o seu agradecimento pela compreensão do amigo. Isso serviu para Taehyung entender que as suas palavras não pareciam ser suficientes. Então ele levantou-se e caminhou até Jimin, puxando-o para um abraço.
— Eu te amo. — O garoto escutou a voz sussurrada de Taehyung e sentiu a força dos braços dele em torno de seus ombros.
— Eu também te amo, seu idiota. — Taehyung riu, mas também o abraçou mais calorosamente.
— Podemos ir comer agora? Eu estou faminto — ele perguntou, recuando o rosto para olhar para Jimin. O garoto sorriu e concordou. — Eu espero que o seu pai tenha pedido a de pepperoni.
Assim que Taehyung terminou de falar, alguém bateu na porta. Jimin se apressou para abri-la, pois sabia que quem estava atrás da porta era Seokjin. Naquele momento, ele deduziu que a pizza tinha chegado e que o seu pai subiu para avisá-lo.
Quando ele abriu a porta, a primeira pessoa que avistou foi Seokjin, mas, às costas dele, havia alguém. Os olhos de Jimin ficaram levemente entusiasmados quando reconheceram a fisionomia da pessoa que acompanhava Seokjin:
Jungkook.
Ele sorriu para o namorado, apesar de estar confuso quanto a presença dele. Jimin se lembrava perfeitamente de ouvi-lo dizer que tinha um caso para investigar, o que, obviamente, levaria a noite toda. O menino perguntou-se o que tinha acontecido para Jungkook ir até a sua casa de repente.
— Filho, o Jungkook quer conversar com você. — Seokjin informou, afastando-se da porta para que o detetive pudesse se aproximar do garoto.
Jimin não gostou nada da expressão dele. Algo em seu interior lhe dizia que as notícias não seriam boas. Naquele momento, os únicos pensamentos que vinham à sua cabeça diziam que a conversa tinha a ver com Hannah.
— Aconteceu alguma coisa? — o sorriso em seu rosto desapareceu por completo, dando lugar a uma expressão de medo.
— Quero conversar com você em particular. — ele informou.
— Taehyung — Seokjin o chamou, fazendo-o entender que era para se retirar do quarto e deixá-los a sós.
O garoto não contestou a ordem de Seokjin, apenas andou obedientemente até ele e ameaçou fechar a porta a pedido do homem, mas Jungkook segurou-a como se dissesse 'eu cuido disso'. Jimin não tirou os olhos do detetive nem por um segundo.
No momento em que Jungkook fechou a porta, Jimin aguardou que ele dissesse algo, mas, ao encarar o par de olhos assustados à sua frente, o detetive sentiu a necessidade de tranquilizá-lo com um beijo.
Jungkook se aproximou calmamente e selou os lábios na testa do menino, abraçando-o em seguida. Jimin envolveu os braços pelas omoplatas do namorado, respirando o perfume dele misturado à frieza da noite.
— Eu queria muito que você voltasse pra ficarmos juntos, mas não foi por isso que você veio, não é? — Jimin perguntou baixinho, o rosto apoiado no pescoço dele.
Jungkook suspirou.
— Eu gostaria de dizer que não, mas estou aqui por outro motivo. — o menino ergueu o rosto para encará-lo. — Você precisa vir comigo até a Central do FBI. Tem um desenho no seu caderno que se parece com uma imagem que estamos analisando.
— Desenho? Que desenho?
— Não posso dar muitos detalhes, mas vou te explicar quando chegarmos lá. — esclareceu.
— Você realmente vai me explicar o que está acontecendo ou só vai me mostrar a foto do desenho e me perguntar o que significa?
Jungkook apertou as sobrancelhas diante da pergunta do garoto, parecendo intrigado com o comportamento dele. Ele nunca tinha visto Jimin reagir daquela maneira em sua presença.
— Por que está reativo? — perguntou o detetive.
— Eu só queria que você confiasse em mim e me contasse o que está acontecendo — ele respondeu, afastando-se o suficiente para olhá-lo mais firmemente. Jungkook continuou imóvel. — Eu não gosto de sentir que você está me deixando de lado.
— Nós precisamos separar as coisas, anjo.
— O que você acha que eu vou fazer com as coisas que você me contar? — perguntou. — Acha que eu seria capaz de espalhar por aí? De colocar na internet? De comentar com outra pessoa como se fosse uma fofoca?
— Jimin...
— Eu sei que existem coisas que você não pode me falar, mas não é justo que eu fique no escuro enquanto uma gangue está atrás do meu namorado... — Ele fez uma pausa para respirar. — Eu quero estar ao seu lado como antes.
Jungkook não disse nada. Ele continuou em silêncio, reproduzindo as palavras do garoto em sua cabeça. O detetive entendia a frustração de Jimin e o desejo dele em estar ao seu lado da mesma forma que esteve no caso da máfia. No entanto, Jungkook acreditava que mantê-lo longe das investigações o protegeria... até Jimin vomitar aquelas palavras em sua cara.
— Eu preciso de você nessa investigação — Jungkook falou, deixando-o brevemente chateado por ele ter ignorado propositalmente a sua indignação. — Podemos falar sobre isso em outro momento? Eu prometo que vou ouvir tudo o que você tem a dizer.
Jimin demorou alguns segundos para responder, em seguida balançou a cabeça em confirmação. Ele sabia que Jungkook estava correndo contra o tempo para resolver o caso novo e não era justo levantar uma questão a essa altura do campeonato.
— Tudo bem — respondeu. — Eu posso ficar na sua casa após o interrogatório?
— Provavelmente eu não vou dormir em casa hoje, meu bem. — havia um tom de lamentação na voz de Jungkook. — Na verdade, eu nem sei se vou ter tempo de dormir.
— Eu gostaria de te esperar mesmo assim. — Ele fez uma pequena pausa e esfregou os dedos. — Posso?
— Claro que pode. — Aproximou-se do garoto com apenas duas pegadas. — Eu vou adorar se você dormir na minha casa.
— Sozinho — ele acrescentou com uma expressão triste. — Eu queria dormir com você em vez de ficar sozinho, mas eu entendo os motivos.
— Eu prometo que vou tentar te recompensar depois.
Por mais que Jimin estivesse triste com a notícia de que Jungkook não dormiria em casa, ele ainda preferia esperá-lo. Dormir entre os lençóis que ele se deitava toda noite certamente iria trazê-lo conforto em vez de solidão, refletiu.
— Podemos ir, meu bem? — Jungkook perguntou de repente, cortando seus pensamentos ao meio.
— Sim.
— De acordo com o protocolo, eu não posso te interrogar, então a Layla fará isso. — Jimin nem mesmo demonstrou confusão, pois os motivos eram óbvios. — Eu tive que inventar uma desculpa para que me deixassem vir te buscar.
— Eu entendo. — Na verdade, ele gostaria de dizer: "filhos da puta". — Eu prometo que vou tentar te chamar de 'senhor'.
Jungkook sorriu.
— Não será necessário, anjo. — Jimin se derretia por completo toda vez que o ouvia chamá-lo desse jeito.
O detetive abriu a porta do quarto gentilmente e olhou para Jimin, esperando-o passar em sua frente. O menino atravessou ao seu lado, deixando um pequeno rastro de sua fragrância nas narinas de Jungkook. Ele desejou beijá-lo naquele momento, mas seus impulsos foram controlados pela necessidade de terminar o que já tinha começado.
Então, tudo o que lhe restou foi acompanhar Jimin até a saída e desejar que o caso fosse solucionado naquela noite para que pudesse voltar para os braços de seu garoto.
✮✮✮
Sentado na cadeira da sala de interrogatório, Jimin balançava as pernas embaixo da mesa na tentativa de controlar o nervosismo. Ele se lembrava da primeira experiência em uma sala como aquela e as emoções que sentiu não foram nada boas.
A sensação que tinha era de que estava sendo espionado por um turbilhão de micro câmeras e microfones. Querendo ou não, isso lhe despertava um pequeno frio na barriga, pois sentia-se pressionado a falar mesmo que ninguém o forçasse, apenas por estar lá.
À distância, na outra sala, ele observou Jungkook conversando com Yoongi, mas não era possível ouvir o que eles conversavam. Embora pudesse arriscar uma leitura labial, Jimin não quis se dar a esse trabalho. Em vez disso, ele apoiou as mãos na mesa à espera do interrogatório.
Momentos depois, Jungkook entrou na sala, mas não fechou a porta, e caminhou na direção do menino. Jimin continuou na posição em que estava enquanto acompanhava os passos dele com o olhar. O detetive parou na sua frente e pôs as mãos dentro dos bolsos da calça, perguntando em seguida:
— Está tudo bem? — O garoto fez que sim com um movimento de cabeça. — Ótimo. Nós já vamos começar.
Jimin engoliu a saliva após receber o aviso, ciente de que por trás daqueles painéis de vidro estavam alguns superiores da agência. Ele foi distraído pelas pegadas de Layla, que entrou na sala com uma pequena papelada nos braços. Jungkook olhou para ela sobre os ombros, sentindo-a se aproximar rapidamente.
Layla colocou todos os documentos sobre a mesa, mas um deles foi entregue à Jungkook. O detetive levantou um lado da sobrancelha, perguntando-lhe, em silêncio, o que era aquilo.
— É o relatório com todos os resultados do scanner. Imagem por imagem. Detalhe por detalhe. — a mulher informou. — Você vai precisar de tempo para ver tudo.
— Então é melhor eu começar agora — respondeu, olhando de Layla para Jimin e de Jimin para Layla. — Com licença.
O seu olhar, por mais discreto que tenha sido, fez Layla entender o recado. Jungkook estava pedindo a ela para pegar leve no interrogatório e tomar cuidado com as perguntas. Por mais que Jimin não tenha tido o mesmo entendimento, ele percebeu que houve uma comunicação silenciosa entre os dois.
No momento seguinte, Jungkook deu as costas e saiu da sala, deixando-os a sós. Quando a porta foi fechada, o silêncio reinou. Layla arrastou a cadeira e sentou-se de frente para o garoto, observando-o olhar para os painéis repetidas vezes.
— Tem algo te incomodando, Park? — a agente perguntou com gentileza.
— Do outro lado tem pessoas me ouvindo?
— Sim, faz parte do protocolo — respondeu. — Mas não dê importância a isso, você está aqui hoje como uma possível testemunha, não como um acusado.
Mesmo já sabendo disso, o nervosismo de Jimin não diminuiu. Por um momento, ele se perguntou porque Layla estava interrogando-o em vez de Yoongi, mas não demorou a perceber que a escolha partiu, preferencialmente, de Jungkook.
— Nós te chamamos aqui porque surgiu uma evidência que, curiosamente, você já teve contato. — Jimin apertou as sobrancelhas em sinal de confusão. Para esclarecer, Layla pegou o caderno sobre as outras pastas e virou-o de frente para o garoto. — Este caderno é seu?
Jimin observou os detalhes, as cores desbotadas, as rachaduras nos cantos do caderno em decorrência do longo tempo de uso e as suas iniciais no canto superior, fazendo-o ter clareza da resposta.
— Sim.
— Nós encontramos este símbolo em um de seus desenhos. — Layla informou, folheando as páginas até parar naquela que, de fato, era importante. Ela deslizou o caderno para perto de Jimin, fazendo-o ter uma visão melhor do símbolo ao qual ela se referia. — Você se lembra de ter visto esse desenho na boate enquanto esteve lá?
— Sim, eu vi em um cliente.
— Consegue descrever esse cliente?
— Eu não me lembro muito bem do rosto dele, mas lembro que ele era jovem em comparação aos outros homens que frequentavam a boate... — Ele fez uma breve pausa para recapitular os detalhes. — Ele tinha essa marca no braço.
— O que te chamou atenção nela a ponto de querer desenhá-la?
— Eu não faço ideia. — a expressão no rosto de Layla disse a ele que aquela resposta não era suficiente. — Acho que eu queria encontrá-lo de novo, então desenhei algo que só ele tinha.
— Encontrá-lo de novo? Por quê?
— Porque eu pensei que ele fosse um policial disfarçado. — Layla cruzou as mãos sobre a mesa, fazendo-o entender que esse detalhe a interessou. — Ele parecia diferente dos outros e falava diferente também. Na hora, eu pensei que ele podia ser um policial disfarçado, então desenhei algo que só ele possuía para eu poder localizá-lo.
— Você chegou a conversar com ele?
— Sim. — respondeu. — Eu o vi sozinho em uma mesa, olhando em torno da boate como se estivesse atrás de algo. Nesse dia eu estava na área das bebidas, então aproveitei a oportunidade para me aproximar e oferecer um drink. Diferente dos outros homens, ele não me olhou com desejo.
— O que vocês conversaram?
— Eu perguntei se ele gostaria de tomar um drink, mas ele já estava bebendo outra coisa, então recusou. — explicou. — Ele perguntou o meu nome e a minha idade, mas eu não tive coragem de falar a verdade porque sabia que os clientes gostam de garotos mais novos, por isso eu respondi que tinha vinte anos.
— E o que ele respondeu?
— "Você ainda não tem idade para vender bebidas". — Jimin repetiu as mesmas palavras do sujeito. — Ali eu tive certeza que tinha algo errado. Fiquei me perguntando se ele estava investigando boates ilegais, então decidi me arriscar a perguntar se ele conhecia o serviço que a boate oferecia.
— E então?
— Ele se inclinou sobre a mesa e me pediu para contar sobre os serviços, mas eu não tive coragem de falar em voz alta o que fazíamos. — Jimin engoliu a saliva e olhou, de relance, para a câmera que lhe observava. — Foi nessa hora que eu vi a tatuagem e perguntei o que era aquilo. Ele respondeu que representava um grupo do qual ele fazia parte e as pessoas desse grupo eram chamadas de 'Justiceiras'.
— Você perguntou o porquê?
— Sim, mas ele não me respondeu. — Layla suspirou, como se já esperasse por aquela resposta. — Foi por causa disso que eu pensei na possibilidade de ser um policial, afinal policiais são justiceiros, não?
— É o que acha que somos? — Jimin deu de ombros.
— Bom, é o que vocês deveriam ser. — Layla não reagiu. — De qualquer forma, depois que fiz o desenho, eu percebi que não fazia sentido policiais terem uma marca, porque deixaria óbvio a identidade que vocês tanto lutam para manter em segredo.
Layla ficou impressionada com o raciocínio do garoto, mas não comentou nada sobre isso.
— Você acha que consegue descrever as características desse sujeito para a equipe de Arte Forense?
— Posso tentar.
— Ótimo, já é um bom começo. — ela respondeu. — Você se lembra de ter visto essa marca em outras pessoas da máfia?
— Não.
— Nem mesmo na Hannah? — Jimin sentiu os músculos do corpo congelarem de repente.
— A Hannah não é da máfia — ele corrigiu.
— Mas a srta. Miller está com a marca. — Jimin ficou surpreso com o que ouviu. — Você sabia disso?
— Não!
— Essa mesma marca está no sujeito com quem a srta. Miller conversava às escondidas. — Layla pontuou, consciente das informações que lhes foram autorizadas a falar. — Você teve contato com duas pessoas que tinham essa marca, Jimin, o que te torna próximo a esse grupo de alguma forma.
— Eu não sou cúmplice!
— Sabemos que não, mas qualquer mínimo contato com um grupo terrorista te coloca em posição de alvo. — A expressão no rosto de Jimin era de puro choque. — Vou te pedir para me acompanhar até o setor de Arte Forense e, em seguida, te encaminhar para um lugar protegido.
— Eu não vou a lugar nenhum! — Sua voz estremeceu. — Não é justo que eu seja o alvo de novo.
— Você pode se tornar um alvo a partir do contato que teve com alguns membros dessa facção. Além disso, há um desenho feito por você que pode te comprometer se cair em mãos erradas. — Jimin balançou a cabeça para os lados, inconformado. — Estamos investigando quem são as pessoas desse grupo, mas enquanto não tivermos todos os nomes, nem você nem ninguém estará seguro.
— Eu não vou ficar preso em um lugar ultrassecreto como se fosse um cativeiro. Não é a mim que eles querem ferir!
De repente, a porta da sala foi aberta, atraindo o olhar de Jimin, que sentiu o coração acelerar ao se deparar com Jungkook. O detetive invadiu o lugar com pegadas largas, não parecendo contente com o andamento da entrevista
— O interrogatório acabou — ele falou diretamente para Layla, que não contestou às ordens de seu diretor.
— O que está fazendo? — Jared também entrou na sala, confrontando-o pela interferência.
— O que temos já é suficiente — respondeu.
— Não é você quem decide isso — Jared rebateu. — Layla, prossiga com a entrevista.
— Eu estou no comando desta investigação, inspetor, portanto sou eu quem dou as ordens aqui.
Jimin podia ver as faíscas saltando dos olhos dos dois enquanto eles se encaravam. Jared não gostou de ouvir aquela fala, mas tentou manter a compostura para não dar indícios de seu desagrado.
— Acredito que mais perguntas podem ser feitas para o garoto — disse o homem, mantendo o tom de voz equilibrado. — Não há motivos para interromper o interrogatório.
— As únicas informações que nos interessam já estão registradas. — Ele não parecia inclinado a ceder. — Podemos encerrar por aqui.
Jared apertou os ossos da mandíbula, indignado, mas não manifestou objeção, visto que não era o momento para começar uma discussão de poderes. Ele apenas permitiu que as palavras de Jungkook fossem validadas.
— Tudo bem, vamos terminar por aqui — reforçou o homem. — Obrigado por ter colaborado com a investigação, Park. Está dispensado.
Jimin olhou para o namorado só para confirmar se estava tudo bem, observando-o gesticular a cabeça em um discreto sim. O menino, então, ergueu-se da cadeira, mas, antes que fizesse qualquer outro movimento, Jungkook disse:
— Eu o acompanho até o setor de Arte Forense.
Jared não comentou nada sobre aquilo, até porque ele sabia que Jungkook não estava lhe pedindo permissão. O seu silêncio foi entendido por Jimin como uma forma de ele se manter neutro, não concordando nem discordando. Era óbvio que o inspetor tinha engolido, contra sua vontade, o que quer que estivesse prestes a dizer.
Quando o menino observou o namorado dar as costas, ele se apressou, aos tropeços, para acompanhá-lo. O detetive marchou, em silêncio, conduzindo Jimin por um corredor afastado das salas de interrogatório, mantendo os ouvidos atentos aos passos do menino para garantir que ele estava ao seu lado.
O garoto lançou um olhar de esguelha para os lados, percebendo alguns olhares à sua esquerda. O seu estômago se contraiu imediatamente, fazendo-o lembrar do dia em que a tripulação descobriu sobre o seu romance com Jungkook.
Seus pensamentos foram soprados para longe quando a porta do elevador abriu. Jungkook solicitou que ele entrasse primeiro, acompanhando-o em seguida. O garoto ficou encostado no corrimão enquanto o namorado digitava algo na máquina.
Após a porta fechar, Jungkook voltou sua atenção para Jimin. O estômago do garoto se revirou de tanto desconforto, principalmente quando se recordou das perguntas de Layla. Agora ele entendia o que podia estar por trás da facção, mesmo não sabendo todos os seus objetivos.
— Eu vou precisar me esconder em um lugar ultrassecreto? — Jimin perguntou quando começou a se sentir incomodado com o silêncio.
— Não é necessário, meu bem.
— Por que você não me falou? Por que não me contou que a Hannah tinha essa marca?
— Porque eu soube disso horas atrás — respondeu. — A Hannah está no hospital, mas está bem. Aparentemente as memórias voltaram, mas enquanto não for uma certeza, quero evitar que você se aproxime dela.
— O que aconteceu com ela?
— Ainda não sabemos, mas a CIA a encontrou desacordada em um matagal. A perícia vai analisar a cena do crime para saber se houve alguma tentativa de homicídio. — Jimin parecia em choque com as informações recebidas. — Eu não acho que esse seja o melhor momento para te contar tudo.
— Então você pretende me contar tudo?
— Apenas o que for necessário. — Jimin suspirou. — Entenda, meu bem, existem informações que eu não posso compartilhar com ninguém.
Um pouco da tensão foi drenada do corpo de Jimin ao refletir sobre as palavras dele. Por mais que quisesse saber de tudo, o garoto compreendia os limites impostos no protocolo no que se refere ao compartilhamento de informações. Portanto, Jungkook não estava errado em manter certos dados em sigilo.
— Tudo bem, gatinho. — Ele se afastou do corrimão onde estava apoiado e se aproximou do namorado. — Eu só quero que você tome cuidado. A ideia de te perder me machuca muito.
— Você não vai me perder, anjo. — Jimin sentiu um leve formigamento atrás do pescoço após ouvir as palavras dele. — Eu vou te levar para casa assim que você terminar o retrato falado e amanhã cedinho estarei com você.
— Posso dormir na sua cama?
— Eu não aceitaria que dormisse em outro lugar.
Jimin deu a ele um sorriso fofo e então tocou-lhe os ombros com as mãos.
— Gatinho... — Ele fez uma pequena pausa. — Você acha que eu estou correndo perigo? Layla disse que posso me tornar um alvo a qualquer momento.
— Eles não querem você, eles querem a mim e ao FBI — respondeu. — Mas a Layla não mentiu quando disse que você pode se tornar um alvo. A nossa relação é o meu ponto mais fraco e eles podem querer te usar para me ferir.
— Então eu estou correndo perigo...
— Ainda não, meu bem. — Jimin o encarou. — E eu prometo que vou fazer o impossível para que continue assim. Se depender de mim, eles não vão tocar em um fio de cabelo seu.
Jimin permaneceu calado, olhando-o com uma expressão esperançosa. Ele o conhecia o bastante para assegurar que Jungkook estava com sangue nos olhos. O garoto já tinha provado desta impiedade quando o assistiu matar Derek.
Em silêncio, Jungkook se aproximou dos lábios dele e os beijou, sentindo o doce sabor que o fazia lembrar de momentos únicos. Ele gostaria de beijá-lo da mesma forma que o fazia quando estavam a sós, mas a situação não o permitia. Por isso, o contato de suas bocas não demorou mais que cinco segundos.
— Eu vou estar te esperando. — Jimin reforçou.
Jungkook selou a testa dele com os seus lábios, sentindo o coração apertar com aquelas palavras. Quantas vezes Jimin teria que esperá-lo? Quantas vezes ele sentiria medo de algo dar errado? Quantas vezes Jungkook teria que mudar de assunto para não assustá-lo com a verdade?
Naquele momento, o detetive chegou à conclusão que o seu menino não podia mais viver com medo e que, devido a isto, estava na hora de retomar as aulas de defesa pessoal, incluindo, desta vez, o uso de armas e outros mecanismos de defesa.
Ele ensinaria Jimin a lutar e a perceber os inimigos como um policial.
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Oi, meus amores, tudo bem com vocês? O cap ficou curtinho, mas espero que tenham gostado.
No próximo capítulo vamos ter muitos mimos jikook (eu juro!) e tá vindo uma coisa boa por aí pro nosso casal... o que será? Apenas aguardem!
Vou tentar atualizar mais rápido dessa vez já que meu TCC está praticamente finalizado e espero de coração que vocês não abandonem a estória caso eu atrase a atualização, tá bom?
Se cuidem direitinho e bebam bastante água! <3
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