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Depois do episódio anterior, Jungkook foi conduzido à enfermaria do departamento por insistência de Yoongi. Ele tentou resistir, alegando que estava bem, mas o parceiro não deu ouvidos e o arrastou de volta para o prédio, deixando para trás uma dúzia de pessoas curiosas.
O detetive estava, agora, sentado em uma cadeira enquanto a enfermeira limpava alguns ferimentos superficiais em seu rosto. A médica da equipe fez uma avaliação breve e concluiu que ele não tinha sofrido ferimentos graves, apenas alguns arranhões nos braços devido ao momento em que pulou do carro.
Yoongi não saiu do cômodo nem mesmo depois de ouvir da própria médica que o detetive estava, fisicamente, bem. Layla e Ric também decidiram fazer companhia a Jungkook, embora ele insistisse em dizer que não precisavam estar ali, e, sim, na operação.
Em silêncio, Jungkook voltou em retrospectiva e uma minúscula voz no fundo de sua cabeça começou a especular, racionalmente, quem poderia estar por trás do atentado. Muitos nomes foram listados, mas isto não era o suficiente, pois, também, era necessário pensar o que conectava cada nome ao ataque.
Jungkook sabia que teria um trabalhão para chegar no autor do atentado, uma vez que os seus instintos o diziam que o ataque foi premeditado por um grupo, não por uma única pessoa. Se estivesse certo, qualquer um poderia fazer parte do grupo, desde que estivesse interessado em receber muita grana pela sua cabeça.
— O esparadrapo acabou. Vou buscar mais e não demoro. — A enfermeira informou a Jungkook, pedindo licença aos outros antes de sair do quarto.
O detetive encarou as três figuras paradas na sua frente, olhando-o como se ele tivesse sido estraçalhado por um carro. Antes que pudesse perguntar o porquê de eles estarem olhando-no daquele jeito, Ric perguntou:
— O senhor quer um copo d'água?
— Por que não troca de roupa? Essa blusa térmica pode te incomodar. — Layla sugeriu.
— Eu acho melhor o Jungkook não fazer esforço. — Yoongi disse. — Ele quase morreu, seus idiotas!
— Eu estou bem. — O detetive reforçou pela milésima vez. — Foram só alguns cortes e nada mais.
— É, mas poderia ter sido bem pior. — Yoongi adicionou, fazendo-o revirar os olhos. — Você podia ter se queimado, fraturado alguns ossos, quebrado três costelas, ficado careca, paraplégico, cego...
— Yoongi. — Ele disse o seu nome entredentes, interrompendo-o. — Já chega.
— Ok, me desculpe. — Ele respirou pela boca. — Eu ainda estou me recuperando do que vi, então não me culpe por estar nervoso.
— Todos nós estamos nervosos, Yoongi, mas não é para tanto. — Layla disse. — Poderia ter sido muito pior, mas o importante é que ele está bem.
— Concordo com a Layla. — Ric adicionou. — Temos que nos preocupar em descobrir quem fez isso.
— Vocês podem, por obséquio, respeitar o meu momento de desespero?! — Yoongi reclamou, deixando as coisas, por um instante, estranhamente silenciosas. — Ele é o meu parceiro, cara! Somos carne e unha!
Jungkook esfregou a mão na mandíbula enquanto ouvia as coisas que Yoongi dizia. Ele segurou uma risada quando observou o parceiro colocar uma mão no coração e prosseguir com seu discurso melancólico.
— Eu estou com o Jungkook desde o momento em que ele pisou no FBI. Se ele morresse, o que seria de mim?! — Layla e Ric se entreolharam rapidamente. — Vocês dois são uns medíocres!
— Você é um fofo, Yoongi. — Jungkook disse com divertimento, fazendo a boca do parceiro cair.
— Não começa com as suas boiolagens, Jungkook. Eu ainda estou aflito, caralho!
— Detetives! — Uma voz os chamou, fazendo todos olharem na direção do som. Era Jared. Ele estava parado na porta da enfermaria, com as mãos inseridas nos bolsos à medida que olhava-os seriamente. — Parem de bancar a babá do Jungkook e sigam para a operação. Vocês ainda têm um trabalho a fazer, esqueceram?
Houve um momento de silêncio, sendo Yoongi o primeiro a quebrá-lo.
— Nós não podemos ir sem o Jungkook. Quem irá comandar a missão?
— Detetives, vocês são uma equipe. Se o comandante principal não está presente, então nomeiem um dentre aqueles que estão presentes. — Jared disse, como se fosse óbvio demais.
— Eu posso comandar a operação. — Layla se ofereceu rapidamente, ganhando os olhos azuis do inspetor.
— Perfeito! — Jared disse em admiração, sorrindo para ela. — Agora, sigam para a missão e me deixem a sós com o diretor de vocês.
Antes de obedecer às ordens do inspetor, Yoongi olhou para Jungkook, esperando vê-lo reagir de forma adversa, mas o detetive estava quieto, como se concordasse com os termos oferecidos por Jared. Portanto, só restou a Yoongi acompanhar Ric e Layla, estes que já se encontravam fora da enfermaria.
Quando todos saíram, Jared se aproximou do detetive ferido e o avaliou em silêncio. Jungkook o encarou de volta, aguardando suas próximas palavras.
— Onde está a enfermeira?
— Ela foi buscar mais esparadrapos.
O inspetor pareceu dividir um pensamento consigo mesmo, em seguida encostou na beirada do leito, como se a conversa a seguir fosse cansá-lo em algum momento.
— O que aconteceu, detetive? — perguntou. — Eu ouvi alguns boatos, mas achei melhor perguntar diretamente a você.
— Alguém implantou uma bomba no meu carro. — Jared ficou em silêncio, esperando por mais. — O carro estava normal antes de eu vir para o departamento, o que me faz pensar que quem implantou o dispositivo estava por perto na hora da explosão.
— Você costuma deixá-lo no estacionamento, certo? — Jungkook confirmou com um aceno de cabeça. — Então, se a pessoa implantou a bomba após você ter chegado, talvez ela tenha te seguido até aqui. Mas, analisando bem, isto seria um tiro no pé, porque você costuma deixar o carro no estacionamento interno, não no lado de fora.
— Está dizendo que foi alguém de dentro?
— Não. — Jungkook espremeu os olhos diante de sua resposta. — Estou dizendo que a bomba, provavelmente, já estava no seu carro antes de você vir.
Jungkook parou para pensar sobre aquilo e, embora fizesse sentido, ele descartou a possibilidade. Se havia um cronômetro em seu carro, ele ativou após Jungkook apertar o pedal do acelerador e não porque estava programado para explodir naquele exato momento, pois as chances daquilo detonar sem Jungkook estar dentro do veículo eram altíssimas.
— Não acho que a bomba tenha sido implantada antes de eu vir para cá. — Jungkook opinou. — Se o dispositivo foi cronometrado para estourar naquele momento, então a explosão aconteceria independente de eu estar ou não dentro do carro. E eu tenho certeza de que esse plano não era para dar errado. Eles queriam me matar, não me intimidar.
— Isto faz sentido. — Jared concordou e ficou em silêncio por um momento, sua testa enrugando. — Eu vou solicitar que a perícia investigue os destroços do carro e desejar que eles tenham sorte em encontrar as sobras do dispositivo, assim saberemos, mais ou menos, em que momento o explosivo foi colocado.
— Eu quero acompanhar essa investigação de perto. Tudo bem?
— Claro. — Ele não hesitou em dizer. — A propósito, você consegue imaginar quem possa estar por trás deste atentado?
— Não faço a mínima ideia. — Ele não mentiu, mas também não foi totalmente sincero. — Acredito que tudo isso tenha sido organizado por mais de uma pessoa.
— Se você é o alvo por ter sido um dos responsáveis no caso da máfia, então a sua equipe inteira também é. — Jared observou. — Eles, certamente, querem todos mortos. Um por um.
— Se a equipe inteira se tornou um alvo, por que só eu estou sendo atacado?
O inspetor processou aquela pergunta por um breve momento e, em partes, concordou que Jungkook poderia ser o principal alvo, mas não descartou a possibilidade de toda a equipe do FBI ser um alvo também.
— Talvez você tenha razão, mas ainda é cedo para tirarmos essa conclusão. — Jungkook o encarou por um momento, porém não disse nada. — E caso você esteja certo, eles não vão parar de te perseguir. Por isso, é bom estar preparado para tudo.
O detetive deu a ele um olhar de puro inquérito, ciente de que Jared não estava apenas falando de futuros atentados.
— Onde quer chegar? — perguntou.
O inspetor suspirou, consciente de que o tópico a seguir iria incomodá-lo.
— Não quero me meter na sua vida, detetive, mas, diante das coisas que estão te acontecendo, é necessário que você afaste aquilo que pode te enfraquecer. — Jungkook continuou em silêncio, ouvindo-o. — Querendo ou não, o Jimin é o seu ponto fraco e eles podem querer usá-lo para te atingir, seja para descobrir informações sobre você ou para te atrair até uma armadilha.
— Não comece com essa história de novo, por favor.
— Sejamos francos, Jungkook, a sua relação com esse garoto é a ponte para que os seus inimigos cheguem até você. — Jared pontuou. — Não estou sugerindo que vocês terminem, mas, depois do relacionamento de vocês ir à público, é válido considerar todas as possibilidades envolvendo vocês dois. Mesmo que negue para si mesmo, eles sabem que o Jimin é o seu calcanhar de Aquiles.
— Não vou terminar com ele, nem me afastar — disse ele, decisivamente. — Se eu fizer isso, vou estar dando aos meus inimigos uma brecha para que peguem o Jimin.
— Se essa falsa informação espalhar, eles saberão que vocês não estão mais juntos e que o Jimin não tem mais contato com você, mesmo que isso seja temporário. — Jared explicou. — Assim, o seu garoto vai estar, de certa forma, protegido.
— Você não pode garantir que ele estará seguro só por estar longe de mim.
— Detetive, desde o início eu ressaltei o quão perigosa é a relação de vocês, ainda mais agora que você está no cargo em que está. — Jungkook esfregou a linha do maxilar, começando a se sentir incomodado com o rumo da conversa. — Olha, eu sei que você detesta falar disso, mas tudo o que estamos discutindo aqui é para a sua segurança. Você sabe que esses homens não desistem com facilidade. Se eles não puderem te atingir diretamente, vão encontrar um jeito de chegar até você, e eu temo que seja através do garoto.
Por um momento, Jungkook parou para pensar e não gostou nada do que sua mente projetou. Ele jamais se perdoaria se Jimin voltasse a sofrer com as mesmas coisas de antes e se fosse usado como isca como já aconteceu. Seu menino ainda estava se recuperando dos traumas desenvolvidos, não era justo deixá-lo desprotegido e em perigo.
— Eu preciso protegê-lo. — Por fim, Jungkook disse.
— E também precisa se proteger. — Jared adicionou, recebendo os olhos do detetive rapidamente. — Olha, se você quiser recorrer ao programa de proteção, posso ir em busca disso para que vocês fiquem seguros. O único problema é que, se o Jimin entrar no programa, ele terá que se ausentar da escola.
O detetive esfregou os cantos dos olhos, como se tivesse muito o que pensar antes de tomar qualquer decisão. Entrar no programa de proteção o faria sair do cargo temporariamente e isto era algo que Jungkook não estava disposto a fazer no momento. Sem mencionar que Jimin também se afastaria de sua vida cotidiana, a qual ele estava voltando a restaurar aos poucos.
Por mais que fosse pela sua segurança, o detetive não queria ter de ficar em uma residência ultrassecreta do governo sem poder ajudar na investigação. Jungkook sabia que poderia ser chamado de egoísta por pensar desta forma, mas ele não dava a mínima. Contanto que Jimin ficasse em segurança, ele não se importava de estar em perigo.
— Eu vou conversar com ele sobre isso. — Jungkook disse por fim, como se estivesse preparando o terreno antes de encerrar o assunto.
— Olha, devo adiantar que talvez eles não aceitem o Jimin dentro do programa de proteção, porque ele não sofreu nenhum ataque direto. — Jared pontuou. — Até agora, você é o único que está sofrendo ameaças e ataques. Então, mesmo que o Jimin não seja inserido no programa, recomendo que aceite a nossa proteção mesmo assim.
Jungkook suspirou.
— Eu quero participar desta investigação e descobrir quem está por trás dos ataques, mas se eu for inserido dentro do programa, não poderei ajudar nas buscas. É por isso que estou indeciso.
— Bem, a escolha é sua, detetive. — Ele respondeu, apenas. — Já que você não vai à campo hoje, podemos analisar as câmeras externas e tentar localizar o responsável. O que acha?
— É uma boa ideia. — Ele concordou. — Nos encontramos na sua sala em dez minutos. Vou trocar essas roupas primeiro.
— Ok.
Dito isto, Jared se pôs de pé sem muita pressa e, antes que ele pudesse virar em direção à saída, Jungkook o chamou, sentindo que deveria pôr em questão outro assunto.
— Eu quero te pedir uma coisa. — O detetive disse, fazendo-o erguer uma faixa de sobrancelha em inquérito. — Não conte nada para a Scarlett. Eu sei que a história da explosão chegará aos ouvidos dela uma hora ou outra, mas não quero que ela saiba que esses ataques são direcionados apenas a mim. A Scarlett quer me ver fora do cargo a todo custo, não duvido que ela use esse episódio a seu favor para enviar uma carta de afastamento para o Procurador-geral.
Jared ficou em silêncio por um momento, parecendo confuso.
— Ela disse isso a você? — perguntou.
— Não foi necessário. Ela me fez entender o recado de outra forma.
Naquele momento, Jungkook detectou algo diferente no olhar do inspetor, como se aquela informação tivesse deixado-o pensativo. Jared não era o tipo de pessoa que costumava demonstrar o que sentia, mas, naquele instante, ele deixou claro que não estava de acordo com as intenções da supervisora.
Aparentemente, Jungkook arruinou uma parte da imagem dela para o inspetor, o que poderia ser bom... ou não.
— Tudo bem, não vou comentar nada. — Jared assegurou e fez uma breve pausa. — Te espero na minha sala.
Jungkook não disse nada, apenas balançou a cabeça em assertiva. Depois de receber uma resposta, Jared deu as costas para ele e saiu pela porta rapidamente. O detetive continuou olhando na direção em que ele seguiu, parecendo muito pensativo.
A reação de Jared havia provocado em si mais confusão do que nunca, visto que o inspetor conhecia Scarlett a mais tempo do que ele e, certamente, deveria saber como ela se comportava para conseguir o que queria. No entanto, após Jungkook contar sobre o desejo da supervisora em vê-lo fora do cargo, Jared reagiu como se não esperasse por isso.
Após uma contagem de silêncio, o detetive lançou esses pensamentos para escanteio e levantou da cadeira, indo em direção à saída. Ele precisava substituir aquele colete pesado por suas roupas confortáveis antes de pôr a mão na massa.
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Jungkook estava sentindo todos os ossos de seu corpo queimarem, como se alguém tivesse acendido uma tocha em seu interior. Ele sabia que essa sensação era devido à queda que tomou ao saltar do carro em movimento. Depois de passar o dia investigando as câmeras externas e criando hipóteses com Jared, o detetive teve que voltar para casa, à noite, em um carro reserva.
O departamento tinha muitos veículos disponíveis, então Jungkook escolheu um de sua preferência, embora o inspetor tenha insistido em lhe dar uma carona. Por mais que se sentisse grato pela gentileza do homem, Jungkook não queria abusar de sua cordialidade, ainda mais depois de Jared oferecer proteção a ele e a Jimin.
O detetive ainda estava indeciso sobre qual decisão tomar, mas, neste momento, ele queria descansar a noite toda ao lado de seu garoto e pensar nos problemas só quando estivesse sozinho.
Ao lembrar-se dele, Jungkook, finalmente, se desconectou dos pensamentos e percebeu que o ambiente estava semiescuro. Ele chegou à conclusão de que Jimin poderia estar escondido para lhe fazer a tão esperada surpresa, mas, por enquanto, não havia sinais do menino.
Diante desta suposição, o detetive sorriu para si mesmo e andou pela casa à procura de Jimin, porém não o encontrou em nenhum lugar. Ele não sabia que surpresa o seu namorado o preparou, mas tinha quase certeza de que ele daria sinais. Foi então que, olhando distraidamente para a escada, Jungkook observou uma trilha de rosas vermelhas contornando os degraus.
Ele, espontaneamente, sorriu.
Entendendo para que lugar as pétalas de rosas o levaria, Jungkook conduziu-se até elas, ansioso para chegar em seu destino. Ao subir as escadas, percebeu que uma luz amarela vinha de um cômodo à distância. Jungkook foi em direção à ela com passos lentos e deliberados, caminhando por cima das pétalas com todo cuidado.
Quando se aproximou um pouco mais, observou que a claridade vinha de seu quarto. Jungkook sorriu. A porta do cômodo estava entreaberta, então ele espiou o interior, sentindo o coração acelerar ao imaginar o que poderia estar atrás daquela porta. Em seguida, ele abriu-a por completo, sem movimentos bruscos.
Seus olhos encontraram Jimin sentado aos pés da cama com uma vela aromática em uma das mãos. Ele encarou o detetive por cima das chamas e sorriu, sendo retribuído na mesma intensidade. Enfeitiçado, Jungkook olhou ao redor, apreciando a decoração.
Havia velas aromáticas ao redor do quarto, pétalas vermelhas sobre o colchão e um carpete felpudo com uma garrafa de vinho e duas taças. Um par de almofadas pequenas foram postas em lados opostos para servirem de assento. A porta que dava para a varanda estava aberta, revelando o brilho da cidade e o céu estrelado.
Jungkook ficou tão encantado com o que viu que lhe faltaram palavras. Ele só conseguia olhar para tudo aquilo em silêncio, sentindo-se admirado. Ao observar a reação dele, o coração de Jimin começou a palpitar mais depressa.
— Você gostou? — Finalmente, o menino perguntou, vendo-o piscar os olhos pela primeira vez desde que pisou os pés no quarto.
— Eu amei, anjo. — Ele disse, entrando no cômodo por completo.
Jimin colocou a vela que segurava junto às outras e se levantou, indo ao encontro do namorado. O menino lançou os braços ao redor do pescoço dele assim que se aproximou, sendo recebido por um par de mãos na cintura. Mais de perto, ele pôde observar um pequeno risco vermelho na bochecha de Jungkook, mas decidiu ignorá-lo, acreditando ser fruto de alguma operação ou treinamento.
O detetive aproveitou a proximidade entre eles para roubar um beijo lento e molhado de seu garoto. Jimin deu uma risadinha abafada após receber uma mordida suave no lábio inferior, mostrando-lhe que havia gostado de sua atitude.
— Você preparou tudo isso sozinho? — Jungkook perguntou após se afastar.
— Quase tudo — respondeu Jimin. — Eu imaginei que você chegaria cansado, então decidi preparar uma surpresa. Na verdade, eu ia pedir comida também, já que não aprendi a cozinhar ainda, mas decidi ficar só com a bebida.
— Então nós estamos quites, porque eu também não sei cozinhar.
— Acho que teremos um problemão quando nos casarmos.
Jungkook riu.
— Não se preocupe, posso contratar alguém para lidar com esse serviço.
Jimin sorriu, demonstrando interesse pela sugestão. Eles nunca pararam para conversar sobre o assunto e sempre que faziam menção, era através de uma brincadeira ou de uma conversa divertida. Tanto Jimin quanto Jungkook não sonhavam com isso, pelo menos por hora. Claro que eles desejavam morar juntos um dia, mas não do modo tradicional.
— Vamos beber? — O garoto o convidou. — Eu comprei algo especial para nós dois.
O detetive ergueu as sobrancelhas e abriu um sorriso para ele.
— O quê você comprou?
— Seu vinho predileto.
Em seu rosto, a expressão era de travessura e expectativa. Jimin sabia o que Jungkook diria a seguir, por isso não poupou tempo e o arrastou em direção ao carpete, onde um balde de gelo abrigava a garrafa de vinho.
— Anjo, esse vinho custa uma fortuna. — Prevendo por esse comentário, Jimin escutou Jungkook dizer às suas costas.
— Não importa, eu quero que a sua noite seja perfeita — respondeu, convidando-o a se sentar em uma das almofadas. — Olha, esqueça os valores, tudo o que eu quero é que você se sinta bem.
— Você não existe, Park.
O garoto mordeu a pontinha do lábio para conter uma risadinha e deu a volta por trás dele para remover o casaco de suas costas. Jungkook franziu a testa para a sua atitude, mas permitiu que ele conduzisse o momento. Depois do que aconteceu pela manhã, ele só precisava estar sob os cuidados e afetos de Jimin.
Após tirar o casaco de Jungkook, o garoto colocou a peça de roupa sobre a cama e se juntou a ele, cruzando as pernas depois de se acomodar. O rosto do detetive formou uma expressão perturbada após observar a distância entre eles, então decidiu deslizar a sua almofada para perto de Jimin.
— Assim fica bem melhor, não acha? — Jungkook perguntou de forma retórica, mas, mesmo assim, Jimin achou conveniente responder com um aceno de cabeça enquanto sorria.
— Fica difícil dizer que não quando você está pertinho de mim assim. — O detetive olhou para ele, desviando de seus olhos apenas para encarar sua boca. — Vou... servir... a bebida.
Jimin anunciou, tenso, sabendo, através da expressão de Jungkook, que ele tinha detectado seu nervosismo. Seu impulso inicial foi pular no pescoço dele e beijá-lo, principalmente depois de vê-lo sorrir, mas Jimin queria deixar a sobremesa para o final da noite.
— E então, como foi seu dia no trabalho? — O garoto perguntou, tentando mudar o foco do sorriso dele.
Enquanto trabalhava em abrir a garrafa de vinho, Jimin sentiu cinco dedos hábeis entrarem nos seus cabelos e acariciá-los. Em segundos, o garoto pôde perceber que suas mãos começaram a ficar suadas e que mal conseguiam segurar o saca-rolhas, mas ele não soube dizer se era por causa dos movimentos dos dedos de Jungkook ou por outra coisa.
— Quer ajuda? — O detetive perguntou e apontou para a garrafa nas mãos dele.
— Não, está tudo bem, eu consigo. — Ele disse rapidamente, quase atropelando as palavras.
Diante de sua resposta, Jungkook ergueu um dos lados da boca e continuou a acariciar o cabelo dele, à medida que o observava. Depois de muito esforço, Jimin conseguiu remover a rolha do gargalo, suspirando em alívio.
— Viu só? Eu disse que consigo. — O menino falou de modo triunfante.
— Você é incrível, meu bem.
Jimin deu uma risadinha, parecendo um pouco corado pelo elogio. Ele pegou duas taças que estavam mais afastadas e despejou o conteúdo escarlate dentro delas. Jimin entregou uma das taças a Jungkook, percebendo que a mão dele foi de encontro ao cálice, mas os olhos continuavam fixos aos seus.
— Um brinde a nós dois. — Jimin disse, erguendo a sua taça e batendo de leve na taça dele.
Jungkook tomou um grande gole, já Jimin bebericou o conteúdo, primeiro para provar, depois para tomar. Ele fez uma careta quando sentiu o álcool deslizar por sua garganta, o que serviu para arrancar uma gargalhada de Jungkook. O detetive sabia que o seu garoto não estava acostumado com os sabores de caráter alcoólico, por isso ele reagiu dessa forma.
— Eu não entendo qual é a diferença de um vinho bom para um vinho ruim. Para mim, todos eles têm o mesmo gosto. — Jimin comentou.
— Este é diferente, meu bem.
— Ele é forte...
— Porque é seco. — Jimin olhou para a própria bebida, avaliando-a. — Com o tempo você se acostuma.
— Se você está dizendo, eu acredito.
Jimin se arriscou a experimentar outro gole, confiante de que em poucos minutos seu paladar estaria acostumado com o sabor. Jungkook, por outro lado, colocou a taça na sua lateral e voltou a olhar para o garoto, esperando que ele olhasse de volta.
E, assim, Jimin o fez.
— Por que está me olhando desse jeito? — Ele perguntou, parecendo sem graça.
— Porque você é lindo. — Jungkook respondeu. — Muito lindo.
Um riso sem graça escapou da garganta de Jimin, principalmente por ver que Jungkook parecia satisfeito com o que disse, como se já esperasse por aquela reação. Jimin não era bobo nem nada, ele sabia que Jungkook falava as coisas já prevendo os efeitos.
— Você não me disse como foi no trabalho. — Jimin mudou de assunto, rezando para que ele não tenha notado suas bochechas coradas.
— Podemos deixar o meu trabalho para outra hora, não acha? Eu quero aproveitar esse momento com você.
Os olhos de Jimin ganharam um brilho diferente e ele assentiu. Jungkook agradeceu mentalmente por ele não ter insistido no assunto, pois ainda não sabia como contar sobre o atentado sem parecer que estava sendo ameaçado por todos os lados.
Sem mencionar que uma notícia dessas poderia estragar toda surpresa que Jimin planejou. Portanto, ele preferiu deixar a conversa para o dia seguinte.
— Talvez você não queira falar do trabalho, mas queira ouvir o meu convite. — disse Jimin, olhando-o com travessura.
— Que convite?
— Vai ter um baile de boas-vindas no colégio e nós podemos convidar qualquer pessoa — ele informou. — Taehyung vai chamar o Yoongi e eu pensei em te chamar. O que me diz?
— Eu nunca fui a um baile...
— Então isso é um sim?
Jungkook sorriu.
— Para você, tudo é um sim.
Jimin se sentiu ridículo por corar mais uma vez, afinal, ele já esperava que Jungkook fosse dar respostas parecidas com aquela em algum momento. Ainda assim, seu corpo reagia da mesma forma em todas as vezes, como se não fosse possível se adaptar às declarações dele.
E, de fato, não era possível.
— Você terá que me ensinar a dançar, anjo. — De repente, Jungkook disse, seu tom tinha ficado mais aveludado. — Eu nunca dancei antes, exceto na festa de gala em que fui com a Layla.
— Em Madrid, não é?
Jungkook murmurou um sim.
— Ela sabia dançar muito bem, então os olhares sempre caíam sobre ela. Não vou mentir, a Layla tem um corpo excepcional.
Foi naquele instante que Jimin sentiu um negócio estranho rodopiar dentro do estômago, mas, para o seu alívio, não durou mais que dois segundos.
— Se você não fosse gay, eu ficaria com ciúmes — confessou ele, fazendo um grande esforço para que a voz saísse tranquila e, não, dura.
— Não me diga que ficou com ciúmes da Layla — provocou-o.
— Não, claro que não! — Jungkook riu. — A Layla é uma mulher, não faz sentido eu ter ciúmes de vocês. Mas...
— Mas?
— Mas com o Ric é diferente — revelou, tentando soar normal. — Ele tem muita admiração por você, o que chega a ser exagerado às vezes. Tenho dúvidas se é só admiração ou algo a mais.
Seguiu-se uma longa pausa no cômodo. Jimin não fazia ideia do motivo pelo qual tinha chegado a esta conclusão, mas arrependeu-se depois. Ele não queria incitar discussões vazias, ainda mais em um momento tão especial para os dois.
— Eu não quero falar disso agora. Quero falar de nós dois. — Jimin disse antes que Jungkook falasse algo a respeito de seu comentário anterior. — Por que não focamos em outra coisa?
O detetive sorriu para a sua proposta e disse:
— Essa parte me interessou.
De repente, Jungkook inclinou a cabeça para frente, buscando os lábios dele, mas Jimin recuou lentamente e balançou a cabeça em negativa. O detetive umedeceu a boca diante de sua reação, não sabendo se aquilo fazia parte de uma provocação ensaiada ou se o garoto, realmente, não queria beijá-lo naquele momento.
— Está tudo bem, anjo?
O detetive ficou encarando-o por um instante e, quando Jimin sorriu para ele, seus lábios, automaticamente, sorriram de volta. O menino colocou a sua taça junto a de Jungkook e sentou-se sobre os calcanhares. Os olhos do detetive ficaram tentando ler a expressão no rosto de Jimin, percebendo que a respiração dele tinha ficado instável.
— Eu te fiz essa surpresa por uma outra razão. — O menino confessou.
Jungkook sentiu-se intrigado.
— O quê?
— Feche os olhos e não abra até que eu diga que pode abrir. — O menino pediu depois de reunir uma grande parcela de coragem.
Jungkook juntou as sobrancelhas em confusão, mas seu corpo reagiu àquele pedido como se soubesse exatamente o que viria a seguir, menos a sua mente. Curioso para saber o que Jimin estava aprontando, Jungkook fechou os olhos e aguardou os próximos comandos.
O menino tocou os dedos no rosto dele e deslizou-os ao longo da mandíbula, sem pressa, explorando cada detalhe com precisão. Jungkook mordeu a boca sob o seu contato, o que serviu para atrair a visão do garoto àquele ato nada incomum. A ideia de beijá-lo, por um momento, se insinuou em sua cabeça, mas ele se controlou ao máximo.
As palmas de Jimin desceram pelos braços dele até chegarem nas mãos. Diferente do que Jungkook imaginou que ele faria, o garoto se levantou do chão e o puxou para que ele fizesse o mesmo. Jungkook não estava enxergando nada, mas podia ouvir os suspiros ansiosos do menor.
De repente, Jungkook sentiu-se livre após Jimin se afastar. Ele tentou detectar algum barulho que indicasse o que o garoto faria a seguir e foi possível ouvir o ruído de seus passos claudicantes em direção à porta. O detetive não conseguiu evitar e abriu um sorriso depois de ouvi-lo fechar a porta e trancá-la.
Não havia ninguém na casa além deles dois, mas Jimin quis trancar a porta mesmo assim, o que significava que o que ele estava prestes a fazer, nem mesmo as paredes externas podiam testemunhar. Diante disso, Jungkook continuou imóvel, tentando decifrar seus passos enquanto ouvia-o andar pelo quarto.
Vendo-o de costas para si, Jimin colocou uma música para tocar em seu aparelho e se aproximou por trás de Jungkook, sentindo o corpo dele responder à sua proximidade. As mãos do menino caminharam ao longo de seus ombros, sem permissão nem desculpa, e fizeram um carinho inconfundível naquela região, sentindo-o relaxar sob seu toque.
O detetive suspirou conforme recebia aquelas mãos pequenas em suas costas, acariciando-as, explorando-as, como se o estivessem aquecendo para o desafio posterior. Como se previsse isso, Jimin virou o corpo de Jungkook de frente para o seu, satisfeito por ver que ele ainda mantinha os olhos fechados.
A urgência de abrir as pálpebras e olhar para o rosto de seu garoto crescia insistentemente em Jungkook, mas ele também queria saborear o momento, apesar de não saber o que aconteceria em seguida. No entanto, Jimin parecia ter o esboço completo daquela noite impresso em sua cabeça.
Jimin admirou os traços dele em silêncio, atraído pela forma como o reflexo das velas produzia sombras em seu rosto e em como elas destacavam suas características proeminentes. Saber que tudo nele também era seu o fazia perder o fôlego. Jimin não sabia dizer se pensar nisso o deixava lisonjeado ou trêmulo.
— Anjo... — O menino quase perdeu o equilíbrio quando Jungkook o chamou baixinho. — Me beija.
Todas as resistências de Jimin se dissolveram após aquela súplica. Então, movido por um desejo aniquilador, o garoto tocou os lábios no pescoço dele, sentindo o sabor de sua pele em um beijo lento antes de se deslocar para o destino final.
Jungkook se inclinou para baixo e pressionou os lábios contra os dele, sentindo-o estremecer quando suas línguas entraram em contato. As mãos de Jimin viajaram até o pescoço dele, entrelaçando-o, enquanto sentia as palmas do detetive em seu quadril. Em poucos instantes, o encaixe tornou-se indispensável.
Não era um beijo feroz e urgente, mas, sim, lento e explorador. Uma parte de Jimin queria que ele descesse um pouco mais a mão e testasse seus próprios limites, a outra parte tinha medo de como reagiria caso isso viesse a acontecer. Havia uma disputa interminável entre os seus desejos e o seu autocontrole.
Determinado a dispensar os seus temores e a aproveitar o momento, Jimin permitiu-se flutuar por entre as sensações que aquele beijo estava despertando em seu corpo. Aparentemente, Jungkook estava sentindo o mesmo, pois, de repente, seus toques ficaram mais intensos.
Uma coisa que Jungkook amava escutar, cada vez que beijava Jimin, era o barulho de seus beijos molhados. Se não fosse pela música romântica ressoando no fundo, este seria o único som audível no quarto.
— Jungkook. — O menino o chamou, ainda com a boca encostada na dele. — Dança comigo?
A reação do detetive foi recuar até, finalmente, encará-lo. Ele estava com um sorriso no rosto, mas também havia uma parcela de confusão pelo súbito convite. Ao olhá-lo nos olhos, Jungkook teve certeza de que ele estava falando sério. Jimin, realmente, queria dançar com ele.
— Então essa era a surpresa? — Jungkook perguntou, sorrindo.
— Também.
O detetive analisou o rosto dele por um segundo, chegando à conclusão de que Jimin guardava mais promessas. O que quer que ele tenha aprontado, não acabava por ali.
— Eu vou te ensinar passo a passo. — Para a alegria de Jimin, seu namorado não demonstrou oposição, ele apenas continuou olhando-o em silêncio. — Depois disso, nós vamos para a surpresa final.
Esta última parte empolgou Jungkook e ele não conseguiu parar de pensar nisso durante os minutos seguintes. Em contrapartida, Jimin pensou em saciar a curiosidade do namorado, mas queria ver a reação dele quando a próxima surpresa fosse realizada. Por este motivo, optou por seguir o plano do modo como arquitetou.
Dando-lhe um rápido beijinho de preparação, Jimin desfez o entrelaço no pescoço de Jungkook apenas para guiar as mãos dele à sua cintura, depois voltou a envolver os braços onde estavam anteriormente. O detetive ficou encantado pela forma como ele aprumou os ombros e elevou o queixo suavemente.
Seus corpos ficaram tão unidos que Jimin pôde sentir os músculos do abdômen de Jungkook tensionados por baixo da camisa. Quando a próxima música começou, o menino fechou os olhos e deitou a cabeça no ombro dele, movimentando os pés, lentamente, ao ritmo da música. Jungkook o acompanhou, não demorando muito para sincronizar seus passos com os de Jimin.
Muito ligeiramente, o cheiro do shampoo de Jimin penetrou nas narinas de Jungkook, fazendo-o agarrar-se à sensação de familiaridade. Jungkook acabou se recordando da última noite em que dormiram juntos e de como aquele cheiro se fez presente na madrugada inteira.
— Eu gosto quando você me abraça assim. — De repente, Jimin murmurou com os lábios colados na camisa dele.
— Do que mais você gosta?
Jimin recuou a cabeça para encará-lo, ficando a poucos centímetros de seu rosto. Embora estivesse prestando atenção nos olhos dele, seus pés continuavam a se movimentar, lentamente, ao ritmo da música.
— Eu gosto do seu beijo. — Jungkook não desgrudou os olhos dele em nenhum momento. — Gosto do seu carinho, da sua personalidade, do seu cheiro, da sua boca, do seu perfume... eu gosto de tudo em você. Absolutamente tudo.
Raramente alguém fez Jungkook perder as palavras, mas, naquele momento, Jimin o tinha feito com precisão. Para o detetive, aquilo soava estranho, pois a reputação que tinha era devido às suas respostas prontas.
— Quem diria... — A voz voltou à garganta de Jungkook após ele ficar em silêncio por alguns instantes. — Quem diria que nós dois ficaríamos apaixonados um pelo outro no meio de um caso.
— A nossa história é bizarra, não é? — O detetive riu. — Mas também é linda. Nós passamos por tantas coisas juntos e hoje estamos aqui, no seu quarto, dançando.
Jungkook estava tão fixado nos olhos brilhantes de seu menino, que só se deu conta de que ainda estava dançando depois de Jimin mencionar. Seu corpo estava rígido no começo, mas agora fluía de acordo com a música.
De repente, ele tocou o rosto de Jimin e o acariciou, em seguida disse:
— Eu não me arrependo de ter quebrado as regras por você.
— Isso quase te custou a carreira...
— E mesmo assim eu faria tudo de novo. — Jimin sentiu-se corar. — Chega a ser engraçado, porque você me quis mesmo sabendo que eu estava ferindo o protocolo. Obrigado por não ter desistido de mim, anjo.
— Eu não seria capaz de desistir do homem da minha vida.
As feições de Jungkook ganharam um ar diferente, parecendo encantado pela confissão do garoto. Ele não escondeu o abalo com o que Jimin tinha acabado de dizer e, em resposta, beijou-lhe com todo fervor.
O garoto não teve a chance de agir primeiro, pois Jungkook o puxou ainda mais para perto e o beijou. Os lábios do detetive eram extremamente quentes, macios e cheios de paixão; dificilmente Jimin beijaria alguém com todos esses elementos juntos.
Jimin parou de dançar imediatamente, sendo acompanhado por Jungkook, que também interrompeu seus movimentos, menos o beijo. Tenso de animação pelo que estava prestes a fazer em seguida, o menino deslizou as mãos para o peito dele e começou a empurrá-lo em direção à cama.
Jungkook só percebeu para onde estava sendo conduzido quando tropeçou nos pés da cama e caiu de bunda no colchão. Deu para sentir o seu sorriso se formando durante o beijo antes de desequilibrar. De pé, Jimin ficou parado de frente para ele, sendo encarado por aquelas órbitas escuras e irresistíveis.
Ele pôde perceber que Jungkook estava confuso diante de sua atitude, o que, claramente, sugeria que ele não fazia ideia de quais eram os seus planos para aquela noite.
Quando Jimin beijou os seus lábios demoradamente, Jungkook observou que ele parecia nervoso com alguma coisa. E mesmo que Jimin tivesse deixado o futuro daquela noite entrelinhas, o detetive sabia que o nervosismo dele era por causa do que estava por vir.
— Chegou a hora da surpresa. — Jimin sussurrou contra a sua boca e, então, se afastou.
Sem saber o que fazer, Jungkook continuou imóvel, vendo-o deslizar para baixo até ficar de joelhos entre as suas pernas. O detetive não desviou os olhos dele, nem mesmo quando Jimin apoiou as mãos nas suas coxas, o que, obviamente, serviu para que ele se desse conta do que o garoto queria.
— Anjo...
— Shh! Não diga nada — murmurou ele, tomando fôlego antes de proferir as palavras. — Eu sei que você vai dizer que eu não preciso fazer isso, que nós tivemos uma conversa ontem e que a nossa relação não se baseia nisso... — ele suspirou. — Mas eu quero.
Jungkook não disse nada, apenas permitiu que ele falasse abertamente sobre seus sentimentos e desejos.
— Mesmo que eu ainda não esteja pronto para você, sei que você está pronto para mim. — Jimin continuou. — E, se você me autorizar, quero poder conhecer melhor o seu corpo. Sei que isso parece estúpido da minha parte, mas na conversa que tivemos, você disse que era o meu namorado e que eu tinha permissão para te tocar, por isso quero ter a honra de ver o que ainda não vi.
— Anjo, você não precisa fazer isso por minha causa.
— Não é só por você, é por mim também — confessou ele, desviando os olhos do outro por um segundo, como se a revelação posterior o envergonhasse um pouco. — Se eu disser que não me sinto curioso para ver como você é por baixo dessas roupas, vou estar mentindo.
Jungkook sorriu, achando gracioso o modo como ele virou a cara para evitar que o detetive visse suas bochechas coradas.
— Está me pedindo para que eu tire a minha roupa? — Jungkook perguntou baixinho.
O garoto mordeu a pontinha do lábio inferior, ficando cheio de expectativas com a pergunta.
— Na verdade, estou te pedindo para que me deixe tirar a sua roupa — respondeu.
Jimin estava se sentindo um idiota por falar aquelas coisas, mas não podia fingir que não tinha vontade de vê-lo sem roupa ou de tocar em todas as partes de seu corpo para conhecê-lo melhor. Ele queria saber onde Jungkook sentia mais prazer, mais dor e mais desejo, apesar de não poder dar a ele a mesma oportunidade de conhecer o seu corpo ainda.
— Príncipe... — Jungkook segurou suas mãos e beijou cada dedo, em seguida, olhou fundo nos seus olhos. — Eu não me importo de ficar pelado na sua frente, mas não quero que você se sinta desconfortável fazendo algo que pode te despertar incômodo.
— Incômodo com o quê? — perguntou e, então, fez uma pausa. — Oh, espere... você não está depilado?
Jungkook riu, balançando a cabeça para os lados.
— Não, anjo, não é por isso. — Ele tentou organizar os pensamentos antes de prosseguir. — Na verdade, eu estou preocupado com a sua reação. Tem certeza que quer fazer isso?
Jimin confirmou com um aceno de cabeça, não havia relutância em seu gesto.
— Absoluta. — Ele manteve a voz calma quando decidiu partir para o tópico seguinte. — A não ser que você não queira. Eu vou entender se disser que...
Jungkook calou a boca de Jimin com um beijo urgente. O menino sentiu a língua dele penetrar, impacientemente, a sua boca e ir de encontro à sua língua. Com as mãos livres, Jimin enroscou os dedos no pescoço de Jungkook, em seguida, deslizou para o seu peito e depois para a sua barriga.
— Faça. — disse Jungkook, com os lábios ainda unidos aos dele. — Você pode fazer o que quiser, anjo.
Dito aquilo, ele passou o controle para as mãos de Jimin, que se sentiu imensamente confiante depois de ganhar a, tão esperada, resposta. O garoto sabia que agora estava no comando e que Jungkook não tinha intenção de intervir em suas vontades. Ele simplesmente deixaria que Jimin dirigisse a noite.
Ciente disso, o garoto se concentrou em morder os lábios dele enquanto suas mãos o empurravam, lentamente, para que deitasse no colchão. Jimin dobrou os joelhos e ficou por cima dele, beijando-o com mais firmeza que de costume. Vendo-o rendido aos seus encantos, Jimin começou a trabalhar em desabotoar a camisa dele, tentando não deixar os dedos trêmulos conforme o fazia.
Quando alcançou o último botão, Jungkook o ajudou a remover a peça de seu corpo, deixando o abdômen completamente exposto. O coração de Jimin começou a bater mais forte nas costelas, principalmente quando os seus dígitos derraparam por cada gominho, fazendo-o se arrepiar sob o seu toque.
Era tão bom sentir o corpo de Jungkook respondendo às suas carícias, pois, assim, Jimin podia medir o quanto ele o desejava. Não somente os seus suspiros, mas, também, o volume que a sua calça começou a ganhar em instantes.
Ao vê-lo sem camisa, o garoto admirou os seus músculos da barriga e o seu físico atlético. Mesmo que já o tenha visto sem camisa antes, a sensação de poder sentir de forma tátil a textura de sua pele, ainda era uma novidade para Jimin, que se sentiu envergonhado por vê-lo sorrindo, certamente, com a sua reação.
Disposto a terminar o que tinha começado, Jimin deslocou a boca em direção à garganta de Jungkook, seguro de que aquele lugar era o seu ponto de partida. Ele encheu aquela região de beijos, conseguindo arrancar um gemido baixinho dos lábios de Jungkook, que ergueu o queixo para que ele tivesse mais acesso.
Os beijos desceram para a clavícula, trilharam para os ombros e terminaram na barriga. O detetive arfou, sentindo uma intensa sensação de calor por todo seu corpo. Jimin percebeu que ele estava respirando fundo através do movimento contínuo de seu abdômen . Ele nunca imaginou que pudesse arrancar reações como estas de seu namorado, mas, para ser sincero, estava se sentindo triunfante.
Durante o seu momento de exploração, observou que Jungkook respirava mais profunda e pesadamente quando ele mordia e beijava a sua clavícula; aparentemente, este era um dos pontos sensíveis. Porém, Jimin não estava satisfeito com apenas um, ele estava determinado a conhecer muitos outros.
No momento seguinte, a boca de Jimin se encontrou com a fivela do cinto de Jungkook e, ali, ele soube qual era o próximo passo. O detetive se apoiou nos cotovelos e o encarou firmemente. Ele queria assistir a cena posterior, embora não tivesse certeza se Jimin se sentia confortável por estar sendo observado.
O garoto não teve medo de olhar para o recente volume na calça de Jungkook, na verdade, ele parecia ansioso demais para, finalmente, vê-lo. No momento que o detetive sorriu para ele, todas as suas reservas foram embora, fazendo-o ter certeza de que podia avançar.
Então, Jimin acariciou as suas coxas antes de começar a abrir a fivela do cinto, desesperado para arremessar aquela peça para longe. Enquanto isso, Jungkook o observava com uma mistura de expectativa e curiosidade. Quando o garoto conseguiu arrancar o cinto do cós da calça, o detetive umedeceu os lábios na espera da próxima etapa.
— Anjo... — Jimin não soube dizer se ele estava chamando-o ou suplicando-o.
Desse modo, suas ansiosas mãos buscaram pelo zíper da calça e antes que pudesse abri-lo, o celular de Jungkook começou a tocar insistentemente. Assustado, Jimin recuou as mãos às pressas e olhou para o namorado, esperando que ele dissesse algo, mas, em vez disso, Jungkook suspirou aborrecido e recusou a ligação.
— Eles podem esperar — disse o detetive, arrancando um sorrisinho travesso do menino.
Novamente, quando Jimin ameaçou desabotoar sua calça jeans, o celular tocou alarmantemente. Ele quis rir da reação de Jungkook, mas também se sentiu aborrecido por serem interrompidos pela segunda vez. Nesta ocasião, o detetive não recusou a chamada e atendeu no quinto toque enquanto Jimin esperava-o quietinho.
— Alô? — Sua voz estava irritada.
— Onde você está? — Era Layla, desesperada.
Após detectar a aflição na voz da mulher, Jungkook sentou-se na cama, preocupado, e olhou para Jimin, que sentou ao seu lado instantes depois, igualmente preocupado. Ele tocou seus ombros nus como uma forma de acalmá-lo.
— Eu estou em casa. O que aconteceu?
— Você precisa vir para o hospital agora! Ric sofreu um atentado e está na sala de emergência!
Jungkook travou por um momento, não acreditando no que os seus ouvidos escutaram. Ele tentou organizar seus pensamentos antes de dizer qualquer coisa.
— Tente se manter calma, Layla. Me mande o endereço do hospital, eu já estou a caminho. — Após Layla passar a localização, ele encerrou a chamada.
Jimin parecia nervoso. Ele sentiu que a situação tinha ficado perigosa e que algo muito grave tinha acontecido a ponto de fazer o seu namorado se vestir às pressas sem sequer prestar atenção em si. Deu para notar que Jungkook parecia correr contra o tempo.
— Gatinho, o que houve? — Jimin perguntou, hesitante.
— O Ric sofreu um acidente. Preciso ir para o hospital agora. — Ele fez um gesto com a cabeça enquanto vestia a camisa. — Você pode vir comigo, anjo?
— Claro.
Jimin ainda estava confuso com a situação, mas decidiu tirar todas as dúvidas no caminho. No momento em que ele se levantou da cama para fechar a porta da varanda, seu namorado parou em sua frente, o segurou pelo rosto e deu-lhe um rápido beijo.
— Me desculpe por estragar a nossa noite. Eu prometo que vou recompensar cada minuto depois.
Em resposta, o menino franziu a testa e balançou a cabeça, como se ele estivesse falando bobagem.
— Não se preocupe com isso. O Ric é mais importante agora. Vamos.
Jimin segurou sua mão e o puxou para fora do quarto depois de trancar todas as portas. Eles saíram andando rapidamente. Por mais que o momento anterior tenha sido interrompido de forma abrupta, havia um motivo muito maior por trás disso e eles entendiam perfeitamente.
✮✮✮
Oi, meus amores, tudo bem? Sei que muitas pessoas esperaram por este capítulo acreditando que rolaria algo entre os jikook, mas não foi dessa vez. Não fiquem tristes ou decepcionados, o que aconteceu neste capítulo foi o pontapé para o que está por vir na relação deles.
Espero que vocês tenham compreendido os sentimentos do jimin e os motivos que o levaram a tomar essa iniciativa. O nosso menino ainda >não< se sente pronto para ser tocado ou visto sem roupa pelo namorado, mas, em relação a jungkook, ele já se sente pronto para tocá-lo. É diferente.
Agora mudando o foco do assunto, um novo atentado aconteceu, dessa vez com outro membro da equipe... o que vocês acham que isso significa? Quem está por trás dos ataques? Pensem e analisem tudo direitinho, no próximo cap vocês terão mais pistas.
Enfim, espero que tenham gostado. Beijinhos!! <3
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