thirty one᠉
A estratégia de Caleb para que Jungkook e Jimin ficassem a sós pareceu ter dado certo. Eles tiraram o tempo para desfrutar da companhia um do outro, tomar decisões importantes e definir os próximos passos no relacionamento.
Jimin valorizava esses instantes, pois eram uma oportunidade para expressar seus sentimentos e compreender os de Jungkook, fortalecendo os pontos positivos e trabalhando nos aspectos que precisavam de atenção.
Desde que manifestou sua vontade de ter a primeira vez com Jungkook, o garoto não parou de pensar nisso. Embora tivesse compartilhado com ele como imaginava o momento e o que esperava, Jimin sabia que isso não diminuiria a intensidade de sua expectativa.
Sentia-se nervoso, almejante e, sobretudo, confiante. O último, por não ser um sentimento comum, deixava-o assustado e, ao mesmo tempo, satisfeito. Ele gostaria de experimentar esse tipo de confiança com mais frequência em sua vida.
Após pegar os óculos de proteção e os fones de ouvido em um pequeno baú no depósito, Jimin dirigiu-se até um espaço amplo que ficava em outra área do galpão para dar início aos seus treinamentos.
Avistou, à distância, o namorado terminando de pendurar os alvos de papel e não pôde evitar um sorriso. Tentou caminhar na pontinha dos pés para surpreendê-lo, mas seus passos rangeram o assoalho e chamaram a atenção de Jungkook.
O namorado se virou rapidamente e Jimin viu o sorriso largo em seu rosto, o que lhe deu a certeza de que sua chegada já estava sendo aguardada.
— Você estragou a minha surpresa — Jimin disse, forçando uma expressão de desapontamento.
Jungkook deu um passo à frente, aproximando-se dele até que suas mãos alcançassem a cintura de Jimin. O sorriso do garoto se ampliou à medida que a expressão de falso desapontamento desaparecia.
— Não pude resistir ao seu cheiro. — O detetive respondeu com um tom sugestivo.
Jimin sentiu as bochechas esquentarem de repente, mas isso não foi suficiente para impedi-lo de roubar um beijo do namorado. Ele olhou sobre os ombros de Jungkook e observou a distância entre ele e o alvo.
— Vamos praticar tiro ao alvo? — perguntou.
— Sim, anjo.
— Acho que a minha mira não está muito boa. Faz tempo que não pego em uma arma.
Jungkook se desvencilhou dele e ergueu uma arma, em seguida disse:
— Isso não é mais um problema.
Jimin sorriu de nervoso.
— Então já podemos começar, meu professor.
Se dependesse de Jungkook, ele passaria o resto do dia enlaçado nos braços de Jimin, beijando-o, mas também tinha de dar prioridade aos treinamentos.
— Coloque os óculos e os fones, meu bem — solicitou.
Jimin executou o que lhe fora pedido enquanto Jungkook pegava o estojo de munições. Eles tinham separado aquela sala para guardar os equipamentos de operação e realizar os treinamentos.
Por um momento, Jimin se perguntou se a estrutura daquele lugar era adequada para receber treinamentos com armas de fogo e rapidamente percebeu que o estande tinha uma largura proporcional para esse tipo de prática.
— Se lembra de como manusear uma arma? — Jungkook perguntou, atraindo os olhos do garoto na direção dos seus.
— Posso tentar.
O detetive sorriu e entregou o instrumento nas mãos do garoto, dando-lhe um beijo de boa sorte antes de recuar dois passos. Jimin mirou no alvo e tentou lembrar-se das instruções de Jungkook quando treinaram pela primeira vez.
Ele não se recordava do passo a passo, tampouco dos nomes técnicos, mas lembrava-se de uma orientação que Jungkook fez: "só coloque o dedo no gatilho quando estiver com o alvo na mira".
Com os braços esticados, Jimin apontou para o alvo e inclinou a cabeça para alcançar a mira. Ele puxou o cão para destravar e posicionou o dedo no gatilho, respirando fundo antes de apertá-lo com um clique. No entanto, não houve som de disparo.
Confuso, Jimin olhou para o namorado com as sobrancelhas enrugadas e rapidamente percebeu que ele não carregou a arma de propósito, uma vez que queria testar outra habilidade de Jimin: a atenção.
— Muito espertinho... — Jimin disse e esticou a mão em um pedido. — Os cartuchos.
Jungkook entregou-lhe o pente com um sorriso sugestivo e cruzou os braços contra o peito. Jimin inseriu o objeto no cabo da arma e retomou a posição. Ele focou no alvo e disparou, mas o tiro acertou fora do círculo. Respirando, ele tentou outra vez, mas, novamente, o projétil não atingiu o lugar desejado.
— O que há de errado? — Jimin resmungou. — Eu não consigo fazer o principal, que é acertar o maldito alvo.
— Você está se adaptando, anjo — Jungkook respondeu gentilmente e trouxe uma garrafa de água para ele. — Beba um pouco e respire.
O garoto pegou a garrafa e tomou alguns goles do conteúdo, devolvendo-a para o namorado em seguida. Jungkook colocou a garrafa no chão e dirigiu-se até as costas de Jimin, que sentiu um breve arrepio na nuca quando o namorado se aproximou por trás.
— Acima do cano da arma existem dois pontos verdes e um ponto vermelho. Você tem que posicionar o ponto vermelho entre os verdes para acertar o alvo. — A explicação de Jungkook clareou as dúvidas de Jimin. — Vamos fazer o teste e ver como você se sai.
Com a ajuda de Jungkook, o garoto esticou os braços na altura do peito e pôde visualizar os pontos coloridos que o namorado mencionou. Ele centralizou o vermelho entre o par verde e apertou o gatilho, fazendo o tiro correr em disparada na direção do alvo e acertar uma parte do círculo.
— Muito bem, tente de novo — Jungkook instruiu.
Jimin manteve a mesma posição e lutou para não tremer os braços, em seguida executou outro tiro. Desta vez, o projétil alcançou o arco mais próximo do eixo principal, fazendo o garoto sentir um misto de surpresa e felicidade.
— Você viu!? — Jimin perguntou com entusiasmo e olhou para o ponto atingido. — Eu quase acertei o centro!
— Você foi incrível, meu bem — apreciou-o. — Continue fazendo desse jeito, você está indo bem.
— Vou ganhar uma arma quando aprender a atirar?
— Com certeza. — Ele apontou com o queixo para o revólver que Jimin segurava. — Essa, inclusive, pode ser sua.
Jimin apreciou o instrumento por um instante e se imaginou levando-o consigo para outros lugares. Ele não fazia ideia de como era portar uma arma, mas podia se acostumar com a ideia com o passar do tempo.
— Vamos de novo — Jungkook disse, recuando três passos e cruzando os braços. — Atire quando tiver certeza de que o alvo está na sua mira.
— Posso fazer uma pergunta? — Jungkook murmurou em afirmação. — Se eu estiver diante de um deles, não posso pensar muito, tudo que tenho que fazer é atirar. Como faço para não errar a pontaria?
— Pratique.
— E se eu errar? Não posso me dar ao luxo de errar um tiro.
— Não fique preso na possibilidade de errar e sim na ideia de acertar — aconselhou. — Quanto mais praticar, mais habilidoso você vai ficar.
— Qual é o segredo?
— Não ficar nervoso, a calma ajuda a manter o foco.
Jimin suspirou e virou-se de frente para o estande de tiro. Ele pensou em desistir ali mesmo, pois sabia que em uma situação de alto risco a sua mente não conseguia manter o foco. Uma parte sua, no entanto, estava convencida de que ele podia dominar esse lado.
Com um suave movimento, Jimin engatilhou o revólver e focou no alvo, tentando não deixar os pensamentos tirarem a sua atenção. Ele pensou unicamente em acertar o alvo e atirou duas vezes seguidas, surpreendendo-se quando percebeu que um dos disparos roçou o disco principal.
Jimin puxou o cão outra vez e apertou o gatilho, fazendo o projétil atingir o mesmo lugar de antes. Impressionado com o próprio desempenho, o garoto olhou para Jungkook por cima do ombro, observando-o com um sorriso enorme no rosto.
Pela reação do namorado, Jimin soube que ele também estava orgulhoso do seu desempenho.
— Você está evoluindo muito rápido, anjo — Jungkook comentou, aproximando-se dele com passos cautelosos.
— Acho que eu mereço um presente pelo bom desempenho, não?
O sorriso de Jungkook cresceu.
— Eu tenho vários presentes para te dar. — Havia uma sugestão contida por trás de suas palavras.
Jimin sentiu um arrepio percorrer seu corpo inteiro no momento em que Jungkook o alcançou e segurou a sua cintura, fazendo os seus quadris colarem. A arma em sua mão quase despencou, mas ele a segurou firmemente enquanto encarava os orbes escuros do detetive.
Jungkook retirou a arma da mão de Jimin gentilmente e a colocou sobre um suporte, sem desviar o olhar do dele. O garoto teve a sensação de que suas pernas estavam fraquejando e que a qualquer momento cederiam.
— Vamos treinar a sua defesa primeiro — Jungkook acrescentou após um instante de pausa.
— Não era bem essa resposta que eu esperava ouvir.
O detetive riu.
— Primeiro o seu treinamento, depois o seu presente — assegurou.
— Se você resistir...
Ele o provocou e roubou-lhe um selinho com direito a uma mordida no final, apenas para dar a Jungkook uma amostra do que ele perdeu, depois afastou-se. O detetive ficou estático por um instante, cogitando mudar de ideia e puxá-lo para os seus braços.
No entanto, o pensamento que prevaleceu foi outro. Apesar de desejar muito, conduzir o garoto para um canto afastado e beijá-lo, Jungkook sabia que não podia continuar atrasando os treinamentos dele.
Com esse pensamento na cabeça, Jungkook pegou o revólver que Jimin usou e removeu o pente. Em seguida, dirigiu-se até o lugar onde o garoto estava e entregou-lhe o instrumento.
— Já tentou desarmar alguém antes? — Jungkook perguntou.
— Não, professor. — Jimin o encarava como se desafiasse a resistência do namorado. — O que eu devo fazer?
— Fique em posição de disparo — orientou, observando-o recuar dois passos e esticar os braços para frente. — Muito bem, agora preste atenção.
Com um ligeiro movimento, Jungkook projetou o corpo para o lado e agarrou o pulso de Jimin para desfazer a linha do tiro. Ele usou o cotovelo para entortar o braço do garoto, não de maneira agressiva ou brusca, e o impulsionou para baixo, fazendo a arma cair no chão.
Impressionado, Jimin olhou para o namorado, depois para a arma, em seguida voltou-se para Jungkook. Ele sequer teve tempo de agir, simplesmente foi desarmado em um piscar de olhos.
Diante da agilidade do detetive, Jimin não conseguiu calcular os movimentos dele para reproduzi-los. Ele assistiu Jungkook agachar para pegar o revólver e devolver-lhe.
— Agora é a sua vez, anjo — disse. — Vou te ensinar como fazer.
Jimin firmou a arma na mão para se certificar de que não seria surpreendido de novo e voltou à posição inicial. Ele esperou que Jungkook repetisse o movimento anterior, mas o detetive apenas lhe passou as instruções:
— Antes de saber como reagir, você precisa entender em que contexto está e que tipo de arma está sendo apontada para você — explicou. — Se for uma arma branca, a forma de se defender será diferente, mas vamos usar a arma de fogo como exemplo, já que esse grupo é potencialmente armado.
— Devo me preocupar com o "potencialmente armado"?
— Respire fundo — Jimin respirou pelo nariz e soltou o ar pela boca lentamente. Considerando que a sua pergunta não foi respondida, o garoto interpretou como quis. — O primeiro passo é sair da linha do tiro, o segundo é deslocar essa linha para outra direção, normalmente escolhemos o céu ou o chão.
— Como devo fazer isso?
— Em primeiro lugar, considere o espaço entre você e a arma. É importante gerenciar a distância para não ser surpreendido — esclareceu. — Se você estiver a uma longa distância, jamais tente agarrar a arma para mudar o curso dela, em vez disso, tente fugir da linha do tiro.
— E se eu estiver a uma curta distância?
— Segure o pulso do adversário e tente enfraquecer o braço dele, atingindo-o em seu ombro várias vezes até a arma cair, exatamente como eu fiz.
— Pode fazer uma demonstração, gatinho?
Jungkook acenou em afirmação e solicitou que Jimin ficasse em posição. Quando o garoto o fez, ele agarrou o seu pulso devagar e o empurrou para cima, mudando o curso do revólver. Em seguida, torceu o braço dele até fazê-lo perder a força e a arma despencar no chão.
Ele repetiu os mesmos movimentos três vezes para que Jimin captasse as habilidades defensivas. O garoto hesitou no momento em que Jungkook transferiu o comando para ele, convidando-o a reproduzir o que lhe fora ensinado.
— Agora é a sua vez — o detetive disse.
Com isso, Jimin executou os mesmos movimentos que Jungkook, fazendo a arma ir de encontro ao chão. Na segunda tentativa, o detetive colocou um pouco mais de dificuldade, mas o garoto conseguiu driblar e conquistar o objetivo final: derrubar o revólver.
— Você está indo bem — Jungkook elogiou. — Vamos dificultar as coisas agora.
Jimin escondeu um sorrisinho de triunfo, mas não o nervosismo quando Jungkook dirigiu-se até o interruptor do cômodo e apagou as luzes.
— Não vamos usar a arma, apenas o contato físico. — A voz do detetive ecoou no escuro, fazendo Jimin supor que ele ainda estava parado ao lado do interruptor.
— Brincadeira no escuro, é?
Jungkook riu.
— Eu aprecio o escuro. — desta vez, sua voz estava mais próxima de Jimin.
Decidido a fazer uma brincadeira com o namorado, Jimin retirou os sapatos e começou a andar na pontinha dos pés. Ele tateou a parede em busca de apoio e procurou algo que fosse servir de esconderijo.
Ele sabia que, mesmo no escuro, Jungkook ficava atento a tudo. Jimin sequer conseguia ouvir a respiração do namorado, mas podia senti-lo à espreita.
Em instantes, o garoto localizou uma pequena mesa encostada na parede e agachou próximo dela. Sua audição aguçou na tentativa de captar os passos de Jungkook, mas tudo naquele cômodo parecia silencioso.
Muito ligeiramente, Jimin sentiu um par de pernas parar na sua frente, deixando-o brevemente surpreso com a tamanha rapidez com que Jungkook o encontrou. Ele pensou que poderia enganar o namorado por mais alguns minutos, mas, aparentemente, Jungkook decifrou as suas ideias muito mais rápido do que ele imaginava.
Após ser descoberto, Jimin ergueu-se e sentiu a mão de Jungkook escorregar até os seus cabelos, fazendo-o ter certeza de que eles não estavam mais treinando.
— Não é divertido brincar com você — disse Jimin com um tom de brincadeira.
— Quem disse que estamos brincando? — Seu hálito acariciou o rosto do garoto.
Jimin sorriu, mas Jungkook não pôde apreciar seu gesto.
— O que eu tenho que fazer agora? — o garoto perguntou e desejou que Jungkook lhe pedisse um beijo.
— Tente escapar de mim. — Essa não era a resposta que o garoto queria ouvir.
Jimin se perguntou como fugiria no escuro, visto que não estava enxergando nada. No entanto, ele percebeu que o objetivo de Jungkook era justamente provocar os seus sentidos auditivos, olfativos e táteis.
Ciente disso, Jimin se desvencilhou de Jungkook e correu, torcendo para não tropeçar em nenhuma mochila no chão. Ele se arrependeu de não ter observado o lugar com mais atenção quando Jungkook o conduziu até lá.
O cômodo era amplo, o que facilitava a sua tentativa de escapatória. Obviamente, Jungkook não escolheu aquele lugar à toa.
Jimin olhou ao redor da sala, mas tudo estava engolido pela escuridão, o que dificultava a sua análise mental. O silêncio, obviamente, estava a favor de Jungkook, visto que ele podia calcular o movimento dos seus pés e o barulho da sua respiração.
Jimin sabia que Jungkook era bom nisso.
Por isso, a sua estratégia foi implantar falsos sons para o detetive confundir a sua localização. Com esse pensamento em mente, Jimin tirou o anel do dedo e o lançou em outra direção, fazendo-o rolar sobre o assoalho e bater em algo.
Era difícil saber se a sua estratégia funcionou, mas algo lhe disse que Jungkook não cairia tão fácil nos seus truques. Jimin tentou localizar o estande de tiro, ciente de que estava perto, e deslizou os pés na direção que a sua mente indicou.
No meio do caminho, Jimin pisou na arma que usou para o treinamento e se amaldiçoou através de um sussurro. Rapidamente, ele se agachou, pegou o revólver e alcançou o armário que guardava as munições, lembrando-se de que havia um estreito espaço entre o armário e a parede.
No entanto, antes que pudesse se espremer na pequena abertura, um par de mãos tocou-lhe a cintura, fazendo um intenso arrepio percorrer a sua pele. Jimin não conseguiu se mover a princípio, o toque de Jungkook simplesmente o paralisou.
— Não estamos mais treinando, estamos? — Jimin conseguiu verbalizar enquanto sentia as mãos dele deslizando até a sua barriga.
— Não.
— Então por que me pediu para escapar?
Sem dizer nada, o detetive girou o corpo do garoto de frente para o seu e colou seus quadris sutilmente. Jimin não teve tempo de pensar sobre o que ele faria a seguir, apenas sentiu seus lábios sendo tocados pelos de Jungkook.
As sensações de beijar no escuro são coisas que Jimin normalmente aprecia: o frio na barriga por não prever o momento exato que o outro vai beijá-lo, a expectativa de sentir os lábios de Jungkook contra os seus e as imaginações que a sua mente fabrica quando fantasia as expressões do detetive.
Tudo isso, e muito mais, o deixava tonto de desejo.
Jungkook raspou sua língua entre os lábios dele, enviando arrepios por todo o corpo de Jimin. Os dedos do garoto mergulharam nos cabelos do detetive, fazendo-o perder o controle rapidamente.
Ele ergueu o corpo de Jimin e o fez entrelaçar as pernas em sua cintura. Por mais que tenha sido pego desprevenido, o garoto se agradou com a atitude do detetive e sentiu-se derreter entre os braços dele.
A flexibilidade de Jimin permitia que ele executasse movimentos de grande amplitude sem qualquer dificuldade. Se Jungkook o soltasse ali mesmo, o garoto certamente conseguiria se manter agarrado a ele devido ao controle de seus músculos inferiores.
O beijo, antes suave e vagaroso, começou a esquentar em poucos instantes. Algo dentro do garoto fraquejou no momento em que a boca de Jungkook perambulou para o seu pescoço e sugou gentilmente a sua pele.
Uma batida hesitante veio da porta, fazendo Jimin pular do colo de Jungkook bem a tempo de ver alguém abrindo a porta lentamente. O detetive recuou um passo e olhou na direção da entrada, avistando a silhueta de Caleb à distância.
O hacker acendeu as luzes e se assustou quando observou o casal imóvel no meio do cômodo. Pela sua reação, estava claro que Caleb não fazia ideia de que eles ainda estavam treinando no local e isso certamente se dava ao fato das luzes estarem apagadas.
— Oh, perdão... Eu não queria interromper. — Ele fez uma pausa e dividiu um olhar entre Jungkook e Jimin. — Eu vim atrás de vocês porque o pessoal acabou de chegar com os armamentos.
— Já estamos indo — Jungkook respondeu.
Caleb balançou a cabeça em compreensão e fez menção de fechar a porta.
— Caleb — A voz do detetive o interrompeu. — Yoongi está com eles?
— Sim, todos estão aqui, menos a Layla.
— Obrigado.
Caleb fechou a porta após se despedir, deixando-os a sós novamente. O detetive olhou para Jimin com um olhar provocativo e o avistou mordendo o lábio inferior para conter uma risadinha. Naquele momento, Jungkook soube que o garoto compartilhava o mesmo pensamento que ele: fingir inocência após ser pego no flagra.
— O que será que ele pensou? — Jimin perguntou com tom meramente sapeca.
— Aposto que não desconfiou de nada.
Jimin riu, uma risada gostosa que fazia o detetive se lembrar de uma melodia de que ele gostava.
— É melhor irmos antes que mais alguém apareça aqui — disse Jungkook e envolveu o braço nos ombros do garoto, conduzindo-o para fora do cômodo.
Por mais que quisesse ficar a sós com Jungkook, o garoto sabia que ter privacidade não era nada muito esperado naquele lugar.
Eles seguiram até o compartimento onde os outros estavam. Jimin sentiu um pequeno desconforto quando avistou, à distância, o agente Hayes. Ele recebeu o olhar de Nathan no momento em que a sua presença e a de Jungkook chamaram a atenção dele.
Jimin não queria se sentir dessa forma sempre que outra pessoa olhasse para Jungkook, mas não podia simplesmente fingir que os olhares de Nathan para o seu namorado não o incomodavam, mesmo que fossem sem intenção. Ele odiava sentir que uma parte sua se comparava com a beleza daqueles que julgava ser um possível concorrente.
E com o agente Hayes não era diferente. Ele era bonito, Jimin tinha de admitir, e trabalhava no mesmo ramo que Jungkook. Saber que eles já atuaram juntos acidentalmente e que Jungkook esteve na casa dele dava a Jimin a certeza de que eles tiveram mais contato do que deveriam.
O garoto sentiu uma pequena quantidade de ácido arranhar sua garganta quando esses pensamentos ganharam força. Ele se amaldiçoou por deixar sua cabeça ser invadida por essas paranoias, pois sabia que Jungkook o amava e jamais faria algo para deixá-lo inseguro.
— Ei, Jungkook, venha ver quantos armamentos conseguimos. — A voz de Ric expulsou o garoto de seu próprio devaneio, especialmente quando o namorado se desvencilhou de si.
O detetive aproximou-se deles rapidamente e observou as bolsas cheias de equipamentos militares espalhadas pelo chão. Havia muitos instrumentos de ataque e de proteção, como coletes balísticos, munições, aparelhos de escuta, escudos à base de aço, vestimentas de segurança contra perfurações, cortes, fragmentos, chamas e arco elétrico.
— Vocês fizeram uma compra e tanto — ele disse em um tom de brincadeira.
— Tem muito mais de onde pegamos esses — Nathan informou. — Soube que o Ric é bom com tiros de longa distância, então eu também trouxe alguns rifles potentes.
— Isso tudo é seu, Hayes?
— Quase tudo.
— Pessoal, tenho uma informação! — Caleb comunicou, chamando a atenção de todos. — Consegui invadir o servidor onde os mercenários negociam os seus serviços. Fiz parecer que sou um mercenário indicado pelo Vladislav, mas para dar seguimento ao plano tenho que ter uma gravação de voz do russo.
— Por que precisa de uma gravação de voz? — perguntou Nathan.
— Porque ele usará a Inteligência Artificial para modificar a própria voz e substituí-la pela do Vladislav. — Foi Yoongi quem explicou, aproximando-se do computador de Caleb. — Onde está o código de acesso, Garner?
— No servidor principal.
— Você entrou como um usuário fantasma, sem chamar atenção? — ele perguntou enquanto consultava alguma coisa no sistema operacional.
— Claro que sim.
— Podemos usar a gravação do interrogatório — Ric pronunciou.
— Ótimo! — disse Caleb. — Eu tenho um estúdio com paredes à prova de som apropriado para isso, os estímulos são quase nulos.
— Acho que você está se esquecendo de um detalhe: eu não sei falar russo. — A preocupação de Nathan atraiu todos os olhares para si. — Como vou me comunicar com o negociador?
— O meu programa pode traduzir a sua fala em tempo real, não se preocupe com isso — Caleb explicou. — Só temos que ter a voz do Vladislav para criar as falas.
— Qual é o seu objetivo com essa gravação? — Nathan perguntou.
— Fazê-lo pensar que o Vladislav tem contato com você e confia no seu trabalho.
— Eles já devem saber que o russo está preso, não vão acreditar nessa história — Jungkook pontuou rapidamente, suspeitando de alguma precipitação por trás do plano de Caleb.
— Então devemos inserir o agente Hayes no programa de mercenários e torcer para algum negociador contratá-lo? — Ric perguntou apenas para confirmar a lógica do diálogo. — Isso pode demorar dias ou meses, não?
— Não se melhorarmos o perfil do Nathan — respondeu Caleb. — Criminosos sanguinários como eles contratam homens com perfis semelhantes. Vamos transformar Nathan no mercenário mais sanguinário de todos.
— Por isso que, para fortalecer o perfil dele, temos que dizer que o Vladislav o conhece, que são amigos — Yoongi acrescentou após um momento de reflexão.
— Eles vão querer uma prova disso — Nathan pontuou.
— É aí que entra a gravação. Vamos criar uma falsa conversa entre você e o Vladislav para usar como prova — Caleb acrescentou, parecendo visivelmente satisfeito com o seu plano.
— Vou providenciar a gravação — disse Yoongi, arrastando a cadeira de Caleb para sentar-se em sua mesa.
O hacker ergueu uma sobrancelha quando Yoongi começou a mexer no seu computador sem aviso prévio. Ele não ficou irritado com a atitude do agente, afinal, mas não pôde deixar de observar uma certa petulância no comportamento de Yoongi.
— Vou levar essas bolsas para o depósito. — Nathan informou de repente, levando alguns segundos para encontrar os olhos de Jungkook. — Pode me dar uma mãozinha aqui, Jeon?
Jimin ficou completamente imóvel depois de ouvir o convite de Nathan, sentindo uma mistura de incredulidade e irritação crescer em seu peito. Ele considerou dizer alguma coisa, talvez rebater a oferta do agente, mas as palavras ficaram presas na sua garganta.
Naquele momento, Jimin desejou que Taehyung estivesse por perto, assim, poderia compartilhar os seus pensamentos com o amigo. Taehyung não poupava a verdade, ele falava o que sentia de um jeito peculiar e isso era o que o garoto mais precisava ouvir no momento.
Jimin foi tomado por um sentimento de indignação, principalmente por não saber se o que estava observando condizia com a realidade ou se era fruto de uma percepção criada pelas suas inseguranças.
Ele assistiu ao namorado caminhar na direção do agente Hayes e pegar três bolsas enormes sobre os ombros. Pensou, a princípio, em ajudá-lo, mas algo pesado paralisou os seus pés.
Jimin olhou para os lados em busca de algo que pudesse usar para se distrair, talvez um livro ou algum documento do caso. Ele queria se sentir útil de alguma forma, mesmo que não fosse um agente como os demais.
No entanto, seus olhos caíram, subitamente, na perna machucada de Jungkook e aquilo despertou um crescente pânico em seu peito, pois o curativo que cobria o ferimento estava vermelho.
— A sua perna está sangrando, gatinho — ele informou ao namorado, observando-o olhar para o próprio ferimento e apertar os cantos da boca. — Acho melhor você não pegar tanto peso.
— Já está na hora de trocar esse curativo, cara — Nathan acrescentou.
Jungkook suspirou.
Ele sabia que tinha de ficar em repouso para que a ferida cicatrizasse, mas, simplesmente, não conseguia. Jungkook não gostava de ficar parado enquanto todos ao seu redor trabalhavam arduamente.
— Eu posso cuidar disso — Jimin respondeu e dirigiu-se até o namorado.
Jungkook sorriu ao vê-lo se aproximar e tirar as bolsas dos seus ombros cuidadosamente, colocando-as no chão. Ele conduziu o namorado até a cadeira mais próxima e pegou a caixa de primeiros socorros que Caleb guardava em uma estante de aço.
— Eu te ajudo com as bolsas, Hayes — Ric se ofereceu quando observou o agente transportar os equipamentos sozinho.
Nathan sorriu em agradecimento e eles seguiram até o depósito de armamentos. Yoongi olhou para Jungkook com um semblante preocupado, principalmente quando Jimin retirou o curativo ensanguentado.
— Os pontos quebraram? — Yoongi perguntou para Jimin.
— Alguns.
— Não foi nada, eu estou bem — Jungkook respondeu, considerando tudo aquilo um grande exagero.
Jimin olhou para ele por um momento, fazendo-o repensar sobre o que disse.
— Quer dizer... eu devo ter exagerado um pouco — reformulou, ainda olhando nos olhos do garoto.
— Olha como ele baixa a guarda para o Jimin — Yoongi comentou entre risos.
— Que bonitinho, não? — Caleb acrescentou, sustentando a provocação de Yoongi.
Jungkook fuzilou a dupla com um olhar assassino, dando a entender que assim que Jimin terminasse o curativo, ele se vingaria daquela zombaria. O garoto, em contrapartida, não conteve a risada.
Jimin pensou que Jungkook fosse protestar, mas ele não disse nada em resposta. Isso serviu para fazê-lo pensar que o detetive concordava, em partes, com a afirmação de Yoongi.
Focado em trocar o curativo de Jungkook, o garoto limpou as laterais do machucado, enxugou o sangue que escorria e colocou a bandagem sobre o ferimento, tomando cuidado para não machucá-lo.
Jungkook não pôde deixar de apreciar o cuidado de Jimin. Seus dedos eram tão delicados que poderiam ser facilmente confundidos com a textura de uma pluma. Ele adorava senti-los, era como se Jimin estivesse tocando em um lápis enquanto desenhava uma nova arte.
— Opa... consegui algo! — Yoongi noticiou com entusiasmo. Caleb aproximou-se dele rapidamente. — Parece que um negociador se interessou pelo perfil do Nathan e quer contratá-lo.
— Quando vocês fizeram o perfil? — Jungkook perguntou com uma certa curiosidade.
— Eu criei para me comunicar com os membros — o hacker respondeu, igualmente surpreso. — Não esperava que eles fossem contratá-lo tão rápido.
— Devemos suspeitar dessa contratação? — Yoongi indagou, parecendo confuso.
— Vamos entrar em contato para ver que tipo de missão eles vão dar ao Nathan — Jungkook orientou, pensando nas possíveis alternativas. — Caleb, prepare o estúdio, quanto mais rápido o agente Hayes entrar em contato com eles, mais tempo teremos de criar um plano de ação.
— Certo.
— Conseguiu a gravação, Yoongi? — Jungkook perguntou.
— Estou cuidando disso. Não é tão fácil entrar nas redes cibernéticas do FBI sem ser percebido — argumentou.
— Talvez não precisemos da gravação agora — Caleb opinou. — O mais importante neste momento é entrar em contato com esse negociador e descobrir quem ele quer matar.
Nathan e Ric retornaram instantes depois. Após ouvir uma parte da conversa, o agente do Serviço Secreto perguntou:
— Alguém se interessou pelo meu perfil?
— Um russo cuja identidade ainda não sabemos — Yoongi informou, analisando alguma coisa no computador. — Vamos aceitar a missão independentemente de qual seja. Temos que pegar as identidades dos usuários anônimos.
— Ok, quando vamos começar?
— Vou preparar o estúdio. Venha comigo — Caleb chamou-o.
— Eu vou com vocês. — O detetive se ofereceu no momento em que Jimin finalizou o curativo.
Ele olhou para o garoto e, através do contato visual, Jimin entendeu que ele estava convidando-o para ir junto. Jungkook estava determinado a participar da conversa com o negociador, embora fosse como ouvinte.
Instantes depois, Jungkook levantou-se com o auxílio de Jimin e seguiu Caleb até uma sala afastada. O lugar era silencioso, talvez o mais silencioso de todos os cômodos, devido às paredes à prova de som.
Jungkook observou um painel de controle digital, onde múltiplas telas exibiam imagens detalhadas dos corredores e compartimentos do galpão. Ele percebeu que, naquela sala, Caleb comandava todas as redes de segurança do galpão e vigiava cada compartimento.
Jimin, ao se deparar com as imagens de segurança na tela, não conseguiu esconder a surpresa que transpareceu em seu rosto. Seu coração deu um salto e ele se perguntou se Caleb os monitorara durante todo o tempo em que ele e Jungkook estiveram no estande de tiro.
A ideia de que estavam sendo observados, como peças em um tabuleiro invisível, mexeu com sua mente de forma inquietante.
Caleb ocupou a cadeira giratória que ficava de frente para o monitor principal e inseriu um código criptografado, fazendo uma página sombria emergir na tela em poucos instantes. Nathan, atento, sentou-se ao seu lado, colocando os fones de ouvido, enquanto Jimin e Jungkook permaneciam à distância.
— Você dirá um código de reconhecimento usado como uma chave exclusiva. Creio que as letras e os números deste código sejam iniciais de pontos estratégicos de territórios de negociação. — Caleb explicou pacientemente.
— Onde está o código? — Nathan perguntou, mais com a intenção de confirmar do que realmente em busca de uma resposta.
Caleb deslizou uma folha de papel com uma leveza quase estratégica em direção a Nathan, que a pegou com um movimento quase imperceptível. Seus olhos correram pelas palavras, absorvendo a sequência, enquanto a mente de Caleb já estava à frente, abrindo o programa de tradução para garantir que nenhuma palavra fosse emitida de forma errada.
— Quando estiver pronto, me avise. Estarei pronto para fazer a chamada — Caleb disse, aguardando o tempo de Nathan.
Nathan posicionou o microfone na boca e arrumou os fones de ouvido. Em seguida, disse:
— Pode começar.
Caleb, sem perder tempo, discou o número que já estava memorizado. Ele ativou o modo de rastreamento, os olhos atentos ao monitor enquanto aguardava que a linha fosse atendida. O som de espera ecoou pela sala, como um relógio marcando o tempo. Quando finalmente a voz do outro lado da linha se fez ouvir, era fria e impenetrável.
— Diga o código.
— H-W-3-5-D-9-F-Y-0 — Nathan respondeu.
Caleb ajustou os controles e se certificou de que a voz de Nathan fosse transmitida com o sotaque russo perfeito, sem qualquer traço que pudesse levantar suspeitas.
— Quem está falando é Igor Petrova? — A voz do negociador soou distante, mas carregada de uma tensão quase tangível.
— Sim.
— Vi que você está na lista de mercenários e que já prestou alguns serviços clandestinos por aí. Pode me falar sobre eles?
— O meu trabalho é sigiloso, costumo falar sobre ele pessoalmente. Os métodos que uso dependem da escolha do cliente. — A resposta de Nathan foi calculada, sem hesitar. Algo na maneira como ele falou parecia ter agradado aos ouvidos do negociador. — Está interessado nos meus serviços, Sr... Como eu devo chamá-lo?
— Viktor Pushkin — respondeu a voz do outro lado, se apresentando de forma fria, mas autoritária. — Sou encarregado de contratar novos mercenários quando surgem grandes ofertas. O seu perfil, pelo que vejo, se encaixa no pedido de um cliente importante.
— Que tipo de pedido ele fez? — Nathan perguntou com a voz firme, mas com a curiosidade disfarçada.
Uma risada baixa e sem humor veio do outro lado da linha, acompanhada de um silêncio calculado. O negociador parecia achar engraçado o interesse, mas, ao mesmo tempo, não estava disposto a revelar muito por telefone.
— Vamos marcar um encontro — ele sugeriu com um tom de voz mais íntimo. — Vou te passar a localização em alguns instantes, Sr. Petrova. Antes disso, preciso saber se está disposto a fazer o que for necessário, sem questionar.
— O que tenho que fazer para provar isso?
— Não se preocupe, a prova de que precisamos está na localização que vou te passar. Siga as minhas instruções e saberemos se você é capaz.
Jungkook refletiu por um momento sobre a resposta do mafioso. Ele não pôde deixar de notar que o tom de Viktor parecia cada vez mais manipulador. Havia uma possibilidade crescente de que o encontro fosse uma armadilha, mas ele sabia que não podiam deixar o medo governar seus passos.
Já era esperado que Viktor fosse requisitar uma prova, afinal, organizações criminosas costumam barganhar esse tipo de acordo. Mafiosos não podiam se dar ao luxo de confiar em qualquer pessoa que demonstrasse um possível interesse, uma vez que infiltrações policiais são mais comuns do que se imaginam.
E o Zakon, obviamente, sabia disso.
A linha ficou em silêncio por um momento, até que Viktor perguntou, com uma provocação que parecia feita sob medida para desestabilizar:
— Onde você está agora, Sr. Petrova? Em que lugar dos Estados Unidos?
Nathan travou, visivelmente tenso, seus olhos se voltando rapidamente para Caleb em busca de algum tipo de orientação. Caleb, no entanto, manteve-se impassível, não oferecendo nenhum tipo de apoio visível. Nathan, portanto, teve que formular uma resposta rápida e convincente.
— Estou em Washington, para um serviço particular. Não posso dar detalhes dos meus negócios, Sr. Pushkin. — A mentira escapou com naturalidade, mas não sem uma leve inquietação.
— Maravilha... — ele murmurou com um tom de satisfação. — O serviço que tenho para você é em Washington.
— Vamos nos encontrar aqui? — Ele estava tentando decifrar as intenções de Viktor.
— Sim. — A resposta veio rápida. — Meu chefe também gostaria de vê-lo, mas, para isso, você terá de provar que merece conhecê-lo. Ele não costuma aparecer à luz da cidade.
— Isso é uma dica de onde eu devo encontrá-lo? — Nathan perguntou, desafiando a subtileza do mafioso.
Viktor riu, um som grave e quase assustador.
— Você é muito esperto, gosto disso — ele o elogiou genuinamente, mas de um tipo perigoso. — Existe uma fábrica antiga em Anacostia, me encontre lá às vinte e três horas.
— Combinado.
— Preciso de uma identificação sua. Apareça no local de jaqueta preta, blusa branca e botas escuras. Nada de bonés ou acessórios que cubram o rosto.
Nathan fez um gesto quase imperceptível para Caleb, como se perguntasse o que dizer em seguida, no entanto, a resposta final veio da voz de Viktor, mais sombria agora.
— Traga alguém com você. — A ordem foi direta e carregada de uma ameaça velada. — Te ligo depois, Sr. Petrova. Não se esqueça de deixar o telefone ligado.
Instantes depois, Viktor encerrou a ligação, deixando a sala brevemente silenciosa e tensa, como se uma cortina tivesse caído sobre todos. Jimin olhou para Caleb, depois para Jungkook, e sentiu a pergunta não dita pairar no ar: por que ele quer que Nathan leve alguém?
O silêncio se arrastou, e foi Caleb quem quebrou a quietude:
— Por que ele quer que o Nathan leve alguém? — Caleb perguntou, sua voz estava cheia de incerteza, mais por uma sensação de desconforto do que de dúvida.
Nathan parecia confuso, a testa franzida com o questionamento.
— Será que ele percebeu que sou uma farsa? — A pergunta escapou de seus lábios.
Jungkook, mais calmo, analisou a situação por alguns segundos antes de dar uma resposta precisa.
— Ele quer te testar. — Nathan olhou para ele, seus olhos mais penetráveis que uma lâmina. — Talvez a pessoa que ele quer que você leve faça parte da prova que o Zakon precisa.
A tensão na sala se intensificou após as últimas palavras de Jungkook. A ideia de que o mafioso estava testando Nathan com um tipo de "prova" não passou despercebida por ninguém, mas havia algo mais profundo por trás disso, algo que ainda não podiam compreender completamente.
Nathan se manteve em silêncio por um momento, refletindo sobre as palavras de Jungkook. Ele sabia que, no submundo das negociações clandestinas, ninguém fazia nada sem motivo. E Viktor Pushkin, com seu comportamento meticuloso e ameaçador, estava claramente em busca de algo a mais do que uma simples informação.
— Que tipo de teste ele está buscando? — Nathan perguntou para Jungkook, tentando manter a preocupação longe de sua voz.
— Não se trata apenas de uma prova de lealdade — disse Jungkook, como se estivesse calculando suas palavras. — O que Viktor está pedindo não é só sobre confiar em você, mas em quem você vai escolher para levar consigo. Ele está criando um cenário onde o "teste" pode ser uma escolha entre vida e morte.
Jimin franziu a testa para a resposta do namorado. Ele pensou, por um momento, que o mafioso provavelmente estava tentando manipular algo invisível, e usaria a presença de outra pessoa como uma forma de testar as vulnerabilidades do agente Hayes perante as missões.
— Quem vamos levar? — Caleb perguntou, rompendo, finalmente, o silêncio. — Do nosso grupo, eu sou a única pessoa que não está na lista deles, mas não sou bom com operações em campo.
— Tenho uma sugestão mais ousada: e se eu levar alguém que está na lista deles? — A pergunta de Nathan intrigou Jungkook. — Podemos organizar um cenário onde eu pego um dos alvos. Assim, ganho a confiança dos mafiosos.
— Esse plano é muito arriscado — Caleb afirmou. — Qualquer pessoa que você levar pode ser assassinada.
— Não se criarmos um plano tático de invasão — Nathan respondeu.
— Invadir um território dominado por capangas russos? Nem pensar! — Caleb não parecia de acordo com a estratégia do agente Hayes. — Não temos reforços nem nada que nos ajude a criar um plano defensivo.
— É um ponto de negociação, eles não vão levar muitos homens — Nathan retrucou, soando firme em sua decisão. Ele olhou para Jungkook em seguida e disse: — O que você acha disso, Jeon?
Jungkook permaneceu em silêncio por um momento, com os olhos fixos em um ponto distante. Ele sabia que Nathan tinha razão em pensar que um plano agressivo poderia ser uma boa jogada, mas também entendia a gravidade do risco. Eles estavam prestes a entrar em um território desconhecido, e tudo podia dar errado muito rapidamente.
Jungkook compreendia que entregar alguém da lista dos mafiosos não era apenas um risco para quem fosse escolhido, mas também significaria perder uma carta importante no jogo que estavam jogando.
— A ideia de levarmos um alvo pode funcionar, mas só se conseguirmos manter o controle da situação. Se der errado, tudo vai se voltar contra nós — Jungkook falou com calma. — Se você escolher alguém da lista deles, você tem uma vantagem. Talvez eles acreditem que você é um deles.
O detetive fez uma pausa e olhou para Caleb, que estava claramente nervoso com a direção que a conversa estava tomando.
— Mas tem outro problema. Mesmo que leve alguém da lista, ainda será um teste. Não sabemos exatamente o que Viktor e os outros querem do agente Hayes, e se ele perceber que o Nathan está manipulando a situação, as coisas podem sair do controle.
— Temos que ser decisivos e invisíveis — disse Nathan após um momento de reflexão. — O foco é garantir que a confiança deles em mim seja inabalável.
— Vamos precisar de um plano B, caso as coisas saiam do controle. O que quer que aconteça, Viktor não vai dar nenhuma chance de erro — Jungkook afirmou com uma expressão séria. — A pessoa que for com o Nathan precisa estar ciente dos riscos.
— Tem certeza de que esse plano vai funcionar? — perguntou Jimin, claramente preocupado, sua voz revelando a insegurança.
— Não temos muitas opções — a resposta do detetive arrancou um suspiro de Caleb, como se a situação fosse insuportável. — Podemos escolher alguém que já esteja na mira deles, ou arriscar com alguém completamente fora do radar. Mas, honestamente, nem sabemos mais quem chamar a essa altura do campeonato. O melhor que podemos fazer agora é seguir a estratégia do Nathan.
— E quem, em sã consciência, toparia entrar em um plano suicida desses? — Caleb questionou, com um tom amargo.
Naquele instante, Jimin sentiu um frio na espinha, torcendo para que Jungkook não fosse o voluntário. Se ele fosse, Jimin sabia que não hesitaria em ser o primeiro a se opor.
— Vamos deixar o grupo decidir — Jungkook respondeu, mantendo a calma, mas sem esconder a firmeza em sua voz. — Nathan tem uma visão, pode ser arriscada, mas é a única que temos. Se ninguém se voluntariar, temos que pensar em outra estratégia.
— O único problema é que não temos tempo suficiente para procurar alguém que não esteja na lista deles — observou Nathan.
— Eu posso ir — Caleb se ofereceu, mesmo não gostando da sua própria decisão. — Se é o único jeito de proteger vocês, posso fazer isso. É arriscado enviar uma pessoa que está na lista, eles não vão hesitar em matá-la.
— Nada de heroísmo, Garner — Jungkook disse.
— Estou falando sério! — reforçou. — Não podemos arriscar perder um de vocês.
— Mas também não podemos te perder. — rebateu o detetive. — Você mesmo disse que não tem experiência em campos de operação.
— Vou estar com o agente Hayes, ele parece bom em campo.
— Tem certeza disso? — Jimin perguntou, como se quisesse confirmar a decisão do hacker. — Você vai estar em um território desconhecido e, assim como eu, você não é um agente federal.
— Isso me dá uma grande vantagem, Jimin. — respondeu, virando-se para Jungkook com um movimento decisivo. — Vamos traçar um plano e encontrar Viktor Pushkin.
Jungkook não podia negar que ficou apreensivo com a escolha de Caleb, mas, aparentemente, a decisão do hacker foi tomada e o plano entrou em andamento. A próxima jogada, portanto, estava prestes a ser feita.
✮✮✮
O vento frio da noite cortava as ruas da cidade enquanto o carro de Nathan avançava pelas avenidas escuras e desertas. Dentro do veículo, o farol da frente penetrava a escuridão, iluminando apenas o suficiente para revelar o asfalto irregular e os prédios abandonados que margeavam o caminho. O som do motor, forte e constante, era a única coisa que se ouvia.
Nathan estava com a mão firme no volante, os olhos constantemente variando entre o retrovisor e a estrada à frente, como se esperasse uma ameaça em cada esquina. O seu instinto de agente sempre alertava para uma possível emboscada.
Caleb, sentado ao seu lado, sentia a ansiedade aumentar cada vez que se aproximava do ponto de encontro, ciente de que eles poderiam se encontrar em um cenário muito mais sombrio se o plano desse errado.
Ele ajeitou-se no banco, sentindo o peso da operação, e recebeu os olhos de Nathan por um instante.
— Tente ficar mais calmo, você não pode transparecer que está nervoso na frente do Viktor — alertou-o.
— É tão mais fácil com você me avisando, sabia? — debochou. — Não posso fingir que não estou nervoso com a possibilidade deles mandarem você me matar.
— A escolha de estar aqui foi sua.
Caleb não respondeu de imediato. Sabia que era tarde para retroceder, ainda mais sabendo que o galpão onde o encontro aconteceria estava apenas a alguns quilômetros à frente. Seus dedos da mão direita começaram a bater na perna em sintonia com o próprio nervosismo.
Nathan, observando aquela cena, revirou os olhos. Ele sabia que, se Caleb não se acalmasse, o plano seguiria por um caminho indesejado.
— Respire fundo, ok? — Nathan instruiu. — Jungkook e a equipe já estão posicionados, eles não vão deixar que alguma coisa aconteça com você.
— O problema é que não sabemos o que o Viktor quer conosco. Ele pode querer uma prova da sua lealdade ordenando que você me mate.
— Não farei isso.
— Não há escolha para esse tipo de oferta — observou.
— Vamos seguir o plano, está bem? Se eu perceber alguma coisa suspeita, dou o sinal para o Jungkook. Confie nele.
A expressão de Caleb suavizou. Por mais que ainda sentisse o cheiro de pânico em suas narinas, ele tinha de confiar na equipe para conseguir enganar o mafioso. Seu medo não podia, em hipótese alguma, transparecer durante a negociação.
Momentos depois, o carro de Nathan parou discretamente em um beco sombrio, com as luzes apagadas. O galpão ficava em uma rua secundária e estava rodeado de construções abandonadas e ruas desertas.
Ele olhou para Caleb, que fitou o lugar com um semblante tenso.
— Tudo pronto? — Ele ouviu Nathan perguntar ao seu lado e rapidamente o encarou.
— Espero que sim.
Nathan assentiu, passando-lhe confiança, e ajustou o coldre sob a jaqueta, dando uma última olhada ao redor antes de abrir a porta do carro. Caleb relutou por um momento, mas, em seguida, assumiu uma postura feroz e segura, afinal ele sabia que podia estar sendo observado naquele instante.
Não havia espaço para hesitação, nem para erros.
O silêncio da noite era pesado, as únicas companhias eram os ecos distantes de passos apressados e o som abafado de carros passando a algumas ruas de distância. A entrada do galpão estava um pouco mais adiante, marcada por uma porta de ferro enferrujada, parcialmente aberta.
Com passos firmes, Nathan e Caleb avançaram em direção ao galpão, mantendo os olhos atentos nos arredores. Eles passaram pela porta enferrujada e estranharam o fato de não ter um capanga para proteger a passagem, tudo parecia esquisitamente quieto.
O ar no galpão era denso e carregado de umidade. O cheiro de mofo e ferro enferrujado penetrou nas narinas da dupla. As paredes de concreto estavam descascadas e a única fonte de luz era uma lâmpada velha pendurada no centro do galpão.
Nathan parou a poucos metros de distância de onde estava a lâmpada e fez um sinal discreto para Caleb não avançar. Sua postura estava calma e calculada e os seus sentidos, aguçados. Ele tentou manter a calma, sem ceder ao peso da tensão, pois sabia que o silêncio era proposital.
O agente Hayes estudou cada centímetro daquele lugar, buscando os pontos de fuga e as janelas para que Jungkook e Ric tivessem uma visão ampla do ambiente, afinal eles estavam monitorando a cena do topo de um prédio ao lado como caçadores observando sua presa.
Nathan sabia que provavelmente tinha algum atirador de elite apontando uma arma para as suas cabeças neste instante. No entanto, ele estava confiante de que Jungkook e Ric os vigiavam para que nenhuma fatalidade acontecesse.
Em um momento de silêncio tenso, a porta do galpão rangeu, anunciando a chegada de Viktor Pushkin, que entrou na cena de forma quase silenciosa ao lado de seus três capangas. Ele era um homem corpulento e de expressão impassível, a aura de poder e perigo emanava dele como chamas.
Pushkin carregava a autoridade de um verdadeiro mafioso. Seu terno escuro, impecavelmente cortado, estava em contraste com o cenário deteriorado do galpão. Ele observou Nathan com olhos penetrantes, como se fosse capaz de ler cada movimento, cada pensamento por trás daquela fachada.
— Igor Petrova — Pushkin disse, com um leve sorriso. Sua voz era profunda e carregada de um sotaque russo que se arrastava nas palavras. — Esperava que o nosso encontro fosse mais empolgante.
Os capangas de Pushkin ficaram posicionados atrás do mafioso, como verdadeiros escudeiros. Eles usavam ternos e óculos escuros. Suas expressões estavam inelegíveis, incapazes de serem lidas.
— A pessoa que eu trouxe não fala a nossa língua, então acho melhor falarmos a língua dela — Nathan sugeriu, consciente de que esse plano poderia falhar se não fosse convincente para Pushkin. — Este é Louis Greedy, um hacker experiente e familiarizado em invadir os sistemas de comunicações do governo.
— Prazer, Sr. Pushkin — disse Caleb com um tom seguro.
— Não precisamos de um hacker — Viktor respondeu, fazendo o coração de Caleb acelerar por um instante, mas ele não deixou transparecer. — Queremos apenas os seus serviços, Petrova.
— Louis é muito bom no que faz, Pushkin. Ele consegue localizar qualquer um em qualquer parte do mundo em poucos instantes.
— Está me dizendo que você depende de um hacker para concluir os seus serviços?
— Assim como você precisa dos seus capangas para se proteger, eu preciso do Louis para localizar os meus alvos. É assim que funciona, Sr. Pushkin.
O mafioso observou Nathan com um olhar calculado antes de sorrir, um sorriso enigmático e traiçoeiro. O tempo pareceu estagnar por um instante.
— Um cliente quer contratar os seus serviços, ele gostou do seu perfil — Viktor informou de repente, mantendo a voz dura. — Mas, para isso, você tem que dar a ele uma prova da sua lealdade.
— Não sou o tipo de homem que jura lealdade a uma pessoa que não conheço. Onde ele está?
Viktor deu um passo à frente, seus olhos nunca deixando Nathan. O sorriso no rosto do mafioso desapareceu, substituído por uma expressão severa e quase ameaçadora.
— O cliente está mais perto do que você imagina — Viktor respondeu, sua voz baixa e cheia de malícia. — E ele exige uma demonstração clara da sua lealdade.
— Eu gostaria de vê-lo — Nathan reforçou.
— Ele já está vindo — Seu tom estava carregado de uma ameaça implícita. — Mas, primeiro, quero que o hacker me mostre o que sabe fazer.
Caleb não escondeu a surpresa quando os olhos de Viktor caíram sobre si. Ele não entendeu o interesse repentino do russo, mas sabia que aquilo significava alguma coisa.
— O que quer que eu faça? — Caleb perguntou depois de avaliar suas opções.
— Você disse que pode encontrá-los em qualquer parte do mundo, não disse?
Um breve silêncio se estendeu, pesado, enquanto Caleb estudava as intenções do mafioso com aquelas perguntas. De repente, ele entendeu que se tratava de uma jogada de mestre e Viktor estava testando o quanto ele sabia sobre a lista do Zakon.
— Não posso localizar sem um nome — respondeu Caleb, fazendo o mafioso sorrir um pouquinho. — Sem o nome do alvo, não posso alcançar a rede de contatos e, assim, Igor não pode tirar a cabeça dele dos ombros.
Pushkin não respondeu de imediato, ele parecia se divertir com a tensão crescente entre eles e os desafios impostos sobre os dois homens, como se fosse um espectador diante de um jogo perigoso. De repente, o mafioso deu um passo à frente, ficando a poucos centímetros do rosto de Caleb.
— Fascinante... — murmurou, com um sorriso enigmático. — Meu chefe vai gostar de você. Ele tem a mesma profissão que a sua. E, embora eu imagine que esteja tentando me enganar, saiba que não será capaz de enganá-lo.
— Por que faríamos isso, Pushkin? — Nathan perguntou. — Estamos aqui para fazer negócios.
Nathan manteve a voz firme e o olhar calmo, consciente de que qualquer faísca de tensão poderia dar ao criminoso uma certeza dos seus planos. O risco de tentar enganá-lo poderia culminar em uma troca de tiros ou muito pior que isso.
Viktor não se moveu, apenas o encarou, e o silêncio se estendeu por mais alguns segundos, que pareceram intermináveis. Os capangas atrás de Pushkin estavam em total imobilidade, como sombras vivas, aguardando o comando do líder.
— Então você é Igor Petrova — disse uma voz à distância, atraindo os olhos dos infiltrados. Uma figura aproximou-se deles com passos deliberados e lentos, sua fisionomia era enigmática e quase sombria. — Me chamo Yixing, sou a pessoa que deseja contratá-lo.
Caleb reconheceu aquele nome imediatamente e ele sabia que Jungkook, através do ponto de escuta, também lembrou-se da imponente figura de Yixing, ex-comparsa de Namjoon e um dos chefes da máfia.
O homem parou atrás de Viktor e, com um suave pigarro, o instruiu a se afastar. O russo recuou alguns passos até estar totalmente fora do alcance de Yixing, que observou a dupla com mais clareza e curiosidade.
— Ouvi dizer que você se interessou pelos meus serviços — disse Nathan, quebrando o silêncio.
— Especialmente pelos seus disfarces. — acrescentou. — Os mercenários que contratamos nas últimas semanas não têm feito um bom trabalho. A maioria deles é sanguinária, mas não estratégica.
— Você é o chefe do Zakon? — Caleb perguntou, curiosamente.
Yixing soltou uma risada baixa.
— Então vocês conhecem o Zakon, afinal? — perguntou. — Todos têm falado sobre nós, mas não entendem o que significa.
— Bom, já que estamos prestes a trabalhar para vocês, que tal nos contar sobre o Zakon? — Nathan sugeriu, tentando conquistar a confiança dos criminosos.
— Zakon foi criado para restaurar a justiça no mundo através de um sistema único. Eles têm as próprias leis. — explicou, com um brilho de certeza nos olhos. — Não é difícil convencer as pessoas de que o sistema governamental é falho. Por isso, investimos na contratação de mercenários, e, acredite, os milhões de dólares que pagamos têm dado um bom retorno.
— Ouvi dizer que vocês mantêm uma lista dos alvos. — Nathan disse, tentando disfarçar a curiosidade.
— Cada mercenário contratado está designado para um alvo específico. — Yixing respondeu com a naturalidade de quem está acostumado a falar sobre o assunto. — E os acordos acontecem aqui, neste galpão.
— E eu, quem é o meu alvo? — o agente Hayes perguntou sem rodeios.
O mafioso sorriu para Nathan, como se achasse a pergunta dele curiosa, até divertida.
— Pedimos que os mercenários tragam alguém para testarmos sua capacidade estratégica — ele desviou o assunto de forma intencional. — Alguns escolhem outros mercenários, temendo cair em uma armadilha. Outros preferem traficantes. Mas você trouxe um hacker. Isso é, no mínimo, interessante, Sr. Petrova.
— Isso é um bom sinal?
— Sem dúvida, isso demonstra que você é um profissional estratégico, alguém que vai além da pura força bruta. É exatamente o tipo de perfil que estamos buscando. — ele disse, acenando para um dos capangas, que se aproximou com uma maleta e a abriu lentamente. — Este é apenas um adiantamento pelo seu serviço. O restante está em um furgão lá fora. A segunda parte será paga assim que a missão for concluída.
Nathan observou as pilhas de notas com um olhar contido, tentando não revelar sua surpresa. Ele não conseguia sequer imaginar o valor guardado no furgão mencionado por Yixing
— Sr. Petrova, é importante que entenda: outros mercenários tentaram a missão que lhe propus e falharam, todos foram eliminados. O alvo que tenho para você é uma mina de ouro, você o terá assim que sair deste galpão, mas não poderá falhar.
— Quem é o alvo? — perguntou novamente.
Yixing fez uma pausa considerável. Seu sorriso, sádico e calculista, se alargou antes que ele finalmente respondesse:
— Jeon Jungkook. Agente federal do FBI.
Diferente de Nathan, que não esboçou nenhuma reação suspeita, Caleb não conteve o pequeno movimento de seus olhos, revelando uma surpresa que ele logo tentou disfarçar.
— Não quero que o mate, quero que o traga vivo até mim. — A fala de Yixing arrepiou os pelos do corpo de Caleb.
— Entendido — Nathan falou com uma calma que contrastava com a gravidade da missão. — Posso fazer o que quiser com ele, menos matá-lo?
— Exatamente — respondeu. — Ele não é apenas um agente qualquer. Ele está envolvido em uma operação secreta que pode mudar o rumo dos nossos negócios. Além disso, precisamos dele fora de jogo para o nosso plano avançar.
— Que plano?
Yixing não respondeu desta vez. Ele estreitou os olhos como se desconfiasse da curiosidade do rapaz, que rapidamente percebeu que as suas dúvidas estavam caminhando para um lugar desconfortável.
— Isso é tudo o que você precisa saber. — O mafioso respondeu com a voz quase impaciente. — Meus homens têm algumas informações sobre ele, mas acho que não será necessário já que você tem um hacker ao seu lado.
Nathan refletiu por um instante, avaliando as palavras de Yixing.
— Quanto tempo tenho para trazê-lo até você?
— O mais rápido que puder. Meu chefe está ansioso para vê-lo pessoalmente.
Por um momento, Nathan ficou inclinado a perguntar o nome do chefe do Zakon, mas sabia que as suas perguntas deixariam o mafioso mais desconfiado. Tudo o que ele sabia era que Jungkook não era apenas um alvo, ele era uma peça crucial em um jogo que ainda estava longe de ser revelado.
— Vocês estão dispensados — disse Yixing para os convidados e acenou para o capanga com a maleta.
O marmanjo dirigiu-se até Nathan e entregou-lhe o dinheiro. O agente pegou a maleta e segurou-a firmemente enquanto o capanga recuava. Ele aguardou Yixing dizer mais alguma coisa, mas o mafioso apenas olhou para a porta do galpão, como se indicasse a saída.
Nathan e Caleb se viraram e seguiram em direção à porta. O hacker sentiu o receio de um tiro nas costas ao se voltar, mas lembrou-se de que Jungkook e Ric estavam à espreita, observando tudo com suas lunetas ópticas. Se algum capanga sacasse a arma, os detetives não hesitariam em agir.
O ambiente mergulhou em um silêncio absoluto quando a dupla retirou-se. O capanga que entregou a maleta para Nathan aproximou-se de uma das janelas discretamente e os observou entrar no carro. Esperou o veículo desaparecer antes de sinalizar para Yixing, que, com um gesto cauteloso, deu a ordem para que seus homens cobrissem as janelas com mantos escuros.
Quando todas as aberturas foram cobertas, Yixing olhou para Viktor, que sorria com a expressão de um homem que sobreviveu a uma guerra. Parecia que ambos compartilhavam o mesmo pensamento.
— Eu me divirto com quem tenta me enganar — disse Yixing com um tom enigmático. — Sinto o cheiro dos federais de longe.
Antes que Pushkin tivesse chance de responder, uma voz surgiu das sombras no fundo do galpão, sua presença obscurecida pela penumbra.
— Você tem certeza de que o Jungkook virá? — perguntou a voz, com um forte sotaque russo.
— Sim, senhor — Yixing confirmou. — Nathan Hayes trará o seu irmão até você.
— Ótimo — disse ele, com um sorriso sutil. — Mal posso esperar para conhecê-lo.
✮✮✮
Olá, meus amores, como vcs estão? Espero que tenham gostado do capítulo, mesmo que tenham tido poucos momentos Jikook.
No próximo capítulo teremos um momento muito gostoso dos jikook (acho que vocês vão se apaixonar) e mais revelações sobre essa figura que apareceu na história.
Outra coisa: alguns pontos que parecem esquecidos ainda serão trabalhados na fic, pouco a pouco.
Fiquem bem e aguardem a próxima atualização, que já começou a ser escrita. Beijinhos! <3
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