fifteen᠉

Antes mesmo do sol nascer, Jimin já estava em sua casa, entrando silenciosamente pela porta para não acordar Seokjin. O tempo estava gelado lá fora, mas não o bastante para lhe deixar com frio.

Depois de passar a noite com Jungkook, o menino foi levado para casa antes do amanhecer como havia prometido ao seu pai, visto que, em poucas horas, ele teria que ir para o colégio.

Durante todo o trajeto, os pensamentos de Jimin voltavam em retrospectiva, fazendo-o lembrar do que aconteceu entre ele e o detetive. Para ser sincero, Jimin não conseguiu fechar os olhos depois de tocá-lo daquela forma, pois as imagens do corpo de Jungkook, e até mesmo as reações dele, não saíam de sua cabeça um segundo sequer.

Em contrapartida, o detetive dormiu abraçado ao seu corpo a noite toda. Enquanto Jimin rebobinava as cenas mais intensas na sua cabeça, Jungkook suspirava lentamente próximo ao seu ouvido, completamente entregue ao sono.

O menino pensou que poderia se sentir constrangido depois de tocá-lo, mas as palavras ditas por Jungkook fizeram-no se sentir confiante. Jimin não aguentou vê-lo tão reduzido à excitação e pediu para lhe acariciar, vendo-o ceder rapidamente.

No começo, Jimin achou que estava sendo apressado, mas as variáveis expressões de Jungkook lhe disseram que os movimentos estavam em um ritmo agradável. O garoto sorriu para si mesmo diversas vezes, satisfeito com o seu desempenho. Se ele pudesse definir esse momento em uma palavra, seria: radiante.

Jimin pensou que, durante a masturbação, ele fosse se recordar de todos os homens que o forçaram a realizar o mesmo ato, mas, para o seu alívio, Jungkook soube conduzir os seus movimentos de modo a não fazê-lo associar uma situação à outra. E isso, obviamente, permitiu que o garoto se soltasse naturalmente.

Foi diferente.

Foi divertido.

Foi envolvente.

Foi bom demais, concluiu Jimin.

Ele ainda estava parado na porta de entrada, segurando a maçaneta como se fosse incapaz de soltá-la. Jimin ficou tão entretido em seus próprios pensamentos que não percebeu que um corpo havia descido as escadas e acendido as luzes.

— Filho?

Jimin virou-se tão depressa que uma nuvem de tontura se passou em sua cabeça, fazendo todas as lembranças se dissolverem em instantes. Seokjin estava parado no primeiro degrau enquanto olhava-o com curiosidade. A expressão em seu rosto indicava que ele tinha acordado há muito tempo.

— Oi, pai. — Ele o cumprimentou depois de perceber que estava demorando demais para responder. — Eu não queria te acordar. Me desculpe.

— Eu já estava acordado antes mesmo de você chegar. — O menino perguntou-se o porquê de ele já estar acordado, mas não foi necessário verbalizar, visto que Seokjin completou dizendo: — Fiquei preocupado com a sua demora.

— Eu te disse que passaria a noite com o Jungkook, não disse? Não tem porque se preocupar quando estou com ele, pai. — Seokjin ficou inclinado a concordar, mas algo o impediu de o fazer. — Além do mais, ele me deixou aqui antes de ir embora como havíamos combinado.

— Talvez eu esteja exagerando — lamentou-se.

Jimin sacudiu a cabeça para os lados, como se para enfatizar que o homem estava falando bobagens, e se aproximou dele segundos depois. Mais de perto, Seokjin notou que o garoto estava com os cabelos levemente úmidos, o que significava que ele tinha tomado banho antes de voltar para casa.

— O senhor ficou assim porque o Jungkook sofreu um atentado e tem medo que isso aconteça de novo e eu esteja por perto, não é? — Seokjin concordou com um movimento pesado de cabeça. — Eu também tenho medo disso acontecer, então o senhor não está exagerando.

— Eu sei que você já está crescido, mas não posso fingir que não me preocupo com você a maior parte do tempo. Depois de tudo o que aconteceu, o mínimo que posso fazer é te proteger. Christopher também é assim ou eu estou fazendo o meu papel errado?

Jimin sorriu.

— Ele também é assim, só que um pouco mais flexível. — Seokjin apertou os cantos da boca. — Depois do que aconteceu comigo, ele passou a me ligar todos os dias. Ele também fica preocupado por eu namorar um agente do FBI.

— Eu estou do lado do Christopher. — Jimin revirou os olhos de forma divertida, como se ambos estivessem exagerando. — O Jungkook não tem medo de se arriscar. Me lembro de quando ele desobedeceu às minhas ordens para te salvar. Ele não tem medo de morrer em campo, contanto que você esteja a salvo.

— Eu também não tenho medo de morrer por ele. — Seokjin perdeu as palavras após ouvir a confissão do garoto. — Por que não deixamos esse assunto morrer, hein? Não quero viver com medo do que pode acontecer.

Depois de ouvir a declaração de seu filho, Seokjin não conseguiu dar a ele uma resposta, afinal, Jimin tinha razão. A preocupação com o futuro podia antecipar o medo, embora fosse, também, uma forma de prevenir possíveis consequências. Diante disso, Seokjin não sabia a qual delas se prender.

Ele não queria que Jimin vivesse com medo de andar na rua por achar que era um alvo, mas também não gostaria de vê-lo na mira dos inimigos do FBI, ou melhor dizendo, de Jungkook. Os atentados eram uma prova de que os federais estavam sendo alvo de inimigos poderosos e Seokjin temia que essa disputa pudesse respingar em Jimin.

— Como foi o passeio de lancha? — Seokjin perguntou de repente, mudando de assunto para não deixá-lo desconfortável.

— Foi ótimo! — O homem pescou o vislumbre de um pequeno sorriso querendo se formar nos lábios do garoto. — O Jungkook é um ótimo piloto de lancha. Nos divertimos bastante.

— Espero que ele tenha se comportado. — Jimin não disse nada em resposta, apenas deu de ombros e fingiu desentendimento. — Ele cuidou de você?

— Pai, eu não sou criança — ele disse, mas seu tom não era severo, embora suas palavras tenham soado como uma bronca. — O senhor sabe que ele sempre cuida de mim. Nós estamos bem, não entendo toda essa preocupação.

— Eu apenas quero garantir que ele não vai te machucar.

— O senhor está bem? Digo, por que está me perguntando essas coisas? — Jimin expressou confusão. — Hoje o senhor está mais preocupado do que o normal. O que aconteceu?

— Não posso ficar preocupado com o meu menino?

— Pode, mas só quando há motivos. — Seokjin olhou para ele calmamente antes de esfregar a têmpora. — O senhor quer me perguntar alguma coisa sobre o meu relacionamento com o Jungkook?

Pela reação do homem, Jimin soube que a resposta era sim. A princípio, Seokjin não soube o que dizer, em seguida limpou a garganta e disse:

— Não, não quero. Eu prefiro não me meter na intimidade de vocês. — Ele tocou seus cabelos e sorriu. — Mas, independentemente de qualquer coisa, sabia que estou aqui.

Jimin encrespou a testa em confusão, sem entender porque seu pai começou a dizer aquelas coisas sem mais nem menos. Porém, o garoto não queria desapontá-lo; portanto, ainda incerto, disse:

— Tudo bem, obrigado.

Depois de encará-lo por um longo tempo, Seokjin se afastou dele e caminhou em direção à cozinha, deixando-o imóvel no mesmo lugar. As sobrancelhas de Jimin continuaram enrugadas em embaraçado.

Em seus pensamentos, Jimin começou a imaginar o que poderia ter levado Seokjin a falar aquelas coisas, e chegou à conclusão de que, provavelmente, seu pai havia desconfiado do que rolou entre ele e Jungkook na noite passada.

O resultado desses pensamentos não foi agradável, uma vez que Jimin começou a se sentir nervoso devido a esta possibilidade, mesmo estando seguro de que não deu quaisquer detalhes sobre o que aconteceu na lancha.

— Quer que eu prepare um café para você? — Seokjin perguntou, enfiando a cabeça para fora da cozinha.

Jimin balançou a cabeça para os lados e sorriu em agradecimento.

— Vou guardar a minha mochila e arrumar as minhas coisas antes de ir para o colégio. — Ele achou necessário justificar.

— Descanse um pouco, posso ver no seu rosto que você não dormiu. — Jimin quase congelou quando Seokjin mencionou a sua insônia.

— Eu pareço com sono?

— Um pouco — respondeu. — Você sempre perde o sono quando está com o Jungkook, não é? Não é a primeira vez que te vejo assim depois de passar a noite com ele.

Desconcertado, o menino riu de nervoso, não sabendo que resposta dar ao homem. Jimin pensou em dizer que ele e Jungkook costumam conversar demais durante a madrugada, mas não seria exatamente verdade.

— O Jungkook conta muitas histórias — ele disse, fazendo uma pausa para analisar a expressão de Seokjin depois de sua explicação. — Ultimamente eu e ele estamos falando muito sobre a viagem para o Amsterdam.

— Você deve estar muito ansioso por essa viagem — comentou, sorrindo.

— Muito mais do que eu deveria.

— Eu ainda acho que essa viagem está acontecendo cedo demais, mas se é o que vocês querem, não vou me meter. — Seokjin opinou, andando em direção à ele com uma xícara de café na mão. — Tenho a impressão de que o Jungkook foi precipitado quando te ofereceu as passagens ainda sem saber se o relacionamento de vocês daria certo.

— Ele não fez isso apenas por nós dois. Na verdade, o Jungkook me presenteou com essas passagens, então mesmo que não fôssemos juntos, eu iria com outra pessoa.

— Ele realmente é apaixonado por você. — Jimin abriu um sorriso sem perceber. — Você não poderia ter escolhido um genro melhor para mim.

Jimin riu.

— Jungkook vai adorar saber disso.

— Acho melhor mantermos em segredo, não quero massagear o ego dele. — Seokjin brincou, arrancando outra risada do garoto. — Eu nunca conheci alguém com tanta autoconfiança como o Jungkook.

— Isso é o que me atrai nele. — Seokjin o encarou em silêncio. — O meu ex-namorado, por exemplo, tinha ciúmes de mim, mas era um tipo de ciúmes saudável. O Jungkook não sente absolutamente nada.

— Eu duvido muito que ele não sinta — respondeu. — Ele pode ser bom em não demonstrar, mas tenho certeza que ele sente, nem que seja um pequeno incômodo.

— O senhor acha?

— Sim. — Jimin ficou brevemente pensativo. — Quer uma prova? No dia do baile de boas-vindas, convide seu ex-namorado para dançar, depois veja a reação do Jungkook.

— Acho que essa não é uma boa ideia.

Seokjin riu.

— Você não precisa levar em consideração o que eu digo até porque, como você mesmo disse, não passa de uma ideia. — O homem explicou. — Mas chega de papo furado, você precisa descansar antes de ir para o colégio. Vá dormir um pouco.

— O senhor não vem?

— Eu não estou com sono, filho. Além do mais, tenho que resolver algumas coisas daqui a pouco, então prefiro me manter acordado.

— Acho que está na natureza de vocês, detetives, não dormirem à noite. — Seokjin sorriu para o comentário do filho. — Bem, como eu não sou um de vocês, vou tirar um cochilo.

— Talvez eu não esteja aqui quando você levantar — comunicou.

— Por quê?

— Tenho que resolver algumas coisas para o Jungkook.

Jimin espremeu as sobrancelhas em desentendimento, afinal, ele não sabia a que coisas Seokjin estava se referindo. Desse modo, ele decidiu tirar a própria dúvida.

— O que vocês dois estão aprontando? — perguntou.

Ciente de que não podia abrir a boca sobre Jungkook estar usando meios ilegais para investigar o próprio passado, Seokjin tentou desconversar para Jimin não suspeitar de nada.

— Vá para o seu quarto. — Sua ordem foi clara, mas não grosseira.

— Pai!

— Para o quarto, Jimin.

O menino não escondeu a sua surpresa. Ele levantou as mãos ao nível dos ombros, mostrando-se desprovido de uma resposta negativa. Apesar de achar estranho a ordem de Seokjin, ele sabia que havia um fundo de brincadeira nela. No entanto, isso não diminuiu a sua curiosidade.

— Tudo bem, não está mais aqui quem perguntou. Com licença, senhor Seokjin. — Jimin respondeu de forma séria, mas a sua última nota deixou escapar um fiapo de deboche.

O homem apontou para o andar de cima com o queixo, reforçando a sua ordem e fazendo Jimin revirar os olhos. O menino virou-se de costas e subiu as escadas, observando-o pela última vez antes de dirigir-se até o quarto.

De soslaio, o garoto viu Seokjin com as mãos na cintura, olhando-o à distância como se quisesse se certificar de que ele estava indo para o quarto antes de dar as costas e sair. Apesar de não ter insistido no assunto, Jimin ficou com uma pulga atrás da orelha, principalmente pelo comportamento de Seokjin quando foi questionado.

Instantes depois, o garoto entrou no quarto, fechou a porta e pulou na cama. Ele arrancou a mochila das costas e, em seguida, o caderno de desenhos. Seus olhos caçaram uma página específica e quando a encontraram, um sentimento êxtase o dominou.

Lá estava o desenho que ele fez de Jungkook na noite passada. Jimin apreciou seus belos bíceps, seu abdômen definido, suas coxas torneadas, seu sorriso sedutor e seu corpo atlético. Quando seus olhos caíram sobre a tatuagem de lobo, uma sensação familiar o preencheu, fazendo-o se recordar de quando a observou pela primeira vez.

Porém, não foi essa lembrança que prevaleceu. Jimin recapitulou o momento exato em que Jungkook tirou a roupa e de como ele se sentiu enquanto o assistia fazê-lo. Reviveu a sensação de quando seus dedos tocaram o pênis dele e fizeram-no gemer à medida que acariciava-o.

Jimin o desenhou depois de satisfazer as suas próprias vontades e as de Jungkook para que a imagem do detetive não ficasse apenas na sua memória. O garoto passou para o papel tudo o que seus olhos viram, incluindo os mínimos detalhes. Contudo, ele disse a Jungkook que só lhe mostraria o desenho quando tudo estivesse de acordo com a sua imaginação.

E para isso acontecer, ele teria de passar as próximas horas revivendo a noite passada, o que, claramente, não seria um problema, afinal recordar-se do corpo de Jungkook lhe despertava tudo, menos incômodo.

✮✮✮

Horas depois, Jungkook colocou as suas vestimentas de trabalho e dirigiu-se até a agência. Ele decidiu sair de casa mais cedo para prosseguir com a investigação, visto que, no dia anterior, ele esteve alheio quanto às novas informações do caso.

Yoongi deixou três mensagens no seu celular comunicando que tinha conseguido evidências do possível serial killer, mas Jungkook só parou para lê-las quando estava a caminho da agência. Com base nos horários dos torpedos recebidos, Jungkook concluiu que Yoongi havia passado a madrugada investigando o caso.

Ele pensou em ligar para o parceiro e informar que já estava a caminho, mas desistiu quando percebeu que seu carro se aproximava do edifício do FBI. Jungkook dirigiu até o estacionamento, recolheu suas pastas, organizando-as em uma maleta e, em seguida, saiu do carro.

Ele acenou para os seguranças e cumprimentou alguns estagiários pelo caminho conforme andava até a sua sala no andar superior. A movimentação estava tranquila, exceto por um grupo de agentes que se preparavam para uma operação em campo. Olhando-os, Jungkook teve vontade de se juntar a eles.

Para o detetive, a melhor parte de seu trabalho era as missões que aconteciam para além das paredes do prédio. Por mais perigoso que parecesse, Jungkook achava divertido e interessante.

À distância, seus olhos encontraram uma silhueta feminina se aproximando. Layla estava com os cabelos soltos e sorria de orelha a orelha enquanto olhava para o detetive. Jungkook perguntou-se brevemente o motivo por trás do sorriso largo da mulher, mas sua dúvida se esvaiu após Layla perguntar:

— Como foi a sua noite, meu diretor?

Ele sentiu seu rosto esquentar; não de vergonha, mas de desejo pelas recorrentes lembranças que invadiram sua cabeça de repente.

— Foi divertida — respondeu, obviamente, se poupando de dar mais detalhes. No entanto, Layla não parou de sorrir. — Ele adorou passear de lancha.

— Aposto que sim.

Jungkook conteve um sorriso para não dar a Layla a confirmação de suas suspeitas. Pensando em esquivar-se do olhar dela, o detetive enfiou a mão no bolso do casaco e tirou um par de chaves, entregando-a instantes depois.

— Obrigado por me emprestar a sua lancha. Talvez eu te dê um dia de folga como agradecimento.

— Eu mereço mais do que um dia de folga, não acha? — Ela brincou.

— Vamos com calma. — Layla riu. — Aliás, como estão as coisas por aqui?

— A equipe esteve em uma missão ontem, mas o nosso foco foi o caso do serial killer. Yoongi, inclusive, passou a noite aqui investigando as evidências achadas e o vídeo do suposto assassino.

— Onde ele está?

— Se não estiver na sala dele, talvez esteja na Central de Operação. — Layla respondeu. — Não sei se é impressão minha, mas eu notei que o Yoongi ficou triste depois de saber que você passou o dia com o Jimin.

Aquela informação deixou Jungkook intrigado e, intrinsecamente, incomodado.

— Por que esse motivo o deixaria triste?

— Ah, você conhece o seu parceiro, diretor. Ele se colocaria na frente de uma bala por você. — Jungkook ainda demonstrava confusão diante do assunto, afinal a resposta de Layla não respondia a sua pergunta diretamente. — Talvez esse não seja o motivo por trás da tristeza dele, mas desde ontem ele está abalado.

— Vou perguntar a ele o que houve. — Layla balançou a cabeça em concordância. — Você tem notícias do Ric? Jared me falou que o médico ligaria ontem.

— Sim, ele entrou em contato conosco. — Pela expressão de Layla, o detetive supôs que ela guardava boas notícias. — Ric poderá voltar às atividades em três dias, mas não participará das operações em campo por um tempo.

— A depender das missões, podemos colocar outro agente no lugar dele. O importante é que ele se recupere totalmente.

— Sim.

Apesar de Layla ter concordado, Jungkook não se convenceu disso, uma vez que os olhos dela ficaram levemente entristecidos. O detetive chegou à conclusão de que ela não queria outro agente no lugar de Ric, embora entendesse os motivos.

— Ele continuará na equipe, Layla, nem que eu o coloque para trabalhar dentro de casa. — Jungkook disse, arrancando um sorriso pequeno dela.

— O médico nos disse para não deixá-lo sozinho até que o resultado dos outros exames saia. Ele quer ter certeza de que o Ric não ficou com sequelas, por isso vai deixá-lo sem o inalador por três dias para ver como ele reage.

— Você pretende levá-lo para a sua casa? Tenho certeza de que ele vai adorar a ideia.

Layla revirou os olhos para o comentário do detetive, mas o brilho neles era de tristeza.

— O Ric não pode ficar na minha casa. — Jungkook franziu as sobrancelhas brevemente. — Ele pode ficar na sua?

— Por quê?

— Eu não vou estar presente o tempo todo — justificou.

— Layla, você sabe que eu adoro o Ric, mas também não tenho tempo para cuidar dele. Não seria melhor contratar uma enfermeira particular? Jared pode conseguir uma.

— O Jared está cagando para o Ric. Durante todo esse tempo, ele sequer perguntou como o Ric estava. — O tom de voz dela endureceu. — Posso tentar encontrar uma enfermeira particular, mas não garanto conseguir até a liberação dele.

— Já é um grande passo — respondeu. — Fale comigo caso não consiga nenhum contato. Como será apenas um processo de observação, qualquer pessoa que tenha disponibilidade pode aceitar. Além do mais, não vai ser por muito tempo.

Layla concordou com um aceno de cabeça e forçou um sorriso, percebendo que Jungkook ficou intrigado após ouvi-la dizer que Ric não poderia ficar alojado na sua casa. Já esperando por isso, ela o escutou perguntar:

— Aconteceu alguma coisa?

— Que coisa?

— Você disse que o Ric não pode ficar na sua casa porque você não vai estar tão presente... — Layla engoliu em seco. — Eu, como seu diretor, deveria me preocupar?

Naquele momento, Layla sentiu, através das palavras dele, que apesar de não ter esclarecido sua objeção, Jungkook supôs que os motivos poderiam estar ligados ao trabalho, ou melhor dizendo, a uma operação secreta, visto que ela já participou de muitas ao longo de sua carreira.

— Jared me fez uma proposta e eu estou pensando em aceitar — Layla explicou, deixando-o momentaneamente confuso. — Acho que esse não é o melhor momento para conversarmos sobre isso.

— Ele quer que você participe de uma missão secreta? — Sua pergunta foi tão certeira que, a princípio, acabou deixando Layla sem palavras. — Que tipo de missão é essa?

— Podemos conversar na sua sala depois? Não quero que ele saiba que eu te contei.

— Se o Jared quiser te usar para fazer serviços secretos para ele, eu tenho o direito de saber do que se trata, até porque eu lidero a equipe da qual você faz parte.

— Não se preocupe, eu vou te contar tudo. Mas, por enquanto, não comente nada com ninguém. Isso fica entre nós.

Jungkook não estava gostando nada do rumo daquela conversa e muito menos da informação que Layla escondia. Ela se destacava como uma das melhores agentes de sua equipe, então já era esperado que os superiores fossem chamá-la para participar de missões importantes em algum momento.

— Tudo bem, vamos deixar essa conversa para mais tarde. — O detetive comunicou. — Primeiro vamos falar com o Yoongi sobre o caso, tenho que saber quais informações ele conseguiu.

— Você pode ir na frente, eu te acompanho depois — respondeu. — Tenho que passar na sala do Jared antes disso. Ordens dele.

O detetive ficou em silêncio por um instante, em seguida concordou com um aceno de cabeça. Ele não podia impedi-la de falar com o inspetor, mesmo que desejasse saber qual era o assunto da conversa. Diante disso, Jungkook chegou à conclusão de que o interesse de Jared em proteger Layla podia estar ligado a essa proposta.

— Eu vou estar te esperando na minha sala quando a reunião de vocês acabar — Jungkook disse, seu tom de voz deslizando para uma discreta ordem. Layla murmurou em concordância. — Com licença, senhorita.

Layla sorriu quando ele a chamou de senhorita, mas seu gesto não durou muito. Ela o viu caminhar em direção à sala de Yoongi sem olhar para os lados. Encontrando-se sozinha, Layla também seguiu para a sala de Jared, disposta a ouvir o que ele tinha para dizer.

Jungkook virou o corredor à esquerda e alcançou a porta da sala de Yoongi, que estava fechada e com as persianas abaixadas. Ele pensou em abri-la sem bater, no entanto achou melhor sinalizar a sua chegada com duas batidas.

Após ouvir um murmúrio de autorização vindo de dentro do cômodo, o detetive abriu a porta e colocou a cabeça entre a fresta. Yoongi estava sentado na sua cadeira expressiva, enquanto mexia no computador. Vários documentos estavam espalhados ao seu redor e uma teia de evidências estava anexada ao quadro de investigação.

— Oi, Jungkook. — Yoongi o cumprimentou baixinho e fez um gesto com a cabeça, chamando-o. — Entre e feche a porta. Quero te mostrar algumas coisas.

Depois de trabalhar ao lado de Yoongi por meses, Jungkook aprendeu a diferenciar os tons de voz do parceiro a ponto de reconhecer que, naquele momento, ele estava exausto, tanto fisicamente quanto emocionalmente.

— Você passou a noite aqui? — O detetive perguntou depois de fechar a porta.

— Sim.

— Pensei que você fosse ficar na casa do Taehyung durante esses dias por causa do nosso acordo.

Os traços do rosto de Yoongi endureceram quando ele se lembrou do acordo que tinha feito com Jungkook de se infiltrar na casa de Taehyung para vigiar Hannah. Antes de dar a sua resposta, um suspiro evasivo escapou de sua boca.

— Isso não vai dar certo, Jungkook. Eu não consigo ficar no mesmo lugar que o Taehyung sem que haja uma discussão entre nós. — Jungkook balançou a cabeça para os lados, como se estivesse lidando com duas crianças. — Eu tento ser profissional quando estou ao lado dele, mas sempre falho.

— Eu te dei apenas uma tarefa: vigiar a Hannah. Você só tem que descobrir no que ela está metida — ele disse de forma séria. — Será que é tão difícil esquecer que o Taehyung é o seu namorado por uns dias e focar nessa tarefa? Você pode transar com ele à vontade, mas sem ignorar o seu propósito naquela casa.

— Ele não é o meu namorado e nunca será. — Yoongi respondeu às pressas, percebendo que as suas palavras deixaram Jungkook confuso. — O Taehyung me vê apenas como uma de suas opções e eu estou cansado de ser visto assim. Enquanto continuarmos nessa crise, nunca vamos parar de brigar.

— Existe uma coisa chamada: "diálogo".

— Acredite se quiser, nós vivemos conversando, mas nunca chegamos a um acordo. — Sua voz assumiu um tom de frustração. — Taehyung ainda gosta do Ric. Não sei o que ele viu nesse cara, mas, desde que começamos a ficar, ele não para de falar do Stewart.

— Você fala do Ric como se ele tivesse culpa pelo que o Taehyung sente. — Jungkook comentou. — Essa história deve ser resolvida entre vocês dois.

— E você acha que eu não tento? — Ele se levantou da cadeira, começando a sentir os nervos esquentarem. — Acredita que o Taehyung me propôs um trisal? Um trisal! Isso é ridículo! Eu nunca namoraria o Ric. A verdade é que ele não quer perder um dos dois e por isso cria essa história de trisal.

— Se você discorda dessa ideia, fale para ele — aconselhou.

— Eu já deixei claro que não quero dividi-lo com mais ninguém. A minha decisão é clara: eu quero namorar com ele! O único problema é que o Taehyung não quer namorar comigo. Então, a partir de hoje, se ele não decidir quem ele quer, eu irei me afastar definitivamente.

— Vocês não conseguem decidir nada em conjunto e isso é um problema. — Yoongi desviou o olhar para o chão rapidamente. — Bem, já que o relacionamento de vocês está em crise, é melhor eu tentar encontrar outro jeito de manter a Hannah sob os nossos olhares, já que você não vai querer prosseguir com a tarefa.

— Eu me arrependo — ele disse de forma vazia. — Me arrependo de ter me apaixonado por ele. Acho que teria sido melhor se eu não tivesse corrido atrás dele quando voltei para os Estados Unidos.

— Não diga isso, Yoongi.

— Digo. — Ele endureceu a mandíbula antes de prosseguir. — Eu sou um idiota, cara. Enquanto faço de tudo pela nossa relação, ele está pensando em outro. O que o Ric tem que eu não tenho? Ele já deixou claro que não quer nada com o Taehyung. Talvez seja melhor que eu abra o caminho para que ele fique de uma vez com o Ric.

— Eu não abriria mão da pessoa que gosto tão facilmente. — Yoongi olhou no fundo de seus olhos, ficando atento às suas palavras. — O Taehyung tem sentimentos pelos dois, então se você abrir mão disso agora, ele vai escolher ficar com o Ric.

— E o que eu devo fazer?

— Permita que ele se decida sozinho, sem pressão psicológica. Não é fácil gostar de duas pessoas ao mesmo tempo, então, acredite, ele deve estar sofrendo por isso também.

Yoongi esfregou os cabelos e abaixou os óculos para limpar uma discreta lágrima que escorreu de seu olho esquerdo. Ele odiava chorar na frente de Jungkook, embora isso raramente acontecesse. No entanto, diante do acúmulo de sentimentos, ele se flagrou derramando lágrimas dos olhos sem perceber.

Aquela história havia tirado o seu sono diversas noites, mesmo que parecesse simples de resolver. Yoongi não esperava se apaixonar por Taehyung nessa intensidade, por isso ficava assustado consigo mesmo toda vez que demonstrava vulnerabilidade quando o assunto o envolvia.

Ele sentiu o corpo de Jungkook se aproximar lentamente e uma mão acariciar o seu ombro. Não querendo prolongar esse momento, Yoongi limpou a garganta e aprumou os ombros antes de olhar para o parceiro, que expressava preocupação pelo seu estado.

— Vamos voltar ao caso — disse Yoongi com a voz mais firme. — Podemos deixar para falar disso em uma mesa de bar, é muito mais confortável do que aqui.

Jungkook sorriu.

— Claro.

— Eu tenho algo para te mostrar sobre o caso. — Yoongi disse depois de se recompor, decidido a tirar o foco de sua trágica vida amorosa. Ele caminhou até o quadro de investigação, mantendo Jungkook atento aos seus passos. — Antes que você pergunte, eu não tive tempo de avaliar a foto do sujeito que o Jimin fotografou, então a enviei para a equipe da Central para que eles fizessem isso e recolhessem o máximo de informações possível. O resultado deve sair no final da tarde.

— Ótimo.

— Sobre o serial killer, eu passei a noite estudando as imagens de segurança na rua da Adelyn, mas o sujeito não revelou o rosto em nenhuma das gravações — explicou. — Tentei analisar o padrão das vestimentas, mas existem dezenas de homens com o mesmo padrão. Isso me fez chegar à conclusão de que ele, provavelmente, sabia onde estavam localizadas as câmeras a ponto de desviar o rosto de todas elas no tempo certo.

— Por que não levaram a equipe de Arte Forense até o hospital em que a Luna está para que ela fizesse um retrato falado?

— Nós tentamos, mas a Luna estava tendo dificuldade para se lembrar das características do tal Dominic. Conversamos com o médico sobre o estado dela e ele nos informou que a garota foi atingida na região do córtex pré-frontal.

Jungkook apertou os cantos da boca, lamentando.

— E quanto às imagens de segurança, o que mais você conseguiu?

— Eu diria que o sujeito foi muito cauteloso, mas não tanto. — Após ouvir as últimas palavras, Jungkook soube que seu parceiro guardava boas informações. — Como não obtive sucesso com as imagens de segurança na rua da Adelyn, decidi apurar as gravações do posto de gasolina que você conseguiu. Olha só o que encontrei.

Yoongi posicionou duas fotos sobre a mesa: eram de um rapaz loiro usando as mesmas roupas que o desconhecido do vídeo. Jungkook olhou para o rosto do jovem, ciente de que nunca o tinha visto antes, mas, pela expressão de Yoongi, o detetive soube que ele já tinha o fichamento completo.

— Esse cara foi visto no posto de gasolina no dia em que a Adelyn foi morta. Ele está usando as mesmas roupas do vídeo. — Jungkook ouviu a explicação de Yoongi atentamente, mas seus olhos continuavam fixos no sujeito. — Coincidentemente, ele apareceu para abastecer o carro seis minutos depois da Adelyn ter sido jogada no poço. E, coincidentemente, esse é o tempo que o assassino levaria para chegar ao posto de carro.

— Quem é ele? — Jungkook perguntou.

— Josh Parker — disse. — Ele é filho de um médico, passou a infância em colégios internos e nunca mais teve contato com a mãe depois de ela ter ido embora após se divorciar do ex-marido. Parece que o filho não gostou da notícia. Segundo as informações que consegui, Josh começou a apresentar comportamentos agressivos, impulsivos e de extrema irritabilidade.

— Ele se encaixa no perfil do serial killer?

— Totalmente — afirmou. — Mas temos que investigar antes. Até o momento, ele é apenas um suspeito.

— Cheque o endereço dele. Temos que investigá-lo o quanto antes.

— Já fiz isso, gatão. — Ele sorriu em divertimento. — Solicitei que o Peter fosse até a casa dele com um mandado, mas a informação que recebemos da empregada doméstica é de que o garoto não dormiu em casa. Peter a entrevistou rapidamente e descobriu que Josh dorme fora de casa com frequência. Ela também contou que ele já esteve metido com drogas e isso o fez perder de ano no colégio duas vezes. O pai teve que pagar uma fortuna para o colégio aceitá-lo de volta.

— Ela mencionou os lugares que ele frequenta?

— Não, mas eu sei onde ele estuda. — Ele fez uma pausa antes de continuar. — Ele está estudando no mesmo colégio que o Jimin. Na mesma sala, para ser mais específico.

Os olhos de Jungkook ficaram endurecidos, o suficiente para Yoongi entender que ele havia ficado perturbado com aquela informação. De repente, o detetive disse:

— Vamos, agora!

— Calma, eu preciso trocar de roupa.

— Você vai do jeito que está. — Ele guardou a foto na maleta e gesticulou a cabeça na direção da porta. — Anda, vamos!

— Mas-

— Não tem nada de errado com a sua camiseta.

— É do Harry Potter!

— Adolescentes gostam de Harry Potter — respondeu. — Vamos!

Yoongi abriu a boca para protestar, mas antes que o som saísse de sua garganta, Jungkook deu as costas para ele e caminhou em direção à saída. Bufando, Yoongi fuçou as suas coisas às pressas e encontrou uma jaqueta, vestindo-a desengonçadamente enquanto andava.

Naquele momento, ele deu graças a Deus por não ter ido com seu pijama, visto que quando passava a noite na agência, costumava levar roupas confortáveis para descansar.

✮✮✮

Na estrada, Yoongi usou o tablet para tentar localizar o carro que Josh Parker dirigia nas filmagens e descobriu que o veículo se encontrava, neste momento, estacionado próximo ao colégio. Ele tentou conectar os movimentos do carro com os últimos assassinatos, mas, aparentemente, não havia ligação, pois o automóvel não foi detectado nos locais dos outros crimes.

O portão da escola estava fechado, fazendo Jungkook imaginar que as aulas já tinham começado. Ele olhou para o seu relógio no pulso para se certificar de que a sua observação estava certa e concluiu que as aulas foram iniciadas há trinta minutos.

Ele procurou por uma vaga para estacionar, encontrando-a apenas na rua vizinha. Após desligar o carro, Jungkook e Yoongi se puseram para fora do veículo e caminharam em direção à escola. Jungkook colocou os óculos de sol enquanto Yoongi tentava se proteger dos raios solares com a mão.

— Talvez seja melhor eu te esperar no carro — disse Yoongi, tentando acompanhar os passos de Jungkook.

O detetive revirou os olhos por trás dos óculos.

— Está com medo de cruzar com o Taehyung nos corredores? — Silêncio. — Você não acha isso um pouco infantil demais?

— Eu só estou evitando que ele me pergunte sobre o baile.

— Você não vem?

— Não mais — respondeu, suspirando. — Eu disse a ele que estaria trabalhando no horário do baile, o que não deixa de ser verdade. Você me pediu para investigar o seu passado e eu ainda não tive tempo de começar.

Rapidamente, o detetive se recordou do acordo que fez com Caleb e imaginou o quão furioso Yoongi ficaria quando soubesse que Jungkook tinha contratado outra pessoa para cuidar dessas questões, que, inicialmente, foram pedidas para Yoongi.

Jungkook não podia contar que contratou um hacker para lhe ajudar nesse processo investigativo, então ele se convenceu de que deveria dar uma justificativa para Yoongi sem, necessariamente, revelar os seus planos com Caleb, afinal o rapaz não fazia parte da agência e isso podia lhe custar o emprego.

— Esqueça o que eu te pedi. Não é justo que você passe o dia trabalhando enquanto eu me divirto — Jungkook argumentou. — Sem contar que o Taehyung ficará sem um par se você não for, e essa é a sua chance de conversar com ele sobre o relacionamento de vocês.

— Ontem você ficou se divertindo enquanto eu trabalhava — pontuou.

— Ontem foi uma exceção.

— Bem, isso não importa mais, ele já sabe que não vou. — Yoongi reforçou, dando de ombros. — Além do mais, eu te prometi que cuidaria dessa parte, não prometi?

— Ok, você está dispensado dessa tarefa. — Jungkook determinou, deixando Yoongi horrivelmente surpreso.

— O quê?!

— Eu sei que você só está usando essa investigação como uma desculpa para não ter que ficar cara a cara com o Taehyung, mas estou te dando a chance de agir como um adulto e ir conversar com ele.

— Nós estamos aqui à trabalho — Yoongi observou. — Eu não vou interromper o horário de serviço dele só para discutir a nossa relação.

— Que tal o baile? — Jungkook o provocou. — Dizem que é um ótimo lugar para dançar e conversar.

— Você não presta, Jungkook.

— Eu sei.

Yoongi não teve tempo de formular uma resposta, visto que, quando parou para pensar em uma, eles já estavam próximos do portão. Ele levantou os olhos para Jungkook bem a tempo de vê-lo erguer a credencial do FBI para o porteiro e dizer:

— Sou o diretor-assistente do FBI, Jeon Jungkook, e este é o agente Min Yoongi. Gostaríamos de falar com a diretora do colégio sobre um de seus alunos.

O porteiro destrancou o portão e sinalizou para que eles entrassem. Jungkook guardou a credencial no bolso do casaco e atravessou a passagem para dentro da escola, sendo seguido por Yoongi instantes depois.

— A sala dela é a primeira do corredor à esquerda. — O homem informou.

— Obrigado. — Jungkook agradeceu.

Seguindo na direção indicada, Jungkook observou poucos alunos fora das salas conversando, rindo e guardando os materiais nos armários. Alguns olhares de curiosidade e fascínio se voltaram para os agentes quando eles passaram pelo corredor em direção à sala da diretora.

Após alcançar a sala, Jungkook deu duas batidas na porta e aguardou. Ele removeu os óculos de sol no momento em que a porta foi aberta por uma mulher de meia-idade, envolvida em um conjunto social e salto alto. Às costas dela, o detetive observou uma aluna sentada de cabeça baixa, parecendo arrependida de algo.

— Posso ajudá-lo? — A mulher perguntou.

— Sou o agente Jeon Jungkook do FBI e este é o meu parceiro, Min Yoongi. Estamos aqui para falar com a diretora sobre um dos alunos deste colégio. Acredito que a senhora seja a diretora, estou certo?

— Sim, está. A que aluno o senhor se refere?

— Josh Parker.

Os olhos da mulher deram um fraco solavanco após a menção daquele nome. Apesar de ter tentado, ela falhou em esconder a surpresa. A garota que estava de cabeça baixa também levantou os olhos para Jungkook, reagindo da mesma forma que a diretora.

— Podemos conversar a sós? — O detetive perguntou calmamente, fazendo a mulher entender a sua mensagem.

Quando a garota recebeu os olhos da diretora, ela soube o que a mulher diria a seguir.

— Volte para a sua sala, Srta. Evans. Espero que tenha aprendido a lição depois da nossa conversa.

— Sim, senhora.

A menina pegou a mochila no chão e caminhou para fora da sala a passos acelerados, passando ao lado dos detetives de cabeça baixa. Yoongi olhou para ela, desconfiado, mas não prolongou o gesto, visto que a voz da diretora despertou-o.

— Por favor, detetives, entrem e sintam-se à vontade.

Jungkook agradeceu a ela com um pequeno aceno de cabeça antes de deslizar para dentro do cômodo, sendo imediatamente acompanhado por Yoongi. A Sra. Torres ofereceu dois assentos para os agentes se acomodarem, mas Jungkook recusou o convite, dizendo:

— Nós só queremos algumas informações sobre o aluno Josh Parker. Poderia nos falar como tem sido o comportamento dele no colégio? Ele tem faltado às aulas?

— Felizmente, não — ela respondeu. — Josh foi um aluno muito rebelde no passado, embora ainda tenha atitudes delinquentes em alguns momentos. Ele chegou a perder de ano duas vezes por se envolver com drogas; por isso, tivemos de cancelar a matrícula dele, mas o Sr. Parker conversou comigo para que eu deixasse o filho continuar.

— Ele ainda usa drogas? — Yoongi interpelou.

— Não que eu saiba. Antes eu pensava que a agressividade dele era por causa das drogas, mas descobri, através do pai, que o Josh ficou assim depois de perder o contato com a mãe.

— Ele tem algum diagnóstico psiquiátrico? — Jungkook quis saber.

— Não costumamos investigar isso — respondeu.

— É importante saber se ele tem algum diagnóstico, porque, diante das circunstâncias, podemos supor que a agressividade seja um sintoma que foi agravado após ele deixar de se comunicar com a mãe.

— Talvez o pai dele tenha essa resposta. Tudo o que posso dizer enquanto diretora desse colégio é que o Josh é um aluno difícil de se relacionar. Ele tinha um amigo, Vernon, mas a amizade deles foi cortada por causa dos comportamentos do Josh.

Uma rápida lembrança remeteu a Jungkook a imagem de Jimin lhe contando sobre um ex-namorado com o mesmo nome. Ele cogitou ser uma mera coincidência, mas as circunstâncias fizeram-no acreditar que era a mesma pessoa.

— Em que tipo de crime o Josh está metido, senhor detetive? — A pergunta da diretora quebrou seus pensamentos ao meio, fazendo-o olhar na direção dela.

— Não podemos dar detalhes sobre a investigação.

A Sra. Torres expressou confusão e, em seguida, arrependimento.

— Me perdoe, eu não quis parecer inconveniente.

— A senhora sabe nos dizer como é a relação do Josh com o pai? — Yoongi prosseguiu com as perguntas, tentando mitigar as investidas da mulher para descobrir sobre o caso em investigação.

— Aparentemente, eles não têm uma relação muito boa — contou-lhes. — O pai raramente aparece nas reuniões e nunca liga para saber sobre o filho. Nos corredores, Josh está sempre sozinho e emburrado, mas ele tem se aproximado da professora de biologia nas últimas semanas e, aparentemente, ele tem conseguido se abrir com ela sobre seus problemas pessoais.

— Onde está essa professora? — perguntou Jungkook.

— Ela está dando aula na sala dele neste momento. Posso chamá-la se desejar.

— Gostaríamos de conversar diretamente com o garoto. — O detetive falou sem rodeios. — Mas eu quero chamá-lo pessoalmente.

A diretora encarou os olhos observadores e calculistas do detetive, sentindo a firmeza emanar deles como uma chama acesa. Aquele olhar queria dizer: não ouse recusar o meu pedido.

— Acho que a presença de agentes do FBI pode despertar nos alunos um sentimento de medo. Não estamos acostumados a receber a polícia no colégio. — a Sra. Torres comentou, medindo as palavras para não ofendê-los. — Por isso insisto em ir chamá-lo sozinha.

— Será apenas uma conversa, diretora, não vou tirá-lo da sala algemado para não manchar a imagem do seu colégio, caso essa ideia tenha se passado pela sua cabeça.

A resposta dele incendiou as bochechas dela, que tentou disfarçar a preocupação com um sorriso pequeno enquanto organizava as palavras nos pensamentos. Embora tenha ficado desconcertada pela fala do detetive, a sua preocupação também se dava pelo fato de um de seus alunos estar, supostamente, envolvido em um crime.

— Tudo bem, eu não quero atrapalhar o trabalho de vocês, por isso só vou acompanhá-los até a sala em que ele está. — Por fim, a mulher concordou com os termos de Jungkook.

— Obrigado — agradeceu-lhe.

Em seus saltos sofisticados, a mulher caminhou em direção à saída, abrindo a porta para que os detetives fossem na frente. Jungkook foi o primeiro a deixar a sala, sendo acompanhado por Yoongi, que estava logo atrás.

Muitos olhares se voltaram para eles novamente, certamente se perguntando o motivo por trás da presença do FBI no colégio, afinal não era comum se deparar com homens de terno e distintivo perambulando pelos corredores da instituição.

Eles seguiram por um largo e extenso corredor, sendo avaliados por inúmeros olhares adolescentes, que, sem disfarçar, começaram a segui-los para descobrir o lugar para onde eles estavam indo. Ao perceber a pequena movimentação, a diretora gesticulou a mão para que os bisbilhoteiros voltassem para as suas salas.

Após alcançarem a última porta do corredor, a Sra. Torres deu algumas batidinhas e recuou duas pegadas, permitindo que Jungkook assumisse o seu lugar. O detetive se aproximou da porta um segundo antes de alguém abri-la por inteiro.

Uma mulher de cabelos cacheados, curtos e brilhantes emergiu na sua frente. Os olhos dela avaliaram-no da cabeça aos pés, impressionados, e um pequeno sorriso desenhou os seus lábios vermelhos, mas, ao perceber a presença da diretora às costas do detetive, o brilho em seu rosto foi apagado subitamente.

— Posso ajudá-los? — A professora perguntou, claramente tomada pela vergonha.

— Eu gostaria de falar com um de seus alunos. Me permite? — Ele ergueu o distintivo levemente, recebendo o olhar da mulher sobre o objeto.

Os estudantes pararam o que estavam fazendo para ouvir a conversa deles e, ainda confusos, começaram a cochichar entre si. Na fileira da frente, Jimin estava sentado em silêncio, surpreso em ver o namorado na sua escola àquela hora do dia. Naquele momento, o garoto pensou que Jungkook tinha ido até lá para levar más notícias.

Quando a professora deu espaço para que os detetives entrassem, o olhar de Jungkook rapidamente se cruzou com o de Jimin, fazendo-o estremecer por dentro. Ele apoiou os cotovelos na mesa no momento em que Jungkook ameaçou dizer as primeiras palavras, preparando-se para ser chamado.

— Josh Parker, me acompanhe até a sala da Sra. Torres. — Todos os olhares, inclusive o de Jimin, foram em direção à Josh no fundo da sala, surpresos.

Incomodado com a menção de seu nome e com todos os olhares caídos sobre si, Josh sentou de forma desleixada e riu. A postura dele queria dizer: daqui ninguém me tira. Jungkook olhava para ele com uma expressão séria enquanto Josh o encarava com um olhar de puro escárnio.

Em seguida, o rapaz disparou:

— Quem é você para me dar ordens?

— Sou o diretor-assistente do FBI e, caso insista em não me acompanhar, posso falar na frente dos seus colegas porque estou aqui. A decisão é sua.

Josh engoliu a saliva com dificuldade depois de ouvir a palavra diretor-assistente, lembrando-se do que Taehyung lhe disse quando mencionou que o namorado de Jimin era do FBI. Seus olhos selvagens encontraram os de Jimin, fazendo-o desviar para longe depois de perceber que ainda o encarava.

O olhar de Josh, naquele momento, não era amigável, era um olhar que soletrava promessas malignas. Por um instante, Jimin temeu que Josh desconfiasse que ele havia contado para Jungkook sobre a identidade falsa ou as ameaças. O garoto sentou-se, perfeitamente imóvel, tentando não dar a Josh a confirmação de suas possíveis suspeitas.

Jungkook percebeu a discreta movimentação entre os dois e se perguntou o motivo de Josh ter olhado para Jimin de forma repreensiva. Quaisquer que fossem os motivos, o detetive estava disposto a descobrir.

— Eu não tenho nada para falar com o FBI. — Josh comunicou com a voz mais séria e precisa.

— Não quero ter que repetir, Sr. Parker — Jungkook reforçou. — Me acompanhe até a sala da Sra. Torres. Agora.

— Eu não fiz nada!

— Por favor, Josh, acompanhe os detetives e veja o que eles têm para falar. — A professora de biologia tentou apaziguar o clima, ganhando os olhos do rapaz. — Se você diz não ter feito nada, não tem porque estar com medo. Faça o que ele está pedindo.

Silêncio.

Jimin olhou para Jungkook disfarçadamente, tentando encontrar nele a resposta para as suas dúvidas, mas o detetive não retribuiu o olhar, uma vez que toda a sua atenção estava fixada em Josh. Conhecendo-o bem, o garoto sabia que o detetive estava pensando em algo para aquela situação e que, provavelmente, Josh não desejaria saber.

Tudo o que Jimin ouviu em seguida foi o arrastar de uma cadeira, percebendo, através de seus instintos, que o movimento foi realizado por Josh. Ele tentou não olhar para os lados quando o rapaz passou em sua lateral feito redemoinho, pisando duro para fora da sala.

Finalmente, Jungkook encarou Jimin, mas seu gesto não durou mais que dois segundos. Ele agradeceu a professora com um aceno de cabeça e partiu, fechando a porta às suas costas e deixando-a parada com um sorriso tímido no rosto. Jimin revirou os olhos para a reação dela, sentindo-se incomodado por dentro.

No entanto, apesar de ter ficado enciumado com as caras e bocas da professora toda vez que Jungkook interagia com ela, o garoto ainda estava digerindo tudo o que tinha acabado de acontecer com Josh, perguntando-se no que ele estava metido.

Seus instintos lhe disseram que a presença do FBI no colégio tinha relação com a identidade falsa encontrada no clube. Talvez, pensou Jimin, Jungkook tenha achado o verdadeiro motivo por trás daquela identidade e agora esteja investigando.

— Professora, — Jimin a chamou, levantando a mão suavemente. — Eu posso ir ao banheiro?

A mulher apertou os cantos da boca como se pudesse ler as intenções dele através do olhar. Em seguida, ela respondeu:

— Não, eu vou terminar de corrigir a atividade.

— Mas eu estou muito apertado — insistiu.

— Algo me diz que você está apertado para fazer outra coisa, Park. Como, por exemplo, espionar a conversa dos detetives com o Josh.

Jimin ficou petrificado na cadeira, sem saber que resposta dar a ela. Ele não podia deixá-la pensar que ele gostava de espiar a conversa dos outros, embora tenha ficado curioso para saber o que Jungkook queria conversar com Josh.

— Eu-

— Aquele detetive não é o seu namorado, Jimin? — Eve interrompeu a fala de Jimin, fazendo-o olhá-la com surpresa. — Você não me disse que ele era tão gato.

— Eve!

— Namorado? — A professora perguntou com a voz meio hesitante, perto de enojada.

Após notar a mudança de seu tom, Jimin voltou a encará-la, sentindo uma vontade irracional de responder-lhe com grosseria, mas, no último segundo, ele se recusou a dar a ela um motivo para suspendê-lo e optou por se defender de outra forma.

— Algum problema, professora?

— Nenhum, querido. — Ela forçou um sorriso gentil. — É que ele não parece ser... — Houve um momento de pausa. — Bom, ele conseguiu disfarçar muito bem, pois eu sequer notei ele te olhando.

— Talvez porque você estava olhando para outro lugar — respondeu.

Todo mundo engoliu a risada após o comentário de Jimin, fazendo a mulher piscar um par de vezes, não gostando nem um pouco de ter sido exposta. Ela abriu a boca para se defender, mas acabou desistindo. Apesar de sutil, o garoto quis mostrar à professora que ele tinha pescado todos os olhares dela para a bunda de Jungkook e, aparentemente, deu certo.

— Chega de conversa fiada! — ela disparou, batendo o piloto na mesa para interromper as risadinhas e os cochichos. — Espere o sinal tocar para ir ao banheiro, Park. Agora, vamos terminar de corrigir a atividade.

Jimin apertou os dentes, preso entre a descrença e a raiva. Ele apoiou o queixo entre as mãos, não dando a mínima para a atividade no quadro, e soltou um suspiro. A cada minuto que se passava, sua ansiedade aumentava na mesma proporção.

Mesmo que estivesse com os olhos fixos no quadro, sua atenção estava em outro lugar. Jimin tinha um leve pressentimento de que as coisas não estavam se desenrolando facilmente no interrogatório, apesar de saber que Jungkook, mesmo que o interrogado se mantenha em silêncio, consegue obter respostas.

Quando o sino tocou, Jimin enfiou o caderno na mochila e deslizou para fora da cadeira, fazendo a professora encarar suas costas enquanto ele se movia em direção à porta. Os corredores começaram a encher de pessoas, fazendo-o tropeçar em alguns corpos. Ele suspirou quando encontrou um acesso livre próximo aos armários.

O garoto visualizou a porta da sala da Sra. Torres fechada, sentindo o estômago queimar. Ele não sabia o que estava acontecendo lá dentro, mas tinha um leve pressentimento de que, em breve, as coisas ficariam pesadas.

Olhando para os lados para se certificar de que ninguém estava observando-o, Jimin andou a passos acelerados até a sala para espiar através do pequeno vidro. Talvez essa atitude lhe custasse uma advertência, mas ele não podia conter a demasiada curiosidade.

Antes mesmo de chegar ao seu destino, Jimin observou uma figura conhecida para além da massa de estudantes, fazendo-o parar na mesma hora. Jungkook estava com o celular no ouvido e a expressão séria enquanto ouvia a pessoa do outro lado. Por um momento, o menino perguntou-se o porquê de ele não estar na sala da Sra. Torres interrogando Josh.

Decidido a descobrir o que estava acontecendo, Jimin foi em direção ao namorado, mesmo sabendo que ele, provavelmente, não lhe diria o motivo. Ele encontrou o olhar do detetive a um metro de distância, sentindo-se confuso quando Jungkook encerrou a chamada depois de notar a sua presença.

— Aconteceu alguma coisa, gatinho? — Foi a primeira coisa que Jimin perguntou quando o alcançou. — Eu pensei que você estava interrogando o Josh.

Jungkook suspirou.

— Eu estava prestes a começar, mas tive que sair da sala para atender a ligação do Jared, então deixei o Yoongi no meu lugar. — Ele não quis dar muitos detalhes sobre o motivo da ligação.

— Por que vocês estão investigando-o?

— Eu não posso dizer, meu bem. — Jimin bufou, lembrando-se que Jungkook não podia dar detalhes sobre os casos em que trabalhava. — Aliás, eu não posso ficar conversando com você agora.

— Eu sei que você está fazendo o seu trabalho e que não pode me falar o que sabe, mas eu tenho uma coisa pra te contar. — Jungkook levantou um olhar de inquérito para ele, perguntando-lhe silenciosamente do que se tratava. — Acho melhor irmos para um lugar reservado...

Os lábios de Jungkook ameaçaram sorrir, mas ele se conteve diante dos olhares clandestinos que o rodeavam. Naquele momento, Jimin soube que ele havia interpretado a sua última fala de outro jeito.

— Meu bem, eu queria muito te beijar agora, mas não posso me arriscar — ele disse, baixinho, tentando manter a compostura.

— Gatinho, eu realmente tenho algo pra te contar. — O garoto abriu um sorriso enorme, mas teve de escondê-lo no momento em que um grupo de meninas passou ao lado deles, olhando-os. — É sobre o Josh, por isso quero te contar em um lugar mais seguro.

A última parte interessou a Jungkook, principalmente quando o menino mencionou aquele nome. Por um momento, o detetive ficou em dúvida se retornava à sala da diretora para prosseguir com o interrogatório ou se dava a Jimin a chance de lhe contar o que sabia.

Antes de decidir-se, Jungkook concluiu que Yoongi saberia lidar com a situação sozinho, por isso ele optou por ouvir o que Jimin tinha para lhe dizer, ciente de que os olhares entre o menino e Josh na sala de aula momentos atrás escondiam um problema maior.

— Tudo bem, anjo, mas temos que ser rápidos. — Por fim, ele disse.

Jimin concordou com a cabeça e segurou o braço dele, puxando-o para um canto mais afastado. Ele acabou levando-o para o laboratório, ciente de que estava vazio por causa do horário. O menino fechou a porta depois de Jungkook se colocar para dentro e olhou através do vidro para se certificar de que ninguém os seguiu.

— O que aconteceu, Jimin? — ele perguntou, preocupado.

O menino respirou fundo, tentando não falar muito alto para que o assunto não alcançasse outros ouvidos, visto que a pergunta que ele estava prestes a fazer a Jungkook ninguém mais sabia.

— Você está investigando o Josh por causa da identidade falsa, não é?

A expressão de Jungkook disse a Jimin que ele não sabia a que identidade falsa o menino estava se referindo e isso, obviamente, o deixou perturbado, principalmente por se lembrar do que Taehyung lhe disse.

— Que identidade falsa?

— Eu estava no clube com o Taehyung quando o Josh deixou cair uma identidade falsa. Não me lembro direito, mas acho que nela estava escrito Dominic Schwartz. — Os olhos de Jungkook escureceram subitamente. — Eu pensei que vocês estavam aqui por causa disso.

— Você tem certeza de que leu Dominic Schwartz? — a firmeza na pergunta de Jungkook deu a Jimin a certeza de que o assunto era sério. — Anjo, eu preciso que você tenha certeza do que viu.

— Eu não tenho certeza porque o Taehyung me pediu para esquecer o assunto, e foi exatamente isso que eu fiz. Mas depois de te ver aqui, eu imaginei que fosse por causa da identidade. — ele justificou, começando a se preocupar pela reação do detetive.

— Você está com a identidade?

— Não, o Josh pegou de volta. Ele ficou furioso quando me viu com ela.

Jungkook resmungou algo.

— Ele já deve ter se livrado do documento e de todas as coisas que o ligam a esse nome. — Jimin se sentiu culpado por não ter lhe contado a história antes e se arrependeu de ter seguido o conselho de Taehyung. — Devem existir outras provas por aí e eu tenho que achá-las. Ele é muito cuidadoso no que faz, mas está desesperado... e é no desespero que se encontra a falha.

— Eu não entendi nada.

— Deixe isso comigo, meu bem. — Ele deu-lhe um rápido beijo na testa. — Vá para casa, eu te ligo depois.

— A aula ainda não acabou...

— Faça isso, por favor. — Jimin abriu a boca para perguntar o porquê, mas Jungkook continuou: — Eu percebi que ele não gosta de você, ainda mais depois de te ver com a identidade falsa nas mãos. O que acontecer com ele, a culpa será derramada em suas costas.

— O que você vai fazer? — Ele parecia genuinamente com medo.

— Vou terminar o que comecei. — Jimin sentiu uma corrente fria percorrer sua espinha. — Se Josh for quem estamos procurando, a escola vai virar um caos e eu não quero que você esteja aqui.

— Ele será preso?

— Vá para casa, meu bem. Eu te ligo depois que tudo for resolvido.

Jimin estava começando a ficar preocupado com a situação, principalmente por não ter as respostas que precisava. Por mais que implorasse para Jungkook lhe contar o que estava acontecendo, ele sabia que o detetive daria um jeito de se esquivar.

— Tudo bem, eu vou te esperar na casa do meu pai. — Jimin disse. — Ele estava um pouco estranho hoje... e desconfiado. Mas agora não é o momento para conversarmos sobre isso.

Jungkook franziu as sobrancelhas, confuso.

— Ele te perguntou o que aconteceu na lancha? — Jimin olhou para ele, quase cruzando os braços contra o peito. — Ok, esse não é o melhor momento.

— Aham.

— Eu tenho que ir antes que o Yoongi perceba que estou demorando demais.

Jimin pensou em pedir um beijo a Jungkook antes de eles saírem do laboratório, mas o namorado não estava ali para vê-lo, e sim para tratar de assuntos investigativos. Sabendo disso, o menino apenas balançou a cabeça em entendimento e abriu a porta, permitindo que o detetive fosse na frente.

Jungkook deixou a sala bem a tempo de ser surpreendido por Yoongi, que surgiu de repente com Josh ao seu lado. Seu parceiro estava segurando o rapaz pelo braço, mantendo-o por perto. O detetive percebeu que Josh olhou para Jimin às suas costas, como se pudesse perfurá-lo apenas com aquele gesto.

— Acho melhor levarmos o garoto para o prédio do FBI. A nossa presença aqui está chamando muita atenção — informou Yoongi.

— Não, eu tenho um lugar melhor em mente — mencionou o detetive, olhando para Josh em seguida. — Quero que nos leve até a sua casa, Sr. Parker. Estou curioso para saber o que você guarda lá.

— Minha casa? — Sua voz quase vacilou.

— Sim, sua casa. Há algum problema?

Josh engoliu duramente, não sabendo que resposta dar a ele. Seu olhar, novamente, caiu sobre Jimin e um ódio animalesco fizeram seus olhos soltarem faíscas. Jimin se encolheu atrás de Jungkook, quase convencido de que Josh poderia saltar em seu pescoço a qualquer momento.

— Acredito que o seu silêncio seja um sim — acrescentou Jungkook, fazendo-o desviar-se de Jimin para encará-lo. — Leve o rapaz para o carro, Yoongi, e se ele resistir, coloque as algemas.

Naquele momento, Jimin pôde ver o desespero, o caos e o medo se revelando, simultaneamente, através do olhar de Josh, como se ele pudesse prever que a sua vida estava por um fio...

E que este fio estava prestes a arrebentar.

✮✮✮

Oi, meus amores, tudo bem? Esse capítulo não me agradou muito, mas espero que vocês tenham gostado.

Gostaria de dizer que no próximo capítulo teremos ação e... o começo do baile. Sim, esse baile promete muita coisa, inclusive entre os jikook.

Enfim, não vou falar muito pq estou cansadinha, mas, provavelmente, a próxima att vai demorar pra sair pq estou no final do semestre e parece que nesse período todos os professores combinam de passar trabalho ao mesmo tempo. Mas, quando esse inferno de vida acabar, eu estarei atualizando com mais frequência.

A próxima att, inclusive, será a de killer.

Beijinhos e até a próxima! <3

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