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Os olhos de Jimin começaram a se abrir lentamente e, aos poucos, os móveis ganharam forma. O quarto estava parcialmente escuro, exceto pela luz da manhã que atravessava as frestas da cortina, e o ar gelado no ambiente fazia-o ter a sensação de que estava coberto de cubos de gelo.

Quando os seus sentidos identificaram a presença de um braço ao redor de sua cintura, um sorriso espontâneo brotou em seus lábios. Ele virou-se devagar para não acordar Jungkook, mas os seus curtos movimentos fizeram o detetive despertar e abrir os olhos lentamente.

O menino moveu-se de frente para ele, e o braço de Jungkook não o soltou em momento nenhum. Jimin contemplou a expressão de sono no rosto do namorado, embora estivesse da mesma forma, e deslizou os dedos pelos cabelos dele, afastando-os de seus olhos.

— Bom dia, gatinho — Jimin murmurou, sua voz estava um pouco grave.

Jungkook sorriu com os olhos fechados e respondeu:

— Bom dia, anjo.

As bochechas do menino coraram quando uma forte lembrança atravessou a sua mente: ele lembrou-se das expressões de prazer de Jungkook na noite passada e as comparou com o semblante que estava vendo agora, concluindo que não se assemelhavam em nada.

Ele recordou-se, com vívidas memórias, da sensação de ter o membro de Jungkook dentro da sua boca, da textura do sêmen em sua língua, dos dedos espremendo os seus cabelos e de todos os gemidos que saíam da garganta do namorado.

— Meu bem, — A voz de Jungkook o trouxe de volta à realidade. Ele sentiu os lábios do namorado tocarem os seus brevemente —, você quer tomar café da manhã aqui ou prefere parar em uma lanchonete no caminho?

— Acho melhor tomarmos café aqui.

Jungkook assentiu em concordância e beijou os lábios do menino docemente. Jimin achava incrível a forma como Jungkook lhe tratava, ele tomava todo cuidado ao tocá-lo.

— Você dormiu bem, anjo?

— Em seus braços eu sempre durmo bem.

Por mais que não fossem frequente as vezes em que Jimin dormiu com Jungkook, a sua resposta desencadeou uma série de boas lembranças no detetive, que não resistiu por muito tempo e o beijou; um beijo suave e cheio de saudade.

Não se importaram com nada naquele momento, nem mesmo com a possibilidade da equipe de Jungkook estar esperando por eles neste momento para dar início à reunião. Por isso, eles deram prioridade aos beijos e às carícias que trocavam.

Por baixo da coberta, Jimin percebeu que Jungkook estava apenas de cueca, o que o deixou impressionado, visto que o ar condicionado o fez bater o queixo a noite toda, enquanto, em Jungkook, aparentemente, não fez efeito.

— Gatinho — Jimin sussurrou contra os lábios dele, fazendo-o recuar a cabeça um pouquinho para encará-lo. — Acho melhor adiantarmos antes que o seu pessoal ligue.

Jungkook suspirou, subitamente lembrando-se da reunião que marcou com os demais.

— Maldição!

Ele tirou o cobertor do corpo, revelando as pequenas marcas do colchão em sua pele. Jimin sentou-se na cama e esfregou os olhos. Assim como ele, Jungkook também desejava ficar longe de encrenca para que pudessem passar mais tempo juntos, no entanto, as obrigações do namorado o chamavam. Se o detetive ouvisse as próprias vontades, ele tiraria o dia para ficar com Jimin em um sítio no interior do Texas.

— Também tenho que ir à agência assinar a papelada — Jungkook disse quando se pôs de pé, havia algo na sua voz que fez Jimin pescar seu desagrado. — Espero que o Jared não desconfie de nada.

— Acho difícil ele saber o que aconteceu.

— Os olhos dos superiores são muito mais apurados do que os nossos, afinal eles têm muito mais acesso às informações internas do que nós.

Jimin suspirou.

— Não vejo a hora disso tudo acabar — resmungou. — É difícil saber em quem confiar nessas horas, parece que em cada parte tem alguém nos ameaçando.

— Espero que não se arrependa de namorar um agente federal — Jungkook disse com um sorrisinho no rosto e deu um beijo no garoto antes de se afastar.

Jimin pensou em dizer que ele estava blefando, mas sabia que Jungkook não estava falando sério. Seu amor pelo detetive era tão grande que ele seria capaz de enfrentar diversas situações de alto risco para tê-lo ao seu lado.

Ele parou de pensar sobre aquilo quando seus olhos pousaram em Jungkook vestindo a calça. Ele não pôde deixar de contemplar a fera tatuada na coxa dele mais uma vez, sentindo-se intimidado por ela. E, além dela, o garoto também avaliou a costura do ferimento à bala, lembrando-se de quem a fez.

— Você acha seguro chamar esse tal de Nathan para participar da missão? — A pergunta de Jimin atraiu os olhos de Jungkook até os seus, que pescou algo no olhar do garoto.

— Aparentemente ele já está acostumado a fazer missões de alto risco.

— Eu não sei, Jungkook... Não gosto dele.

O detetive o encarou à distância e quando o viu com os olhos caídos para o próprio colo, aproximou-se com passos deliberados. Jimin levantou o rosto no instante em que Jungkook tocou o seu queixo.

— Está com ciúmes, meu bem? — As palavras de Jimin fugiram da boca por um instante.

— Por que eu estaria?

— Também gostaria de saber o motivo.

O garoto suspirou, rendendo-se.

— Não o conheço e já odeio a forma como ele se dirige a você — assumiu. — Estou com ciúmes, sim, e só de pensar que ele vai trabalhar conosco isso me deixa mais irritado.

— Você fica uma gracinha quando está emburradinho de ciúmes.

Jimin fechou a cara por um instante, mas o sorriso que apareceu nos lábios de Jungkook fez o seu coração derreter e o seu ciúme escorregar para longe. Ele acabou esfregando o rosto para esconder a vergonha dos olhos impenetráveis do namorado.

— Não esquente a cabeça com isso, anjo. — Depois de provocá-lo por um instante, Jungkook considerou acalmar o coração inseguro do garoto. — Se o Nathan sente alguma atração por mim, problema dele. Eu sinto por você e só por você. Ponto final.

— Posso dar um chute nas bolas dele se eu descobrir que ele está dando em cima de você?

Jungkook não conteve a risada após a pergunta de Jimin.

— Desde quando o meu garoto é violento? — Jimin cruzou os braços e deu de ombros. — Esqueça esse cara e me acompanhe, temos que adiantar antes que o Yoongi comece a me ligar.

Jimin empurrou os lençóis para longe e se pôs de pé com a ajuda do namorado. Enquanto Jungkook vestia as roupas e guardava os seus pertences, Jimin seguia para o banheiro para fazer a sua higiene pessoal.

Eles demorariam alguns minutos para chegar até o galpão de Caleb, uma vez que o trânsito no centro da cidade estava um caos, mas teriam tempo para conversar e decidir os próximos lugares que visitariam.

Além disso, Jungkook teria que passar na agência para entregar seu distintivo e arma, o que obviamente não o deixava nada contente. Armas não seriam um problema para o detetive; o emblema, todavia, deixava-o ciente de que seria afastado das atividades do departamento.

Jungkook não gostava de pensar nisso, porque tinha a sensação de que estava desprotegido sem a identificação da agência. Enquanto fosse detetive atuante do governo, sua segurança estaria, teoricamente, protegida.

Sem o distintivo, portanto, ele ficaria despido e à mercê de possíveis ataques.

— Gatinho... — A voz de Jimin veio do banheiro e, em poucos instantes, ele voltou para o quarto. — Você acha que é seguro eu visitar o meu pai no hospital?

— Creio que ele será liberado hoje.

Jimin sorriu espontaneamente.

— Isso significa que posso vê-lo? — perguntou.

— Sim, anjo! — Sua resposta aumentou o sorriso do garoto. — Mas acho que é melhor esperar um pouco. Assim que ele receber alta, eu avisarei que você quer vê-lo.

— Às vezes me sinto um péssimo filho e um péssimo amigo. — Sua observação fez Jungkook franzir as sobrancelhas em confusão. — Meu pai está machucado, Hannah está machucada, o Taehyung também e eu não os procurei.

— Eles entendem que você só está se protegendo, anjo.

— Será mesmo? — ele bufou e sentou-se na cama com os ombros caídos. — Tenho medo deles pensarem que eu os abandonei.

— Quando a barra estiver limpa e o Zakon achar que estamos fora de campo, você poderá visitar a Hannah e o Taehyung quando quiser. — Sua fala deveria alegrar o coração de Jimin, mas, em vez disso, ele sentiu-se mais atormentado. — Quanto mais longe estiverem, mais seguros vão estar. Infelizmente é assim que funciona.

Jimin parecia inconformado com aquela situação. Ele não podia acreditar que estava vivendo os mesmos tormentos que experienciou com a máfia no que se refere a segurança daqueles que ele ama.

Apesar de achar que o Zakon só estava atrás dos nomes que estavam na lista, Jimin teria que andar com cautela, como se estivesse pisando em ovos, para não machucar aqueles que ama.

— Por quanto tempo vamos ficar naquele galpão? — Jimin perguntou, curioso, enquanto observava o namorado se dirigir até o banheiro.

— Lá é o melhor lugar para fazermos as reuniões.

— E quanto às nossas noites, vamos dormir lá?

Jungkook colocou o rosto para fora do banheiro e balançou a cabeça para os lados, visto que não podia usar a boca para falar, pois ela estava cheia de água. Em seguida, ele cuspiu o conteúdo na pia e respondeu:

— Estou pensando em ficarmos na minha casa. — Os olhos de Jimin acenderam ligeiramente. — O que acha dessa ideia, meu bem?

— Acho incrível!

Jungkook sorriu à distância e secou a boca com uma toalha de rosto, em seguida retornou para o quarto com uma expressão de felicidade. Jimin sabia que, no fundo, Jungkook vinha desejando que eles morassem juntos há um tempo.

Embora os motivos que os levaram a fazer essa escolha não sejam bons, o importante é que eles passariam mais tempo juntos, aproveitando a companhia um do outro.

— Hoje, depois da reunião, quero retomar os seus treinamentos — disse Jungkook, sentando-se ao lado de Jimin. — Quando você estiver confiante, vou te dar uma arma. A minha decisão pode custar muitas coisas na minha carreira, mas preciso que tenha algo com o que possa se proteger.

— Isso significa que você pode ser demitido do FBI?

— É um risco que estou correndo — respondeu. — Você já é adulto e pode tirar o porte de armas, mas isso levaria um tempo e não temos esse tempo. Por isso quero te preparar o mais cedo possível e quando você estiver pronto poderá ter uma arma.

Jimin não estava seguro de que andar com uma arma ilegal era uma boa opção, no entanto, tinha de pensar naqueles que ameaçavam sua segurança e sua vida. Se estivesse desprotegido, ele não seria capaz de se defender.

— Onde vai conseguir uma arma? — Jimin perguntou de repente, mas ele sabia que a resposta não estava muito distante do que ele pensou.

— Eu não tenho só a arma que uso em serviço.

— E onde elas estão?

— Tem um cofre na minha casa onde guardo algumas armas e munições. Vamos precisar delas se queremos combater o Zakon.

Jimin balançou a cabeça em confirmação. Sempre que Jungkook falava o nome da organização criminosa, o garoto sentia um estranho arrepio caminhar ao longo da sua espinha.

— Temos que ir, anjo. O caminho até o galpão vai ser longo — ele disse após erguer-se da cama, arrancando um fraco suspiro de Jimin.

Naquele momento, Jungkook pescou um lampejo de desconforto na expressão do namorado e percebeu que ele não queria voltar para o esconderijo de Caleb.

— Está tudo bem? — o detetive perguntou, ganhando finalmente os olhos do garoto.

— A nossa noite foi tão incrível, eu não queria voltar para essa realidade. — Havia uma espécie de lamentação por trás de seu tom. — Será que não podemos repetir o que fizemos ontem?

Jungkook sorriu.

— Claro que podemos. — Após a fala do detetive, o garoto sentiu que viria uma contestação. — Mas eu marquei a reunião com o pessoal, não posso faltar e deixá-los na mão.

Jimin respirou fundo e tentou aceitar aquele fato.

— Eu prometo que hoje à noite vamos aproveitar cada segundo... — Jungkook fez uma pausa perceptível e sorriu. — na minha casa.

O menino não conteve o nervosismo quando começou a imaginar ele e Jungkook sozinhos de novo e desta vez no apartamento dele. Além desse pensamento deixá-lo nervoso, também o deixava tremendamente feliz.

Pelo semblante de Jungkook, o menino soube que ele guardava muitas promessas para aquela noite, o que serviu para deixá-lo cheio de expectativas. Jimin não podia negar que, depois de se ajoelhar para Jungkook e chupá-lo, ele poderia ouvir outros desejos intrínsecos seus.

Agora, todavia, o foco deles deveria estar apenas na reunião que fariam logo mais. Por isso, Jimin levantou-se e decidiu encarar a realidade com Jungkook. Eles teriam que passar em alguns lugares antes de seguir para o galpão e o garoto temia que nesse intervalo alguma coisa ruim acontecesse.

Jimin não queria parecer pessimista, mas também não podia deixar de se precaver. Andar em alerta o mantinha atento às movimentações ao seu redor, mesmo que, em muitos casos, também o deixasse aflito.

✮✮✮

Depois de tomarem café da manhã no restaurante do hotel e passarem na agência para Jungkook assinar os papéis, eles seguiram para o galpão de Caleb. O trânsito naquela manhã estava um caos, fazendo Jungkook escolher um caminho secundário para não atrasar tanto.

Momentos depois, eles já estavam próximos do esconderijo. Quando Jimin e Jungkook adentraram pela porta do galpão, vários olhares se voltaram para eles. Jimin percebeu que havia uma pessoa a mais na equipe e rapidamente supôs que aquele par de olhos que fitavam Jungkook à distância pertencia a Nathan.

Ele estava ao lado de Layla enquanto Yoongi e Caleb analisavam algo no computador. Ric separava alguns papéis sobre a mesa quando avistou os recém-chegados à distância. A presença do agente do Serviço Secreto naquele lugar indicava que ele aceitou o convite de Layla.

Jimin só se deu conta de que ficou imóvel repentinamente quando Jungkook segurou o seu ombro e o conduziu até o lugar em que os demais estavam. O garoto não gostou da forma como Nathan virou o corpo de frente para eles só para cumprimentar Jungkook.

— Bom dia, Jeon. Como está a sua perna?

— Está melhor — respondeu.

— Nathan aceitou fazer a missão — Layla informou, atraindo os olhos do detetive de encontro aos seus.

Os olhos do garoto, no entanto, permaneceram em Nathan.

— Agente Hayes, você está ciente dos riscos? — Jungkook perguntou para se certificar, observando-o sorrir minimamente.

— Claro!

— Ótimo, vamos esperar o Caleb e o Yoongi descobrirem o método de recrutamento e então podemos criar um plano tático.

Nathan balançou a cabeça em compreensão e não conteve o movimento dos olhos no momento em que Jungkook segurou a cintura do garoto ao lado e o conduziu até a mesa em que Caleb e Yoongi estavam.

Jimin roubou um lugar na cadeira mais próxima enquanto o namorado se aproximava do hacker e do parceiro. Ele pescou o olhar do agente Hayes na sua direção e não se atreveu a parar de encará-lo, nem mesmo quando Nathan deu as costas para falar com Layla.

— Vocês descobriram alguma coisa? — A pergunta de Jungkook trouxe a atenção de Jimin para si.

— Até agora, tudo o que sabemos é que existe um canal secundário com perfis de mercenários, eles escolhem os seus com base nesses perfis — Caleb informou.

— Conseguiram acessar esse canal?

— Ainda não, está criptografado com uma combinação simétrica de códigos — Yoongi respondeu. — Estamos tentando desvendar a chave.

— Assim que conseguirmos, vamos criar um perfil e aguardar que eles recrutem o agente Hayes para algum serviço — acrescentou o hacker. — Não vai ser uma tarefa fácil, pois quem criou esse código digital de proteção tem muita experiência com sistemas operacionais.

— Eu confio em vocês.

Caleb sorriu, confiante, já Yoongi não esboçou nenhuma reação além de nervosismo. Naquele momento, o detetive percebeu que o parceiro estava preocupado com algo e certamente não era com a missão.

— Você já assinou os papéis, Jungkook? — Foi Ric quem perguntou, aproximando-se do detetive.

— Sim — respondeu. — Meu distintivo e a arma foram entregues ao Jared. Espero que ele não procure saber a fundo o motivo do meu afastamento.

— Você quis se afastar do FBI? Por quê? — Nathan questionou, meio confuso com a decisão dele.

— Assuntos pessoais. — Foi tudo o que ele disse.

— Por falar em assuntos pessoais, eu gostaria de trocar uma palavrinha com você — Yoongi disse em seguida, falando diretamente para Jungkook.

O detetive conteve a vontade de perguntar a ele do que se tratava, mas como Yoongi não mencionou o assunto, ele decidiu guardar a dúvida para si. Em vez disso, tudo o que fez foi balançar a cabeça em confirmação.

Yoongi levantou-se e olhou para Caleb, que o encarou de volta e assentiu, um gesto que dizia: "pode ir, eu cuido das coisas por aqui". Ele se dirigiu até o cômodo vizinho e aguardou Jungkook falar com Jimin antes de segui-lo.

Com a saída da dupla, os outros retomaram suas atividades em silêncio, apenas Jimin continuou imóvel enquanto observava os policiais trabalharem. Ele não gostou da ideia de ficar sozinho no mesmo ambiente que o agente Hayes.

Um pensamento atravessou a cabeça do garoto e, por um momento, ele desejou mostrar para Nathan que Jungkook era seu namorado. No entanto, desistiu de prosseguir com a ideia, considerando-a infantil.

Ele chegou à conclusão de que não precisava provar nada para um desconhecido e que o seu relacionamento não dizia respeito ao agente Hayes.

No outro cômodo, Yoongi encostou a porta para ninguém além de Jungkook ouvir a conversa. O detetive se perguntou o que era tão confidencial a ponto de Yoongi não querer falar na frente dos outros.

— Cara, eu estou preocupado — ele desabafou antes que Jungkook tivesse a chance de perguntar. — Taehyung está na minha casa desde o dia da invasão e eu não consigo parar de pensar nele. Estou com medo de que alguém do Zakon o encontre.

— Taehyung não está na lista deles — Jungkook observou.

— Ele não está, mas eu estou. Eles podem querer usá-lo para me atrair. — Sua voz parecia aflita. — Liguei para ele mais cedo e está tudo bem, mas a minha mente não para de pensar na segurança dele. Por mais que eu confie no sistema de segurança da minha casa, não confio em deixá-lo sozinho.

— Está pensando em trazê-lo para cá?

Yoongi ficou em silêncio por um momento, refletindo se deveria confirmar a dúvida de Jungkook ou pensar em outro argumento.

— Você acha que o Caleb o aceitaria aqui?

— Para ser sincero, eu não sei — Jungkook respondeu e suspirou. — Ele não queria trazer mais ninguém além de mim e agora, veja só, a nossa equipe inteira está aqui.

— Está dizendo que todos são bem-vindos, menos o Taehyung?

— Estou dizendo que você deve perguntar isso ao Caleb. Se ele concordar, você pode ir buscá-lo.

A mandíbula de Yoongi travou perceptivelmente. Ele não gostava de pensar que Caleb poderia recusar a sua proposta, mas entenderia se o hacker o fizesse. Ele não tinha nenhuma obrigação de aceitar Taehyung naquele galpão, ainda mais sabendo que o jovem não ajudaria na investigação.

Para Yoongi, Jimin tinha o perfil de Taehyung: ambos não eram agentes federais e não podiam colaborar com o caso. No entanto, a diferença entre eles é que Jimin namora o diretor-assistente do FBI e é filho do antigo chefe da agência.

— Olha, sei que está preocupado com ele, mas este lugar é apenas para as investigações, não vamos dormir aqui ou qualquer coisa do tipo. — Jungkook pontuou após perceber que Yoongi estava pensativo demais.

— Caleb separou um quarto para você e o Jimin.

— Não vamos ficar aqui, Jimin ficará na minha casa — respondeu.

Yoongi enrugou a testa.

— Você acha que o Seokjin vai aceitar essa decisão? Ele quase implorou para o Jimin ir morar com ele...

— Ele vai aceitar o que for melhor para o filho — Jungkook retrucou seriamente, observando Yoongi balançar a cabeça em entendimento. — Aliás, quem está no hospital com ele?

— Peter.

— Ele precisa saber o que está acontecendo — pontuou. — Seokjin está por dentro de poucas coisas, ele tem que saber o que estamos enfrentando.

— Mais tarde vou ao hospital para vê-lo e posso avisá-lo sobre isso, mas saiba que ele vai perguntar pelo Jimin.

Jungkook suspirou.

— Tente convencê-lo de que o Jimin está bem — sugeriu.

— Acho que você esqueceu como o nosso ex-chefe é. — Jungkook esfregou os cabelos, consciente de que Yoongi estava certo. — Ele vai insistir, principalmente quando sair do hospital.

— Bom, até lá, podemos pensar em algo — argumentou. — Conte o que aconteceu, assim ele vai entender a decisão do Jimin de vir morar comigo.

Yoongi suspirou e balançou a cabeça em confirmação.

— Tudo bem, eu farei isso.

— E sobre o Taehyung, você pode tirar o dia para ficar com ele. Vamos nos encontrar de novo amanhã e então você poderá conversar com o Caleb sobre trazê-lo com você.

— Não estou confiante de que ele vai aceitar. Ele sequer conhece o Taehyung.

— Ele é fácil de se comunicar, mas se você estiver com dúvidas, ofereça alguma coisa em troca. — Yoongi enrugou as sobrancelhas após ouvir as últimas palavras do parceiro. — Caleb é o tipo de pessoa que gosta de fazer trocas que podem beneficiá-lo.

— Eu não tenho nada para oferecer — observou, indignado, e Jungkook o encarou como se ele não estivesse pensando direito. — Ok, eu vou tirar o dia para pensar em alguma coisa.

— Certo.

Yoongi ficou em silêncio pelos próximos segundos, permitindo que a sua mente se recordasse do dia em que encontrou Taehyung, assustado e inquieto, após a invasão na casa de Seokjin.

Ele passou a pensar na segurança do jovem todos os minutos do dia. Toda vez que se lembrava da voz de choro de Taehyung do outro lado da linha, seu coração começava a bater mais rápido.

Yoongi não soube dizer o que passou pela sua cabeça no momento em que recebeu a ligação de Taehyung, tudo o que conseguia lembrar era de ter sentido muito medo de perdê-lo.

Após terminar a conversa, a dupla se retirou da sala e se dirigiu até o resto da equipe. Yoongi ainda estava preocupado com a segurança de Taehyung, mas depois de conversar com Jungkook os seus pensamentos tranquilizaram um pouco.

À distância, Jungkook buscou os olhos de Jimin. O garoto não conteve o alívio quando avistou o namorado saindo por aquela porta. Ele até se sentia à vontade com aqueles que estavam presentes, exceto Nathan, mas nada se comparava a estar com Jungkook.

Por algum motivo, Jimin se sentia desconfortável na presença do agente Hayes.

Ele observou Jungkook se aproximar calmamente e tocar seu ombro quando o alcançou, um gesto que Jimin entendeu como protetivo. Um pequeno sorriso desenhou os lábios do garoto, dando a Jungkook a certeza de que ele estava feliz por tê-lo por perto.

— Pessoal, acho que descobri uma forma de colocarmos o agente Hayes na lista de mercenários. — A voz de Caleb chamou a atenção de todos, que se aproximaram da mesa dele instantaneamente, apenas Jimin permaneceu onde estava. — O cara que o Jungkook prendeu, Vladislav, continua ativo no programa deles, o que significa que provavelmente o Zakon não sabe que ele foi preso.

— Você está sugerindo que eu me passe pelo Vladislav? — Nathan perguntou.

— Exatamente — confirmou. — Podemos usá-lo para se comunicar com o Zakon e marcar um ponto de encontro. Ele dirá que está com a encomenda.

— Eu me lembro muito bem dele dizer que só contaria os segredos do Zakon se falasse com o Jimin. — Layla pontuou e olhou para o garoto de relance, que arregalou os olhos após a menção do seu nome. — Ele não vai topar fazer parte disso se o Jimin não conversar com ele.

— O que eu tenho a ver com isso? — o garoto perguntou meio indignado, meio surpreso.

— Acho que você é a única pessoa capaz de convencê-lo a entregar o Zakon. — Layla respondeu, apesar de não desejar dizer aquelas palavras.

— Não sabemos se Vladislav está falando a verdade — Jungkook disse, demonstrando seu desconforto diante daquele plano. — Ele ainda está ativo no site do Zakon e nós sabemos que esse grupo tem olhos e ouvidos por toda parte. Não acham estranho que a prisão dele não tenha chegado aos ouvidos dos responsáveis?

— Se Vladislav quisesse mesmo confessar a verdade, já teria confessado — Yoongi assegurou, se posicionando a favor da opinião de Jungkook. — Ele quer conversar com o Jimin porque certamente faz parte do plano deles.

— O que aconteceu com os nomes dos mercenários que falharam na missão? — Ric perguntou de repente.

— Foram removidos do sistema — Caleb respondeu.

— Vladislav ainda está no sistema, o que significa que o papel dele na missão está ativo — Jungkook observou curiosamente. — Estar dentro dos muros do FBI deve ter sido o primeiro passo.

— O que ele pode fazer dentro de uma cela? — A pergunta de Layla atraiu os olhos do detetive. — Vladislav está preso, ele não pode agir a favor dos comparsas.

— Não se esqueça que Zakon infiltrou pessoas na nossa agência, por isso o Vladislav não se abalou quando foi preso — Yoongi acrescentou, deixando-a brevemente pensativa.

— Eu não entendo... — Ric murmurou, parecendo confuso com algo. — Qual é o objetivo deles com isso? Por que ele quis ser preso?

— Os principais alvos são agentes do governo, eles estão justamente onde devem estar. — A resposta de Nathan provocou um breve silêncio no cômodo.

— Sabemos que tem pessoas do alto escalão fazendo parte disso — Layla pontuou sem entrar em detalhes e todos entenderam, exceto Nathan. — Essas pessoas podem tirar Vladislav e os comparsas dele da prisão a qualquer momento.

— O que devemos fazer, então? — Ric perguntou.

— Seguir com o plano — Jungkook respondeu rapidamente.

— Temos que ficar de olho nos prisioneiros para que ninguém ouse soltá-los — afirmou Layla.

— Algum de vocês precisa assumir o meu posto temporariamente — Jungkook afirmou, olhando nos olhos de cada um individualmente. — É o único jeito de garantir que os infiltrados não vão soltar os prisioneiros.

— Você acha mesmo que a Scarlett vai permitir que um de nós seja o novo diretor? Ela sabe que fazemos parte da sua equipe e estamos atrás do Zakon — Yoongi declarou.

— Jared é a única pessoa que pode colocar um de nós no cargo do Jungkook — Layla observou. — Temos que falar com ele.

— Tudo bem, mas não podemos falar o porquê, ele não pode desconfiar de nada — Yoongi aconselhou, arrancando um aceno positivo da mulher.

— Você está de acordo, Jungkook? — Layla perguntou, virando o rosto para o detetive.

Jungkook suspirou e disse:

— Se for a única alternativa que temos, sim.

— Bom, a Layla fica responsável por falar com ele — Yoongi sugeriu cautelosamente e olhou de soslaio para Ric.

Embora o agente Stewart não tenha notado a pequena insinuação por trás das palavras e do olhar de Yoongi, Jungkook a captou rapidamente.

— Acho que devemos continuar pesquisando uma forma de se infiltrar na equipe deles — Nathan pronunciou, cortando o breve silêncio que se instalou.

— A ideia de você se passar pelo Vladislav não é tão ruim assim — Caleb declarou. — Podemos recolher as informações dele no banco de dados e usá-las para acessar o perfil no sistema.

— Está confiante de que esse plano vai funcionar? — Jungkook perguntou para se certificar.

— Absoluta — o hacker garantiu.

— Ótimo, essa tarefa eu deixo para você.

Caleb balançou a cabeça em agradecimento quase imperceptivelmente. Ele se sentia mais tranquilo quando Jungkook confiava no seu trabalho, mesmo que o detetive estivesse pagando por esse serviço.

— Precisamos de mais armamentos — Ric constatou.

— Eu tenho alguns no meu estoque — Nathan disse. — Podemos pegá-los se vocês toparem.

— Vamos lá — Ric concordou.

— Vou com vocês. — Yoongi se ofereceu ligeiramente.

Ali, portanto, Jungkook percebeu que ele estava tentando usar qualquer brecha para ver Taehyung. E ele não estava errado em querer ir atrás do seu companheiro nessas circunstâncias, afinal.

— Você vem conosco, Jungkook? — A pergunta de Nathan afastou o detetive dos próprios pensamentos e atraiu o olhar de Jimin.

— Tenho outras coisas para fazer. Vocês podem cuidar disso sem mim — respondeu.

Yoongi apertou as sobrancelhas discretamente diante do clima. Ele não sabia o que estava acontecendo, mas, para ele, Jungkook não parecia confortável toda vez que Nathan lhe dirigia alguma palavra.

E, a julgar pelo olhar de Jimin, Yoongi supôs que ele também não estava confortável com a presença do agente Hayes.

— Vou ver o Jared para falar sobre a substituição do Jungkook. Podemos nos encontrar aqui em duas horas? — Layla perguntou para se certificar, ouvindo murmúrios de confirmação.

Após cada um assegurar a sua parte do plano, eles dirigiram até a saída e seguiram os seus caminhos, apenas Jungkook, Jimin e Caleb permaneceram no galpão. Um breve silêncio caiu sobre eles, exceto pelos passos contínuos dos agentes se distanciando.

— Jungkook — A voz de Jimin atraiu o olhar do detetive na direção do seu. — Já podemos começar com o meu treinamento?

Naquele momento, Jungkook percebeu que o garoto não estava apenas interessado nos treinamentos, ele parecia querer esconder algo dos ouvidos de Caleb. Jimin não o via como um suspeito, mas acreditava que os seus incômodos deveriam ser ouvidos apenas pelo namorado em particular.

— Claro, anjo.

— A sala que separei pra vocês está bagunçada — Caleb informou com os cantos dos lábios apertados em lamentação. — Depois que os outros chegaram, alguns equipamentos foram guardados lá.

Jimin apertou as sobrancelhas em confusão enquanto Jungkook tentava interpretar o olhar de Caleb.

— Tem outro cômodo que possa substituir? — o detetive perguntou.

— Sim — respondeu. — Posso levá-los até lá.

— Onde fica? — Jimin perguntou com curiosidade.

— Em um compartimento que ninguém, além de mim e vocês dois, terá acesso.

Jimin não estava gostando muito das respostas misteriosas de Caleb. Por um momento, ele se perguntou quantos compartimentos secretos haviam naquele lugar e o que Caleb escondia neles.

Sem aguardar uma resposta deles, Caleb dirigiu-se até um corredor semiescuro, sabendo que o casal o seguiria instantes depois. Jimin olhou para Jungkook no momento em que sentiu a mão dele escorregar até o seu quadril e segurá-lo protetoramente

Ele o conduziu na mesma direção de Caleb, tentando mantê-lo livre de qualquer pensamento entorpecedor. Jungkook sabia que o garoto estava preocupado com o futuro e esse sentimento o deixava enroscado em uma rede defensiva, onde seus sentidos se mantinham em alerta o tempo todo.

Ao mesmo tempo em que tentava não suspeitar de todo mundo, Jimin não conseguia ignorar sua intuição. Ele se sentia no meio de uma guerra e o seu único elo de confiança era Jungkook.

Um momento depois, Jimin observou uma porta escura à distância e tentou decifrar a que cômodo ela pertencia. O garoto não conhecia todos os compartimentos do esconderijo de Caleb, mas sabia que naquela área ficavam os quartos improvisados.

O hacker aproximou-se de um disco numérico e digitou uma senha, fazendo a porta destrancar em poucos instantes. Jimin pensou que ele abriria a porta após destravar a tranca, mas, em vez disso, Caleb virou de frente para eles e disse:

— Espero que gostem.

O garoto se desvencilhou de Jungkook e dirigiu-se até a porta, abrindo-a em seguida. Caleb aproveitou a brecha para se aproximar do detetive. Ele sorria como se guardasse milhões de secretos.

— Eu percebi que você não tem tempo para aproveitar a companhia do seu garoto e ele sente falta disso — Caleb sussurrou para que ninguém além de Jungkook ouvisse. — Pode fazer isso agora se quiser enquanto eu trabalho no caso.

O detetive abriu a boca para dizer algo, mas Caleb ergueu o dedo em impedimento.

— Não se preocupe, você pode me agradecer depois.

Jungkook gostaria de dizer várias palavras de agradecimento para Caleb, mas tudo o que ele fez foi sorrir, um sorriso encantador e gentil. O hacker deu um tapinha no ombro do detetive antes de refazer o seu caminho pelo corredor.

A porta à sua frente estava escancarada e os olhos de Jimin pareciam a tudo observar. Jungkook se aproximou do cômodo, fazendo a sua presença chamar a atenção do garoto, que virou-se de frente para ele rapidamente.

— O que é isso? — O garoto perguntou com uma mistura de embaraço e admiração.

O ambiente era espaçoso e tinha uma aparência rústica e industrial. Tons monocromáticos preenchiam cada canto e se misturavam à decoração urbana. Até mesmo o mobiliário carregava o estilo industrial.

Havia uma cama individual ao lado de um armário de madeira rústica. Algumas tubulações estavam à mostra e as paredes eram revestidas de cimento queimado.

— Acho que o Caleb quer nos deixar à vontade. — As palavras de Jungkook fizeram os batimentos cardíacos de Jimin acelerarem.

— E o caso, como fica?

— Ele vai cuidar disso.

Embora estivesse feliz com a pequena brecha que surgiu para ficar a sós com Jungkook, o garoto não conseguia afastar da cabeça o pensamento de que eles não estavam totalmente sozinhos.

Saber que aquele lugar reservava coisas das quais Jimin desconhecia não o confortava muito. Nada nem ninguém ao seu redor parecia remotamente amigável e ele sabia que essa sensação era devido aos seus traumas irresolutos.

Enquanto Jungkook confiasse em alguém, ele tentaria confiar também.

— Anjo — A voz de Jungkook espantou seus pensamentos. — Está tudo bem? Podemos retomar seus treinamentos se quiser.

Jimin testou o sorriso mais encantador que possuía e deu um passo à frente, chegando mais perto dele e selando seus lábios. Ele envolveu os braços em torno do pescoço de Jungkook, sentindo os braços dele abraçarem a sua cintura, em seguida sussurrou:

— Eu quero ficar aqui com você.

Jungkook sorriu e olhou para a boca dele de modo irresistível. Sem querer, lembrou-se da noite passada e das sensações irrefreáveis que aquela boca lhe causou.

— No que você está pensando, gatinho? — Jimin perguntou após avaliar o sorriso do namorado.

— Quer mesmo saber? — O garoto estremeceu por dentro e, mesmo que já soubesse, assentiu com a cabeça. — Em tudo o que vivemos ontem. Foi incrível, inesquecível e... me deixou com saudade.

— S-saudade?

Ele se odiou por gaguejar, mas não podia esconder o impacto que aquela palavra teve sobre si.

— Isso quer dizer que você gostaria de repetir o que fizemos ontem? — Jimin perguntou baixinho, sentindo as bochechas esquentarem subitamente.

— Eu adoraria — Seus dedos acariciaram o rosto do garoto. — E você, meu bem?

— É claro que sim!

O sorriso de Jungkook se agigantou, evidenciando o seu fascínio por aquela resposta. Apesar de estar a sós com ele e desejá-lo de corpo e alma, o detetive não se atreveria a entrar nesse território em pleno galpão de Caleb.

— Tem uma coisa que eu quero te falar — Jimin disse e deslizou as mãos ao longo dos braços de Jungkook cuidadosamente, enviando uma onda de paixão através dele. — Acho que já está na hora de falarmos disso.

Naquele momento, o coração do detetive acelerou. Jungkook viu o olhar do garoto cortar para a cama e, em seguida, voltar para si, fazendo a sua mente saltar de desejo e fascínio.

Antes de segurar a mão dele e o conduzir até a cama, Jimin fechou a porta e abandonou qualquer pensamento lógico. Tudo o que ele queria naquele momento era confessar os seus desejos para o amor da sua vida.

Ao sentarem na cama, um pequeno silêncio se instalou. Naquele momento, Jungkook perguntou-se o que Jimin gostaria de falar com ele. Um aviso martelou na sua cabeça dizendo-lhe que ele deveria prestar atenção em cada palavra do garoto.

— Eu não sei como começar isso, mas acho que a intimidade que temos me permite dizer o que sinto, sem qualquer censura ou medo — Jimin proferiu e olhou nos olhos do namorado, que já o encarava com atenção. — Eu confio muito em você, tudo o que estamos vivendo me faz ter certeza de que você é a pessoa certa para isso.

Ele pausou, suspirou e sorriu, um sorriso cheio de vergonha, em seguida revelou:

— Eu quero ter a minha primeira vez com você, Jungkook.

Ouvi-lo dizer aquilo despertou em Jungkook um sentimento misto de alegria e deslumbramento. Embora desejasse dizer muitas coisas naquele momento, ele guardou as palavras para si e deixou que Jimin expressasse seus sentimentos, afinal ele parecia querer revelar muitas coisas.

— Quando fui levado pela máfia, eu ainda era virgem — Jimin prosseguiu, tentando segurar as lágrimas. — Os homens que me tocaram durante todo esse tempo usavam a força e me violentavam de todas as formas. Eu não sei como é fazer sexo por amor.

Por mais que Jungkook não tenha reagido, aquelas palavras feriram seu coração. Em vez de dizer algo, ele apenas segurou as mãos do garoto enquanto o ouvia atenciosamente.

— Tudo o que eu conheço do sexo é a força bruta, a selvageria, a violência, a dor... — Ele apertou os lábios forte demais para bloquear a passagem das lágrimas, mas sua tentativa falhou e ele começou a chorar. — Mas quando você entrou na minha vida, pude enxergar o outro lado desse lugar que eu não me permiti entrar por um tempo. Você mostrou que eu posso sentir prazer sem dor e culpa. Eu quero ter a minha primeira experiência com você, quero saber como é fazer sexo com alguém que amo.

— Anjo... — Ele beijou a testa do garoto para transmitir o seu apoio. — Prometo que farei de tudo para esse momento ser especial.

Jimin sorriu e mais lágrimas saíram de seus olhos castanhos.

— Não me imagino fazendo isso com outra pessoa além de você — o garoto confessou, enquanto varria as gotas translúcidas para longe. — Meu coração diz o tempo todo que você é a pessoa certa e eu acredito nele.

— E o meu diz que você é o amor da minha vida desde a primeira vez que te vi.

Jimin perdeu as palavras momentaneamente, mas as recuperou depressa.

— Você também quer fazer isso comigo?

— Sem dúvidas, anjo — respondeu, deixando um rastro de carinho na bochecha dele. — Se você tem certeza de que quer fazer isso, tudo o que posso te perguntar agora é como você imagina a sua primeira vez?

— C-como eu imagino?

— Quero que seja especial, por isso preciso saber como você idealiza esse momento para que eu possa fazer do seu jeitinho.

O coração de Jimin ficou aquecido quando parou para imaginar que Jungkook estava buscando estratégias para deixá-lo confortável. O cuidado e a atenção do detetive não passaram despercebidos pelo garoto.

— Nunca parei para pensar nisso, acho que essa é a primeira vez que toco no assunto — Jimin respondeu, sua voz parecia nervosa e ansiosa.

— Podemos pensar juntos, meu bem. — As batidas frenéticas do coração de Jimin começaram a suavizar, pois agora a responsabilidade estava compartilhada. — Que tipo de coisa você descarta para a sua primeira vez?

— Não quero ser surpreendido, por mais que eu ame surpresas — admitiu. — Você pode escolher o lugar, mas eu quero saber o dia e a hora.

— O que mais?

— Isso é tudo, gatinho. — Ele sorriu, sentindo as bochechas extremamente quentes.

— Eu prometo te fazer o cara mais feliz desse planeta.

— Não precisa fazer tanto esforço pra me deixar feliz — assumiu e deslizou o olhar para baixo brevemente. — Sabe, Jungkook, depois que aqueles homens arrancaram a minha autonomia, eu não imaginei que me sentiria pronto para alguém um dia. É claro que antes disso tudo acontecer eu era diferente, não tinha receio de me tocar nem que me tocassem, mas eu desenvolvi repulsa por qualquer toque íntimo.

— Eu compreendo, anjo.

— Você é a única pessoa que me despertou um desejo diferente. Por mais que, na prática, o meu corpo não seja mais virgem, a minha alma permanece virgem e intocável. — Ele fez uma pausa considerável. — Quero conhecer o outro lado do sexo que eu não tive a chance de conhecer ainda, não até você aparecer.

Naquele momento, Jungkook sentiu que, em suas mãos, estava a maior responsabilidade que já encarou. Pensar nisso não o deixava com medo nem assombrado; na verdade, ele se sentia feliz em saber que Jimin confiava nele para ajudá-lo na superação de um dos seus maiores traumas.

— Acho que você não esperava por isso, não é? — Jimin perguntou e deu uma risadinha nervosa.

Jungkook sorriu e acariciou a pele dele lentamente, explorando sua temperatura e sua textura. Ele aproximou-se do rosto de Jimin e beijou seus lábios devagar, em seguida recuou a cabeça para encará-lo.

— Eu estou muito ansioso por isso, quero que seja especial para você da mesma forma que será para mim. — o detetive declarou através de um murmúrio. — Você não imagina o que estou sentindo agora, o tamanho da minha felicidade.

— Você já me desejou dessa forma?

— Todos os dias. — Jimin se arrepiou com a resposta do namorado. — Mas eu nunca coloquei isso como prioridade na nossa relação porque sabia que você não se sentia confortável.

O garoto não escondeu a surpresa após ouvir as palavras de Jungkook. Ele não estava surpreso por ouvi-lo dizer que sentia desejos por si, e, sim, pela maneira cuidadosa que Jungkook escondeu isso.

Esse pensamento não o abandonou pelos próximos minutos. Jimin sabia que Jungkook faria de tudo para fortalecer a intimidade entre eles e derreter qualquer coisa que atravessasse os seus caminhos.

— Tem uma coisa que eu acho importante você saber — Jimin disse com a voz tímida enquanto sentia o coração bater mais depressa. — Eu já me imaginei fazendo isso com você em uma barraca...

— Barraca? — Sorriu.

— Com luzes amarelas e tapetes sobre a grama. — Um pequeno vislumbre de fascínio cruzou os olhos de Jungkook, deixando Jimin ciente de que ele estava tendo uma ideia. — Não sei o porquê, mas acho bonito e romântico.

Naquele momento, o detetive tomou uma decisão importante: ele iria providenciar uma barraca, luzes amarelas e tapetes o mais rápido possível, mesmo que tivesse que gastar toda a sua energia nessa tarefa.

Isso não significava que ele estava desesperado para transar com Jimin. Embora exista uma parte sua realmente ansiosa para esse momento, a outra parte estava determinada a realizar as mais lindas fantasias do seu garoto.

— Você me deu uma ótima ideia, anjo.

Saber o que as palavras de Jungkook significava deixou Jimin com as expectativas no céu e o coração acelerado. Ele desejou, mais do que tudo, acessar as imaginações de Jungkook naquele momento.

— Me beija! — Jimin suplicou de repente. — Eu quero te beijar.

Os olhos de Jungkook o fitaram por um instante antes de seus lábios se aproximarem dos de Jimin em um beijo calmo. O garoto segurou o colarinho dele com as duas mãos e o trouxe para perto, fazendo-o debruçar sobre o seu corpo até as suas costas estarem totalmente deitadas no colchão.

Jimin rolou sobre Jungkook, ficando por cima dele com um pouco de impulso. O detetive sorriu durante o beijo, mas retomou o foco rapidamente e permitiu que a sua língua explorasse os caminhos pecaminosos que a língua do garoto fazia de encontro à sua.

As mãos de Jungkook deslizaram pelas costas de Jimin e pousaram nas coxas dele, sentindo a suave elevação dos músculos. Seu toque despertou um pequeno arrepio no corpo do garoto, fazendo-o apertar as pernas ao redor do detetive.

Jungkook beliscou o lábio inferior do garoto com os dentes, provocando-o, arrancando o fôlego dele. Jimin podia sentir a própria respiração enquanto beijava a boca do namorado, cada beijo persistente e entregue se prolongando.

— Gatinho... — ele sussurrou contra os lábios de Jungkook enquanto sentia as mãos dele subirem até a sua cintura. — Eu quero que aconteça essa semana.

Surpreso, Jungkook afastou-se um pouquinho para observá-lo. Jimin estava mordendo o lábio inferior para conter o tímido sorriso. Por um momento, ele se perguntou se ouviu direito.

— Você está pronto, anjo?

Jimin balançou a cabeça em afirmação, fazendo Jungkook sorrir amplamente.

— Eu já me sinto pronto para você — declarou.

Jungkook deslizou o dedo ao longo da bochecha do garoto e selou os lábios dele brevemente. O toque do detetive passava-lhe conforto, dizia-lhe que ele também estava pronto para realizar as vontades do seu amado.

Jimin desejava que todas as barreiras sumissem para que eles pudessem desfrutar dos momentos mais preciosos, e ele sabia que Jungkook estava disposto a fazer de tudo para isso acontecer.

Essa certeza se concretizou quando o detetive disse:

— Vou me certificar de que tudo saia como planejamos, meu bem.

✮✮✮

Olá, meus amores, como vocês estão? Quero saber sobre as expectativas de vocês após esse diálogo dos Jikook. Me contem tudo!

Já temos declarado como será a primeira vez do Jimin com o Jungkook, apenas aguardem! 

Pretendo fazer o próximo capítulo muito maior, pois vamos ter romance, ação e novas revelações. Vejo vocês em breve, se cuidem! <3

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