sixteen᠉

Antes de estacionar o carro próximo a uma casa de luxo, Jungkook solicitou a Yoongi que localizasse a residência de Josh Parker em seu dispositivo portátil, visto que as palavras do rapaz não eram totalmente confiáveis.

Apesar de muita relutância, Josh passou para os detetives a localização exata. Durante o trajeto, Jungkook observou que ele não olhava para os lados e mantinha os olhos imóveis em um ponto fixo dentro do automóvel, como se quisesse escapar do que lhe esperava.

Quando o motor do carro desligou, Jungkook foi o primeiro a tirar o cinto de segurança e a se lançar para fora, não poupando tempo e abrindo a porta do passageiro. Com apenas um gesto de cabeça, Josh entendeu que o detetive estava mandando-o sair do carro.

Mesmo relutante, o rapaz obedeceu às ordens do agente. Ele olhou para os lados como se quisesse conferir se os vizinhos estavam testemunhando aquela cena, mas a rua em que morava parecia silenciosa e calma. Aliviado, um pequeno suspiro escapou de seus lábios, tão inaudível que nem mesmo Jungkook ouvira.

No momento em que Jungkook fez menção de puxar Josh pelo braço, o rapaz enrijeceu o corpo para não ser arrastado à força e recuou uma pegada. Yoongi olhou para eles, sabendo que seu parceiro não tinha gostado nem um pouco daquela atitude.

— Está com medinho, Parker? — Jungkook provocou-o.

— Eu não quero entrar algemado na minha própria casa. Vocês não têm esse direito— ele rebateu.

Yoongi segurou a risada, assim como Jungkook; que trocou um olhar cúmplice com o seu parceiro antes de dizer:

— Eu adoraria te contar do que somos capazes, mas talvez você descubra na prática. O que acha disso? — O garoto, finalmente, olhou para o detetive, assustado. — Se você for esperto, vai colaborar conosco e se comportar direitinho.

— Se eu fosse você, Parker, não ignoraria o conselho dele — Yoongi acrescentou. — Algo me diz que você não aguentaria dois segundos no submundo do FBI.

Em outras circunstâncias, Jungkook teria rido da expressão amedrontada de Josh, mesmo que muitas pessoas considerassem a sua atitude e a de Yoongi uma enorme covardia por tentar assustar um garoto. De qualquer forma, o veneno jogado pelos agentes pareceu surtir efeito.

— Chega de papo furado, vamos entrar — O detetive decretou, por fim, arrastando-o pelo braço, embora Josh não tenha resistido desta vez.

Eles caminharam em direção à entrada da casa e, ao se aproximarem, Jungkook percebeu que a porta estava trancada, o que significava que a empregada doméstica havia saído para resolver outras questões. Yoongi espiou para além da janela, não avistando ninguém no interior da residência.

— Onde está a chave? — Jungkook perguntou para aquele cuja resposta deveria saber.

Josh encarou o detetive com um olhar divertido antes de responder:

— Na minha cueca, senhor.

À princípio, Jungkook pensou que ele estava querendo provocá-lo, mas, apesar do tom cínico, Josh não parecia estar mentindo. Estava claro que o rapaz desejava desafiá-lo a pegar o objeto que, naquele momento, se tornou indispensável.

— Por que diabos você guarda uma chave na cueca? — Yoongi perguntou.

— Para garantir que ninguém vai roubá-la de mim.

Com um suspiro, Jungkook disse:

— Yoongi, pode fazer isso?

Seu parceiro arregalou os olhos e abriu a boca em surpresa, não gostando nem um pouco daquele pedido.

— Não olhe para mim, eu não vou colocar a minha mão nessa coisa — defendeu-se, balançando a cabeça para os lados.

— Nós estamos ficando sem tempo.

— Por que você não mete a sua mão nas calças dele? — Jungkook quase revirou os olhos, mas tentou manter a compostura, principalmente quando ouviu uma risadinha baixa saindo dos lábios de Josh.

— Se eu não estivesse algemado poderia fazer isso por vocês — Josh pontuou, claramente soando debochado.

— Cale a boca — Jungkook ordenou e, em seguida, olhou para Yoongi com mais firmeza. — A Layla conseguiria fazer isso facilmente com um grampo, mas nós não temos um aqui. Ou tiramos as algemas dele ou fazemos isso com as nossas próprias mãos.

— Eu posso escanear a fechadura e enviar para a Central de Operação para que eles produzam uma chave.

— Isso demoraria horas e nós não temos esse tempo.

Yoongi esfregou a testa, começando a ficar sem ideias. Ele olhou para a calça jeans de Josh e se imaginou colocando a mão dentro dela. Apesar de já ter cometido inúmeras loucuras em nome do trabalho, ele nunca pensou que um dia se submeteria àquela situação.

— Tudo bem, eu faço isso — Yoongi disse entredentes. — Mas saiba que será a primeira e a última vez.

Jungkook balançou a cabeça em concordância, apenas para não contrariá-lo. Seu parceiro pegou um par de luvas transparentes do bolso do casaco, vestindo-as nas mãos antes de executar o serviço. Ele se aproximou de Josh lentamente e olhou para o meio de suas pernas com constrangimento.

— Onde está? — Yoongi indagou enquanto examinava a vestimenta.

— No meio.

Os olhos de Yoongi o encararam com agressividade, não parecendo contentes com a informação.

— Você tá de brincadeira com a minha cara, não é?

— Não, senhor.

— Se estiver mentindo, eu corto as suas bolas e faço você engolir uma por uma. — O seu comentário arrancou um rápido sorriso dos lábios de Jungkook.

Após ter dado o recado, Yoongi abriu o zíper da calça dele e puxou a barra da cueca antes de introduzir a mão. Ele tentou ser o mais rápido possível em seus movimentos para que ninguém notasse a sua aflição. Jungkook, no entanto, não teve dificuldade para perceber esse sentimento.

Enquanto isso, Josh tentava não rir da mão trêmula em sua cueca. Após localizar o objeto, Yoongi puxou a mão de volta e a sacudiu, segurando a chave na ponta dos dedos. Jungkook agradeceu mentalmente por ninguém ter presenciado aquela cena.

— Que bom que você não mentiu — disse Yoongi para Josh, sendo imediatamente fuzilado pelos olhos selvagens do rapaz.

Em seguida, ele virou de costas e abriu a porta com apenas um movimento. Josh, que antes tinha rido do nervosismo de Yoongi, começou a se sentir tenso novamente, principalmente por saber que a sua casa estava à mercê dos detetives.

— Entra aí. — Jungkook empurrou-o para dentro da residência, fazendo-o tropeçar no pequeno degrau da porta.

O lugar parecia estar vazio. Jungkook observou que a mobília estava bem posicionada e que, aparentemente, não havia nada fora do lugar. Diante dessa análise, o detetive concluiu que a empregada tinha arrumado tudo e que ele não encontraria o que procurava naqueles cômodos.

De qualquer forma, Jungkook considerou melhor averiguar todos os cômodos antes de partir para o quarto de Josh, afinal, poderia haver um acesso secreto em alguma parte despercebida. Não é tão incomum se deparar com cofres ou outros dispositivos em casas de luxo, pensou o detetive, principalmente quando o proprietário está envolvido em crimes.

Ciente disso, Jungkook deixou o parceiro de olho em Josh e começou as buscas de forma minuciosa. Ele passou as mãos nas paredes da sala, verificou atrás dos quadros, analisou se o som de suas pegadas alterava conforme andava e procurou por aparelhos inteligentes embaixo dos móveis.

Enquanto isso, Josh acompanhava os passos dele com o olhar, mas uma parte sua também estava concentrada em Yoongi ao seu lado. Ele sabia que não tinha muito o que fazer com as mãos algemadas e um detetive em sua cola;portanto, tentou usar uma abordagem mais inteligente.

— Por que vocês estão me mantendo preso? — perguntou. — Eu não faço a mínima ideia do porquê estou algemado em minha própria casa. Vocês não têm autorização para entrar aqui e vasculhar as minhas coisas.

— É melhor você ficar quieto, garoto — Yoongi alertou.

— Ficar quieto?! Vocês estão agindo de forma ilegal! Não podem me prender sem provas! — Ainda em silêncio, Jungkook continuou atento ao que estava fazendo, sem dar ouvidos às reclamações de Josh. — Vocês estão invadindo a minha casa sem um mandado. Eu posso denunciá-los por isso, sabia?

— Não se faça de tonto, você sabe exatamente porque está algemado — Yoongi respondeu, fazendo-o engolir as palavras brevemente. — Vimos a sua imagem na cena de um crime e agora você está sendo investigado. Colabore conosco e não precisaremos te levar para uma sala de interrogatório.

— Eu já falei que isso não passa de uma coincidência. — Josh tentou se justificar, reforçando o que disse para os detetives quando foi interrogado no colégio. — Não conheço a garota que morreu. Estou falando a verdade.

— Onde fica o seu quarto? — Jungkook perguntou de repente, fazendo-o congelar os músculos do corpo.

Um minuto depois, Josh encontrou as palavras.

— No andar de cima.

Sem dizer nada, Jungkook se deslocou em direção ao andar indicado, mas antes fez um gesto com a cabeça para que Yoongi o acompanhasse. Seu parceiro segurou Josh pelo braço e o arrastou, arrancando um xingamento dele.

Eles subiram os degraus às pressas. Jungkook não quis perder tempo perguntando a Josh onde ficava o quarto, então saiu empurrando todas as portas vistas pelo caminho até entrar em um cômodo que parecia pertencer ao rapaz.

O lugar estava devidamente organizado, mas, depois de recordar-se do que Jimin disse sobre a identidade falsa, o detetive suspeitava que aquela arrumação tinha sido premeditada. Josh, provavelmente, tentou se livrar de todas as provas referentes à Dominic Schwartz após Jimin ter acesso ao documento.

Desconfiando disso, Jungkook pensou em buscar evidências de que estava certo em sua análise. Ele se aproximou da cabeceira e observou que havia algumas marcas de cola na parede em formato de fotografias, mas que, por algum motivo, foram removidas de lá.

Naquele momento, o detetive lembrou-se do depoimento de Luna, a mais recente vítima do serial killer, onde ela afirma que Dominic possuía um caderno cheio de fotos. Levando em conta que Dominic é Josh Parker, aquelas impressões na parede podiam pertencer às imagens das vítimas.

Agora Jungkook só precisava encontrar o álbum de fotos, o que não seria nada fácil, visto que Josh teve tempo suficiente para dar um fim nele e, possivelmente, em todas as provas que o incriminavam.

Enquanto Yoongi procurava na escrivaninha, Jungkook olhava dentro do guarda-roupa. Ele afastou todas as peças de roupa, abriu as gavetas e buscou por passagens falsas, mas não teve sucesso. Não havia nada ali que pudesse dar ao detetive a confirmação de suas suspeitas.

Tentando pensar com a cabeça de Josh, Jungkook concluiu que, certamente, a identidade falsa e as demais evidências foram escondidas em um lugar diferente e de difícil acesso, o que levava-o a pensar que as únicas pessoas que poderiam saber onde estavam eram Josh ou alguém muito próximo a ele.

No momento seguinte, Jungkook percebeu que o colchão estava fora do lugar, indicando que alguém havia mexido e esquecido de arrumar. Ciente disso, o detetive levantou o colchão às pressas, encontrando um plástico no mesmo formato de um cartão de identidade, mas não havia nada além disso.

Josh segurou a respiração quando viu o detetive virar-se de frente para ele com a embalagem entre os dedos, como se lhe perguntasse o que aquilo significava. É óbvio que Jungkook sabia qual seria a resposta dele, mas decidiu ouvi-la mesmo assim.

— Essa embalagem é da minha identidade antiga — justificou.

— E por que está sem foto? — Silêncio. — Você jogou a identidade fora e deixou a embalagem embaixo do colchão?

— Não fui eu. — Jungkook levantou uma faixa de sobrancelha. — Quer dizer, eu falei para o meu pai que tinha feito uns documentos novos, então ele pediu para a empregada jogar os antigos fora.

— Você espera mesmo que eu acredite nessa história?

— Olha, os meus documentos estão naquela caixa, você pode conferir por conta própria. — Ele apontou para uma pequena caixa sobre a escrivaninha.

Jungkook olhou para Yoongi, fazendo-o entender a mensagem. Seu parceiro abriu a pequena caixa e pegou os documentos necessários, levando-os até Jungkook.

— Antes que pergunte, eu fiz uma nova identidade porque uns caras estavam atrás de mim e eu não queria que eles me localizassem. — Josh esclareceu enquanto Jungkook analisava os documentos.

— "Uns caras"? — Yoongi repetiu, exigindo mais detalhes.

— Eu tenho problemas com uns caras do time de basquete. Tivemos uma briga feia em um clube recentemente, inclusive um deles deixou cair a identidade falsa e eu a peguei.

Na menção das palavras "identidade falsa", Jungkook ergueu a cabeça.

— E onde está a identidade?

— Eles pegaram de volta. Está vendo esse vermelhão no meu olho? Pois bem, eles me bateram até eu devolvê-la. — Jungkook continuou sério, não acreditando em uma palavra. — O seu namorado, inclusive, viu ela caída no chão. Ele pode te confirmar isso.

Jungkook não gostou nada de ouvir a mudança no tom de voz de Josh ao pronunciar aquela palavra, ou do que estava implícito nela. Havia uma mistura de escárnio e diversão que não passou despercebida. Até mesmo Yoongi pareceu notar a provocação por trás da palavra.

— Você disse que a identidade era falsa. Como sabe disso? — Yoongi perguntou na tentativa de tirar o foco da provocação de Josh, visto que Jungkook estava quase pulando em seu pescoço.

— Porque esses caras costumam fazer identidades falsas para comprar drogas e entrar em clubes.

— Você é um deles?

— A maioria dos adolescentes da minha idade fazem isso. Talvez eu esteja sendo um tolo, mas é dessa forma que nos divertimos.

— O que você estava fazendo no dia em que a Adelyn foi morta? — Jungkook interrompeu o papo deles, consciente de que o foco da investigação estava se perdendo. — Você foi visto em um posto de gasolina minutos depois do corpo da vítima ter sido jogado no poço.

— Eu parei para abastecer o carro porque estava voltando de um clube. Você pretende investigar todos os carros que passaram por aquele posto de gasolina, detetive?

— Você estava vestido igual ao assassino e dirigia o mesmo carro que ele — ele pontuou.

— Olha, o carro pertence ao meu pai e ele usa para trabalhar, posso anotar a placa para você investigar. Além do mais, muitos garotos da minha idade se vestem igual a mim, inclusive o seu namorado, detetive.

Pela segunda vez, Josh alterou a entonação ao se referir a Jimin. Jungkook estava começando a perceber que o rapaz não só desejava provocá-lo, como também pretendia dissipar a sua paciência. Obviamente, o detetive não entraria em seu jogo, mas daria a ele um bom motivo para não repetir o que disse.

— Então você não conhecia Adelyn Clark? — perguntou Yoongi, tentando, novamente, mitigar a situação.

— Não.

— Você tem um álibi, Parker? Alguém pode confirmar que você estava nesse clube na mesma hora em que a Adelyn foi morta?

— Bem, eu tenho alguns amigos que podem confirmar. Inclusive, o Taehyung também estava lá, ele costuma frequentar esses bares com muita frequência. — ele disse enquanto olhava nos olhos de Jungkook. — Caso não saibam, detetives, o Taehyung também usa identidade falsa para beber nesses clubes; até porque ele ainda não tem idade para isso. Então, se pretendem me prender por causa de uma identidade falsa, ele também merece ser preso, não? A não ser que vocês ignorem esse fato por ele ter um amigo que namora o diretor do FBI.

Muito rapidamente, Jungkook segurou Josh pelo colarinho e o empurrou contra a parede. O garoto bateu a cabeça no concreto e sentiu duas mãos apertarem a sua garganta, o suficiente para aniquilar a passagem de ar que passava pela traqueia.

— Se voltar a mencioná-lo mais uma vez, eu te mato — ele disse, rangendo.

— Jungkook, solte-o! — Yoongi solicitou.

— Eu só estou tentando provar a minha inocência, senhor — Josh argumentou entre um engasgo e outro.

— Você tem sorte de eu não ter achado o que procurava, mas eu sei quem você é. — Jungkook sentiu-o estremecer entre as suas fortes mãos. — Eu não posso fazer nada contra você agora, mas se voltar a mencionar o Jimin, eu largo o distintivo de mão e quebro a sua cara a ponto de nem o diabo te reconhecer.

— Por favor, Jungkook, solte-o! — Yoongi pediu novamente.

— E-Eu nunca mais vou tocar no nome dele, senhor.

— Repita.

— E-Eu n-nunca mais vou t-tocar no nome dele, s-senhor.

Dito isso, Jungkook finalmente o soltou, ouvindo-o tossir compulsivamente quando se viu livre. Yoongi olhou para Jungkook de forma repreensiva, mas não disse nada, apenas observou o parceiro tirar uma chave do bolso antes de abrir as algemas do rapaz. A atitude do detetive o deixou confuso.

— Voltaremos aqui com um mandado para examinar o carro de seu pai — Jungkook informou-o. — Quando retornarmos, gostaríamos de falar com o seu álibi também.

— Sim, senhor.

— Não vamos te prender por causa desse cartão de identidade falso, mas vamos solicitar que a partir de hoje comece a usar um registro verdadeiro.

— Sim, senhor.

— Além disso, queremos que nos leve até os rapazes do time de basquete para conferirmos as identidades falsas deles. — Josh balançou a cabeça em confirmação. — Lembre-se que, enquanto seu álibi não for confirmado, você ainda é um suspeito.

— Sim, senhor, eu vou cuidar disso.

Sem acrescentar mais nada, Jungkook olhou para Yoongi e disse:

— Vamos embora.

Chocado, seu parceiro não conseguiu dar uma resposta de imediato, apenas se manteve em silêncio, digerindo a decisão de Jungkook em libertar Josh. Ele esperava ouvir qualquer coisa, menos ser chamado para ir embora depois de todo aquele espetáculo investigativo.

— Yoongi, vamos! — O detetive, parado na porta do quarto, chamou-o mais uma vez.

Yoongi piscou um par de vezes antes de tomar consciência do que tinha que fazer. Ainda confuso, ele andou em direção a Jungkook, assistindo-o descer as escadas às pressas. Naquele momento, Yoongi gostaria de perguntar a ele o que aconteceu para aquela decisão ser tomada, mas se convenceu de que seria melhor esperar saírem da residência.

Assim que o fizeram, Yoongi tentou acompanhar os passos de Jungkook até o veículo estacionado em frente à casa. O detetive destrancou o carro e se colocou para dentro em instantes, abrindo a porta para o seu parceiro.

— O que diabos foi aquilo!? — Yoongi perguntou depois de fechar a porta. — Eu pensei que, no mínimo, nós o levaríamos para a sala de interrogatório do departamento. Ele foi visto na cena do crime e você o liberta sem ao menos consultar o álibi?

— Eu tenho outro plano. — Dito aquilo, Yoongi se calou. — O Jimin me contou que ele tem uma identidade falsa com o nome de Dominic Schwartz e, pelo que você pôde ver, Josh sabe que o Jimin e eu somos namorados, o que me faz pensar que ele desapareceu com todas as provas que podiam incriminá-lo e as levou para outro lugar. Então vamos permitir que ele nos leve até lá.

— E você pretende esperar em frente à casa dele? É óbvio que ele vai sacar que estamos de olho.

Um sorriso pequeno de convicção se formou nos lábios de Jungkook.

— Não vamos esperar aqui, o rastreador vai nos direcionar — explicou.

— Rastreador?

— Eu coloquei um rastreador nele quando o segurei pela camisa. Josh vai pensar que ele conseguiu se safar com as justificativas que deu, mas a verdade é que eu só estou ganhando tempo para descobrir onde as provas estão escondidas.

— Então você tem certeza de que ele é o serial killer?

— Absoluta, mas não podemos prendê-lo ainda porque precisamos de uma prova concreta. O Josh vai nos levar até lá. — Yoongi abriu a boca em surpresa, parecendo gostar do plano de Jungkook. — Envie a localização do rastreador para a Layla, ela ficará de olho no Josh enquanto partimos para o segundo plano.

— Segundo plano?

— Se por um acaso o Josh não nos levar até o lugar onde escondeu as provas, precisaremos recorrer a outros meios de conseguir informações. — Fez uma pausa. — Vamos solicitar a presença de Hansol Vernon no departamento do FBI para um interrogatório. Ele foi melhor amigo do Josh, então deve saber de muitas coisas das quais desconhecemos.

— Você está falando do ex-namorado do Jimin?

— Isso não importa agora. Ligue para a Layla e peça a ela para entrar em contato com o rapaz. Estamos ficando sem tempo, então temos de agir mais depressa.

— Claro.

Enquanto Yoongi procurava o celular no bolso, Jungkook ligava o motor do carro. Ele precisava colocar o plano em ação, mas para isso seria necessário dar a Josh a certeza de que os detetives não estavam mais no seu encalço, embora Jungkook suspeitasse que ele demoraria um pouco para se dar conta disso.

✮✮✮


Após entrarem no prédio do FBI, Jungkook e Yoongi seguiram para o elevador com destino ao setor das salas de interrogatório. Já haviam se passado vinte minutos desde o momento em que eles falaram com Layla sobre Vernon, então os detetives esperavam que o rapaz já estivesse no local.

Quando a porta do elevador abriu, a imagem de Layla conversando com um grupo de estagiários foi a primeira coisa que os detetives avistaram. À distância, ela percebeu a chegada dos parceiros e virou a cabeça em direção à eles, decidindo se aproximar para dar a notícia.

— Jungkook, o garoto já está esperando vocês na sala de interrogatório — ela informou, sua voz parecia ofegante, como se estivesse correndo contra o tempo.

— Há quanto tempo ele está aí? — perguntou Jungkook.

— Não muito.

— Ótimo — ele respondeu e, em seguida, olhou para Yoongi. — Venha comigo.

— Não quer que eu acompanhe vocês? — curiosa, Layla perguntou.

— É melhor você ficar de olho no rastreador. Qualquer informação que conseguir sobre a localização dele, nos avise. — Ela balançou a cabeça em entendimento.

Um momento depois, Jungkook e Yoongi se dirigiram à sala onde Vernon se encontrava. De longe, Layla continuou a olhá-los, mas seu gesto não durou muito, pois ela seguiu para a Central de Operação para fazer o que seu diretor lhe ordenou.

Através de um vidro escuro, o detetive pôde ver a imagem de Vernon sentado em uma cadeira de metal, parecendo concentrado em seus pensamentos, como se tentasse ouvir alguma coisa. O que o garoto não sabia, no entanto, era que as paredes da sala eram à prova de som.

— Quer que eu conduza o interrogatório? — perguntou Yoongi ao seu lado, com uma expressão preocupada e desconfiada ao mesmo tempo.

Jungkook olhou para ele com as sobrancelhas espremidas, querendo rir do que ouviu. Naquele momento, Yoongi soube que a sua pergunta foi estúpida. Sabendo disso, ele tentou disfarçar com um sorrisinho envergonhado.

— Embora isso não me abale, obrigado por se preocupar — disse Jungkook, apertando a bochecha do parceiro antes de caminhar em direção à porta da sala.

Ele passou por dois guardas, que se afastaram da passagem quando o viram se aproximar. Assim que a porta foi aberta, Vernon levantou o olhar na direção do som, aprumando os ombros ao perceber que quem estava diante dele era um detetive.

Yoongi apareceu em seguida, deixando-o ainda mais nervoso. Ele não sabia o que estava acontecendo, e talvez essa fosse a causa de seu nervosismo, mas tinha certeza de que estava encrencado, principalmente por saber que seria interrogado por dois agentes.

Vernon se esforçou para não desviar o olhar deles, especialmente do detetive que puxou a cadeira para sentar-se em sua frente, fazendo todos os músculos de seu corpo endurecerem. Jungkook e Vernon ficaram encarando um ao outro por um bom tempo antes de, finalmente, o detetive falar:

— Você parece nervoso, Vernon.

— Eu nunca estive em uma sala de interrogatório antes.

Jungkook entendia que até mesmo os inocentes ficavam nervosos diante de autoridades como ele, por isso, em vez de apimentar o medo do rapaz, sorriu e comentou:

— Acalme-se, não estamos te prendendo, só queremos conversar com você. — O garoto suspirou pela boca, apesar de ter ficado curioso sobre o motivo de estar ali.

— Do que se trata essa conversa?

— Queremos perguntar algumas coisas sobre Josh Parker. Vocês já foram amigos, não é? Acredito que você tenha as respostas que estamos procurando.

Vernon ficou genuinamente surpreso ao ouvir o nome do amigo a ponto de sentir o estômago se remexer. Embora soubesse que Josh tinha se metido em muitas encrencas nos últimos meses, ele nunca imaginou que essas encrencas chegariam ao ponto de envolver o FBI.

— O que o Josh fez? — o rapaz perguntou, imaginando que a resposta não seria agradável.

— Eu faço as perguntas, ok? — Vernon foi surpreendido pela resposta, mas não se ofendeu com ela, apenas concordou com a cabeça, entendendo-a. — Você conversou com Josh nas últimas semanas?

— Sim.

— O que vocês conversaram?

— Na verdade, eu rompi com a nossa amizade depois de descobrir que ele estava fazendo piadas com o meu ex-namorado. — Jungkook franziu a testa diante da resposta, especialmente depois de filtrar as últimas palavras. — Eles nunca se deram bem, e quando eu soube que o Josh estava rindo do sofrimento dele, eu decidi me afastar.

— Como era a relação de vocês antes do rompimento?

Apesar do desconhecimento de Jungkook quanto ao bullying que Jimin sofria de Josh, ele decidiu seguir o interrogatório focando na questão principal, mas sem esquecer aquela informação.

— Nós éramos muito amigos, muito mesmo, desde a infância. Josh era um menino rebelde, mas sorridente. Ele gostava de liderar as nossas brincadeiras em grupo porque as suas ideias eram geniais. Quando queríamos criar uma brincadeira nova, nós sempre chamávamos o Josh.

— Vocês eram muito próximos e de repente isso mudou. O que mais o Josh fez a ponto de você querer se afastar dele? — Jungkook estava ciente de que a atitude de Josh em relação a Jimin não era o único motivo de Vernon ter se afastado dele, por isso o detetive desejava ir mais a fundo.

— Eu descobri que ele estava envolvido com um grupo diferente. — Vernon fez uma pausa, esperando ouvir outra pergunta, mas Jungkook se manteve em silêncio, interessado em mais detalhes. — Eu o vi usando drogas em um beco. Até pensei em ajudá-lo, mas ele parecia contente em estar com aquele pessoal.

— O que mais?

Vernon engoliu.

— Naquela mesma noite eu o segui porque queria conversar sobre as coisas que ele andava fazendo com o meu ex-namorado, mas a conversa não rolou, pois o Josh foi para a casa de outra pessoa.

— Quem?

— A Srta. Lynch, nossa professora de biologia.

Aquela informação deu um nó na cabeça de Jungkook, mas, ao mesmo tempo, o deixou extremamente intrigado.

— A Srta. Lynch está saindo com um aluno?

— É o que parece. Quando ela o atendeu na porta parecia que já esperava por ele — acrescentou. — Além do mais, ela o recebeu com um beijo na boca.

Jungkook olhou para o parceiro encostado na parede da sala, sendo retribuído por um olhar quase incrédulo.

— Eu não o questionei sobre essa cena, mas ele me contou que estava dormindo com uma mulher mais velha e que ela tinha lhe dado uma cópia da chave da casa para que ele pudesse ir visitá-la quando quisesse. — Vernon prosseguiu diante do silêncio dos detetives. — Eu não perguntei quem era a mulher porque já sabia. Nessa mesma conversa, eu coloquei para fora tudo o que estava engasgado e decidi romper com a nossa amizade. Ele implorou para eu não o abandonar como a mãe fez, mas eu não podia deixar aquela situação passar em branco.

— Você já o conhecia quando a mãe o abandonou? — Foi Yoongi quem perguntou, apesar de ter sido Jungkook o responsável pelas perguntas até o momento.

— Sim, e foi terrível. Ele se isolou do mundo e ficou extremamente revoltado. Ele culpava a mãe por tudo de errado que dava na vida dele, e o pai colocava lenha na fogueira só para ter o apoio do filho — explicou. — Josh começou a esquecer a mãe quando conheceu a Hannah Miller, sua ex-namorada, mas depois de um tempo o relacionamento deles esfriou e a Hannah o dispensou. Ele nunca a esqueceu e isso o deixa transtornado até hoje.

— Ele sabe o que aconteceu com a Srta. Miller? — Jungkook interrogou.

— Creio que sim, apesar de ele nunca ter me contado com exatas palavras. Eu fiquei sabendo o que aconteceu com ela através de outras pessoas e fiquei pensando nas coisas que o Josh diria se estivesse diante dela. Conhecendo-o bem, eu tenho certeza de que não seria um encontro amigável.

Aquela informação preocupou o detetive, que analisou todo o histórico do serial killer e concluiu que Hannah se encaixava no perfil das vítimas. Na verdade, Jungkook já suspeitava que ela pudesse se tornar um alvo devido à gravidez, mas, durante todo esse tempo, ele pensou que o principal foco do assassino eram as mulheres do Centro de Yoga.

Depois de pensar nisso, Jungkook olhou para o parceiro e fez um movimento com a cabeça, fazendo-o entender seu gesto imediatamente. Yoongi saiu da sala de interrogatório às pressas, deixando Vernon confuso e consciente de que havia algo de errado acontecendo.

— Tá tudo bem com ele? — perguntou ao detetive.

— Seu amigo está sendo investigado por inúmeros assassinatos de mulheres grávidas. A Hannah está grávida, então é importante mantê-la em segurança até resolvermos isso. — Os olhos de Vernon ficaram horrorizados.

— Assassinatos? — Ele parecia assustado demais com a coisa toda. — Eu não acho que o Josh seja capaz disso.

— O seu achismo não interfere em nada. — Vernon reagiu como se tivesse levado uma bofetada na cara. Percebendo que foi duro com as palavras, o detetive tentou ser mais sutil com a próxima fala. — O que estou tentando te dizer é que o seu amigo pode esconder coisas de você.

— Eu entendo. — Ele baixou o olhar para as próprias mãos no colo. — Jimin sempre me alertou sobre ele, mas eu não quis acreditar. — Seus olhos foram de encontro aos de Jungkook. — Jimin foi o meu namorado, caso não o conheça. Eu não gosto de mencionar o nome dele neste tipo de conversa, mas o senhor me parece confiável.

— Você ainda gosta dele? — Jungkook se atreveu a perguntar.

— Ele mexe muito comigo. Quando estou com ele, consigo me lembrar de todos os momentos que passamos juntos, mas são só lembranças. O Jimin está com outro cara agora e não quer saber de mim. Eu o respeito, mas ainda me machuca um pouco.

Jungkook se sentiu estranhamente aliviado apesar de saber que não tinha nada que se preocupar. Era engraçado pensar que ele poderia se sentir ameaçado por um adolescente, ainda que não fosse muito mais velho do que Vernon. Na verdade, o distintivo e a postura oficial o faziam parecer que tinha alguns anos a mais.

Vernon imaginou que o detetive diria alguma coisa sobre a sua revelação amorosa, mas não houve nenhuma pergunta, nenhuma curiosidade, nenhum conselho, nada. Jungkook apenas respirou fundo e disse:

— Eu preciso finalizar o interrogatório. — O rapaz balançou a cabeça em entendimento. — Você disse que a professora de biologia deu ao Josh uma cópia da chave de sua casa. Pode me informar onde ela mora?

— Eu posso te levar até lá.

— Vou pedir para que anote o endereço. — Ele entregou um papel e uma caneta ao interrogado.

— Você não acha que seria melhor se eu-

— Anote o endereço — ordenou com mais firmeza. — Eu sei o que está tentando fazer, garoto.

— Josh gosta de mim, se ele estiver na casa da Srta. Lynch eu posso tentar conversar com ele.

— Não.

— Então me deixe ficar no carro, eu prometo não atrapalhar.

— Você não pode participar da investigação. Esse não é o seu trabalho.

— Mas vocês me procuraram para falar sobre o Josh porque sabem que eu o conheço como ninguém. — Jungkook esfregou a testa, tentando manter a calma. — Talvez eu consiga convencê-lo a se entregar se ele for preso.

— Não vou pedir novamente.

Sabendo que não tinha saída, Vernon pegou a caneta em silêncio e escreveu no papel o endereço da Srta. Lynch, empurrando-o para o detetive em seguida. Jungkook pegou os itens e guardou no bolso do casaco, arrastando a cadeira para trás com o peso de seu corpo.

— Detetive — Vernon se levantou depois de vê-lo fazer o mesmo. Jungkook o encarou com um olhar de puro inquérito. — Eu gostaria de pedir a você para que não comentasse com os seus colegas sobre os meus sentimentos pelo Jimin. Ele me contou que o namorado dele trabalha no FBI, então eu quero evitar que isso chegue aos ouvidos dele.

Por um momento, Jungkook ficou pensando em que resposta dar.

— Ele sabe disso muito antes de você falar. — Vernon enrugou a testa em confusão.

— Como assim?

— Porque o namorado dele sou eu. — A boca de Vernon despencou e, antes que pudesse dizer algo sobre aquilo, Jungkook continuou: — Mas esqueça isso. Para mim não tem a menor importância.

— Olha, eu disse que ainda gosto dele, mas não quero que isso atrapalhe o relacionamento de vocês — Vernon se justificou às pressas.

— Garoto, a única pessoa cujos sentimentos me importa é o Jimin e ele já deixou claro que não sente mais nada por você. — Apesar das duras palavras, Jungkook precisava ser honesto. Porém, sabendo que estavam no seu local de trabalho, decidiu encerrar aquela conversa o mais rápido possível. — Eu quero agradecer pelo seu depoimento e dizer que isso é suficiente. Já está dispensado.

Vernon manteve-se em silêncio por um tempo, pois lhe faltaram palavras naquele momento. Tinha de admitir que se sentiu culpado por ter trazido o assunto à tona e causado uma pequena tensão no ambiente, embora Jungkook não tenha demonstrado abertamente que se incomodava com o tópico da conversa.

Enquanto ele continuava imóvel e pensativo, o detetive ia em direção à saída para falar com o segurança na porta. Vernon observava tudo com uma estranha sensação de aperto. Ele gostaria de perguntar se estava tudo bem ser amigo de Jimin, mas sabia que estaria sendo um idiota por pedir permissão por algo que não cabe a Jungkook escolher.

— Leve-o até a saída. — ordenou o detetive para o segurança, que balançou a cabeça em entendimento.

Em seguida, os olhos de Jungkook caíram sobre o rapaz, fazendo-o entender a ordem. Não demorou muito para Vernon se mover em direção a eles. Seu primeiro instinto havia sido parar para falar com Jungkook, talvez pedir-lhe desculpas, porém, quando ia fazer isso, decidiu que seria melhor não dizer nada.

O segurança conduziu-o para fora da sala instantes depois. Quando Jungkook estava prestes a fechar a porta para se juntar aos demais na Central de Operação, Layla chegou por trás, surpreendendo-o. Ele se virou de frente para a parceira tão rapidamente que a chave da sala de interrogatório quase escorregou de sua mão.

— Temos uma nova localização — ela comunicou. — Ele saiu da casa há dois minutos.

— Ele seguiu para este endereço? — Jungkook mostrou o papel rabiscado por Vernon, vendo Layla confirmar com um aceno de cabeça. — Então ele está indo para a casa da Srta. Lynch.

— Quem é essa mulher?

— Eu te conto no caminho. Você precisa vir conosco porque ela pode estar envolvida nos crimes ou, na pior das hipóteses, ser a próxima vítima.

Sem mais questionamentos, Layla acenou em concordância e disse:

— Deixei o meu distintivo na sala do Jared.

— Vá pegá-lo, eu te espero no carro. — ela sorriu e deu as costas.

Enquanto Layla se dirigia à sala de Jared às pressas, Jungkook mandava uma mensagem para Yoongi perguntando-lhe onde ele estava. Em poucos segundos, seu parceiro enviou-lhe uma resposta:

"Estou na minha sala"

Jungkook mandou outra mensagem:

"Temos uma localização do suspeito, me espere no estacionamento"

"Ok"

Depois de receber uma confirmação, Jungkook seguiu para o local combinado, convicto de que o seu plano daria certo. Se ele estava buscando provas contra Josh Parker, este era o momento de pegá-lo em flagrante.

O rapaz era cuidadoso, mas também impulsivo. Jungkook acreditava que, em meio ao desespero e ao caos, a impulsividade dele o levaria ao abismo. Josh poderia ter calculado a rota dos detetives e evitado se expor depois de ser encurralado pelos agentes, porém estava seguindo em direção à uma armadilha por influência de sua precipitação.

E Jungkook, obviamente, iria se beneficiar da impulsividade dele e usá-la a seu favor.

Minutos depois, o detetive chegou no estacionamento na mesma hora em que Yoongi. Eles foram em direção ao carro do departamento, geralmente usado por Jungkook, que estava parado em uma vaga próxima.

— Falei com o Peter para ficar de olho na Hannah porque ela pode estar em perigo. Ele e outro policial já estão a caminho de lá — Yoongi noticiou quando se aproximou de Jungkook.

— Ótimo.

— Você me deu a tarefa de vigiar a Hannah, então se quiser eu posso trocar de lugar com o Peter.

— Não, vou precisar de você comigo. Josh pode estar armado e com uma cúmplice, não sabemos quantos aliados ele tem.

— Você tem razão — ele suspirou, pausando. — Confesso que estou sentindo falta do Ric na equipe. Quem diria que um dia eu estaria assumindo isso.

— Também sinto muita falta dele. — Jungkook apertou os lábios em lamentação. — Bem, enquanto o Ric não se recupera, vamos fazer o nosso trabalho.

Yoongi olhou ao redor do estacionamento à procura de alguém e disse:

— Acho que a Layla perdeu os saltos na metade do caminho. — Seu comentário arrancou um sorriso dos lábios de Jungkook. — Por falar nela...

A detetive surgiu atrás de Jungkook enquanto olhava para Yoongi com um olhar divertido e meio desconfiado. Conhecendo-os bem, Layla sabia que os dois estavam falando dela.

— Então, garotos, vamos?

— Eu pensei que você tinha se perdido — Yoongi comentou com segundas intenções.

— Não se preocupe, eu conheço muito bem o caminho — ela retrucou com um sorriso no rosto.

— Sabia que você fica linda sorrindo? Eu acho que estou começando a entender o Jared. — Em outras circunstâncias, Layla teria ficado envergonhada com o elogio de Yoongi, mas ela aprendeu a lidar com todos eles ao longo da vida a ponto de não demonstrar se havia gostado ou não.

— Por que está falando do Jared? — ela perguntou.

— Vocês não estão juntos?

— Claro que não. Ele não faz o meu tipo.

— Mas você sabe que ele te quer, não sabe?

— Você está louco — ela bufou.

— Ok, essa conversa pode esperar — interrompeu Jungkook. — Entrem no carro antes que o Josh desapareça dos nossos radares.

Layla piscou o olho para Yoongi como se tivesse vencido uma batalha, em seguida entrou no veículo e se acomodou no banco do carona. Ele, surpreso pela afronta, prometeu para si mesmo que daria o troco quando a missão acabasse. Enquanto isso, Jungkook parecia ser o único focado em capturar Josh Parker.

✮✮✮


O rastreador os levou a uma rua silenciosa, com um aglomerado de casas parecidas e arbustos floridos. O detetive estacionou em uma área afastada para não chamar atenção e espreitou em torno do lugar na tentativa de localizar o carro de Josh, porém, não o encontrou. Aquilo o fez concluir que o garoto havia pegado um táxi.

— Aqui diz que ele está naquela casa. — Yoongi apontou para uma residência no final da rua. Jungkook e Layla olharam na direção indicada.

— Vamos pegar o pombinho no flagra — disse Layla enquanto amarrava o cabelo. Yoongi olhou para ela em confusão.

— Por que está amarrando o cabelo? — perguntou.

— Porque a tal da Srta. Lynch pode ser uma cúmplice. Quero estar preparada para pegar a vadia.

— Acho que ela ainda pode estar no colégio — pontuou Jungkook.

— Não importa, eu quero estar preparada. — Após prender o cabelo em um rabo de cavalo e ajustar a arma no coldre da perna, Layla ameaçou abrir a porta do carro, mas percebeu que os detetives estavam encarando-a. — Vamos descer do carro ou ficar aqui parados?

Yoongi e Jungkook se entreolharam rapidamente. Layla não quis esperá-los, então abriu a porta e pulou para fora. Os outros dois detetives fizeram o mesmo segundos depois. Jungkook estudou as extremidades das casas em busca de possíveis câmeras de segurança, mas não havia nenhuma naquela rua.

— Vocês preferem agir em silêncio ou entrar com força? — Jungkook perguntou-os.

— Em silêncio — respondeu Yoongi na mesma hora em que Layla disse "Com força". Eles se olharam com estranheza.

— Ok. — Jungkook revirou os olhos. — Eu e Layla entramos pela frente e você vigia a porta do fundo. Ele pode querer fugir por lá.

— Tudo bem — seu parceiro concordou.

Layla não disse nada, apenas balançou a cabeça em concordância. No entanto, antes que ela pudesse se virar em direção à casa, Jungkook puxou-a pela cintura rapidamente, escondendo-a atrás de um muro. Layla estava prestes a perguntar o que aconteceu quando ouviu o barulho de um carro parando em frente à residência da Srta. Lynch.

Yoongi se escondeu na traseira do veículo e ficou observando à distância. Ele viu a Srta. Lynch sair do carro com sua bolsa gigante e um celular no ouvido. A mulher conversava com a pessoa do outro lado da linha enquanto caminhava para dentro da casa. Pela sua expressão, era possível dizer que ela estava preocupada.

Após vê-la adentrar a casa, Jungkook fez um sinal para Yoongi e Layla, avisando para eles o seguirem. Layla tentou ser sutil em seus passos, visto que seus sapatos tinham saltos e poderiam chamar a atenção facilmente.

Ao se aproximarem da casa, Jungkook gesticulou para que os outros ficassem longe da janela para não serem vistos. Yoongi informou, através de um movimento de cabeça, que daria a volta pelo lugar como havia sido combinado anteriormente. Jungkook autorizou sua partida e olhou para Layla, recebendo um aceno positivo.

Um momento depois, Layla subiu os pequenos degraus da varanda à medida que abria o coldre onde estava apoiada a sua arma. Ela pegou o instrumento e se posicionou na parede ao lado da janela enquanto Jungkook se movia em direção à porta.

Layla espiou o interior da casa, avistando uma sombra se movimentando para um cômodo nos confins de um corredor. Pelas características, ela supôs que era a Srta. Lynch. Ao perceber que o primeiro cômodo estava vazio, Layla sinalizou para Jungkook entrar, e assim ele o fez.

O detetive abriu a maçaneta com cautela e entrou na residência, sendo seguido por Layla logo depois. Ela pressionou as algemas na cintura para não fazerem barulho durante a invasão e fechou a porta ao entrar. Layla apontou para a porta do cômodo em que a Srta. Lynch estava, avisando que iria atrás dela, mas Jungkook pediu para que a agente esperasse.

Depois de ouvir o rangido da porta se abrindo, os detetives rolaram, em silêncio, para trás do sofá bem a tempo de evitar que a professora os avistasse. Ela parou perto das escadas para embrulhar umas notas de dinheiro, ouvindo, de repente, as pegadas de alguém descendo os degraus.

Através do reflexo da janela, Jungkook pôde observar que a pessoa para quem a Srta. Lynch estava entregando dinheiro era Josh. Ele carregava uma mochila enorme nas costas e parecia com pressa.

— Por que você quer esse dinheiro? — ela perguntou para o rapaz, ouvindo-o suspirar em aborrecimento.

— Eu não posso te contar — respondeu.

— Você me liga desesperado, me pede uma quantia absurda de dinheiro e não quer que eu saiba para onde está indo?

— Olha, Emma, eu não pedi dinheiro ao meu pai porque ele me faria muitas perguntas, então eu espero que você não seja como ele. — Ela engoliu em seco. — Eu vou te devolver o dinheiro quando tudo estiver bem.

— Não vai me contar para onde está indo?

— Não posso.

Ela riu, mas o som estava longe de ser algo agradável.

— Você está metido com aqueles caras de novo, não é? Josh, se você comprou drogas e não pode pagar, eu dou um jeito de quitar a dívida. Mas para isso acontecer você não pode esconder as coisas de mim!

— Não tem nada a ver com drogas. — Ela levantou as sobrancelhas em uma pergunta silenciosa. — Eu acabei me metendo em encrenca e preciso consertar o que fiz.

— Tem a ver com os agentes do FBI? Eles te interrogaram?

Houve uma pequena pausa no cômodo até Josh decidir quebrar o silêncio.

— Eu estou indo embora por outro motivo. Só quero que você fique de boca fechada e não conte a ninguém que me viu.

— Não vou contar sobre isso se você me prometer que voltará para mim. — A voz dela reduziu para um tom mais sensual. Layla olhou para Jungkook com uma cara de nojo.

— Eu não posso te prometer, mas vou tentar.

— Você precisa voltar para mim, Josh. — Suas palavras soaram como uma ordem.

Josh estava começando a ficar irritado com o rumo da conversa.

— Por que está exigindo que eu volte? Você mesma disse que a nossa relação não passa de sexo, e se esse é o problema, você pode usar seus vibradores.

Por um momento, Emma se sentiu ofendida, mas ela não poderia esperar menos de alguém como Josh. Instintivamente, ela encolheu seus ombros, ciente de que a notícia que estava prestes a dar a ele não o agradaria.

— Eu estou grávida de você — confessou. — Talvez isso não te faça mudar de ideia, mas eu não poderia deixá-lo ir sem saber disso.

A expressão do rapaz não mudou, mas ela sentia a reprovação irradiando dos olhos dele. Ali, portanto, Jungkook soube que as coisas esquentariam, por isso posicionou a arma na direção do tórax.

— Não — disse ele. — Você não pode ter esse filho.

— Olha, ninguém vai saber disso. Eu posso dizer que engravidei após passar a noite com um cara em uma viagem.

— Não! Você tem que abortar! Eu não quero esse filho! — Sua voz começou a aumentar. — Me prometa que você vai abortar. Me prometa!

— O que há de errado com você? — Ela realmente ficou assustada com a mudança de humor de Josh.

A pergunta de Emma pareceu irritá-lo ainda mais. Josh pegou um enfeite de vidro sobre a mesinha de centro e arremessou na parede, espalhando estilhaços por toda parte. A mulher, assustada, correu em direção à cozinha enquanto ouvia-o quebrar mais objetos no chão.

Layla olhou para Jungkook como se perguntasse o que fazer, observando-o acenar com a cabeça em sinal de autorização. Jungkook e Layla saíram do esconderijo bem na hora que Josh foi atrás da Srta. Lynch na cozinha. Ele abandonou a mochila no chão com todas as coisas, inclusive com o dinheiro.

Com a arma apontada para o sujeito, Layla gritou:

— FBI! Parado! — Josh arregalou os olhos, surpreso pela interferência dos federais, principalmente quando reconheceu o rosto de Jungkook às costas de Layla. — Coloque as mãos na cabeça, Parker!

Sem hesitar, ele agarrou Emma pelo braço e a colocou em sua frente, fazendo-a de escudo. Jungkook deslizou para o outro lado da cozinha na tentativa de o encurralar, porém Josh percebeu a ameaça e decidiu pegar uma faca que estava sobre a pia e posicioná-la no pescoço da refém.

— Saiam da minha frente ou eu vou matá-la! — ele ordenou aos berros.

Emma estava muito em choque para dizer qualquer coisa, até mesmo para respirar. A atitude de Josh enviou arrepios pela sua espinha, principalmente quando a lâmina da faca acariciou a pele de seu pescoço. Ela gostaria de pedir a ele para soltá-la, mas sabia que sua súplica estaria caindo em orelhas surdas.

— Largue a Srta. Lynch ou vamos atirar! — Jungkook alertou, posicionando o dedo no gatilho.

— Eu não vou soltar ela até que me deixem passar. — Seus olhos adquiriram um brilho assassino.

Um sentimento de puro pânico se intensificou no peito de Emma, que se esforçou para não chorar. Os olhos de Jungkook estavam atentos a qualquer movimento brusco de Josh, à medida que pesquisava mentalmente uma forma de atacar sem que ele a machucasse. Layla parecia tentar chegar à mesma solução.

As costas de Josh tocaram o armário e ali ele se viu encurralado. Percebendo que o rapaz estava começando a ficar desesperado, Jungkook tentou encontrar uma brecha para acertar o joelho dele, mas as pernas da refém estavam na frente das dele. A única saída seria tentar convencê-lo a se render.

— Parker, você não tem para onde ir. Há dois detetives te cercando neste momento e outro agente do lado de fora. Se renda agora mesmo. — ele balançou a cabeça para os lados bruscamente, decidido a não ceder às palavras de Jungkook. — Nós sabemos o que você fez com aquelas mulheres. Não precisa machucar mais ninguém.

— Saia da minha frente! — ele gritou para Layla, que estava parada na entrada da cozinha, impedindo que ele fosse para a sala de estar e, consequentemente, conseguisse fugir.

Obviamente, Josh iria ignorar todas as tentativas de Jungkook em fazê-lo se render. Lembrando-se que ele estava com o rastreador na blusa, o detetive articulou uma rápida estratégia e chegou à conclusão de que onde quer que Josh fosse, ele não o perderia de vista. Sabendo disso, Jungkook ordenou, através de um aceno de cabeça, que Layla se afastasse.

À princípio, Layla demonstrou confusão, mas, em instantes, ela refletiu sobre a autorização dele e entendeu como seria o plano de Jungkook. Dessa forma, ela deslizou para longe para que o rapaz passasse, mas não deixou de apontar a arma para ele. Josh empurrou o corpo de Emma junto ao seu na tentativa de se proteger da pontaria dos detetives.

Ele começou a caminhar de costas, olhando para trás uma vez ou outra para se certificar de que o agente que estava do lado de fora não o atacaria de surpresa. Jungkook e Layla continuaram a andar em direção ao rapaz na mesma proporção em que ele se afastava.

Quando alcançou a porta da frente, Josh girou a maçaneta, porém, antes de sair da casa como gostaria, ele enfiou a lâmina no abdômen de Emma, fazendo-a gritar de dor. No momento em que ela se contorceu, Josh correu para fora da casa e Layla se apressou, preocupada, para socorrê-la.

— Chame uma ambulância, eu vou atrás dele — Jungkook informou, tentando não olhar para o sangue escorrendo da barriga da vítima.

Layla concordou com um aceno, se agachando para estancar o ferimento de Emma. Não demorou muito, Jungkook correu atrás do sujeito, vendo-o a poucos metros de distância. Enquanto corria, ele acionava a escuta para se comunicar com Yoongi, visto que o seu parceiro não tinha aparecido para encurralar Josh e impedir sua fuga.

O fugitivo virou a esquina, na esperança de se livrar de Jungkook. Mas o detetive continuava a persegui-lo com muita velocidade. Josh olhava para trás a cada dois segundos e empurrava todas as lixeiras que encontrava pelo caminho, torcendo para que o outro tropeçasse em uma de suas tentativas, mas o detetive desviou de todas elas.

— Yoongi, está na escuta? — ele perguntou.

Sim, estou. Onde você está?

— O Josh está fugindo. Verifique a localização do rastreador e dirija de carro até aqui. Precisamos cercá-lo.

Ok, estou a caminho.

Jungkook depositou cada grama de energia nos seus pés e correu mais rápido, tentando alcançá-lo antes que ele pulasse uma cerca de ferro. No entanto, Josh conseguiu escalar a grade e saltar para o outro lado do beco, quase tropeçando quando seus pés atingiram o chão. O detetive fez o mesmo movimento, mas diferente de Josh, ele não se desequilibrou.

Por um momento, Jungkook pensou em acertar um tiro na perna dele para desequilibrá-lo, mas desconsiderou essa opção depois de avaliar os movimentos de Josh e concluir que as chances de atingi-lo eram poucas.

Desesperado, Josh atravessou uma rua movimentada sem olhar para os lados, fazendo muitos motoristas frearem seus carros subitamente. Ele pegou um caminho secundário que dava para um amplo beco entre duas construções. Sua respiração começou a ficar irregular, indicando que o cansaço estava se apoderando de seu corpo.

Secretamente, Jungkook sorriu. Ele tinha consciência de que os treinamentos que fizera ao longo de sua formação lhe davam mais vantagem, então Josh poderia correr por quilômetros e ainda assim ele o alcançaria sem nem sequer ofegar.

O fugitivo tentou subir por uma escada de emergência de um prédio, mas seus sapatos deslizaram diversas vezes, e aquilo deu ao detetive a chance de agarrá-lo. Jungkook o arrastou para o chão com força, sendo surpreendido por um soco na mandíbula.

O detetive reagiu na hora. Ele rolou por cima de Josh e distribuiu uma sequência de golpes em suas bochechas, deixando-as escaldadas. Ao se lembrar do depoimento de Vernon, os ataques de Jungkook ficaram mais agressivos. Josh gemeu de dor, no entanto continuou a se defender, sem sucesso.

No momento em que Jungkook fez menção de pegar as algemas, o rapaz conseguiu se safar empurrando o corpo dele para longe do seu. Josh se lançou pelo pavimento com todas as suas forças, tendo o impulso de girar e correr, mesmo que tenha tropeçado e perdido a velocidade.

O detetive se impulsionou para cima, não pensando em mais nada além de ativar a arma e apontar para as costas do sujeito. Novamente, a lembrança das palavras de Vernon mergulhou em sua cabeça como uma avalanche e, naquele momento, Jungkook só desejou acabar com aquilo de uma vez.

No entanto, antes que pudesse apertar o gatilho, um carro parou na entrada do beco subitamente e bloqueou a passagem. Yoongi saltou para fora do veículo equilibrando um revólver na mão. Aquilo foi o suficiente para Josh dar um passo involuntário para trás. Ele tentou dar meia-volta, porém Jungkook estava cercando-o. Ao se encontrar encurralado, Josh sentiu as paredes do estômago se contraírem.

— Josh Parker, você está preso pelo assassinato de dezoito mulheres e pela tentativa de homicídio de Emma Lynch e Luna Baker. Coloque as mãos na cabeça e vire-se! — Jungkook exigiu.

O sujeito olhou para o detetive, não dando ouvidos para a sua ordem. Jungkook observou uma faixa de sangue escorrendo no canto da boca dele devido aos socos que acertou naquela região. Ele estava seguro de que Josh pensaria em algumas estratégias para fugir, mesmo não havendo saída.

— Levante a porra das mãos! Agora! — Jungkook ordenou com mais firmeza.

Josh olhou para os lados na expectativa de encontrar uma passagem, porém, quanto mais se debatia para achar uma saída, mais hiperativa a sua mente ficava. Ele suspirou, frustrado, sabendo que tinha perdido. Então, a única opção que lhe restou foi se render.

Ele colocou as mãos atrás da cabeça e virou-se de costas, ficando de frente para a arma de Yoongi. Jungkook guardou o revólver no coldre antes de se aproximar dele, agarrando-o pelos braços e empurrando-o contra a lateral do carro. Josh xingou no momento em que Jungkook envolveu seus pulsos com as algemas.

— Vai se divertir na cadeia, Parker — ele sussurrou em seu ouvido, fazendo-o ranger os dentes.

Em seguida, o detetive abriu a porta do veículo e jogou-o no banco de trás. Yoongi finalmente abaixou a arma, sorrindo para o parceiro de forma triunfal, porém Jungkook não lhe retribuiu o gesto. Ele estava preocupado com Emma e decepcionado consigo mesmo, pois aquilo não teria acontecido se ele tivesse atirado em Josh para impedi-lo.

Sua intenção não seria matá-lo, mas imobilizá-lo. Eram três agentes contra um garoto, a princípio, desarmado. Jungkook tinha razões suficientes para prendê-lo no momento em que o viu descer as escadas, mas ele decidiu ficar lá, parado, esperando ouvir o que já sabia. Isso o irritou por dentro.

— Jungkook, precisamos ir — comunicou Yoongi, olhando-o em confusão.

Não houve respostas. Jungkook pegou o celular no bolso para enviar uma mensagem para Layla, mas, após refletir melhor, decidiu telefonar diretamente. Enquanto o detetive fazia a ligação, Yoongi entrava no carro para esperá-lo.

Oi, diretor — Layla atendeu.

— Como a Emma está?

Ela foi levada para o hospital. Samantha ficará com ela até que esteja bem para ser interrogada. Quer que eu ligue para a diretora do colégio e conte o que aconteceu?

— Ainda não, é melhor esperarmos a Emma se recuperar. A diretora não vai gostar nada de saber que a professora de biologia estava dormindo com um dos alunos.

— Uma fofoca e tanto — ela comentou. — E o fugitivo?

— Conseguimos capturá-lo — ele contou. — Eu e Yoongi estamos indo para a casa da Emma, acho que existem muitas provas nesta casa.

Bem, acredito que o que há dentro da mochila dele é suficiente para incriminá-lo até os dentes. — Layla disse. — Eu encontrei um álbum com fotos das vítimas mortas, identidades falsas e uma coleção de facas, que eu suponho ser a arma dos crimes.

— Ótimo, já estamos a caminho.

Jungkook encerrou a ligação e entrou no veículo, sinalizando para Yoongi retornar à casa da Srta. Lynch, que não estava tão distante. Seu parceiro afundou o pé no acelerador e dirigiu de volta para o local do crime. Em poucos minutos, eles chegaram na residência, mas só Jungkook foi em direção à Layla. Yoongi permaneceu no carro para ficar de olho em Josh, que durante todo o caminho se manteve o mais silencioso possível.

— Eu já olhei todos os cômodos da casa, não há mais nada aqui — Layla informou quando o viu se aproximar, entregando-lhe a mochila de Josh. — Acho que esse caso já está resolvido, não é?

Jungkook fez que sim.

— Vamos só entregar as provas e deixar que a Justiça determine o futuro dele — respondeu. — Aliás, você está devendo uma tatuagem nos seios para o Yoongi.

Layla arregalou os olhos ao se lembrar da aposta. Ela olhou para Yoongi por cima dos ombros de Jungkook, observando-o roer as unhas enquanto esperava-os. Em seguida, ela disse para o detetive:

— Acho melhor você fingir que esqueceu — Jungkook sorriu. — Estou falando sério, não diga nada. Eu não vou tatuar meus peitos.

— Aposta é aposta — Layla bufou.

— Quantas apostas você não cumpriu, meu diretor? — Jungkook não lhe deu uma resposta, apenas continuou sorrindo. — Foi o que pensei.

Yoongi apertou a buzina para chamar a atenção dos dois, em seguida, gritou:

— Vocês vão ficar batendo papo enquanto um prisioneiro está sentado no banco do carro?

Dito isso, ele observou Jungkook e Layla trocando olhares cúmplices antes de se dirigirem ao veículo. Por mais que tenham tido sucesso no caso, havia outro pensamento preocupante arranhando a mente de Jungkook: ele não fazia ideia de quem estava por trás dos atentados e esperava descobrir com a ajuda de Caleb.

A pior parte de saber que o FBI estava sofrendo ataques externos era ter consciência de que esses ataques poderiam acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar, a qualquer hora e com qualquer pessoa. Jungkook estava mais do que convicto de que essa era a hora certa de começar a investigar esses acontecimentos com mais profundidade.

Ele estava preparado para convocar os melhores agentes especiais para participar dessa tarefa e os mais inteligentes especialistas em computação para cuidar do procedimento interno, a fim de proteger as bases do FBI de possíveis invasores. Afinal era só uma questão de tempo até os ataques migrarem para o setor de Inteligência do departamento.

Portanto, Jungkook estava mais do que preparado para caçar os culpados.

✮✮✮

Oi meus amores, como vocês estão? Nesse capítulo não houve interação jikook, mas no próximo vocês vão receber um banquete de mimos. Então aguardem ansiosamente.

O próximo capítulo é o do baile e, provavelmente, ele será dividido em duas partes. Devido a tudo o que estou planejando, é esperado que os capítulos sejam enormes... mas enfim.

Espero que vocês tenham curtido o capítulo apesar de não ter interações dos namoradinhos. E, como eu disse, o caso do serial killer não é o foco dessa temporada de dangerous, então podemos dizer que: agora sim dangerous está começando!

Tudo o que vocês viveram na primeira temporada, também será vivido nesse etapa da fic. Estejam prontes e até mais! <3

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