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Jimin estava sentado no sofá contra um par de almofadas brancas, suas mãos estavam entrelaçadas sobre o colo. Ele não queria parecer nervoso na frente de Seokjin, mas desde que chegou suas pernas não paravam de balançar.
A princípio, Seokjin havia ficado confuso com a súbita aparição de Jimin em sua casa, mas também não o questionou sobre isso. Quando Jungkook foi embora depois de dar um beijinho na testa de Jimin, o menino jogou a mochila no sofá e sentou-se entre as almofadas. Enquanto isso, Seokjin foi até a cozinha buscar um copo de água, mesmo não sabendo ao certo o que tinha acontecido.
Ele estava mais tranquilo agora, mas sua respiração ainda estava passando dolorosamente pelos pulmões. Após ouvir um suave barulho de pegadas, Jimin viu Seokjin retornando com um copo entre as mãos. Sob a luz pálida, o garoto pôde ver as linhas de tensão em torno dos olhos de seu pai, entregando a sua crescente preocupação.
– Beba um pouco de água. – ele ofereceu o copo a Jimin, que recebeu em um consentimento meio relutante.
Jimin tomou três goles pequenos enquanto observava Seokjin pela borda do copo. Ele sentou-se na poltrona à sua frente como se estivesse esperando por algo. O garoto limpou a boca com as costas da mão e continuou segurando o copo. Ele pareceu desconfortável em sua própria pele.
– Filho, podemos conversar agora? – Seokjin perguntou, sua voz parecia mais gentil que em todas as outras vezes.
Alguma coisa começou a tomar forma dentro da mente de Jimin, então ele se lembrou de tudo o que aconteceu naquela manhã. Uma parte de seu cérebro estava rejeitando essas memórias, enquanto a outra parte tentava esclarecer os fatos. Se vendo desafiado a contar a verdade, Jimin engoliu asperamente antes de dizer:
– Eu não queria voltar à escola depois do que me aconteceu porque no fundo eu sabia que isso não daria certo. – Seokjin continuou em silêncio, ouvindo-o. – Não sei o que se passou na minha cabeça quando pensei que tudo seria como antes.
– O que aconteceu?
– Tudo, pai. – ele fungou o nariz. – As pessoas me olham torto, ouço os cochichos nos cantos da sala e recebo piadinhas de mau gosto. Eu não sou mais bem-vindo. Eles pensam que eu inventei essa história para ganhar popularidade.
A expressão no rosto de Seokjin mudou drasticamente. Sua gentileza foi drenada e ali Jimin percebeu que ele tinha ficado indignado.
– Quem te tratou dessa forma? – ele demandou, sem parecer exigente.
– Um imbecil. – respondeu. – Mesmo não gostando de mim, ele nunca me insultou desse jeito. Hoje foi diferente. Ele sentou atrás de mim e ficou enchendo o meu saco. Quantas outras pessoas não devem pensar igual a ele?
Seokjin respirou fundo e deslizou cuidadosamente para perto dele, sentando-se ao seu lado. No primeiro momento, Jimin ficou com receio de olhar no olho dele, mas reconheceu que era necessário, até mesmo para saber qual emoção Seokjin estava sentindo agora.
– Eu tenho certeza de que as pessoas não estão pensando isso de você. – Seokjin começou a falar. – E mesmo que estejam, você não deve nada a elas. Eu poderia te aconselhar a devolver na mesma moeda, mas não quero que você se torne uma pessoa igual ao seu colega.
– É difícil ignorar o que ele fala. Eu fico imaginando se as outras pessoas estão pensando como ele.
Seokjin balançou a cabeça para os lados.
– Se você começar a supor as coisas, sua cabeça ficará cheia de pensamentos confusos. – Jimin olhou para baixo tristemente. – Filho, eu sei o quanto é difícil ignorar os comentários que fazem a respeito a você, mas quanto mais atenção você der a esse garoto, mais certeza ele vai ter de que os insultos estão surtindo efeito. E se ele continuar com isso, eu serei obrigado a ir até a sua escola resolver esse problema cara a cara.
– Não! – Jimin respondeu depressa. – Você não precisa ir até a escola. Eu posso lidar com isso sozinho. De verdade, eu agradeço o seu apoio, mas não se preocupe com isso.
– Jimin – sua voz estava um pouco mais dura agora, como a de uma figura paterna. – Antes do Chris viajar, ele me fez prometer que iria cuidar de você. Eu não posso deixar esse garoto te desrespeitar e ainda sair ileso. Se nenhuma atitude for tomada, ele vai pensar que agiu de forma correta.
– Eu sei. – agora ele respondeu devagar e baixinho, realmente honrando a posição de Seokjin. – Acontece que todo mundo fica debochando quando os pais vão à escola. Não quero ser alvo de chacota de novo.
Seokjin não podia acreditar que aquilo ainda existia nos tempos modernos. Ele chegou a pensar que talvez a sua pouca experiência como pai o estava deixando careta, mas na verdade tudo aquilo era consequência de uma geração imatura.
– Tudo bem, não vou até a sua escola. – Seokjin disse, arrancando um sorrisinho agradecido de Jimin. – Mas esse moleque precisa aprender uma lição. Se ele continuar te insultando, vou descobrir onde ele mora, quem são os pais e então resolver isso pessoalmente.
– Fica tranquilo. Se ele me perturbar de novo, eu mesmo vou atrás da coordenação para resolver isso. – Jimin tentou tranquilizá-lo, mas Seokjin ainda estava com o olho atravessado. – Não quero que fique preocupado com isso. Foi só um momento de surto.
– Surto? – uma pequena linha se desenhou entre as suas sobrancelhas. – Você foi ofendido dentro da sala de aula e se sentiu mal por isso. Não admito que classifique essa situação como um "momento de surto".
Jimin baixou o olhar. Vindo de qualquer pessoa aquilo o teria magoado, mas não havia raiva nas palavras de Seokjin, então Jimin as considerou uma bronca de pai.
– Jimin, eu sei que você se machucou com o que esse garoto disse. Se não tivesse se machucado, você não teria vindo até mim. – o garoto o olhou de soslaio, mas não disse nada. – Por isso eu não admito que você se coloque em uma posição inferior. Não admito que se diminua por causa de um moleque. Não é justo você se culpar por ter se sentido magoado.
– Você está certo. – ele concordou, ainda encarando o copo vazio entre as suas mãos. – Mas não tem o que fazer. Eu saí da sala e agora estou aqui. Se o senhor me pedir para voltar, eu vou dizer não.
Com um sorriso simpático, Seokjin acariciou os seus cabelos macios. Seu gesto fez o menino levantar a cabeça devagar, o suficiente para destacar o brilho de seus olhos castanhos. Não era um brilho de lágrimas, mas de dor.
– Eu não faria isso, filho. – ele disse. – Aliás, o que aconteceu hoje me confirma que eu estava certo sobre você estudar à distância. Existem muitos métodos para concluir a escola, ainda mais tendo em vista que você não esteve ausente por escolha própria.
– A diretora me sugeriu essa opção, mas eu fiquei com medo de não dar certo. Nunca me dei bem estudando à distância. – ele argumentou. – Bem, hoje foi o primeiro dia. As coisas podem mudar com o tempo.
Para ser honesto, nem mesmo Jimin acreditava em suas próprias palavras. Ele não tinha a confiança que fazia parecer, na verdade uma parte sua estava tentando acalmar os estímulos paternos de Seokjin. E deu certo, pois seu pai acatou o seu argumento com um aceno de cabeça.
– A propósito, quem é esse garoto que te aborreceu hoje? – Seokjin perguntou inexpressivamente. – Você disse que ele nunca gostou de você, então isso me faz pensar que vocês já se conheciam.
Jimin engoliu.
– Ele foi namorado da Hannah. – ele pensou em parar por aqui, mas suas palavras simplesmente foram rebocadas para fora da garganta. – O relacionamento deles não deu muito certo, então ele ficou com raiva da Hannah. Acredito que esse ódio foi direcionado a mim justamente porque sou amigo dela.
– Ele também odeia o Taehyung? – Jimin negou. – Então não justifica, afinal o Taehyung também é um amigo próximo da Hannah.
O garoto sorriu inquietantemente.
– A Hannah sempre esteve mais próxima de mim. – para o seu alívio, sua voz soou normal.
– Tem certeza de que é isso?
Seokjin estava certo de que o estava deixando desconfortável com o seu olhar, mas ele não parou até obter uma resposta.
– Talvez tenha outros motivos, mas isso é o que eu acho. – acrescentou Jimin.
– Tudo bem. – ele suspirou. – Acho melhor parar de falar sobre esse garoto.
– É. – Jimin forçou um sorriso.
– O Jungkook sabe o que aconteceu? – o menino pareceu relutante em responder no primeiro momento.
– Ainda não, mas ele deve ter desconfiado de alguma coisa, principalmente por ter me visto fora da escola.
– Ele perguntou o que houve?
– Sim, mas não entrei em detalhes. – Seokjin apertou os cantos da boca.
– Cuidado para não parecer que você perdeu a confiança nele.
O menino não conseguiu pensar em nada para dizer. Seu estômago pareceu subitamente pesado. Em nenhum momento ele pensou que poderia estar agindo dessa forma, ainda mais sabendo que Jungkook era o seu principal ouvinte em situações como aquela. Jimin se sentiu terrível por achar que o estava jogando para escanteio.
– Eu nunca quis fazer isso. – ele esclareceu, sua voz estava pesando em mágoas. – O Jungkook é o meu porto seguro. Ele sabe muito bem disso. Tem coisas que eu não conto porque ainda não é a hora certa, mas ele vai saber.
– Filho, vocês sempre confiaram um no outro, seja sobre qualquer assunto. – Seokjin frisou. – O Jungkook não é bobo, ele deve saber o que está se passando com você, mas não intervém. Ele quer que você seja o primeiro a falar.
– Acontece que eu tenho medo de falar uma coisa e ele entender outra. Não quero que ele tenha uma má impressão de mim.
– Ainda estamos falando sobre o ex namorado da Hannah? – Seokjin perguntou.
Jimin suspirou entre os lábios. Ele palidamente soube que tudo aquilo era horrível, que a demora o estava machucando e o silêncio também.
– Não, é sobre uma outra coisa. – Seokjin o encarou em confusão. Portanto, Jimin prosseguiu: – Eu estava namorando quando me envolvi com o Jungkook. E para piorar, hoje nos reencontramos no ginásio da escola. Ele apareceu de surpresa e me beijou.
Seokjin continuou em silêncio. Ali, no entanto, Jimin percebeu imediatamente que aquela foi a pior decisão que poderia ter tomado. Antes de se arrepender amargamente do que disse, Seokjin perguntou:
– Você ainda está namorando esse rapaz?
– Não, mas ele acha que sim.
– E você falou isso para ele? Contou que estava namorando outra pessoa?
Jimin não conseguiu falar, o ar pareceu ter sido sugado para fora dos seus pulmões. Naquele momento, ele quis arranhar a sua própria pele para reduzir o sentimento de angústia. Entrar naquele tópico o deixava tonto de nervosismo.
– Eu não tive tempo de falar, pai. Ele teve que sair para treinar com o time. – Seokjin esfregou o rosto depressa. – Na hora fiquei surpreso, mal consegui reagir.
– Você tem que contar a verdade para os dois, Jimin. Não tente resolver as coisas jogando a sujeira para debaixo do tapete. Omitir também é um tipo de mentira. Seja verdadeiro com os dois, abra o jogo e diga o que você sente. Se esse rapaz gosta de você, ele vai respeitar os seus sentimentos.
Jimin concordou com um balançar de cabeça. Ele sabia que Seokjin estava certo em todos os pontos, especialmente quando mencionou a omissão. Inicialmente pensou que poderia resolver as coisas guardando o problema para si, mas esqueceu que uma hora ou outra tudo vem à tona, seja através de palavras ou comportamentos.
– Vamos esquecer os dois e focar em você. – disse Seokjin, atraindo a atenção dele. – Estou feliz que tenha vindo até mim para conversarmos. Eu estava precisando mesmo de uma boa companhia. O que acha de almoçar aqui? Podemos preparar um prato especial para você.
Jimin sorriu amplamente e disse:
– Eu adoraria.
– Eu vou te ensinar a fazer um dos meus pratos prediletos. – ele disse ao se levantar e ofereceu sua mão para Jimin segurá-la. O menino ergueu-se com a ajuda dele. – Mas antes retire o casaco, ou se preferir suspenda as mangas para não sujar.
Jimin empalideceu quando se lembrou de seus cortes. Ele não queria que Seokjin descobrisse isso, mas também não sabia como se esquivar sem parecer que estava escondendo algo. Ele continuou imóvel enquanto tentava pensar em uma desculpa.
– Eu ainda não liguei para o Taehyung. – Jimin disse. – Ele deve estar pensando que ainda estou na escola. Pode ir na frente, eu não demoro.
– Não tenha pressa. – Seokjin sorriu. – Você pode descansar um pouco enquanto escolho os ingredientes. O horário do almoço ainda está longe.
Jimin sorriu.
– É uma ótima ideia.
Com isso, Seokjin beijou o topo de sua cabeça e então deslocou-se até a cozinha, mas antes pegou o copo das mãos de Jimin. Suspirando, o menino se jogou sobre as almofadas e pegou o celular dentro da mochila. Ele não ligou para Taehyung diretamente, pois levou em consideração o seu horário de trabalho, mas enviou uma mensagem de texto informando-lhe.
Com certeza Taehyung perguntaria os detalhes do que aconteceu, portanto Jimin avisou de antemão que só contaria quando ele estivesse em sua casa. Aproveitou a chance para enviar uma mensagem fofinha para Jungkook, dizendo-lhe que já estava com saudades.
Antes mesmo de Jungkook visualizar, Jimin guardou o celular e seguiu pensando. Ele começou a cogitar o que Seokjin falou, tentando pensar em uma forma menos dolorosa de contar a Jungkook sobre Vernon.
Após matutar bastante, Jimin chegou à conclusão de que não podia mais guardar essa história, tinha de esvaziar.
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Em silêncio em sua sala, Jungkook estava girando uma caneta no dedo enquanto olhava para um ponto fixo na parede. Ele tinha ido direto para a sua sala quando pisou no prédio, sem nem olhar para os lados.
Sua cabeça estava longe, ou melhor dizendo, em Jimin. Encontrá-lo fora da escola o deixou curioso, mas não foi apenas isso que despertou o seu sentimento de curiosidade. Jimin não havia contado a ele o motivo por trás de sua saída, apesar de Jungkook também não ter insistido em saber.
Jungkook tentou justificar a atitude do menino de várias formas, acreditando, inclusive, que ele estava com dificuldade para se abrir sobre esse tópico em público. Ele suspeitava de algumas coisas, mas não tinha certeza se a sua observação estava correta. Até o momento, no entanto, ele não quis criar suposições equivocadas, por isso optou por esperar o tempo de Jimin.
Alguém bateu na porta, o que acabou o expulsando de seus próprios pensamentos. Ele deixou a caneta cair de seus dedos com um suave quique. Layla colocou a cabeça para dentro antes mesmo de ele autorizar a sua entrada.
– Bom dia, meu diretor favorito. – ela entrou na sala com umas pastas na mão. – Pronto para mais um dia de trabalho?
– Estou muito animado. – ele respondeu, mas seu humor não correspondeu àquela confissão.
Ric veio logo atrás com sua típica postura de gatinho perdido na construção. Ele, no entanto, segurava uma caixa de evidências e um par de pastas embaixo do braço. Todos os documentos a serem usados na investigação foram colocados na mesa de reunião. Com isso, Jungkook deixou a sua cadeira e se juntou a eles.
– Onde está o Yoongi? – ele perguntou aos dois.
– Foi buscar café. – Ric respondeu. – Ele disse que não vai conseguir se concentrar no caso se não tiver um copo de café por perto.
Layla deu uma risadinha sugestiva e então comentou:
– Aposto que ele se divertiu bastante na casa do Taehyung, por isso deve estar cansado.
– Pelo jeito você também se divertiu essa noite, não é? – Jungkook provocou-a, mas Layla o ignorou.
Pescando aquela enxurrada de indiretas, Ric se fez de desentendido e continuou organizando os relatórios na mesa. Em instantes, Yoongi mergulhou para dentro da sala com um copo de café na mão e um saco de rosquinhas na boca. Seu notebook estava embaixo do braço, o fazendo andar todo torto.
Jungkook o ajudou com o notebook, colocando-o próximo do assento escolhido por Yoongi. Ele retirou o saco de rosquinhas da boca e sorriu em gratidão, depois sentou-se na cadeira. Jungkook sentou na ponta da mesa enquanto Ric e Layla sentavam lado a lado.
– Então, tiveram tempo de estudar os relatórios do caso? – Jungkook perguntou a todos na mesa, esperando ouvir um sim.
– Bem, eu passei a noite inteira relendo os interrogatórios na tentativa de encontrar alguma inconsistência. – Layla explicou. – Ainda estou confusa sobre as vítimas, especialmente o tópico "gravidez".
– Eu não pude estudar nada esta noite. – Yoongi disse enquanto mastigava um pedaço de rosca. – Mas estou aqui caso precisem usar os meus recursos. Manda ver.
Jungkook ficou inclinado a revirar os olhos, mas se conteve no último segundo. Em acréscimo ao comentário de Layla, Ric disse:
– Até onde sabemos, ele mata mulheres grávidas e solteiras. A ausência do pai geralmente ocorre quando se trata de adolescentes que engravidam de forma precoce. Achar uma mulher grávida e solteira ao mesmo tempo é como procurar por uma agulha em um palheiro. Ele teria que ter muita sorte.
– Na verdade, não. Os Estados Unidos têm um dos maiores índices de divórcios. – Jungkook pontuou. – Desde as últimas cinco décadas que o número de crianças nascidas de mulheres solteiras vem aumentando. Em qualquer esquina pode-se encontrar uma criança com uma família monoparental.
– Eu encontrei a nossa exceção. – disse Layla, apresentando a eles o documento que tinha em mãos. – Esta é Kristen Watson, morta há três meses atrás. Segundo alguns familiares, ela tinha um namorado, mas ele estava viajando na época do crime. A Sra. Watson relatou que eles tinham brigado duas noites antes. Dias depois, ele tentou entrar em contato com Kristen, mas não conseguiu porque ela já estava morta.
– Por que não solicitaram um interrogatório com ele? – perguntou Yoongi.
– A polícia o abordou em Bruxelas e o seu álibi foi confirmado. Ele não teve envolvimento. – Layla explicou. – Com isso, chegamos à conclusão de que o assassino não está atrás de mulheres solteiras, mas desacompanhadas. A briga da Kristen com o seu namorado provavelmente contribuiu para a aproximação do assassino.
– Kristen é a única vítima da lista que tinha um namorado? – Jungkook perguntou com as sobrancelhas erguidas.
– Sim.
– E as outras?
– Algumas divorciadas, outras solteiras.
– Ainda estou me perguntando como ele sabe sobre essas mulheres. – Ric comentou. – Não há ligação entre elas, então como é possível saber que as vítimas estão grávidas e solteiras? Não basta apenas olhar para elas. Essas são características muito específicas.
– Terapia de apoio para gestantes. – Jungkook sugeriu. – Yoongi, procure por todos os centros de atendimento terapêutico às gestantes, espaços com atividades exclusivas, qualquer coisa que reúna o máximo de mulheres grávidas em um mesmo local, de preferência solteiras.
– Ou então centros de assistência médica às mulheres grávidas em condição de vulnerabilidade. – Layla opinou. – De acordo com as minhas análises, a maioria das vítimas recebia atendimentos exclusivos, mas nem todas possuíam uma gravidez de risco.
Absorvendo as informações da equipe, Yoongi abriu o notebook e começou a fazer as buscas. Enquanto isso, Layla e Ric revisaram os relatórios na tentativa de encontrar alguma conexão nos depoimentos. De relance, Jungkook pescou a imagem de Jared parado do lado de fora da sua sala. Para além da janela, ele gesticulou o dedo para que Jungkook fosse até ele.
Sem muita pressa, o detetive se levantou e abriu a porta, fechando-a às suas costas quando se deslocou para fora. Jared se aproximou dele com uma foto nas mãos e a esticou em sua direção quando ficou a pouco menos de um metro de distância.
– Temos outra vítima do serial killer. – ele comunicou. – Adelyn Clark foi encontrada morta dentro de um poço. Há uma incoerência no padrão de morte, mas os sinais detectados no corpo sugerem que ele foi o responsável. A polícia local isolou a cena do crime à espera do FBI. Dê essa tarefa a sua equipe.
– Onde está o corpo?
– Necrotério. O médico legista vai fazer uma análise geral para confirmar se os recursos usados são os mesmos adotados nas outras vítimas. – ele explicou. – Te aguardo na minha sala quando retornar.
Após um aceno de concordância, Jungkook pegou a fotografia da mão dele e voltou para a sua sala. Jared partiu em instantes. Com todos os olhares em sua direção, Jungkook balançou a foto no ar, em seguida a colocou na mesa. Daquele ângulo, finalmente puderam ver o que constava no papel: uma mulher.
– Esta é Adelyn, ela foi encontrada morta. Estão suspeitando que tenha sido o serial killer. – Jungkook informou.
– Suspeitando? – Yoongi destacou.
– Sim, o padrão de morte foi diferente dessa vez, por isso temos de ir ao local do crime. – todos se entreolharam. – Layla e Ric vão até o necrotério acompanhar a autópsia. Eu e Yoongi vamos até a casa da vítima. Qualquer novidade entre em contato comigo.
Sem mais delongas, Jungkook pegou a chave do carro no suporte da mesa e gesticulou a cabeça para que Yoongi o acompanhasse. Layla e Ric guardaram a papelada toda antes de irem atrás deles. Com um destino diferente, Layla convidou Ric para ir por outra direção e com acesso rápido ao estacionamento.
Yoongi estava tomando o seu café no copo de isopor enquanto caminhava atrás de Jungkook. Quando a porta do elevador deslizou aberta, eles entraram juntos. Jungkook aproveitou o momento para enviar uma mensagem para Ric e Layla com o endereço do hospital no qual o corpo se encontrava.
Um minuto depois, o elevador parou no estacionamento, fazendo Jungkook pescar a imagem da Mercedes à distância. Em circunstâncias perigosas, ele não usaria o próprio carro em campo, mas estava indo apenas para analisar a cena do crime.
– Layla e Ric vão saber em qual necrotério o corpo está? – perguntou Yoongi após jogar o copo vazio na primeira lixeira que avistara.
– Eu já mandei o endereço do hospital. – ele disse, destravando o carro com apenas um clique no controle.
Eles entraram no automóvel em instantes e deram partida segundos depois, lançando-se no meio da estrada assim que passaram pelos portões do edifício. Jungkook afundou o pé no acelerador quando mergulhou em uma via deserta, com pouquíssima movimentação de veículos.
Cinco minutos se passaram e não houve uma troca de palavras entre eles. Yoongi não estava gostando nada de seu silêncio, especialmente de sua expressão, que não mudou desde o momento em que eles saíram do departamento. Em razão disso, decidiu tirar a dúvida por conta própria:
– Desembucha, o que está rolando?
– Eu pareço estranho?
– Bem, eu não estou acostumado a te ver com essa cara de bunda mole. – Jungkook quis repreendê-lo, mas acabou rindo baixinho. – Estou falando sério! O que aconteceu? Você nunca fica em silêncio quando não é nada.
– Desde quando ficar em silêncio significa que aconteceu alguma coisa?
Yoongi revirou os olhos.
– Para de me responder com perguntas e desembucha. Você e o Jimin brigaram?
– É claro que não! – ele negou rápido, indicando veracidade em sua resposta. – Nós estamos muito bem.
– É sobre o caso então?
Jungkook fez um fraco ruído evasivo com os lábios, o que significava um "não". Ele parecia indisposto para falar sobre o assunto, mas não incomodado como muitos poderiam pensar.
– Você e o Taehyung guardam segredos um do outro? – perguntou Jungkook, parecendo fugir completamente do rumo da conversa.
Yoongi ficou confuso a princípio, mas não hesitou em responder:
– O único segredo, que não é mais segredo, era que ele já havia dormido com o Ric. – ele deu de ombros. – Confesso que fiquei magoado quando descobri, mas ele era solteiro na época. Não cabe a mim dizer com quem ele devia trepar ou não.
– Eles são tão diferentes um do outro. – Jungkook comentou baixinho, quase como um sussurro.
– Eles quem? Jimin e Taehyung? – seu parceiro confirmou com um balançar de cabeça. – Concordo. Taehyung é mais desbocado. Ele não para quieto.
– Você não deveria falar assim do seu namorado. – ele observou, sem intenção de parecer rude, na verdade sua expressão estava risonha.
Yoongi olhou para o lado como se ele estivesse blefando.
– Você diz isso porque não convive com o Taehyung. Se convivesse saberia o que eu passo na mão dele. – defendeu-se. – Mas isso não interfere em nada. Eu continuo gostando do meu marrentinho.
Jungkook sorriu. Antes tinha começado a suspeitar que o seu relacionamento com Jimin era muito diferente do de Yoongi e Taehyung, agora, no entanto, ele tinha certeza. A desigualdade entre eles chegava a ser assustadora. O modo de tratamento, as conversas cotidianas, as expressões de afeto, as reações físicas... Tudo.
– Agora me diz, você não estava todo caladão por causa de mim e do Taehyung, né? Alguma coisa tem aí. – Yoongi continuou insistindo no assunto. – Por que me perguntou sobre segredos?
Jungkook afundou o pé no pedal do freio quando o sinal vermelho apontou para além do para-brisa. Seu movimento foi tão brusco que Yoongi só viu a hora que o seu corpo deslizou para frente e voltou a colar no banco em questão de segundos. Ele não soube dizer se aquela súbita freada foi por causa do sinal vermelho ou pela sua pergunta.
– Eu sinto que o Jimin está um pouco afastado de mim. – contou Jungkook, vendo Yoongi fazer uma careta como se o que acabara de ouvir fosse a coisa mais bizarra do mundo. – Ele ainda é carinhoso comigo como em todas as outras vezes, mas para alguns assuntos ele se tranca.
– Será que tem a ver com o trauma?
– Eu teria percebido. – sua voz estava um pouco baixa. – Tem algo acontecendo com ele que o está deixando receoso, principalmente em relação a mim.
– Então pergunte. – Jungkook o encarou. – Se você acredita que o Jimin está passando por alguma coisa, tire essa história a limpo.
– Eu espero não chegar a esse ponto.
Quando o sinal abriu, Jungkook finalmente pôde acelerar o carro pela estrada. Ele pegou um atalho mais rápido, ciente de que a casa da vítima não ficava muito próxima à região onde eles estavam. No entanto, pelo seu cálculo mental, sabia que não estava muito longe de seu destino.
– Olha, vou te falar uma coisa. – disse Yoongi, atraindo a atenção de Jungkook, mas não seus olhos. – Eu não teria coragem de entrar em um relacionamento como o seu. Melhor dizendo, eu não namoraria o Jimin. Não digo isso por causa do que fizeram a ele, mas pela forma como ele reage em algumas situações.
– Seja mais específico.
– Ele é infantil em alguns pontos. – Jungkook não tirou os olhos da estrada, mas Yoongi conseguiu enxergar uma pequena ruga entre as suas sobrancelhas, indicando confusão. – A maturidade que ele tem não se encaixa com a sua. Não estou fazendo a caveira do Jimin, só estou dizendo que ele parece estar sempre à procura de colo. E quer saber? Você dá muita corda.
– Está me pedindo para ser arrogante com ele?
– É claro que não! – ele refutou rapidamente. – O Jimin merece sua atenção, sim! Mas existe uma diferença entre ser atencioso e passar a mão na cabeça. Então, meu amigo, se você está incomodado com algo, não deixe para falar depois por medo de como ele pode interpretar.
Jungkook internalizou as palavras de Yoongi, mas não disse nada em resposta. Ele não concordava com algumas coisas ditas pelo seu parceiro, porém considerou melhor não refutar seu ponto de vista naquele momento, mesmo sabendo que o comportamento de Jimin é justificável. Ele não era inseguro porque gostava, nem indiferente com as pessoas porque queria ser.
A ressocialização deu a ele um novo reflexo de viver. Controlar o medo, os pensamentos e a dor se tornou um desafio para Jimin, que desaprendeu a conviver em sociedade depois de aprender a viver em cativeiro. Julgar a sua insegurança para com as intenções alheias era covardia, pensou Jungkook, principalmente o seu intenso carinho para com aqueles que o acolheram.
Após um minuto de silêncio, Jungkook avistou uma casa rodeada por faixas amarelas. Havia duas viaturas paradas próximas da calçada e um grupo de policiais espalhados na tentativa de esmiuçar a cena do crime por fora. Uma pequena plateia de adolescentes estava observando tudo à distância, tirando fotos e conversando entre si.
Jungkook deixou o carro após estacionar em uma vaga próxima. Ele parecia sério enquanto caminhava de encontro ao chefe de polícia. Yoongi estava atrás dele, tentando acompanhar seus passos.
– Diretor-assistente do FBI. – Jungkook se apresentou quando alcançou o comandante da polícia, erguendo a sua credencial para se identificar. – Você tem informações que me sirvam?
– Uma mulher diz ter ouvido gritos de socorro na madrugada. Ela já deu seu testemunho, mas o senhor pode conversar com ela novamente se achar necessário. – o homem informou. – Isolamos a cena do crime para a chegada dos federais. Fui informado de que o caso pertence a vocês.
– Onde está a mulher?
O homem apontou para o outro lado da calçada, indicando uma figura baixa e rechonchuda. Ela estava com uma expressão assustada e cheia de terror enquanto contava a sua versão para outras pessoas. Após descobrir o nome dela através do chefe de polícia, Jungkook chamou Yoongi para irem até lá.
– Sra. Gray? – Jungkook a chamou, apresentando-se novamente pela credencial. – Sou o diretor-assistente do FBI e este é o meu parceiro, Yoongi. Estamos aqui para falar com a senhora a respeito do que ouviu. Tem um minuto?
A mulher confirmou com um balançar de cabeça ainda rendida ao choro. Yoongi fez um gesto pacífico para que as pessoas próximas a ela se afastassem. Uma vez sozinhos, Jungkook deu início ao interrogatório:
– Pode nos dizer exatamente o que ouviu?
– Eu estava dormindo quando escutei um barulho estranho de objetos caindo. Quando coloquei a cara na janela, percebi que vinha da casa da Adelyn.
– A senhora identificou uma segunda voz?
– Não, escutei apenas a Adelyn gritando. – ela disse. – Eu pensei em ir até a casa dela para saber o que estava acontecendo, mas fiquei assustada na hora, então liguei para a polícia.
– A senhora e a Adelyn eram muito próximas? – Yoongi perguntou.
– Apenas vizinhas. – ela contou. – Ela era uma moça educada e gostava de fazer caminhada todos os dias. Percebi que algo estava errado quando a polícia não saiu da porta da casa dela.
– A Adelyn tinha um namorado? – foi Jungkook quem entrou neste tópico.
A Sra. Gray chacoalhou a cabeça para os lados, negando.
– Não sei te dizer se era namorado, mas tem um rapaz que apareceu na casa dela pelo menos duas vezes essa semana. – Jungkook e Yoongi se entreolharam de soslaio. – Ele parecia ser mais novo que a Adelyn, talvez uns dez anos.
– Um adolescente?
– Talvez sim. Não me lembro muito bem de sua fisionomia. – ela esfregou a testa em incerteza e então pausou quando prestou atenção em Jungkook. – Parando para pensar... Ele se parecia muito com o senhor: jovem e bonito.
– Essas são as únicas características das quais se lembra? – ela fez que sim, mas parecia incerta. – Ok, mais tarde eu gostaria que me acompanhasse até o departamento para fazermos um retrato falado. Isso pode nos ajudar a encontrar este rapaz.
– Claro, detetive.
– Obrigado pelo seu tempo, Sra. Gray. Com licença.
Um momento depois, Jungkook e Yoongi caminharam de volta à casa que estava sendo investigada, passando por baixo das faixas de sinalização antes de finalmente entrarem na residência. A polícia local havia oferecido o espaço para que eles pudessem explorar por conta própria.
– Deixa eu ver se entendi: a vizinha da Adelyn disse que ela estava saindo com um garotão? – Yoongi perguntou quando se flagrou sozinho com Jungkook. Eles estavam na sala de estar.
– Talvez não seja ninguém importante, mas não custa investigar. Ele pode ter sido a última pessoa a tê-la visto com vida.
Yoongi deu de ombros, apesar de ainda estar confuso. Jungkook olhou em volta com muita atenção. O lugar não foi examinado pelos membros da polícia, até porque as evidências são fáceis de alterar, podendo prejudicar a apuração do caso, por isso houve uma preservação severa no ambiente antes do FBI chegar.
Afinal, um olho bem treinado enxergaria o retrato do crime como uma pintura exata do comportamento criminoso. Jungkook tinha esse dom de análise, assim como muitos de sua equipe.
Como esperado, havia placas numéricas distribuídas por cada ponto físico do incidente. Uma poça de sangue imensa estava manchando o assoalho de madeira com vários salpicos espalhados ao seu redor. Yoongi se afastou de Jungkook para examinar outros cômodos. Enquanto isso, Jungkook prosseguiu com sua observação silenciosa.
Ele observou que diversas lascas de madeira estavam repartidas em um mesmo local, indicando que vieram de um único lugar. Quando olhou para cima, percebeu que o corrimão da escada tinha sido brutalmente quebrado. Decidido a averiguar esse detalhe, Jungkook andou até os degraus e encontrou pedaços de roupa, manchas de sangue e objetos espalhados.
Tentando refazer todo o cenário, Jungkook subiu as escadas e formulou possíveis práticas que levaram à poça de sangue. Até o momento, suas conjecturas o estavam levando ao quarto da vítima. Ao alcançar o cômodo, ele empurrou a porta que já se encontrava meio aberta e avaliou o interior.
Havia livros empilhados na escrivaninha, o lençol da cama estava desorganizado, metade das joias tinham sido derrubadas no chão e todas as fotografias na parede foram arrancadas. Jungkook chegou a notar que a janela estava um pouco aberta, o que sugeria que Adelyn possivelmente tentou fugir quando se deparou com a ameaça.
– O que encontrou? – Yoongi perguntou às suas costas, chegando de surpresa.
– Veja – Jungkook apontou para a desordem do quarto. – Adelyn estava na cama quando foi surpreendida pelo assassino. Ela procurou algo para se defender, por isso derrubou o porta-joias da cabeceira. – Yoongi analisou tudo de acordo com a hipótese dele. – Está vendo a janela? A Adelyn tentou fugir após acertá-lo na cabeça, mas percebeu que não daria certo, então correu para fora do quarto.
Jungkook começou a refazer o percurso da vítima, então ele também saiu do quarto para enfatizar sua hipótese. Yoongi o seguiu instantes depois, mergulhando fundo no raciocínio dele.
– Esse sangue no chão significa que o assassino conseguiu atingi-la antes que ela corresse para longe. – Jungkook pontuou. – A Adelyn deve ter corrido até um certo ponto porque as marcas de sangue somem. É aqui que percebemos o corrimão quebrado, o que me faz pensar que ele a derrubou. A força do impacto provavelmente a deixou tonta ou até mesmo desacordada.
– Então o corpo deveria ter sido achado aqui, não? – Yoongi interpelou.
– Aí está a incoerência do caso. – disse. – Todas as vítimas foram achadas no mesmo local onde foram mortas. Adelyn não. Depois de ser torturada por estar grávida, ela foi jogada dentro de um poço.
– Não faz sentido. – a cabeça de Yoongi estava fervendo com teorias. – Por que ele decidiu mudar as estratégias? Por que esconder o corpo depois de expor todos os outros homicídios que cometeu?
– Talvez ele tenha percebido tarde demais que matou a mulher errada. – Jungkook supôs, deixando o seu parceiro ainda mais confuso. – Veja bem, se eu planejo um homicídio e percebo que matei a pessoa errada, é óbvio que eu esconderia o corpo por vergonha de mostrar o meu "erro".
– Ok, mas como ele saberia que matou a vítima errada?
– Descobrindo que ela não estava grávida.
Yoongi ainda parecia confuso com toda aquela história, mas ele conseguiu, de modo muito claro, entender os pontos que Jungkook estava levantando. Para cada problema, Jungkook parecia ter uma solução, embora não soubesse de fato se estava certo ou não. Para isso, no entanto, só tinha um jeito de saber:
– Vou ligar para a Layla.
Ciente de que ela estava agora mesmo com o médico legista, a resposta que ele precisava poderia estar mais próxima do que pensava. Se o homicídio foi uma falha, isso significa que a partir de agora os planos do assassino vão ser previamente calculados com mais cuidado. Perder o controle em situações como esta é comum, ainda mais sabendo que todo o esquema de perseguição para entrar na vida da vítima foi em vão.
Jungkook sabia que ele ficaria desesperado e, como consequência, deixaria sinais pelo caminho. Era uma questão de tempo até finalmente encontrá-lo.
A caçada tinha, enfim, começado.
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Oi meus amores, como vocês estão? Esse capítulo foi bem curtinho, mas tudo o que aconteceu nele tem importância no desenrolar da história, ok?
No próximo cap vamos ter mimos jikook, sim! E não deixem de prestar atenção nos detalhes, tem muita coisinha camuflada que pode ajudar na teoria de vocês... ou atrapalhar. Rs.
Enfim, se cuidem direitinho e até a próxima atualização <3
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