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Horas depois, Jungkook havia reunido a equipe na sala de reuniões para discutir o resultado da autópsia. Pela primeira vez eles tinham algo em mãos. Não literalmente, óbvio, mas as hipóteses estavam começando a se consolidar.

Ele ainda não tinha passado na sala de Jared como havia sido instruído a fazer depois de estudar o local do crime, então foi necessário adiar a conversa por motivos óbvios. Particularmente, Jungkook acreditava que o assunto a ser tratado com o inspetor tinha relação com a nova supervisora.

Layla atravessou a sala e foi em direção a um painel digital, onde mostravam imagens específicas do corpo de Adelyn Clark, a mais recente vítima do serial killer. Todos ficaram sentados à mesa enquanto ela apresentava as informações.

— Essas imagens foram tiradas durante a autópsia para comparar com os ferimentos das outras vítimas. — Layla informou. — E como podem ver, as lesões são idênticas: enforcamento, perfuração com facas, cortes na região do útero e danos na região cervical do pescoço. Tudo isso sugere que o serial killer foi o responsável pela morte de Adelyn.

— O senhor estava certo. — acrescentou Ric, olhando na direção de Jungkook. — Ela não estava grávida como as outras, então a ideia de esconder o corpo dela talvez tenha surgido por causa desse erro.

— Uma coisa que está me deixando de cabelos brancos é o fato de ele ter achado a Adelyn fora desse núcleo de grávidas. — Yoongi pontuou. — Veja bem, a Adelyn não estava grávida, ou seja, ela não precisou passar por um médico obstetra nem por um centro de atendimento às gestantes. Suponhamos que estes pontos sejam os lugares alvo do serial killer, como ele a encontrou?

— O que está achando disso tudo, senhor? — Ric perguntou a Jungkook, que apenas o encarou do outro lado da mesa. — Ainda não disse uma palavra.

Jungkook tinha formulado possíveis respostas para o caso em questão enquanto ouvia sua equipe apresentar as evidências seguidas de dúvidas, mas até o momento não passavam de teorias. Ele ainda estava com os pensamentos no relato da Sra. Gray a respeito de Adelyn estar saindo com um rapaz, possivelmente, muito mais jovem do que ela.

— A vizinha da Adelyn disse que ela estava saindo com um rapaz mais novo, mas não sabemos quem ele é. — Jungkook informou. — Tentamos um retrato falado mais cedo, mas ela alegou não ter visto o rosto dele, apenas um vislumbre. Talvez o serial killer não tenha precisado se esforçar tanto para conquistar a Adelyn, afinal não havia sinais de arrombamento no local do crime, o que me faz pensar que ele tinha acesso à casa dela.

— Levando em conta que primeiro ele conquista e depois mata, isso faz muito sentido. — Yoongi assegurou.

— Não me refiro a uma conquista momentânea, estou falando de uma relação mais íntima. — explicou Jungkook. — Eles podem ter sido parceiros sexuais, isso explicaria o porquê da Adelyn ser a exceção.

— Se os dois estavam mantendo uma relação sexual constante, provavelmente a Adelyn suspeitou de uma gravidez. — Layla opinou. — Estou começando a pensar que ele não gostou nem um pouco dessa notícia.

— Será que a Adelyn chegou a realizar alguns exames clínicos para saber se estava grávida? — Ric perguntou, cruzando os braços sobre a mesa. Ele olhou para Yoongi em seguida. — Tem como checar essa informação e verificar se ela passou por algum processo de obstetrícia?

Yoongi sorriu para ele, mas seu gesto não foi agradável.

— Não preciso que me falem o que devo fazer. — ele disse com uma voz seca e quase próxima de desprezo.

Ric encolheu os ombros, surpreso, e desviou os olhos para longe. Yoongi abriu o seu notebook para dar início a pesquisa, ignorando completamente o olhar censurador que Jungkook estava lançando em sua direção. Layla continuou imóvel, sem entender o porquê de Yoongi ter agido assim tão de repente.

— Aproveite para checar se há câmeras de segurança no quarteirão que a Adelyn mora. — Jungkook falou diretamente para Yoongi, que apenas assentiu com a cabeça. — Não temos informações suficientes sobre o garoto com quem ela estava saindo. Talvez uma imagem de segurança sirva para identificá-lo.

— Estamos tirando conclusões em cima de um possível relacionamento. — Layla pontuou enquanto sentava-se ao lado de Ric, que continuava em silêncio. — Esse garoto pode ser só um amigo.

— Não importa, ele foi a última pessoa que a encontrou com vida. — Jungkook adicionou. — Se ele não for o responsável, talvez saiba de alguma coisa.

— Encontrei algo. — Yoongi disse, ganhando o olhar de todos, menos de Ric. — A Adelyn não foi a nenhum hospital nas últimas semanas e nem comprou testes de gravidez, mas acabei de descobrir que ela e a sua irmã, Emily Clark, são proprietárias de um Centro de Yoga às Gestantes em Fase de Formação. O local foi inaugurado há três anos atrás pela mãe delas, Perla Clark, que morreu há oito meses atrás. As filhas assumiram o controle da instituição semanas depois do ocorrido.

— Quantos homens trabalham por lá? — Layla perguntou.

— Zero. A entrada de homens é proibida. — Yoongi disse com uma expressão confusa.

— Talvez o serial killer não seja um homem. — Ric sinalizou depois de um tempo em silêncio. — Temos muitos casos famosos nos Estados Unidos de serial killers mulheres.

— Você é um gênio. — Yoongi o engrandeceu, mas Ric conseguiu identificar algumas notas de deboche por trás de suas palavras. — A força bruta usada para agredir as vítimas não condiz com um biotipo feminino. Quem matou essas mulheres foi um homem.

— Está duvidando da fúria de uma mulher, detetive Yoongi? — Layla o provocou.

— Não, só estou dizendo que, em termos fisiológicos, uma mulher não consegue ser tão forte quanto um homem. Então, levando isso em consideração, posso dizer que os ataques cometidos às vítimas são severos demais para uma mulher os realizar.

Layla bufou como se ele estivesse blefando.

— Vamos deixar as discussões sobre gênero para outra hora. — Jungkook interferiu com um tom de voz mais sério. — Ric tem toda razão. Temos de pensar também que quem está cometendo os crimes é uma mulher. Não importa o sexo, essa pessoa tem um apetite intensamente cruel por sangue.

Um momentâneo silêncio caiu sobre eles. Ric ficou internamente agradecido por Jungkook o apoiar, tanto que suas bochechas esquentaram um pouco.

— Layla, quero que você visite a instituição da família Clark e converse com a irmã da Adelyn. Descubra quem são os funcionários e se todos têm álibis. — Jungkook instruiu quando ninguém disse nada. — Quero a lista de todos os clientes dos últimos oito meses na minha mesa até amanhã. Se todas as vítimas tiveram contato com essa companhia, muito provavelmente o assassino é alguém próximo das irmãs. Se houver resistência, me avise para que eu providencie um mandado com urgência.

A mulher recolheu suas coisas e se dirigiu à porta rapidamente, mas a voz de Jungkook a interrompeu na metade do caminho.

— Espere o Yoongi, vocês serão parceiros nesta tarefa. — Jungkook estava sorrindo quando ganhou os olhos dela, o que sugeria que aquela decisão havia sido previamente pensada. — Tenho certeza de que vocês vão se dar muito bem juntos.

Yoongi fez um pequeno barulho, como se soubesse exatamente qual era a intenção de seu parceiro. Jungkook não gostava de ver a sua equipe se desentendendo, mesmo que fosse por piadinhas internas e aparentemente inofensivas.

Yoongi guardou o notebook em uma pasta específica e se levantou da cadeira ainda olhando para Jungkook. Seu olhar dizia "saquei tudo". Então, para mostrá-lo que as coisas estavam sob controle, Yoongi envolveu o braço ao redor do pescoço de Layla e deslocou-se para fora da sala com ela, fazendo-a rir de seus passos desastrosos.

Uma vez sozinhos, Ric pigarreou para chamar a atenção de Jungkook e disse:

— O senhor não quer que eu acompanhe eles?

— Não, eles sabem se cuidar sozinhos. — ele disse. — Além do mais, devemos alternar as duplas de vez em quando, não é mesmo?

Ric sorriu sem mostrar os dentes. Seu gesto se inclinava próximo de timidez.

— Enquanto isso vamos dar uma conferida nessa papelada. — Jungkook informou, olhando para os papéis espalhados na mesa. — Sinto que estamos deixando algo passar.

— Eu tenho a mesma sensação.

Jungkook podia ver que ele estava incomodado com alguma coisa e que tentava ocultar esse desconforto olhando para os lados. No entanto, antes que pudesse lançar uma pergunta, alguém bateu na porta.

— Bom dia, rapazes! — Samantha estava parada na entrada, segurando quatro copos de isopor em uma pequena bandeja. — Eu percebi que vocês não saíram desta sala desde que chegaram, então decidi trazer um copo de café para cada um.

— Muito obrigado! — Jungkook agradeceu, sorrindo, e foi na direção de Samantha receber a bandeja. — Layla e Yoongi estão em uma tarefa agora, mas vou guardar os copos deles.

— Obrigado, Sam! — Ric também agradeceu, sorrindo de orelha a orelha.

Após entregar a bandeja nas mãos de Jungkook, a mulher se retirou com um suave bater de porta. Ric ficou animado por sentir o cheiro de café fresco, por isso não demorou muito a escolher o seu copo assim que Jungkook pôs a bandeja na mesa.

Uma fina fumaça estava escapando das bordas, indicando que o líquido ainda estava quente. Ric soprou três vezes seguidas antes de tomar o primeiro gole. Após vê-lo fazer uma careta estranha quando o café queimou seu lábio superior, Jungkook não segurou uma risada.

— Essas coisas só acontecem comigo. — Ric resmungou, rindo também.

— Eu diria que nós estamos no mesmo barco.

Eles riram juntos e de repente tudo caiu em um completo silêncio. Jungkook deu a Yoongi e Layla uma tarefa conjunta para que ele pudesse conversar a sós com Ric. Nas últimas semanas Jungkook tem observado que o rapaz estava quieto, muito mais do que ele já era.

— Quer me contar o que está acontecendo? — Jungkook perguntou, examinando o rosto dele.

Ric olhou para ele e sorriu timidamente.

— O senhor despachou a Layla e o Yoongi para termos essa conversa, não é?

— Digamos que sim. — Jungkook deu de ombros.

Houve um momento de pausa, como se Ric tivesse congelado no lugar, mas na verdade ele estava selecionando as suas palavras. Ciente disso, Jungkook decidiu dar um empurrãozinho dizendo:

— Eu tenho observado que você se sente desconfortável na presença do Jared e fala muito pouco quando está perto do Yoongi. — Ric pareceu hesitar instantaneamente. — Eu comando esta equipe, Ric, então se houver alguma divergência interna é importante que eu saiba.

O rapaz sentiu uma estranha sensação de um buraco oco no estômago após ouvir a observação de Jungkook. Ele não disse nada nos primeiros segundos, em seguida suspirou e abaixou os olhos rapidamente, dando ao seu diretor a confirmação que ele precisava.

— Me sinto um inútil nesta equipe. — ele disse com uma voz abatida. — O senhor não percebeu como o detetive Yoongi me trata? Ele me olha como se tudo o que eu dissesse fosse uma grande bobagem. As minhas opiniões nunca são levadas a sério por parte dele. Às vezes tento não dar atenção, mas por dentro me sinto um pedaço de lixo.

— Ele está pegando muito no seu pé, não é? — Ric confirmou com um balançar de cabeça. — Quer que eu converse com ele?

— Melhor não, senhor. Com o detetive Yoongi as coisas não se resolvem só com uma conversa. Ele não vai deixar de me odiar só porque o senhor pediu.

Jungkook não pôde falar nada por um momento. Ele sabia que a observação de Ric estava correta. Yoongi não gostava de ser contrariado, tinha sua própria opinião e quando reconhecia um erro voltava a repeti-lo mesmo que sem perceber.

— Você acha que o comportamento dele é por causa do que houve entre você e Taehyung? — Jungkook perguntou sem intenção de parecer que estava invadindo a privacidade dele.

— Acho que sim. — ele suspirou. — Se eu soubesse que as coisas ficariam desse jeito não teria me envolvido com o Taehyung.

— Você o esqueceu, então?

Ric sorriu, mas seu gesto não tinha um traço de humor.

— Eu ainda gosto um pouco dele, senhor, mas não posso ignorar o fato de ele ter escolhido ficar com o Yoongi. O que eu senti pelo Taehyung começou a reduzir quando descobri que eles estavam se envolvendo. Só me resta respeitar isso.

Jungkook ficou comovido por ouvir a declaração dele, mas contente por saber que Ric era um homem bem-educado. Ele podia estar sofrendo, mas nunca interferia em nada. Ele ainda tinha sentimentos por Taehyung, mesmo que distantes, mas evitava ao máximo deixar-se abalar.

— Não gosto de te ver assim. — disse Jungkook, ganhando os olhos escuros do agente. — Você é um cara legal, Ric, e merece encontrar alguém que seja tão legal quanto você. Olha, se eu não tivesse conhecido o Jimin, com certeza eu teria te levado para conhecer o meu apartamento.

Ric gargalhou, finalmente desfazendo aquela expressão abatida. Ele ficou surpreso pelo que ouviu, mas também encantado pelas palavras de Jungkook.

— Olha, senhor, eu nunca te olhei com outros olhos, mas parando para pensar, você faz o meu tipo. — ele confessou ainda com um sorriso no rosto. Jungkook riu com ele. — Mas ainda prefiro te ver com o Jimin. Vocês formam um casal bonito.

— Disso eu não posso discordar. — ele acrescentou e então deu um tapinha no ombro de Ric. — Bem, vamos deixar o papo sobre pegação para outra hora. Agora precisamos terminar de ler esses relatórios.

Ric concordou com um aceno de cabeça e então arrastou metade dos papéis para perto de seu corpo. Eles tinham um longo trabalho pela frente, por isso não queriam mais poupar tempo. Jungkook gostaria de terminar pelo menos uma parte até o anoitecer para que tivesse tempo de se encontrar com Jimin. Ric, no entanto, estava sonhando em chegar em sua casa e se jogar na cama.

✭✭✭

— Ai! — Taehyung protestou quando Hannah extraiu dois fios de cabelo de sua sobrancelha com a pinça. — Pelo amor de Deus, Hannah, vai um pouco mais devagar. Eu ainda preciso desse lado da sobrancelha pra continuar bonito.

A menina revirou os olhos, mas não disse nada, em vez disso prosseguiu trabalhando para modelar as sobrancelhas de Taehyung. Ele estava deitado entre as pernas dela com a cabeça apoiada em uma das almofadas.

Dentro da amizade deles, Hannah era aquela que cuidava da maquiagem, do look, do penteado e da limpeza facial. Ela sempre fora apaixonada por este tópico, então Taehyung e Jimin costumavam ser as suas cobaias. Suas tentativas iniciais nunca davam certo e isso acabava arrancando altas gargalhadas de seus colegas na madrugada.

Depois de muita prática, Hannah aprendeu a conduzir os pincéis, fazendo a maioria das meninas da sua escola correr até a sua casa para fazer a maquiagem.

Jimin estava descendo as escadas quando se deparou com a imagem de seus amigos. Ele acabou sorrindo por ver Hannah fora do quarto, especialmente por saber que ela e Taehyung estavam se aproximando mais. No começo foi difícil mantê-la por perto, pois a menina tinha receio de se enturmar com "estranhos".

Hannah estava com o seu cabelo ruivo puxado em um coque e os olhos fixos sobre o rosto de Taehyung, que parecia estar sofrendo a julgar pelas caras e bocas que ele fazia toda vez que Hannah arrancava um fio diferente.

Jimin desceu os últimos degraus e, antes de alcançá-los, Hannah levantou os olhos em sua direção como se tivesse sentido a presença dele, em seguida sorriu.

— Você ficou lindo nessa roupa. — a menina comentou, avaliando-o da cabeça aos pés. Seu comentário fez Taehyung abrir um dos olhos.

— Foi o meu pai quem me deu. — ele disse com orgulho enquanto observava aquelas carinhas confusas. — Digo, o pai Chris. Eu preciso aprender a especificar melhor sobre qual pai estou falando.

— Concordo. — Taehyung assegurou. — Quero saber quem te mima mais porque assim posso colar no ombro dele.

Jimin semicerrou os olhos, cruzou os braços e disse:

— Muito bom saber disso.

Hannah riu, mas seu gesto não durou muito porque Taehyung deu um tapinha na sua perna em repreensão. Ela apertou os lábios para segurar a risada até que a vontade sumisse. Jimin ficou sem saber se a sua amiga estava rindo de seu comentário ou do oportunismo descarado de Taehyung.

— Prontinho, o que achou? — Hannah disse quando terminou, entregando um pequeno espelho a Taehyung.

Seu amigo se endireitou e empurrou os cabelos para trás para observar melhor as suas sobrancelhas. Ele fez um pequeno barulho com a boca, aprovando o resultado final.

— Caramba! Você tem mãos de fada. — ele a elogiou. — Não é querendo me gabar, mas eu fico bonito de todo jeito. Olha isso! Eu pareço o Tom Cruise só que sem os olhos azuis.

Jimin e Hannah se entreolharam de soslaio.

— Aliás, você ainda sabe preparar aquela cera caseira? — Taehyung perguntou a Hannah, que balançou a cabeça em confirmação. — Ótimo! Eu estou precisando de uma boa depilação mais tarde. Não tem problema, tem?

— Depilação?

— Eu estou sem dinheiro, ruivinha, e você sempre foi minha melhor ajudante nessas horas. — Hannah ainda estava olhando-o com uma cara confusa. Jimin bateu a mão na testa. — Não me diga que se esqueceu disso também?

— Não. Quero dizer, talvez. Onde exatamente você quer depilar?

Taehyung olhou para ela como se fosse óbvio demais. Jimin, já sabendo onde ele queria chegar, desejou abrir um buraco no chão para enfiar sua cabeça. Em vez disso, continuou com a mão na testa como se pudesse fugir desse momento constrangedor.

Taehyung estava prestes a abrir a boca quando a campainha tocou. Jimin suspirou de alívio, pois não precisaria inventar uma desculpa para mudar de assunto. Ele suspeitou que o som de seu suspiro soou mais alto do que ele gostaria, uma vez que Hannah atirou um olhar de pura incerteza em sua direção.

— Deve ser eles, eu atendo! — foi Taehyung quem se ofereceu, jogando o pequeno espelho no sofá antes de levantar-se todo animado.

Jimin havia ligado para Jungkook mais cedo e o convidado para um passeio no parque de diversões, mas Taehyung se ofereceu para ir com Yoongi também. A intenção era ficar a sós com o seu detetive, porém, como surgiram novos acompanhantes, eles tiveram que refazer o cronograma.

No entanto, Jungkook parecia ter um segundo plano para que eles pudessem ficar a sós. Na verdade, ele sempre tinha uma estratégia para tudo.

Quando Taehyung abriu a porta, o primeiro rosto que Jimin viu foi o de Yoongi. Ele sorriu assim que percebeu que era Taehyung quem estava segurando a porta. Eles disseram algo um para o outro e então riram, mas Jimin não conseguiu entender o que era.

Taehyung escancarou a porta para que eles pudessem passar. Quando Yoongi caminhou através da sala, Jimin pôde encontrar a figura de Jungkook um pouco atrás. Seu coração pulou selvagemente no peito e um sorriso espontâneo desenhou seus lábios.

Os olhos de Jimin foram atraídos para o sobretudo xadrez e desabotoado que Jungkook usava por cima de uma blusa caramelo justa. Seduzido pelas roupas de Jungkook, o menino estava quase antecipando um elogio quando finalmente foi alcançado por ele, podendo sentir o toque de seus dedos contra a sua bochecha.

— Senti sua falta, meu bem. — Jungkook murmurou e então seus lábios já estavam nos de Jimin. O toque não se prolongou como ambos gostariam. O motivo? Era óbvio demais.

— Você está tão lindo que eu estou sentindo inveja de mim mesmo por te namorar. — disse o menino com a voz baixa e suave.

Jungkook deu uma risada gostosa e abraçou o seu menino pelos ombros enquanto beijava o topo de sua cabeça. Jimin aproveitou-se disso para abraçá-lo de volta pela cintura. Hannah sorriu para eles ao ver essa cena.

— E então, em qual carro nós vamos? — Taehyung perguntou para ninguém em específico.

— Eu e o Jungkook estamos em carros separados. Você vai comigo e o Jimin com o Jungkook. — foi Yoongi quem respondeu, esperando que ele entendesse a mensagem.

— Ah... Ok. — ele assentiu devagar. — Vou pegar o meu casaco e não demoro.

Taehyung se apressou escada acima e desapareceu quando chegou no cume. Yoongi aproveitou-se do momento para ir beber um copo d'água na cozinha enquanto Jungkook sentava-se na ponta do sofá em que Hannah estava. Ele a cumprimentou apenas por educação, mas não quis entrar em uma conversa.

Jimin sentou-se entre eles para esperar os demais, ficando um pouco mais próximo de Jungkook, onde segurou a mão dele sobre o seu colo. Hannah ficou em silêncio, mas suas pernas começaram a balançar de repente.

Ela não ficou nervosa por estar na presença de Jungkook como muitos poderiam pensar, na verdade Hannah gostaria de tirar algumas dúvidas com ele, mas não sabia por onde exatamente começar. Depois de formular uma pergunta, a menina se virou para ele e disse:

— Detetive, posso tirar uma dúvida com o senhor? — Jungkook olhou para ela com bastante atenção e acenou. Jimin, por outro lado, se mostrou confuso com a pergunta dela. — O juiz já decidiu quando vou depor sobre a morte de sua irmã?

Jimin não gostou nem um pouco de entrar neste tópico, por isso sua expressão se contorceu de preocupação, ainda mais quando Jungkook ficou em silêncio por um momento.

— O seu advogado entrou em contato comigo para marcar uma entrevista com você. — Jungkook explicou. — Ele quer conversar sobre o seu depoimento e o que será convincente dizer na hora. É importante que algumas coisas sejam pontuadas, mas para que isso ocorra você precisa estar de acordo.

— Que coisas?

— A sua perda de memória, por exemplo. — ele frisou. — Você sofreu sérios danos na memória de longo prazo, isso contribuiu para que o Namjoon a usasse para satisfazer os próprios interesses. Por isso o seu advogado achou necessário solicitar alguns exames neurológicos para que confirme o seu problema de memória.

— Então não serei julgada por crime doloso?

— Para ser honesto, não sei como o júri vai interpretar este caso. — Hannah encolheu os ombros quando o ouviu dizer. — Em conversa com o seu advogado, ele disse que será necessário usar o seu bebê para justificar as violências que você sofreu a fim de garantir sua inocência. Você terá de assegurar que foi forçada a cometer o crime e que sofreu fortes ameaças.

Hannah ficou pálida de repente e engoliu em seco antes de dizer:

— Eu vou ter que depor contra o Derek? — Jimin olhou para ela assim que escutou sua pergunta, pasmado.

— Sim, Hannah. — foi seu amigo quem respondeu. — Ele está morto, não vai poder se defender. Se você não quiser ser acusada, vai ter de contar a verdade.

— Hannah, não fique tão assustada. Seu advogado vai saber o que fazer com essas informações. — Jungkook tentou tranquilizá-la. — Ele vai te passar as orientações finais ainda esta semana para que não ocorra contradições, pois tudo indica que a audiência será na próxima semana.

— O meu advogado não pode solicitar outra data para o meu julgamento? — sua voz vacilou. — Não sei se me sinto pronta.

Jungkook comprimiu os cantos da boca antes de dizer:

— Infelizmente não. Ele conseguiu adiar a audiência por causa de tudo o que você sofreu, mas existe um prazo posterior à data em que deveria acontecer a sessão. Além do mais, ele ganhou muito tempo para preparar a sua defesa. Então, em resumo, não será possível fazer um novo adiamento.

— Hannah — Jimin se virou para ela e segurou suas mãos. — É melhor terminarmos logo com isso. Você não pode carregar essa culpa, ainda mais por algo que não estava ao seu alcance. Os verdadeiros culpados são o Namjoon e o Derek.

A expressão no rosto dela alterou quando ouviu o último nome. Jimin tinha consciência de que sua amiga acreditava na inexistente bondade de Derek, mas ele estava disposto a fazer de tudo para ela enxergar a verdadeira face desse homem, mesmo que custasse sua paciência.

— Você está certo. — ela disse com um sorriso. — Eu vou fazer o que tenho de fazer.

Jimin devolveu o sorriso a ela e em seguida abraçou-a. Jungkook apreciou aquela cena em silêncio, embora tenha ficado intrigado com a reação da menina. Ele não queria levantar acusações equivocadas, mas algo em Hannah não parecia certo.

Quando eles se desvencilharam, Jimin observou um estranho olhar no rosto de sua amiga antes de ela se levantar. Isso quase o levou à distração se não fosse Taehyung descendo as escadas a passos acelerados. Yoongi ainda estava na cozinha, provavelmente secando as jarras de água.

— Cadê o Yoongi? — perguntou Taehyung quando chegou na sala.

— Na cozinha. — Jungkook respondeu, vendo-o deslocar os passos naquela direção.

— Por que você não vem conosco? — Jimin perguntou a Hannah, que parecia inclinada a recusar. — Vai ser divertido.

— Segurar vela não me parece divertido. — ela esboçou uma careta. — Além do mais, eu estou me sentindo enjoada. Vou tirar um cochilo enquanto vocês se divertem.

Jimin pensou em insistir um pouco mais para que ela aceitasse o seu convite, mas desistiu no último segundo. Hannah já estava desinteressada em sair de casa desde que voltou do Canadá, não queria agravar sua hostilidade com o mundo lá fora. Ela parecia bem segura quanto a sua decisão, embora não fosse a melhor opção.

Um momento depois, Jimin viu sua amiga se mover na direção da escada rapidamente. Ele gostaria de dizer algo a ela, talvez "boa noite" ou "te vejo mais tarde", mas Hannah já tinha desaparecido no topo dos degraus.

Seus olhos tropeçaram em Jungkook sem querer, vendo-o com uma expressão desconfiada. A julgar pelo tópico da conversa anterior, Jimin supôs que a reação dele se derivou dela. O menino, no entanto, olhou para ele da mesma forma, como se isso fosse dar a Jungkook a pergunta que ele gostaria de fazer.

Porém, antes disso ocorrer, Taehyung e Yoongi retornaram da cozinha, trazendo-os de volta à realidade compartilhada. Jimin ainda continuava a olhar para Jungkook de modo esquisito, mas o seu namorado já tinha desfeito a expressão que a princípio o deixou curioso.

— Jungkook — então Jimin o chamou, ignorando os chamados de Taehyung para que se apressasse. — O que você percebeu que eu não percebi?

Jungkook não disse nada nos primeiros segundos. Havia algo controlando a manifestação de suas emoções que fez Jimin desconhecer o que ele estava pensando ou sentindo.

— Nada. — Jungkook falou.

— Mas...

— Vamos, anjo. Eles já estão nos esperando.

Jimin foi agarrado pela mão, não de forma brusca, e puxado para fora da casa. O menino conhecia Jungkook perfeitamente bem ao ponto de saber que quando ele dizia nada era porque existia um motivo real para se preocupar.

Obviamente, Jimin não deixaria isso passar em branco.

✭✭✭

Jimin olhou para fora da janela do carro e viu o borrão espesso das árvores passando por eles como uma nuvem esverdeada. Muitos postes estavam iluminando o caminho de pedra até a entrada do parque, fazendo um estranho brilho laranja realçar as numerosas pessoas que passavam por lá.

Jungkook estacionou em uma via para automóveis, próximo de um exuberante mosaico, e em seguida saiu do carro em companhia de Jimin. Mesmo no escuro da noite, o menino poderia dizer que o lugar era muito bonito, com uma bela folhagem e fascinantes estátuas ao longo do caminho. Havia uma fonte cristalina um pouco mais adiante espumando seu brilho sob o luar.

O carro de Yoongi estacionou logo depois. Ele desligou o motor e pulou para fora do veículo com um sorriso enorme no rosto. Taehyung parecia enfeitiçado com o tamanho do lugar, especialmente quando a vértice da roda gigante apareceu para ele. Mesmo estando há alguns quilômetros de distância do parque de diversões, eles já podiam ouvir o barulho dos brinquedos e a música divertida que tocava nos alto falantes.

De mãos dadas, Jungkook e Jimin fizeram seu caminho para dentro do parque, sendo seguidos por meia dúzia de pessoas animadas que surgiram logo atrás. Taehyung e Yoongi estavam ao lado deles, caminhando ombro a ombro. Em instantes, eles navegaram através de um mar de pés e cotovelos, passando por debaixo de uma placa elétrica com o nome do local temático.

O lugar estava cheio de pessoas: pais e filhos, casais, amigos e até mesmo idosos. Jimin olhou ao redor desconcertantemente, mudando seu foco para Jungkook quando o sentiu próximo de seu ouvido.

— Vamos nos divertir um pouco com eles, depois vou te levar para um lugar onde possamos ficar a sós.

Jimin sentiu-se corado após captar a sugestão por trás da proposta, principalmente quando encontrou os olhos de Jungkook. Ele estava com um sorriso tão sugestivo nos lábios que fez o garoto se sentir praticamente despido. Jimin não podia negar que ficou absurdamente ansioso para as próximas horas, mas por enquanto ele tinha que dividir seu tempo com Yoongi e Taehyung também.

— Você tem um lugar em mente? — perguntou o menino, baixinho.

Jungkook abriu um sorriso.

— Eu penso em tudo, anjo.

Jimin retribuiu o gesto, mas desta vez havia algo muito mais encantador no resultado. Antes que pudesse dizer alguma coisa, alguém inclinou-se sobre o ombro deles, ficando entre os seus rostos.

— O que acham de fazermos um lanchinho, hein? — a voz pertencia a Taehyung. — Minha barriga não para de pedir por um cachorro quente.

— Ainda não estou com fome. Você está, Jungkook? — Jimin perguntou ao outro, que balançou a cabeça para os lados.

— Até agora não. — ele disse. — Acho que vou comprar uma cerveja.

Taehyung deu de ombros e depois puxou o braço de Yoongi.

— O Yoongi vem comigo. Quem chegar por último paga pelas fichas de todos na montanha-russa. — Taehyung ofertou.

— Combinado. — Jimin aceitou.

No momento seguinte, eles se separaram em duplas, indo em direções opostas. Jungkook segurou a mão de Jimin e buscou o fim de uma fila que dava para uma única barraca que vendia bebidas alcoólicas. O lugar estava rodeado de cabines de jogos, barracas de algodão doce, pipoca e cachorro quente. Havia copos de isopor espalhados pelo gramado, fazendo Jungkook pisotear alguns em seu percurso.

Quando a vez deles chegou, Jungkook apontou sutilmente para a estante de bebidas na parede traseira e perguntou a Jimin:

— Você vai querer? — o menino recusou com um agitar de cabeça, então ele se virou de volta para o funcionário e disse: — Me dê uma garrafa de cerveja, por favor.

Após alguns segundos de espera, o rapaz da barraca entregou o pedido a ele e aguardou as próximas requisições, mas Jungkook apenas arrancou a carteira do bolso e tirou algumas notas de dentro. Ele colocou o dinheiro no balcão e pegou a garrafa antes de se virar.

Jimin pescou o olhar esquisito que o rapaz lançou na direção de suas mãos entrelaçadas, mas preferiu ignorar esse detalhe e fingir que era coisa de sua cabeça. Se ele tivesse feito alguma piadinha com certeza não deixaria barato, mas como não houve menção de uma ofensa ele deixou para lá.

— Como foi no trabalho? — Jimin perguntou na tentativa de mudar o foco de seus pensamentos.

— Tirando o fato de termos encontrado uma nova vítima, ocorreu tudo bem. — ele disse após tomar um gole de sua bebida. — Eu achei que ser diretor me traria um pouco de descanso, mas estava enganado. Tenho de lidar com problemas internos na equipe, nova supervisão, tarefas extras, demandas superiores e muitas outras coisas.

— Caramba, eu não sei como você suporta tudo isso. — Jungkook sorriu, mas desta vez seu gesto teve uma duração menor.

— Seokjin aguentou esse cargo por muito tempo, então consigo dar conta também.

Jimin ficou momentaneamente preocupado com as suas palavras, mas ele sabia que se dissesse aquilo em voz alta certamente Jungkook pensaria que ele estava sendo um idiota. Ele era o tipo de pessoa que se alimentava de desafios e o seu novo cargo, querendo ou não, se tornou um.

— Vamos esperá-los aqui. — disse Jungkook, parando próximo de um carrossel de cavalinhos. Jimin esquadrinhou os arredores antes de voltar a olhar para ele.

— Acho que eles vão nos esperar onde já estávamos, não acha? — perguntou.

— Azar o deles. — sorriu.

Jungkook era esperto o bastante para aproveitar todas as brechas possíveis para ficar a sós com Jimin. O único problema de fato é que naquele lugar eles dificilmente teriam privacidade, porém Jungkook já havia pensado sobre isso e estava agora esperando a hora certa para convidá-lo ao seu "esconderijo secreto''.

E por perceber que estavam longe da presença de Taehyung e Yoongi, Jimin sentiu alguns calafrios na espinha, principalmente quando se lembrou do assunto pendente que tinha que discutir com Jungkook. Talvez aquela não fosse a melhor ocasião, mas ele precisava aproveitar a oportunidade de estar a sós com ele para finalmente contá-lo.

— Jungkook — ele o chamou, ganhando aqueles olhos escuros sobre os seus. — Você ficou estranho após aquela conversa com a Hannah. Tem alguma coisa que está me escondendo?

Ok, esse não era bem o assunto que eu gostaria de tratar agora, ele pensou com frustração. Na verdade, Jimin também estava curioso sobre aquilo, portanto antes que entrasse no próximo tópico precisava descartar este.

Jungkook pensou um pouco antes de dizer:

— Não tenho certeza ainda, mas tive a impressão de que ela estava defendendo o Derek.

— Ah, sim, a Hannah acredita que o Derek era uma boa pessoa. Eu já tentei de tudo para mudar esse pensamento, mas ela insiste em não confiar em mim.

— Não é só isso. — quando Jungkook disse aquilo, Jimin engoliu em seco. — Você já parou para pensar que o bebê que ela está carregando pode ser fruto de um... ato consensual?

— Está dizendo que a Hannah dormiu com ele por vontade própria?

— Ela se nega a enfrentar o aborto e hesita quando se sente desafiada a ficar contra o Derek. Talvez a Hannah queira ter esse filho para se lembrar dele.

A expressão de Jimin se esfriou subitamente, deixando-o pálido e com os olhos vítreos.

— A Hannah não quer ter esse filho. — sua voz estava um pouco mais dura agora. — Ela me disse que não e eu acredito na minha amiga.

Jungkook ficou em silêncio. Ele gostaria de dizer "ela mentiu para você", mas não quis magoá-lo. Jimin estava preso no único fio de esperança que ligavam os dois e Jungkook não pretendia ser o responsável por romper essa ligação.

— Tudo bem — foi o que Jungkook falou por fim. —, mas se ela decidir que quer ter a criança, você terá de aceitar isso.

Jimin não gostou nada de pensar no que ele disse. Um gosto amargo subiu à sua garganta quando parou para imaginar Hannah amamentando uma criança que tinha o mesmo sangue de Derek.

— Eu não vou conseguir olhar na cara desse bebê. — o menino confessou com um olhar baixo. — Não vou aguentar olhar para ele e saber que é filho do Derek.

— Ei — Jungkook tocou seu rosto com gentileza. — O bebê não tem culpa de quem o Derek foi. Você mais do que ninguém sabe o quanto é injusto julgar alguém pelos erros do outro. Você foi julgado pelos erros do Seokjin e isso te machucou, não é verdade? — Jimin balançou a cabeça em um sim. — Então você precisa se controlar para não acabar projetando sua fúria em uma criança inocente, meu bem.

Jimin não disse nada em acréscimo, pois tinha ficado muito pensativo com as palavras dele. Jungkook estava certo sobre ele estar correndo o risco de projetar a culpa em uma criança que nem sequer nasceu — e talvez nunca nasça —, sendo que o verdadeiro culpado dessa história estava enterrado a sete palmos abaixo do chão.

— Você tem razão. Eu tenho que parar de pensar nessas coisas. — Jimin disse após um suspiro.

Percebendo que ele tinha ficado subitamente cabisbaixo, Jungkook o puxou para perto de seu corpo com um enrolar de braço sobre o ombro, em seguida beijou o topo de sua cabeça. O menino abraçou a cintura dele com ambos os braços e deitou a cabeça em seu peito.

— Agora me diz, sobre o que você queria conversar? — Jungkook perguntou para a surpresa do menino, que arregalou os olhos instantaneamente.

— Hã?

— Você não ia me perguntar sobre a Hannah, ia?

Jimin ficou quieto por um breve momento até tomar coragem para olhá-lo nos olhos. Jungkook estava com uma expressão suave, paciente e cuidadosa, como se tivesse previsto por essa reação silenciosa por parte de Jimin. Naquele momento, o menino percebeu que não era fácil esconder as coisas de um detetive, mesmo sabendo que namorava um.

— Sim, não era sobre a Hannah. — ele respirou fundo antes de prosseguir. — Tem uma coisa que eu preciso te contar, mas antes quero que saiba que não fiz com más intenções.

Ainda em silêncio, Jungkook balançou a cabeça em um único gesto afirmativo, mas desta vez suas sobrancelhas tinham se franzido, o que sugeria que ele estava prestando atenção.

Jimin voltou em retrospectiva e recordou-se dos conselhos de Seokjin, usando essa memória a seu favor para dar o pontapé inicial da conversa.

— Antes de ser levado pela máfia, eu tinha um namorado. — ele rebocou as palavras para fora de sua garganta de uma vez por todas. — Na verdade eu não o considerava dessa forma, mas ele sim. Ficamos juntos por alguns meses até ele ir embora para Detroit, e isso me deixou furioso porque na época cheguei a pensar que ele tinha me trocado pelo esporte, por isso me afastei completamente, mas agora sei que fui um estúpido por ter agido assim.

Jungkook ficou instantaneamente preso na palavra estúpido e o porquê de ele a ter usado para justificar o seu afastamento desse rapaz. Quando não o ouviu dizer nada, Jimin prosseguiu:

— Eu ainda estava namorando com ele quando te conheci. Nós não terminamos oficialmente até hoje, então ele pensa que estamos juntos. Eu gostaria de ter te contado mais cedo, mas tive medo de você pensar que eu o traí e que posso fazer o mesmo com você.

— Você ainda sente alguma coisa por esse rapaz? — foi a primeira coisa que ele perguntou após ouvir o seu relato.

— Não! Óbvio que não! — ele respondeu depressa. — Eu me apaixonei por você e sou grato por isso ter acontecido. O Vernon pode até ser um cara legal, mas eu gosto mesmo de você.

— Ele sabe disso? Digo, ele sabe que você está comigo?

Foi nessa hora que Jimin travou. Uma lembrança voltou à sua cabeça, fazendo-o recordar de Vernon no ginásio, do seu beijo desajeitado e de sua burrice por ter escondido a verdade dele quando deveria ter aberto o jogo.

Como contaria a Jungkook que foi um covarde?

— Ainda não tive tempo de conversar seriamente com ele. — Jimin argumentou, tentando ser o mais honesto possível. — Eu pensei em resolver as coisas com ele antes de falar com você, mas não estava aguentando mais te esconder isso. Me perdoa, por favor, eu quero ficar com você. Não fica bravo comigo por causa disso.

Jungkook estava com uma expressão que Jimin não soube compreender. Ele não parecia estar aborrecido, embora não tenha dito uma palavra desde que Jimin finalizou sua fala. O menino estava começando a cogitar a ideia de se ajoelhar diante dele para implorar o seu perdão quando Jungkook soltou uma risada, fazendo-o franzir as sobrancelhas.

— Por que está rindo? — Jimin perguntou, sentindo-se estranhamente aliviado.

— Anjo, você não tem que me pedir perdão por isso. — ele disse. — Não estou bravo com você, ok? Eu não tenho dúvidas do que você sente por mim, por isso estou despreocupado.

— Sério que você não ficou nem um pouquinho com raiva? — ainda sorrindo, Jungkook balançou a cabeça para os lados, negando. Jimin suspirou. — Isso me deixa tão aliviado. Eu pensei que você ficaria magoado comigo.

— Confesso que fiquei um pouco triste por você não ter vindo até mim, mas não me deixo de fora dessa história. Eu também deveria ter ido até você para saber o que estava acontecendo.

— Então está tudo acertado entre nós? Nada de guardar segredos um do outro?

— Não é para mim que você tem que perguntar isso, anjo. — Jimin perdeu a fala instantaneamente. — Converse com esse rapaz e conte toda a verdade. Não é justo que ele não saiba sobre nós. Caso ele não aceite o término, você fala comigo.

Jimin concordou com os seus termos e então deslizou para perto dele, ficando agarrado ao seu corpo como se fosse um coala. Jungkook olhou para ele antes de tocar seus lábios, fazendo-o sentir o sabor gelado da cerveja.

A verdade era que Jungkook já vinha suspeitando que Jimin guardava um segredo dele, o qual o fazia gaguejar em determinados assuntos e até mesmo reagir de forma estranha. O que ele não esperava descobrir era que esse segredo tinha relação com um ex namorado, mas isso era o mínimo dos problemas.

— O que acha de uma partida para acertar o alvo? — Jungkook propôs, olhando diretamente para a cabine com vários arcos de madeira. Jimin seguiu o seu olhar. — Algo me diz que isso vai ser moleza.

O menino revirou os olhos para a sua aparente imodéstia.

— Por que você não escolhe um jogo no qual não seja bom? — Jimin perguntou, sorrindo. — Isso se chama trapaça para mim.

— Anjo!? — ele expressou uma falsa surpresa. — Isso não é trapaça. Além do mais, você quer ganhar alguns presentinhos, não quer?

Ele enfiou uma mecha de cabelo para trás da orelha de Jimin, que respondeu à sua pergunta com um aceno. O sorriso no rosto de Jungkook cresceu, então ele esticou seu braço para que o menino o segurasse. Jimin considerou ficar um pouco mais grudado no corpo de Jungkook, mas como havia muitos olhares ao redor, ele desistiu.

Seguindo até a cabine de jogos, Jungkook engoliu toda a sua cerveja e jogou a garrafa na lixeira, parando apenas para esperar na fila. Depois de muitos erros e acertos por parte dos outros participantes, a vez deles finalmente chegou.

Jimin decidiu ficar apenas como espectador, sabendo, por experiência própria, que Jungkook acertaria todas as rodadas. Ele planejava apreciar cada minuto que tinha com o seu detetive, inclusive vê-lo acertar o alvo como se não o fizesse no seu dia a dia, embora aquele não usasse armas.

O dono da barraca, rechonchudo e careca, entregou a Jungkook um pote cheio de dardos e em troca recebeu a primeira nota que contemplava as três primeiras rodadas. Calculando a distância entre Jungkook e o alvo de madeira, Jimin chutou uns quatro metros.

Jungkook brincou com um dardo no dedo apenas para impressionar o menino, que revirou os olhos, na brincadeira, para o seu breve espetáculo. Quando finalmente o tinha posicionado na direção do alvo, Jungkook arremessou o dardo com força, enterrando-o no círculo do meio.

O dono da barraca o parabenizou, fazendo Jimin trocar olhares cúmplices com Jungkook. O pobre homem certamente estava pensando que Jungkook era um cara de sorte, mal sabia ele que acertar o alvo era uma de suas práticas no trabalho.

Com outro dardo em mãos, Jungkook estudou o seu objeto de interesse e então executou outro lançamento, enterrando a pequena flecha no meio do círculo pela segunda vez. Ao somar mais um ponto, o dono da cabine deixou um assobio de admiração escapar.

— Sua última rodada, senhor. — o homem informou quando viu Jungkook pegar outro dardo.

Desta vez, no entanto, ele entregou-o para Jimin, que olhou para o objeto com uma surpresa crua no rosto. O menino sabia exatamente o que aquilo significava, por isso hesitou em pegar a flecha.

— Pegue, anjo. — Jungkook reforçou, vendo-o agitar a cabeça para os lados.

— Eu não vou acertar.

— Não vai saber se não tentar.

— Jungkook...

Ele parou de falar quando o viu abrir um sorriso desafiador. Jimin não deveria ter achado fofo a maneira como ele fez aquilo, mas infelizmente suas resistências falharam. Aquele rosto perfeito focado apenas nele o fez tremer um pouco e em segundos Jimin sentiu-se convencido. Então, sabendo que não havia saída, pegou o dardo da mão de Jungkook e se posicionou no lugar que ele estava.

Jimin olhou para Jungkook uma última vez antes de focar no seu verdadeiro alvo. Ele nunca tinha jogado aquela coisa na vida, nem sequer sabia como arremessar a flecha. Parecia fácil como espectador, não como jogador.

Deixando esse pensamento de lado, o menino se concentrou no disco de madeira e lançou o dardo da mesma forma que se atira em um alvo de papelão, a diferença foi que ele não acertou o ângulo. Desse modo, o dardo atingiu fora do alvo, fazendo-o perder os pontos da rodada.

Jimin não conseguiu evitar olhar para Jungkook com uma expressão de desapontamento, fazendo-o inclinar a cabeça contra os seus cabelos e beijá-los carinhosamente.

— Você foi bem. — disse Jungkook quando se afastou. — Na próxima tentativa você consegue.

— Não diga isso para me consolar.

Um adorável sorriso apareceu no rosto de Jungkook, deixando-o impossivelmente mais bonito com apenas aquele gesto. Jimin castigou-se mentalmente por ter ficado triste com o seu desempenho naquele jogo, mas esse sentimento foi embora no mesmo instante.

— Escolha dois prêmios, senhor. — o homem gorduchinho comunicou, apontando para uma estante com vários presentes.

— O que você quer, príncipe? — Jungkook perguntou a Jimin, que não escondeu a surpresa pela pergunta.

— Para mim?

— Sim, para você. — reforçou. — O que vai querer?

O menino ficou momentaneamente desconcertado, sobretudo quando ganhou os olhos curiosos do dono da barraca. Percebendo que ambos aguardavam o seu posicionamento, Jimin pigarreou e fitou a prateleira de presentes, buscando algo de seu interesse.

— O urso vermelho e o coração dourado. — ele elegeu.

O homem pegou os prêmios escolhidos e os colocou no balcão, próximos de Jimin. O menino recolheu as recompensas com um sorriso enorme no rosto e agradeceu a Jungkook com um rápido beijo na boca. O detetive sorriu um pouco e o puxou para perto, fazendo-o se aconchegar em seu abraço quente.

— Ah! Vocês estão aí! — uma voz que vinha do aglomerado de pessoas exclamou para eles. Jimin rapidamente reconheceu a voz de seu amigo.

Taehyung e Yoongi estavam caminhando na direção deles, ambos segurando um saco de batatas fritas. Jimin puxou Jungkook para irem ao encontro da dupla, que desajeitadamente parou no meio do gramado. Taehyung colocou as mãos no quadril e começou a bater o pé no chão.

— O que vocês estavam fazendo? — ele exigiu saber, revezando o olhar entre Jimin e Jungkook. — Nós estávamos esperando por vocês onde combinamos. Regra é regra: vocês pagam as nossas fichas.

— Para ser honesto, você não disse em qual lugar deveríamos esperar. — Jungkook refutou, entrando em seu modo brincalhão. — Então decidimos esperar aqui.

Taehyung ficou boquiaberto. Yoongi deu de ombros enquanto comia suas batatas.

— O Jungkook está certo. — Jimin assegurou. — Não foi mencionado o lugar.

— Até você!? — Taehyung exigiu, percebendo que o seu amigo escondeu uma risadinha. — Vocês estão arrumando justificativa para fugirem do acordo.

— Qual é, Taehyung, eles querem ficar sozinhos, você não percebeu? — Yoongi disse enquanto mastigava. — Se o problema é esse, eu pago as nossas fichas. Vamos.

Jimin estava mordendo o lábio quando os olhos de Taehyung caíram sobre ele, o que sugeria que a observação de Yoongi estava correta. Jungkook continuou em silêncio, reforçando a proposta de seu parceiro. Claro que eles não falariam na cara que queriam ficar a sós, mas também não discordariam de Yoongi. Isso era o bastante para Taehyung saber o que eles estavam pensando.

— Tudo bem — ele disse, não insistindo em chamá-los. — Se os pombinhos querem ficar a sós, nós vamos deixá-los a sós. Vamos, Yoongi.

— Vamos onde? — ele perguntou com um pouco de confusão. — Não me diga que ainda está pensando em ir na montanha-russa?

Taehyung se virou para ele com as sobrancelhas arqueadas e disse:

— Foi o que combinamos, não foi?

— Você sabe que eu não gosto de altura, Taehyung. — o rapaz revirou os olhos, bufando. — Podemos ir em outro brinquedo ou nas barracas de jogos.

— Primeiro a montanha-russa, depois as barracas de jogos.

— Uau! Você realmente se importa comigo. — Yoongi jogou o saquinho de batatas fritas no lixo. — Se quer tanto ir na montanha-russa, então vá sozinho.

Taehyung endureceu as linhas do rosto e empinou o queixo, em seguida falou:

— Ótimo.

No momento seguinte, ele se virou para longe e saiu pisando fundo. Yoongi respirou fundo antes de fazer o mesmo na direção contrária. Jimin e Jungkook se entreolharam depois que viram eles sumirem no meio das pessoas.

— Eles realmente discutiram por causa de um brinquedo? — Jimin perguntou.

Jungkook suspirou.

— São dois idiotas. Eles se merecem.

Jimin balançou a cabeça para os lados, achando aquela situação cômica. Ele acabou se lembrando de algo quando se flagrou sozinho com Jungkook. Portanto, perguntou:

— Onde é o lugar que você disse que queria me levar?

Um sorriso cheio de promessas desenhou a boca de Jungkook. Quase tinha esquecido de levá-lo ao seu "esconderijo secreto" por causa de uma distração. Diante disso, ele segurou a mão de Jimin e o guiou numa direção desconhecida.

Eles mergulharam no meio de uma massa de pessoas, cortaram algumas filas e passaram pelos fundos das barracas. Sacos de pipoca e embalagens de doce estavam sendo soprados pelo vento contra os seus tornozelos. Jimin teve a sensação de que estava sendo levado para fora do parque.

Distante do núcleo do parque de diversões havia um passadiço que dava para uma área silenciosa e cheia de ferros de metal. Jimin roubou um olhar para os lados, observando vários containers espalhados. Ele supôs que os equipamentos usados para construir os brinquedos estavam todos lá.

— Jungkook, para onde estamos indo?

— Continue andando, meu bem.

Ele não se atreveu a desobedecê-lo, até porque estava curioso demais para voltar atrás. O passeio acabou quando Jungkook alcançou uma área reservada para carros. A princípio Jimin pensou que ele queria namorar dentro do carro, mas rapidamente se lembrou que a Mercedes de Jungkook não tinha sido estacionada lá.

De repente, ele foi surpreendido pelas mãos de Jungkook em sua cintura, puxando-o e empoleirando-o em cima do capô de um carro preto. Uma vez sozinhos, Jimin sentiu-se aliviado por estar com ele, pois isso significava que não teria problema beijá-lo da forma que gostaria.

— Então esse é o lugar? — o menino perguntou enquanto envolvia os braços no pescoço dele.

— Eu confesso que pensei em te levar para o meu carro, mas ele está estacionado na porta de entrada do parque. Muitas pessoas entram e saem por lá, então escolhi um lugar com mais privacidade.

— Humm... E você não está nem um pouquinho interessado em saber de quem é o carro que estou montado? — Jungkook avaliou o automóvel com uma fatia de divertimento e então sorriu.

— Eu me entendo com o dono.

O rosto de Jimin ficou vermelho por se imaginar sendo pego em flagrante, mas ele estava certo de que Jungkook não percebeu sua reação, pois os lábios dele já estavam próximos dos seus. Seu beijo começou suave e divertido, em segundos se tornou quente e intenso.

Fazia tempo que eles não tinham um momento a sós em "público", geralmente eles se beijavam entre quatro paredes e só. Jimin não se sentia confortável por beijá-lo na frente de outras pessoas, não por serem dois homens, mas por considerar inapropriado. No entanto, fazer isto ao ar livre era muito melhor.

Os braços de Jungkook se apertaram firmemente em torno dele, beijando-o com mais fervor. O menino permitiu que suas mãos corressem ao longo dos cabelos dele, fazendo-o sentir a textura macia de seus fios escuros. Jimin sentiu uma onda de choque atravessar seu corpo quando Jungkook o agarrou ainda mais apertado.

Ele poderia beijar Jungkook um milhão de vezes e em todas elas o seu corpo responderia da mesma forma. Era delicioso demais sentir aqueles lábios finos, quentes e cheios de vontade correspondendo aos seus toques. Saber disso enchia Jimin ainda mais de desejo.

Suas bocas estavam se movendo em harmonia, deliberadamente ousadas. Uma explosão de desejos pareceu crescer dentro deles e isso acabou arrancando um barulho inconfundível do fundo da garganta de Jungkook. Embora baixo, o som ecoou perfeitamente audível para Jimin, que sentiu uma necessidade absurda de ouvir de novo.

Diante dessa carência, o menino deslizou as mãos até a bunda de Jungkook, se preparando para vê-lo recuar em surpresa. No entanto, isso não aconteceu. O detetive não reagiu negativamente, muito pelo contrário, seus dedos levemente viajaram para o queixo do garoto, fazendo-o empinar a cabeça.

Na verdade, foi Jimin quem ficou confuso com o seu próprio gesto. Ele queria tanto ouvi-lo gemer de novo que não pensou em mais nada, apenas agiu conforme o seu desejo gritava. Surpreendentemente, ele ansiava por mais respostas como aquela.

De repente, Jungkook se afastou, olhando para os lados depressa. O menino abriu os olhos de supetão, ainda entorpecido pelo momento anterior. Ele não teve tempo de entender o que tinha acontecido, pois sua mente estava com dificuldade de processar as coisas. Portanto, achou conveniente perguntar:

— Jungkook, o que houve?

— Ouvi um barulho.

— Deve ter sido um esquilo ou uma criança bisbilhoteira. — ele argumentou, mas seu namorado ainda estava olhando para longe. — Vem cá, vamos continuar.

Jungkook não se moveu, nem mesmo quando Jimin segurou sua mão na tentativa de atrair a atenção dele para si. Quando o detetive voltou a olhar para ele, o menino sorriu um pouquinho e o puxou contra a sua boca novamente. Desta vez, no entanto, o beijo não fluiu da mesma forma. Jungkook parecia hesitante em seus movimentos, como se a sua atenção estivesse em outra coisa.

Jungkook ouviu novamente o mesmo barulho, algo semelhante a um flash de luz gerado por uma câmera fotográfica, e então recuou um pouco, voltando a olhar atentamente na direção do som. O estômago de Jimin se apertou por vê-lo tão inexpressivo enquanto olhava para um ponto fixo à distância.

O menino continuou em silêncio por medo de perguntar alguma coisa e estragar a observação dele. Talvez Jungkook tenha cortado o beijo por ter se sentido desconfortável com a mão dele em sua bunda, pensou Jimin, e agora estava procurando um motivo para fugir desse momento. O garoto quis socar a sua própria cara por ter permitido que o seu corpo traísse a sua mente daquela forma.

— Vamos sair daqui. — Jungkook murmurou ainda olhando para além dos containers.

Suas palavras cortaram o coração do menino em mil pedaços, mas ele não se atreveu a discordar. Olhando na mesma direção que Jungkook, Jimin não enxergou nada além das folhas das árvores balançando e as sombras dos containers.

— Anjo, vamos. — Jungkook reforçou sua decisão, ajudando-o a pular do capô do carro.

Quando o seu cérebro racional acordou, Jimin segurou a mão de Jungkook e encolheu-se na lateral de seu corpo enquanto era guiado para fora daquela área. Ele ainda estava confuso com tudo o que tinha acabado de acontecer, sem entender o que exatamente Jungkook ouviu.

— Jungkook, o que você escutou? — ele finalmente perguntou, tentando acompanhar os seus passos.

Seu namorado respondeu com o silêncio e isso atormentou a cabeça de Jimin ainda mais. Quando atravessaram o passadiço, Jungkook disse:

— Nós não estávamos sozinhos. — nada dentro de Jimin se sentiu bem por ouvir aquilo. — Havia alguém conosco e esta pessoa estava tirando fotos.

Jimin não esperava que fosse ficar tão nauseado por imaginar alguém os fotografando. Eles já tinham assumido o namoro, talvez fosse bobagem se preocupar tanto com alguém tirando fotos deles, mas, pela expressão no rosto de Jungkook, o menino soube que aquilo não parecia nada bobo.

Diante desse pensamento, o medo manteve Jimin em silêncio por todo o caminho de volta ao parque.

✭✭✭

Oi meus amores, como vcs estão?

Espero que tenham gostado do capítulo, tem muita coisa a ser explorada ainda, comecei a dar os primeiros sinais agora então prestem muita atenção nos detalhes. Tem algumas coisas que foram jogadas no ar... Fiquem com essa dica <3

Confesso que adorei escrever essa cena do Jimin pegando na bundinha do nosso detetive. O nosso menino tomando essas atitudes é muito lindo! E ele vai progredir ainda, aguardem...

Por hoje é só, se protejam e não se esqueçam de pensar no próximo!! Beijos na bunda <3

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